A Musicista De Duas Oitavas escrita por Tia Cafira


Capítulo 26
Mateus sempre foi o menino "mau"


Notas iniciais do capítulo

Oioiiiii olha, Filha de Poseidon, tô esperando seu review do cap passado hein! Kk, ó mais um aí



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Saí do quarto de Matt. Com a cabeça atordoada. Não importa como você tenha lido o que eu acabei de descrever quando ele me disse tudo aquilo, você nunca vai conseguir imaginar a tensão, e a tristeza dele. Era como ver uma história dramática na boca de um garoto de 17 anos. Pedir uma menina em casamento? Perder a mãe aos seus 8 anos, na sua frente... Perder a noiva meses depois... E ele lidou com isso tudo? E se apaixonou por mim? Como ele pôde esconder isso tudo?

Foi aí, que eu entendi.

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Peguei o carro de Mateus, que usamos para chegar ao hospital e corri, direto pra casa. Eu estava com a cabeça atordoada, ainda tentando convencer de que ele não era um menino sofrido. Ele era um menino mau.

Larguei o carro ainda ligado, e subi as escadas arfando, eu estava no modo automático. Subi o segundo lance, e lá estava a porta do quarto dele: branca. Maçaneta prateada, longa. Forcei, abriu. Andei por todo o perímetro, nada. Sua sala estava desorganizada, seu quarto, seu closet e sua suíte. Eu não poderia achar nada, mas comecei a revirar as coisas, quando achei.

Um pó. Branco. Procurei em suas gavetas, ele tinha mais, em suas roupas, seus bolsos pareciam bolsos de padeiros de tão brancos. No banheiro, mais pó sobre a pia debaixo do porta-escovas. Na escrivaninha, atrás do monitor, mais pó. Eu saí, e entendi tudo. Ele sempre esteve, sob efeito de drogas. Mas como ninguém nunca percebeu? Ele sempre foi tão... alegre. Gil surge no portal:

-Carla? - pergunta ele.

-Gil...

-Parece... Perturbada.

-Gil, você sabia que...

-Sabia. - fiquei perplexa. Gil sabia que Mateus usava drogas! - primeiro, ele me disse que seria só nas festas. Mandei-o parar, ele não parou.

-Mas...

-Isso foi depois da Katy e a Cecília morrerem. Lucy, a empregada me contou depois de ver a droga entre suas roupas. Eu o internei, e ele melhorou, mas quando brigou com o melhor amigo, Cody, voltou a usar. Eu pedi para parar, eu fiz de tudo.

-Como não conseguiu pará-lo?

-Quando você chegou aqui, ele me disse, que havia parado... Eu fiquei tão feliz... - e vi uma lágrima correr pela face de meu padrasto. - Eu... ainda estou com a roupa da viajem, mas quero pedir... desculpas pelo o que houve...

-Gil... Ele... estava sob efeito de drogas.

-O que houve exatamente?

-Depois de contar à Matt que eu dormi com... o Ralph - fiquei envergonhada baixando a cabeça - ele se descontrolou, fumou e foi brigar com o Ralph.

-Não... de novo não... Ele contou a você sobre Katy e Ralph?

-Brevemente... Contou-me só de uma foto...

-Ah, céus! - Gil desceu as escadas, sentou no sofá, enterrou as mãos no rosto, e chorou. 

-Gil, por mais que ele tenha feito isso comigo - apontei para as minhas costelas - sob efeito de drogas, eu não vou perdoá-lo.

-Você está certa, mas tente compreendê-lo. - e subiu.

-Gil! - gritei.

-Sim?

-Matt está no hospital, tentou se matar! - e chorei.

Gil olhou-me com o rosto inchado, e saiu quase que voando, saindo pela porta, eu fiquei sozinha.

Eu não sei como lidar com isso, não sei. Eu não sei se devo perdoá-lo, afinal, não foi ele que fez isso comigo, foi o pó. Porque a verdade, é que sinto falta dele.


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