Finalmente eu sairá do hospital. Era Dezembro e o ano acabaria em 20 dias.

Damon estava praticamente morando na minha casa. Ele raramente não ficava na minha casa e a gente não transava por causa dos meus pais.

Em um mês seria o julgamento daquelas loucas e infelizmente Milena sumira. A policia estava a sua procura, mas aparentemente tudo aponta para que ela tenha fugido.

Devido ao meu estado tivemos que fazer as gravações correndo e graças a Deus o diretor me esperara e não me despedira ou me rebaixara a outro papel.

-No que está pensando? – me virei e sorri.

Damon estava de terno e sentado ao meu lado. Nem sei bem quando ele entrara, mas as coisas estavam assim ultimamente. Damon entrava de repente na minha casa, sem que ninguém abrisse a porta para ele, mas isso era porque ele tinha a chave da minha casa.

-Nas coisas que aconteceram ultimamente. E já acharam a Milena?

-Não. Elena O que aconteceu exatamente lá? – senti meus lábios fazerem uma linha fina.

-Já te disse o que aconteceu.

-Sei que está escondendo algo.

Ele não estava errado, privei ele do motivo da morte de Dimitri, mas era só isso. Era vergonhoso de mais pensar que fui quase estuprada. E mais ainda vergonhoso, pois eu já devia saber me defender.

-Não aconteceu nada além do que eu te contei. E quanto custa para fazer aula de karate no seu clube? – disse tentando desesperada mente mudar de assunto.

-Pesquisei os preços e... – ele pegou a sua maleta e começou a procurar algo – a moça me deu isso. – ele me deu um papel cheio de valores. – Mas você realmente acha que isso é necessário?

-Talvez, mas já fui pega desprevenida diversas vezes ultimamente, preciso voltar a saber me defender. E francamente prefiro karate. Afinal é muito mais leve do que outras atividades desse tipo. Sabia que tem gente que morre as vezes fazendo essas lutas?

-Claro que sei, mas acho que Box é mais a sua cara. – nós rimos.

-Já disse como senti saudades do seu sorriso? – perguntamos juntos. Sorrimos um para o outro e ficamos nós encarando.

Ele se inclinou lentamente, olhando fixamente meus lábios.

-Acho que senti saudade em tudo de você. – ele disse.

-Também senti saudades. – eu disse quase como se estivesse sussurrando.

Ele se aproximou mais e beijo-me. Uma mão estava em minha nuca e a outra fazendo massagem com o polegar em meu rosto. Ele me beijava de forma lenta e calma. Queria prolongar aquele momento, mas eu sabia que uma hora teríamos que nós afastar.

-Quero te mostrar algo. – ele sussurrou.

-O que? – eu perguntei abrindo meus olhos e o encarando.

-Quero te levar para onde tudo começou. – onde tudo começou... Isso seria o nosso relacionamento ou onde nós encontramos pela primeira vez?

-E onde seria esse lugar?

-Na nossa escola. – eu ri.

Aquele lugar me trazia varias recordações. Foi lá que tive meu primeiro e segundo amor, foi lá que conheci a Alice, foi lá que eu me formei.

-Qual é a graça?

-Aquele lugar me traz muitas má lembranças.

-Mas não te traz nenhuma lembrança boa? – eu sorri, ao entender sua indireta.

-Sim traz muitas lembranças boas, foi lá que eu aprendi a ficar em pé quando alguém me desanimasse, foi lá que conheci as minhas amigas...

-E não te traz outras lembranças boas? – ele repetiu a pergunta dessa vez levantando a sobrancelha e ri.

-Ah! Sim. Foi lá que eu participei pela primeira vez num coral, - comecei a falar fingindo de desentendida – que fiz uma peça de teatro que eu não escrevi o roteiro – vi que ele começava a ficar meio triste e decidi parar com a brincadeira – e foi lá que encontrei o idiota mais romântico que eu já conheci. – ele sorriu. Aproximei-me dele e dei um beijo delicado e lento nele.

Mas logo o beijo se tornou voraz. Sabia que Damon queria tanto quanto eu fazer sexo, mas eu ouvira bem o medico e ele pedira repouso e ainda não estava segura sobre o fato de se as feridas não abririam de novo.

Isso me fez lembrar do dia em que acordei. Agradeci por estar viva, mas quando me vi no espelho fiquei extremamente triste. Eu estava muito feia, perguntava-me como Damon tinha a coragem de me olhar, de me beijar, de me tocar apesar de estar daquele jeito. Mas para a minha sorte e para a volta de meu animo algumas feridas sumiram.

-E hoje quase pegaram Milena Perl. – levantei me na hora e aumentei o som da televisão. – Através de uma ligação anônima a encontraram, mas depois do que parecia uma grande caçada ao carro dela descobriram quando finalmente pararam o carro que ela havia pagado um homem para dirigir e por ser uma grande quantia o homem fez isso.

-Ela é rica Damon? – eu perguntei assim que eu baixei o som, pois tinham mudado de assunto.

-Muito, e como ela não tem mais os pais dela, ela pode mexer o quanto quiser na conta dela.

-Meu Deus quando vão pega-lá? Sabe as vezes me pergunto quantos inocentes tem que morrer para que criminosos sejam presos, sabe não quero que eles moram só quero que eles sejam presos logo, quero que virem uma pessoa melhor, quero que essas pessoas sintam culpa pelo que fez, queria que tirassem os inocentes da cadeia, mas parece que apesar de todo esse tempo as coisas continuam iguais. – Damon me olhava estranho. Com um brilho no olhar. – O que foi? – perguntei.

-O que você disse foram palavras dignas de um ou uma presidente ou politoca não corrupta. – sorri.

-Sabia que quando eu era criança pensava que seria uma boa presidente? Tinha ideias bem parecidas com as que eu tenho. Queria ser presidente para mudar o mundo para melhor, mas pelo jeito o povo prefere os corruptos. – ele segurou minhas mãos.

-Na minha opinião você pelo jeito daria uma ótima presidente e já teria meu voto se quer saber. – eu sorri.

-E o meu, oi querida. – minha mãe me abraçou.

-Obrigada mãe.

-E com certeza teria também o do seu pai não é? – ela disse após me soltar.

-Hã? – perguntou ele. Minha mãe deu um cutucão nele. – Quer dizer é claro que teria.

Revirei os olhos. Meu pai quase nunca concordava com o que eu dizia ou fazia, na verdade ele criticava praticamente tudo o que eu fazia e as vezes só elogiava, pois minha mãe forçava a barra. Mas não posso dizer o mesmo sobre a minha mãe, na verdade acho que um dos outros fatores que me deixaram depressiva foi ele.

-Então Damon você não tem uma casa? – perguntou meu pai.

Nós rimos.                  

-Tenho sim. Mas como a sua linda filha não se muda para lá fico aqui com ela e a minha sogra e o meu sogro.

-Só não os deixo, pois tenho muito amor á vocês. – eu disse olhando meus pais que sorriram.

-Nós também a amamos querida. – disseram os dois.

O telefone começou a tocar e fui atender.

-Alô?

-Oi, Elena é você? – perguntou a voz feminina do outro lado.

-Sim...

-Elena sou eu Alice.

-Ali, lembrou que existe telefone? – ela riu.

Ali tinha um péssimo habito de só saber falar comigo pelas redes sociais.

-Fazer o quê é o único jeito de falar com você hoje em dia?

-Desculpa.

-Não é bom saber que você não é mais viciada em internet. Mas agora preciso te dizer uma coisa importante.

-O que foi?

-Lembra o Miguel? O meu amigo?

-Claro que lembro o seu antigo quedinha.

-Bem ele mentiu um pouco para os pais e no meio da mentira ele disse... – ela disse algo, mas não entendi.

-O que?

-Ele disse... – ela falou novamente só que ainda muito baixo.

-FALA MAIS ALTO GAROTA! – gritei.

-ELE DISSE QUE SE CASOU COMIGO! – Ela gritou por fim e fiquei de boca aberta.

Como ele podia ter dito isso se nem era verdade? Que merda será que esse garoto fez?