As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 10
Finalmente um teste pelo qual vale se a pena




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LUKE

Fugimos para um bosque que ficava perto da minha antiga casa. Dentro de toda aquela mata tinha uma caverna grande o suficiente para dois adolescentes passarem uma noite.

Como já estava escuro demais para nos separarmos, fomos os dois juntos recolher lenha. Há quase todo o instante minha mão tocava acidentalmente a dela. E eu tinha certeza que se não estivesse escuro eu poderia ver o rosto de Thalia corado. Quando recolhemos o suficiente para passarmos a noite, voltamos para a caverna.

Thalia acendeu a fogueira facilmente com um raio de sua lança. Ela ficava linda na luz das chamas. Thalia estava encostada na parede e seu olhar era distante e triste. Queria muito ver aqueles olhos com o brilho divertido que eu vira na lanchonete.

Não aguentei vê-la desse jeito. Eu estava do lado oposto da caverna, de modo que podia ver seu belo rosto com uma expressão vazia.

- Thalia, você esta bem? – perguntei com a voz suave e gentil.

Thalia olhou para mim como se apenas agora tivesse notado a minha presença. Ela sentou no chão e baixou a cabeça desviando o seu olhar do meu. Percebi com uma pontada no coração que ela estava a beira das lagrimas.

- Eu não sei o que é estar bem, Luke. – sua voz estava falhando.

Aquilo foi demais para mim. Levantei-me e fui à sua direção. Sentei-me a seu lado e a abracei forte. Ela retribuiu o abraço e encostou seu rosto em peito e eu pude sentir o calor de seu corpo. Surpreendi-me com o quão forte aquela garota era, pois embora estivesse à beira das lagrimas nenhuma foi derramada. Ficamos assim, colados, durante algum tempo.

-Então você é um semideus?- Thalia perguntou com a voz um pouco mais forte. Ela afastou o rosto do meu peito para me encarar. Eu confesso... Parte de mim (a minha pessoa por completo) ficou decepcionada por ela ter se afastado.

- Sou sim. Sou filho de Hermes. - eu respondi com a voz gentil. Com um sorriso no rosto perguntei:

- E você é filha de Afrodite?

-Não. – Ela tinha um sorriso no rosto agora. – Por que você achou isso?

- Porque Afrodite é a deusa da beleza e eu nunca vi nenhuma menina tão linda quanto você!

Ela sorriu um pouco constrangida, mas sorriu.

- Então se Afrodite não é sua mãe, quem é seu parente divino?- eu tinha minhas suspeitas, mas queria ouvir isso dela.

- Meu pai é Zeus.

- Eu bem que suspeitava... – disse isso com uma cara fingida de quem já sabia. Thalia riu com gosto.

- Ah é? Então o que exatamente fez você suspeitar de Zeus?- Ela perguntou com um sorriso no rosto.

- Seus olhos da cor do céu, suas habilidades com raios... Essas coisas. – respondi como se fosse muito obvio.

- Ah! Fala sério. Muitas pessoas têm olhos azuis. Inclusive você loirinho.

- Disso nem eu posso discordar. – eu estava radiante – Mas nunca vi olhos tão azuis quanto os seus!... Agora nem você pode discordar.

- É... Disso nem eu posso discordar. - Thalia já estava como antes. Ela estava bem.

Conversamos sobre muitas coisas. Thalia me contou sua história e eu contei a minha.

 Reparei que ela ficou surpresa ao saber que meu pai visitava minha mãe, mas não dava a mínima atenção a mim. Portanto era muito ausente, e eu claramente fiquei surpreso com os maus tratos que ela sofria. Ela parecia entender o motivo da minha magoa em relação ao meu pai. E eu entendia perfeitamente bem a magoa dela em relação a Zeus. Depois de todos os maus tratos que sofrera Zeus havia escrito uma carta!? Apenas uma carta!?

Entendíamos-nos muito bem. Porque no fim das contas, os pais não devem estar ausentes na vida dos filhos.

Estávamos exaustos. Por essa razão, nos deitamos no chão. Um de frente para o outro. Estávamos separados por poucos centímetros.

Não deixamos de conversar e pelo que parecia os assuntos nunca acabavam de surgir.

 Quando contei uma das situações em monstros me atacaram (especificamente quando um monstro apareceu na minha escola e eu o transformei em míseros restos. Mas ele me deixou um presentinho: minha camisa toda suja com os restos do corpo e todos acharam que eu havia vomitado.), Thalia não aguentou e começou a rir da minha cara.

- AH é assim? Você vai ficar rindo da minha cara?- Tentei soar sério, mas eu sabia perfeitamente bem que estava com um brilho divertido nos olhos e um sorriso no rosto.

- Vou sim. -ela tentou soar desafiadora, mas, como eu, também sorria. - Por quê?

- Porque eu vou te dar um motivo para rir! - Anunciei enquanto lhe fazia cosegas. Thalia não aguentou por muito tempo. Ela já estava sem fôlego quando conseguiu segurar minhas mãos em volta da sua cintura. Esse simples gesto já me fez ficar totalmente ofegante. Todos aqueles centímetros que nos separavam já não existiam mais. Ficamos ambos sem fala durante muito tempo. Tempo suficiente para que o sono nos atingisse.

Abracei Thalia protetoramente e beijei-lhe a testa. Ela se encolheu em meus braços. Não por frio. Mas como se estivesse apreciado o gesto e estivesse tirando o maximo proveito disso. Ela fechou os olhos e se aconchegou ainda mais em meus braços. Finalmente me senti importante!

- Boa noite, Luke. – ela sussurrou para mim enquanto eu lutava contra o impulso de ficar arrepiado.

-Boa noite – Sussurrei de volta e ambos caímos nas profundezas do sono.

 Depois desse dia (o maravilhoso dia em que conheci a filha de Zeus) eu e Thalia fugimos por duas semanas percorrendo todo o país, indo de cidade em cidade fugindo de monstros e os enfrentando corajosamente. Íamos para todos os lados, todas as direções, indo e voltando.

E durante essas duas longas semanas tinha a impressão de que Afrodite brincava conosco. Por que a cada dia eu me sentia mais atraído por uma menina de cabelos com majestosos cachos nas pontas, lábios rosados e olhos azuis como o céu. A cada dia que passava eu me via cada vez mais apaixonado por Thalia. E sempre que estávamos muito próximos algo acontecia para nos separar.

Você deve achar que eu ficava irritado com isso, certo? Mas muito pelo contrario, eu via que mesmo sem toca-la, mesmo sem tela em meus braços, mesmo não podendo chama-la de minha, aquela paixão crescia cada vez mais. Eu já não podia viver sem ela... E eu desejava que Thalia sentisse o mesmo por mim.

Eu vi tudo com clareza.

Não se tratava de um simples romance.

Eu amava Thalia com toda a minha alma.

THALIA

Já havia passado duas semanas desde que vi Luke pela primeira vez.

 Agora estávamos em um bosque.  Nevava e o vento castigava a minha pele. Luke e eu havíamos conseguido roupas limpas e quentes, mas elas não eram suficientes para nos aquecer. Eu conseguia, apenas às vezes, impedir que os ventos gélidos chegassem a nos dois.

Eu me sentia acabada até os ossos.

Não por causa do frio. Mas por causa de um rapaz de cabelos loiros e olhos azuis.

Luke de certa forma conseguia mexer comigo. Sempre que seus olhos encontravam os meus, meus batimentos cardíacos aceleravam dentro do meu peito. Era como se meu coração já não coubesse mais dentro de mim.

Tudo nele me atraia. E sempre que estávamos próximos de mais, monstros atacavam, policiais apareciam... Algo sempre dava errado.

...Era como um teste.

Podia sentir que Afrodite nos testava. Podia ver sua curiosidade em saber até onde aquilo tudo acabaria. Ela testava nossos sentimentos. E não era um teste fácil.

Saber que não podia telo só para mim me cortava por dentro. Uma dor terrível surgia em mim toda vez que ele estava distante. Mas não saber o que ele sentia por mim era muito, muito pior que toda a dor do mundo!

Eu sabia que estava mais do que aprovada no teste de Afrodite. Eu sentia mais do que ela esperava que eu sentisse. Ela estava radiante perante isso, eu podia sentir.

 Eu já não me importava com o que acontecesse comigo.

Minha vida era insignificante comparada ao meu amor por ele.

E Luke era a única razão para eu ainda estar viva.

 ...Aquele frio só servia para eu me sentir ainda pior.

Estávamos em volta da fogueira. Eu apoiava as costas em uma arvore e Luke estava sentado em um tronco há muito tempo já caído. Já parara de nevar e eu podia sentir que Luke me observava enquanto eu tinha meus devaneios.

- No que esta pensando?- ele perguntou, enquanto se aproximava. Ele tentou disfarçar, mas eu notei a preocupação em sua voz.

- Se vale a pena tudo o que passamos. - respondi olhando em seus olhos - Às vezes eu penso se minha vida vale tudo o que já passei.  Já pensei muitas vezes em tirar minha própria vida – Ele me olhou com medo nos olhos. Sua preocupação agora era mais que evidente.

- Thalia... – ele começou com a voz fraca, falhando até. Luke estava à beira das lagrimas

 Mas eu não tinha acabado.  Resolvi confessar logo a verdade ou acabaria sufocada com ela:

- Mas você é a única razão para eu não desistir de tudo. – Ao dizer estas palavras à expressão de surpresa somada a um sorriso surgiu em seu rosto, mas ainda existia um vestígio de lagrimas em seus olhos. –Foi você quem me ensinou que posso ser feliz com o pouco que tenho. Sinto que nesses dias com você tenho vivido de verdade! Não posso te deixar... Isso acabaria comigo.

Luke estava na minha frente.

 Centímetros nos separavam...

 Podia sentir a determinação de Luke. E eu sabia que não estava nem um pouco diferente.

 Milímetros nos separavam...

Ele segurou minha cintura com uma das mãos me puxando para mais perto, me afastando da arvore, até nossos corpos estarem colados. Mas ainda existia em seus olhos preocupação.

- Eu não vou perder você. - Ele sussurrou em meu ouvido suavemente – Porque você foi à pessoa mais importante que já apareceu na minha vida.

Eu estava sem fala.

Ele beijou meu pescoço provocando arrepios. Logo em seguida beijou minha bochecha... Então ele voltou a olhar em meus olhos. Seus olhos estavam cheios de lagrimas!

- Eu te amo, Thalia – ele exclamou ainda em um sussurro me deixando surpresa.

Seus olhos se desviaram dos meus e miraram meus lábios.

Ele puxou meu rosto com delicadeza para mais perto. Até seus lábios tocarem os meus em um selinho.

Um simples selinho foi transformado em um beijo.

O beijo era doce e suave. Beijamos-nos forte, longa e profundamente. Luke conseguiu afastar qualquer traço de duvida. E eu correspondi com a mesma intensidade.

Eu já não sentia frio. Sentia um calor extremo vindo tanto do meu corpo quanto do dele.

Separamos-nos apenas por falta de ar. Estávamos extremamente ofegantes.

Agora era a minha vez de sussurrar em seu ouvido:

- Eu também te amo- ao dizer isso senti Luke estremecer, ficar totalmente arrepiado.

Isso foi apenas um convite para ele avançar novamente em meus lábios.

AFFRODITE

Nossa... Eles conseguiram me surpreender!

Tudo o que eles passaram realmente foi um teste meu. Eu precisava saber até onde aquele sentimento, aquela atração ia.

Quando vi Thalia dizendo tudo o que sentia a Luke eu já não tinha mais nada a fazer. Afinal o destino já havia feito tudo por mim.

Não deixei nada os interromper. Cuidei disso pessoalmente. Cada monstro, animal ou pessoa foi afastado do local onde os dois estavam.

Não tenho mais nada a dizer. Aqueles dois teriam a minha bênção aconteça o que acontecesse.

LUKE

Ela havia dito.

 As palavras que eu mais queria ouvir nesse mundo.

Thalia me amava. Era só isso que realmente importava. Ela era minha e eu não a deixaria por nada. Não a perderia tão facilmente!

- Por favor, nunca mais pense nisso. Nunca pense em me deixar. Por favor! – Eu implorei a ela com o desejo quase não contido na voz.

Thalia, com os olhos fechados, apenas assentiu.

A respiração dela era pesada. E eu tinha plena consciência de que respirava em arfadas.

- Vamos procurar um abrigo. Aqui está frio demais para você.  –Peguei em sua mão levemente fria e a conduzi em direção à cidade.

Andamos por muito tempo. Mas isso não me importava. Eu a tinha só para mim. Não soltei sua mão por nada.

A sorte sorria para mim hoje!

Chegamos perto de uma casa na qual um casal carregava o carro com bagagens. E um caminhão vinha logo atrás com a mudança.

- Rápido querido. Vamos perder a hora. E eu não quero chegar tarde. – Gritou a mulher de cabelos negros.

O rapaz trancou a porta da casa e se dirigiu em direção ao veiculo.

Quando o carro virou a primeira esquina, Thalia e eu trocamos olhares significativos e sorrimos logo em seguida.

Corremos na direção da casa agora vazia do casal. Peguei um grampo que jazia no chão e me apressei em abrir a porta.

Em um gesto de cortesia, deixei Thalia entrar na frente.

Aparentemente eles não gostavam do sofá e do aquecedor, pois os deixaram para trás.

Ligamos o aquecedor e encontramos um cobertor provavelmente esquecido. Não acendemos as luzes porque ficaria muito obvio que alguém ainda estava naquela casa, onde claramente não deveria haver ninguém. Obviamente estava muito escuro. Em um relógio, também deixado para traz, já eram 23h03min.

A casa já estava completamente aquecida, então Thalia e eu despimos os casacos. Não esperei por uma reação. Agarrei o braço de Thalia por trás e a girei de modo que ficasse de frente para mim e com um braço preso nas costas. Beijei-a antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.

Eu estava desesperado. Precisava sentir que era verdade, que não era um sonho. Sentir que eu realmente a tinha. Ela correspondeu com a mesma intensidade, com uma mão presa nas costas e a outra presa em meu peito, como se tivesse as mesmas duvidas.

Mas apesar de tudo, o beijo era calmo e terno.

Caí sentado no sofá com Thalia em meu colo. Meus braços estavam em volta da cintura da menina, onde eu a prendia firmemente a mim, enquanto as mãos de Thalia seguravam o meu pescoço onde ela deixava seus dedos percorrerem minha nuca suavemente. Suas pernas estavam em volta do meu corpo. Ela sabia perfeitamente como me deixar arrepiado ao seu toque.

 O beijo parecia inquebrável.

 Aos poucos fui me deitando no sofá. Thalia estava deitada sobre mim sem poder levantar, pois eu prendia sua cintura em meu corpo. Mas ela não apresentava resistência nenhuma a mim. Suas mãos delicadas acariciavam meus cabelos e minha nuca de modo que me provocava diversos arrepios agradáveis. Seu corpo estava prensado ao meu. 

 Quando finalmente percebi que ela não resistiria a mim, minhas mãos passaram a explorar suas costas até que uma delas se perdeu no meio de cachos tão macios quanto à neve que caia do lado de fora da casa.

Mas como tudo o que é bom, dura (muito) pouco, tivemos que nos separar para recuperar o oxigênio. Meus pulmões gritavam por ar.

 Eu não queria parar.

Thalia deitou-se sobre meu peito e eu a abracei como se disso dependesse minha vida. Acariciei seus cabelos e beijei sua cabeça.

Nada foi dito e não havia necessidade para tal feito.

- Diga outra vez. – sussurrei em seu ouvido, com a voz carregada de desejo. O desesperado desejo de ter aquela garota comigo para sempre.

Ela havia se apoiado com as duas mãos no sofá de modo que apenas nossos rostos ficavam separados. Seus cabelos faziam uma cortina a nossa volta.

 - O que quer que eu diga? – Ela disse em um sussurro extremamente sedutor acompanhado por um sorriso muito angelical. Só faltava a auréola e ela pareceria um anjo. Mas eu sentia que ela sabia exatamente o que eu queria ouvir.

Eu grunhi como um tigre, mas em uma altura em que apenas Thalia me ouvisse. Ela fez uma cara surpresa quando eu inverti nossas posições: agora eu é que estava encima de Thalia. E como ela, eu me apoiava no sofá com as duas mãos.

Mas eu não mantinha apenas os nossos rostos separados. Mantinha boa parte do meu tronco afastada de Thalia. Era a minha vez de provoca-la. Eu não me aproximaria enquanto ela não pronunciasse as palavras que eu tanto queria ouvir. Mas eu sabia que ela não se renderia facilmente!

- Você sabe perfeitamente o que eu quero. – minha voz saiu rouca e isso teve um efeito impressionante em Thalia.

Como eu disse, ela não se entregaria fácil. Na verdade ela conseguiu assumir todo o controle. Ela tinha ciência do que eu estava fazendo e entrou no jogo... E assumiu todo o controle.

Ela foi se levantando com auxilio das mãos também no sofá, mas muito lentamente, de modo que conseguisse me provocar. Seus dedos encostavam suavemente nos meus. Mas agora toda aquela distancia que os meus braços proporcionavam já não existia mais. Um arrepio percorreu todo o meu corpo e Thalia pode sentir.

Ela umedeceu os lábios, tocando propositalmente com a língua nos meus lábios. Ela tinha plena consciência de que eu estava completamente encantado com aquilo. Já estava claro que eu tinha perdido o controle, né? Na verdade era essa a sua intenção.

- Eu... Amo... Você. – a cada palavra seus lábios rosavam nos meus me provocando ainda mais. Ela tirou uma das mãos do sofá e dirigiu-a até minha nuca, onde delicadamente me puxou para mais perto, para mais um beijo.

E eu não pude negar.


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