THALIA

Acordei com a maravilhosa claridade do sol em meus olhos e uma leve pressão em meu peito. Fora isso eu sentia algo entre os meus dedos fechados.

 Abri meus olhos devagar para acabar logo com a minha curiosidade. A princípio a luminosidade cegou-me por alguns instantes. Quando finalmente minha visão clareou pude notar que a pressão em meu peito se tratava da minha mão no local onde eu escondia o colar roubado da minha mãe.

Mas estava surpresa de mais com o que se encontrava em meus dedos: uma bela rosa vermelha. Olhei para os lados esperando ver Luke, mas ele não estava em lugar algum. Fui tomada pela certeza de que ele havia ido “buscar” alimentos para nós três.

Olhei para a pequena Annie e pude ver que Luke havia deixado um presentinho para ela: uma linda rosa. Diferente da minha, a da pequena era branca.

Deixei escapar um sorriso e fui dar uma olhada na casa. Encontrei uma escova de cabelo e me apressei a voltar para a cama, onde encontro uma Annie já sentada admirando sua rosa.

Sentei na cama de frente para a menina que observava a rosa e a mim admirada. Dava para ler seus pensamentos e todos eles diziam alegremente “Não é um sonho; Eu tenho uma família!”.

Sorri diante disto e passei a desfazer os nós do meu cabelo ainda sorrindo para a pequena. Ela olhou em meus olhos e sorrindo perguntou:

- Foi você? – disse ela erguendo a rosa branca.

Em resposta peguei a rosa vermelha que jazia ao meu lado.

-Tire suas próprias conclusões. – respondi a ela que vasculhando o ambiente compreendeu que certo jovem estava ausente.

Ela sorriu e passou a olhar meu cabelo enfim escovado e com isso levemente brilhante. Percebi então que ela pensava em que estado seus cabelos estavam.

Sentei atrás da menina e soltei seu cabelo do elástico que o prendia. Comecei a espalhar seus fios dourados pelas suas costas e então dividi-los em algumas mechas. Comecei então a escova-lo com delicadeza, de um modo carinho em que sem machuca-la eu consegui desfazer todos os nós existentes.

Pude ver que ela relaxava e apreciava cada gesto meu. A pequena deixou escapar um suspiro de satisfação enquanto eu deixava escapar um sorriso.

-Eu sempre quis algum que cuidasse de mim. – Annabeth deixou escapar em uma voz baixinha.

-Faz falta, não faz? – perguntei a ela.

- Faz. Faz muita falta. – Ela respondeu com a voz falhando e só então percebi que ela chorava.

Sentei de frente para a garota que por sua vez baixou a cabeça. Ergui seu queixo com o dedo e passei a secar suas lagrimas. Ela e eu sabíamos que chorar era uma necessidade. Era um jeito de diminuir o aberto que tínhamos no coração.

Eu a abracei forte e ela derramou suas lagrimas em meu ombro. Annie correspondeu ao abraço como se há muito tempo precisasse de um ombro amigo. Eu apertava a garota contra meu peito e afagava seus cabelos.

-Eu não devia chorar. Devia ser forte como você! – Annie não afastou seu corpo do meu, mantendo o abraço.

- Não, Annie. Você é forte. Mas até os fortes choram de vez em quando.

- Mas é feio chorar! – ela disse com a foz falha.

-Não é feio chorar! – respondi agora olhando nos olhos da pequenina.

- Por que não é? – ela perguntou confusa.

Sorri.

- Porque só os mais fortes são capazes de chorar, Annie. – Ela deixou escapar uma ultima lagrima e também sorriu – Ninguém é feito de ferro!

- Obrigada!

Ela meu deu mais um abraço apertado.

- E então... Como quer deixar o seu cabelo?- perguntei a ela – Solto, preso, trança...

- Ah, você faria uma trança em mim? – ela perguntou esperançosa.

- Mas é claro que sim!

Eu sorri e comecei a trançar o cabelo da menina.