The Gypsy Princess escrita por Kagome Juh


Capítulo 2
Capítulo 2 - A tempestade


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora! Vida pessoal interferindo na minha escrita, o que é um saco --'
Fiquei feliz demais com os comentários e com a aceitação de vocês com esse Universo Alternativo. Espero que gostem do cap! :D



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A primeira coisa que eu percebi depois de dez segundos na garupa quase voadora do Angry, é que Natsu não passava muito bem em transportes, mesmo que seja um animal o veículo. A segunda coisa que eu percebi depois de onze segundos na garupa do já mencionado bichinho, é que Natsu não pode viajar sozinho, porque ele é um condutor absurdamente ruim e consequentemente UM PERIGO AMBULANTE!

“Uh... L-luigi...” Ele gemeu pateticamente e tentou me entregar as ‘rédeas’ improvisadas, errando meu nome de novo no processo.

Eu mal estava conseguindo me segurar nele e ele queria que eu ficasse com as rédeas?

Eu pensei em me negar a pegá-las, mas com toda a situação em que Natsu se encontrava, Angry acabou sendo puxado para os lados de uma forma meio violenta, desengonçada e até mesmo perigosa pelas mãos recém amolecidas do garoto.

Até da pra entender por que eles praticamente me atropelaram.

“É Lucy, idiota!” Eu gritei, já que com o barulho do vento em nossas orelhas não sei se ele poderia ter me escutado se eu falasse normalmente, e acabei pegando as cordas das mãos masculinas, encostando meus dedos finos e donzelísticos nos dedos grossos e cheios de calos do garoto, sentindo uma pequena onda de eletricidade passar por todo o meu corpo com aquele contato.

Pessoas românticas diriam que eu tinha achado minha alma gêmea.

Pessoas que lêem livros, como eu, sabem que a forma como estávamos em contato com o ar poderia muito bem ter gerado alguma diferença de potencial entre nós...

Dá pra entender porque a corte do Reino não gostava muito de mim? Pois é.

Enfim, a terceira coisa que eu notei é que mesmo que Angry corresse rápido daquele jeito, nós não conseguiríamos chegar até Alcalypha antes do fim do dia. O que, automaticamente, representava uma noite extremamente fria e OH MEU ALÁ, SEM FOGO! Os instrumentos para me proteger do clima do Deserto estavam todos nas bolsas que Herga estava carregando e, bem, todos se lembram que aquele camelo FUGIU.

Então, bem, eu poderia ou morrer de hipotermia ou, por caridade do destino, sobreviver só para contar minha história de desespero e superação para milhares de pessoas.

Por algum motivo, eu acredito muito mais na primeira opção.

Assim, quando eu vi o sol se pondo e Natsu nem um pouco pronto para se sentir melhor, eu senti meu estômago fazer uns loops estranhos de medo. Até comecei a me questionar o que era pior, ter fugido do Castelo quando eu nem mesmo tinha colocado o pé fora dele antes disso, ou ter ficado e me casado com alguém que não se assemelha em nada com o meu homem dos sonhos.

Essa sim é uma dúvida cruel.

Então, depois de um novo ataque histérico, eu consegui manter as rédeas firmemente presas em minhas mãozinhas e manter o Angry correndo em uma perfeita linha reta.

Isso, claro, até o momento em que o sol sumiu completamente no horizonte e eu tive que forçar o a-do-rá-vel Escorpião Rei a parar de correr, porque eu já não enxergava nada a um palmo dos meus olhos.

Sim, eu parei um bicho desses com minha incrível força bruta, sabe, aquela que é inexistente.

Um verdadeiro marco histórico!

O mais interessante é que, assim que paramos de nos movimentar, Natsu voltou à vida de uma forma abrupta e incoerente. Sério, quem passa horas quase vomitando para depois, de repente, pular cuspindo fogo pela boca em uma demonstração estranha de animação?

“Finalmente! Vamos continuar a viagem a pé!” Ele anunciou animadamente, olhando para onde teoricamente deveríamos estar indo e fazendo menção de dar alguns passos na dita direção.

Por algum motivo que NÃO compreendo, esse garoto estava no meio do Deserto dos Desesperados, de noite, na companhia de um Escorpião Rei e de uma completa estranha, e ele não demonstrava NENHUM DESESPERO!

SOU SÓ EU A DESESPERADA POR AQUI?

“N-não fa-fale best-teiras N-Natsu...” Meu queixo batendo insistentemente, mesmo com a grossura da manta que me cobria, fazia com que minha frase realmente tivesse saído mais donzela indefesa do que eu queria. “N-não dá p-pra enxer-xergar nada... C-como nós v-vamos via-viajar a-agora?” Inserir aqui tentativa inútil de me abraçar e me esquentar. “K-kyaaa~! Que f-frio!”

“Você é estranha, Luigi.” Ele comentou com uma das sobrancelhas arqueadas, completamente ignorando a minha sobrancelha que já sofria com um tique nervoso comigo sendo novamente chamada de Luigi. “A temperatura está agradabilíssima.” Não sei nem como ele sabe PRONUNCIAR a palavra ‘agradabilíssima’. Na verdade, não sei como ele CONHECE essa palavra!

Não que ele seja burro nem nada, mas eu DEFINITIVAMENTE não tive a primeira impressão mais brilhante desse ser a minha frente!

“N-natsu... P-por favor...” É, eu implorei, eu sei. Me processem se quiserem, mas eu implorei.

Ele me olhou com um pouco de surpresa, como se o fato de eu não ter gritado ‘Idiota, é Lucy!’ fosse um verdadeiro choque. Ok, talvez fosse mesmo, mas eu não queria perder minha energia com aquilo quando eu definitivamente estava precisando dela pra me aquecer.

Diagnóstico do Clima-Tempo para o Deserto dos Desesperados no atual instante: temperatura ambiente pronta para congelar Princesas fugitivas!

Pois é.

“Ok, ok.” Ele concordou resignado, coçando a nuca com uma das mãos e acendendo uma chama com a outra. Aparentemente eu nem precisava ter me preocupado com a falta de fogo (por culpa da Herga, o camelo covarde), já que esse garoto parece um palito de fósforo ambulante (Ainda mais com aquele cabelo rosa...). “Vamos montar um acampamento então.”

Foram suas sábias palavras momentos antes de uma rajada de vento monstruosa atingir o local em que nos encontrávamos.

Sim, você pensou certo querido leitor amigo: TEMPESTADE DE AREIA!

Oh the joy.

“AI MEU ALÁ!” De repente o frio já não existia mais, só meu novo ataque histérico (Sim, mais um. Crescer enclausurada no castelo somente na companhia de mulheres da corte realmente não fez bem para meu compartimento interno de coragem, sabe). Nem preciso dizer que, no meio da bagunça e do iminente perigo, Angry, o Escorpião Rei traidor, simplesmente fugiu do local buscando abrigo (eu certamente criarei um complexo de abandono até o final de toda essa aventura) deixando Natsu e eu sozinhos ali, como vítimas em potencial para um dos terrores desse Deserto maldito que rodeia minha terra natal.

Alá tenha piedade!

“Fica calma, Luce, eu vou te proteger.” A voz de Natsu, calma e até mesmo animada (As vezes ele me lembra o Plue, meu cachorrinho do deserto desaparecido: dócil e animado. Mas, só as vezes mesmo, porque aparentemente de dócil o Natsu não tem nada!), me tirou de mais um de meus devaneios mentais (que ocorrem mais frequentemente do que é mentalmente saudável) e me fez olhar pra ele como o sujeito estranho que ele é.

Sim, estranho, porque nós nem nos conhecemos e ele 1) Já me deu um apelido. Só não sei se isso é bom, porque eu sempre dei apelidos pros meus bichinhos de estimação; e 2) Ele acabou de afirmar que vai me proteger. O problema? COMO DIABOS ELE VAI FAZER ISSO? Já que, caso ele não tenha notado, ELE TAMBÉM ESTÁ NO MEIO DA TEMPESTADE!

Minha lista TOP 5 virou definitivamente TOP 6 nesse instante.

“Vamos!” Inserir aqui um susto tremendo pela forma aleatória e brusca que ele me agarrou e saiu correndo na direção contrária a da tempestade assassina. “Se nós nos afastarmos pelo menos um pouco da areia eu posso criar uma gruta pra nos abrigarmos!” Inserir aqui um choque TREMENDO pela esperteza da pessoa!

“Como você vai fazer isso?” Eu perguntei com uma curiosidade quase descrente, porque mesmo que eu seja esperta e seja frequentemente bullyingada (Lucy Heartfilia: Neologismos a todo o momento!) pela galera da corte pela minha nerdeza (vê só? Sou quase que um poço de criatividade!... Not), eu não consegui compreender como Natsu seria capaz de fazer algo do tipo.

Mesmo que eu estivesse aprendendo a não colocar ‘Natsu’ e ‘impossível’ em uma mesma frase.

Como resposta para minha singela pergunta, ele abriu um sorriso de orelha a orelha - como se a situação não fosse terrível o suficiente para que ele se preocupasse - e me olhou com seus olhinhos ônix brilhando com travessura, já me fazendo temer pela minha segurança com qualquer que seja a idéia que ele tenha tido. E, claro, suas palavras enigmáticas que vieram logo a seguir só fizeram que eu tivesse uma vontade intensa de correr para as montanhas.

“Você vai ver.”

“Essa era sua idéia brilhante? Quase me matar queimada?” Eu perguntei em um fiapo de voz assim que as paredes se solidificaram ao nosso redor.

Paredes que antes eram areia.

Areia que foi aquecida tanto, mas tanto pelo fogo de Natsu (por algum motivo mesmo com toda a minha inocência essa frase simplesmente não parece certa) que paredes rochosas se formaram ao nosso redor, nos protegendo contra a tempestade de areia cabulosa que tava rolando do lado de fora.

Sim, Natsu resolveu usar sua magia estranha de isqueiro pra praticamente me cozinhar.

“Deixe de ser dramática, Luce!” Ele reclamou infantilmente, fazendo uma caretinha com a boca e o nariz que, se eu estivesse enxergando direito, poderia ser considerada fofa.

Ainda bem que eu não estava vendo quase nada.

“Você é que foi exagerado. Parecia até mesmo estar lutando com a tempestade de areia! O que, pra desencargo de consciência, é humanamente impossível!”

Como eu disse, eu ainda estou aprendendo a não duvidar de Natsu; mas, isso não me impede de ficar incrédula com as coisas que esse protótipo de ser humano faz!

“Nah, eu só estava tentando evitar que toda aquela areia nos engolisse, não foi nada demais.” Inserir aqui um dar de ombros indiferente e incrivelmente irritante. “Pelo menos agora nós estamos salvos.” Ok, eu tinha que concordar com essa parte, mesmo que eu tenha quase que perdido a vida pra chegar até esse ponto.

Eu não sei como vou sobreviver até chegar a Alcalypha, porque certamente eu nunca tinha tido tanta emoção nos meus curtos dezessete anos como nas últimas doze horas na companhia de Natsu, o que pode ser considerado um prelúdio de uma aventura incrível ou mesmo de uma sentença de morte escrita no meu Livro do Destino.

É, fazendo essas considerações dessa forma, acho que prefiro a primeira possibilidade.

“Você tem alguma coisa pra comer nessa bolsa?” Ele perguntou, me tirando novamente do meu devaneio. Eu realmente tenho que parar com essa mania de viajar legal no meio das situações mais aleatórias possíveis.

“Tenho algumas frutas...” Contei, meio hesitante, olhando para ele com olhos críticos e me perguntando se eu deveria realmente dar alguma coisa pra ele comer quando já tinha tão pouco. Por algum motivo, Natsu parecia o tipo de cara que come um banquete, desabotoa o botão da calça pra caber a barriga estufada e ainda arrota rindo da sua cara por ter comido toda a comida sem deixar nada pra você.

Em outras palavras, um monstro devorador de tudo que ele vê pela frente.

Porém, minha boa criação me impedia de negar uma fruta sequer para alguém em necessidade, o que me forçou (mesmo que derramando pequenas lágrimas de desespero) a entregar praticamente todas para o Natsu e a ficar só com uma para mim.

Se eu não morrer de histeria, nem de hipotermia ou de qualquer outro acidente fatal com os bichos do Deserto ou mesmo com peripécias realizadas pelo meu companheiro de viagem, eu com certeza morrerei de inanição.

Quando encontrarem os restos mortais de Lucy Heartfilia todos saberão que ela morreu só pele e osso, faminta, quase no ponto de esquecer o próprio nojo de insetos como alimentos e comendo gafanhotos crus para manter o corpo suprido de nutrientes...

Oh meu Alá, prefiro parar de pensar nas possibilidades!

“Brigado Luce!” Ele agradeceu alegremente, nem mesmo notando meu pequeno sacrifício de entregar praticamente toda a comida que eu tinha para seu buraco negro- ops, estômago. Eu soltei um ‘hmpf’ fraquinho para mostrar que eu tinha ouvido seu agradecimento, e também me voltei para minha frutinha querida, dando pequenas mordidinhas pra tentar aproveitar ao máximo o último alimento que eu tinha.

Se não fosse pelos barulhos assustadores do lado de fora da nossa fortalezazinha, nós estaríamos em completo silêncio. Para que eu não congelasse, mesmo ali dentro, Natsu estava mantendo os pés em chamas bem próximos de mim (Eu ainda tenho que perguntar para ele como isso é possível, já que até o momento em que eu o encontrei, eu acreditava fielmente que a magia era algo extinto nos dias atuais) e me mantendo aquecida.

De repente, eu comecei a vê-lo com outros olhos, sabe, aqueles de respeito.

Ele nem me conhecia, mas tinha me deixado acompanhá-lo na garupa traidora de Angry e ainda estava tentando ao máximo me manter viva e, na medida do possível, confortável.

Eu sorri brevemente, encarando-o de soslaio, e finalmente deixei que toda a exaustão de toda aquela correria e de toda a adrenalina que tinha passado por minhas veias naquelas últimas horas me atingir.

A última coisa que eu me lembro era, mesmo que vagamente, de me deitar bem pertinho de Natsu, sem nem comer minha fruta inteira, e dormir tranquilamente.

No dia seguinte eu perceberia que tinha sido um erro não comer minha fruta.

Alá sempre sendo um ser simpático e bondoso com as linhas do meu destino...

Not.


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Notas finais do capítulo

Querem que eu continue? Então mandem reviews! ♥