Pelo o que eu saiba eu não aprontei,e creio eu que ninguém morreu,eu espero.

-Ér,oi. – Falo me sentando delicadamente como um elefante no sofá.

-Bem Sofie,eu sei que pra você é estranho ter um outro tecnicamente pai,pro teu irmão foi mais fácil,afinal ele tem apenas 7 anos.Mas eu entendo que pra você isso é mais difícil.E eu quero que você saiba,que eu estou do seu lado para tudo que você precisar.Eu sei que nunca tivemos uma conversa,assim,apenas nós dois,e eu queria também saber o que acha sobre tudo isso. – Ele fala tudo,e parece bem nervoso e agora espera que eu fale algo.

-Bem,como começar,certo.Bem,foi difícil quando eu perdi meu pai,é claro que naquela época,tudo que eu mais queria era ele de volta e simplesmente não aceitava que minha mãe pudesse ter outra pessoa.Mas sabe,depois de um tempo eu percebi que ele nunca mais voltaria,que meu pai estaria apenas presente em meu coração.E que eu não poderia privar minha mãe de viver,de ser feliz. – Lagrimas,por que vocês existem? – Eu senti falta do meu pai,e quando minha mãe levou o primeiro namorado eu confesso que fiz de tudo pra eles terminarem,até por que eu realmente não gostei dele.Mas eu não queria passar aquela imagem de filha revoltada,metida a desnaturada da família.Eu não queria,e ainda não quero que minha mãe fique triste por algo que eu faça,ou que pense que eu não gosto de nada que ela faça pra mim,eu amo ela. – Acho que tem um rosto nas minhas lagrimas. – E pra ser sincera,eu realmente gostei de você.Eu senti que minha mãe fica bem com você,ela se sente realizada,feliz. – Dou um meio sorriso,ou tento. – Eu realmente espero que você cuide bem dela,até por que,ela não vai ter eu e meu irmão pra sempre com ela,eu acho.E também,que tendo você,pelo menos tem um homem em casa. – Agora sorrio pra valer,então ele me abraça.

-Não chora. – Só agora você fala isso? – Obrigado por confiar sua mãe a mim. – E a gente se afasta.

-Cuide bem dela ok? – Falo secando minhas lagrimas. – Ah o Bernardo foi ensaiar não sei aonde. – Tava esquecendo de avisar.

-A sim,percebi isso. – Ele fala e solta uma risadinha.

-Ér,então,eu,é eu vou comer. – Falo passando as mãos no cabelo.

[...]

-QUE PAÍS É ESSE? – Sim aqui estou eu berrando Legião Urbana no meu quarto com um microfone,vulgo escova de cabelo,nas mãos.Mas isso é uma coisa tão normal.Epa,o microfone saiu voando pela janela.

-AI FILHA DA PUTA. – Um berro,que só escutei por que a pessoa berra alto pra cassete.Corro pra janela e olho pra baixo e começo a rir como uma retardada e acabo quase caindo da janela,o que me faz parar de rir,não quero morrer tão cedo,ainda tenho apenas 15 aninhos. – SOFIE EU TE MATO. – Bernardo berra lá de baixo entrando em casa e batendo a porta com uma força que nem eu queria ser a porta.

Minutos depois,o que pareceu segundo,mas no caso foi segundos,que seja.Minha porta se abre,revelando um Bernardo com a testa vermelha segurando um microfone.Penso se nasce um chifre?Ele seria um humacornio ou unimano?Humacornio é mais bonito de falar,isso,ele seria um humacornio.

-Por que diabos você jogou uma escova de cabelo pela janela? – Ele falou segurando meu microfone tão forte que parecia que ele iria quebrar a qualquer momento.

-É meu microfone,devolve. – E do nada o imbecil começa a rir. – Ta rindo do que,o retardado? – Falo esticando a mão e levantando a sobrancelha,e ele calmamente,vai parando de rir.Mas do nada ele solta sem querer uma daquelas risadas de porco.Ok,não consigo me controlar e começo a rir.Essas risadas de porco são realmente muito engraçadas,principalmente por que,elas geralmente saem sem querer,ou seja,você mesma se faz passar vergonha por ai,sem ter intenção.

-Ai ai... – E ele coloca a mão na barriga parando de rir.Paro também. – Sério Sofie.Microfone? – Ele solta uma risada pelo nariz.Mas do nada coloca a mão na testa. – Maldita,agora vou ficar com dor na testa. – Ele fala com cara de dor.Uhhhh coitado.

-Olha pelo lado positivo,agora você tem chifres que aparecem. – Sorrio falsamente.E ele me fuzila com os olhos e olha que minha frase foi sem graça e sem sentido.

-Eu devia tacar essa escova na tua cabeça. – Arregalo os olhos.

-Você não faria isso. – Falo meio incerta.

-Tem certeza? – E ele vai se aproximando lentamente,com olhos de psicopata,que chega a dar medo.

-Ber-bernardo,você não vai me matar né? – Eu temo pela minha vida,primeiro por que sou muito jovem ainda,segundo por que ainda não virei famosa,nem fiz nada de muito interessante.E terceiro,por que ainda não matei todo mundo que eu quero matar.E eu nem sou uma assassina.

Ok,ele ta me dando medo,e se ele continuar me encarando assim sou capaz de pular a janela e sair voando,se bem que,EU NÃO SEI VOAR.Merda.

-Não,talvez te torturar um pouco. – Solto o ar,que percebo estar preso,há capaz que ele iria me matar,eu sou demais. – Mas talvez depois. – Espera,o que?Do nada ele começa a rir.

-SEU IDIOTA. – Começo a dar tapas nele,até que ele segura meus braços e me olha nos olhos,de um jeito tão profundo,espera,profundo nada,credo.E ele vai me levando pra trás até eu encostar na parede,que diabos ele pensa que está fazendo?

-Sofie,eu que... – Do nada um celular toca,espera,é o meu.Me solto do Bernardo e vou ver quem é o desgraçado ou a desgraçada,que me deu um daqueles famosos “toquinhos”.Adivinha?Lua.

[...]

Olha uma mosca pousou na mesa,quanto será que vive uma mosca?Vou pesquisar isso,um dia,talvez daqui alguns anos,mas não agora.Como ela é estranha,olha outra mosca,ela sento em cima da primeira,que eu vou chamar de Jurema,olha a Jurema agora ta em cima da outra mosca,espera,será que a Jurema é Juremo?O que o tédio não faz com as pessoas,eu to num estado deplorável,to com pena de mim mesma,to deitada no sofá da sala olhando pra mesa,onde se encontrava,já que fugiram,duas moscas.Tem um pedaço de pizza na minha barriga e ta sem luz,tem coisa pior?A sim,tem sim,to com coca-cola no cabelo.

-TOC TOC. – A pessoa além de não saber apertar a campainha (que não sei pra que existe aqui em casa) é burra o suficiente pra nem saber bater na porta,ai berra toc toc.

-QUEM É? – Não quero levantar,eu quero ver se nasce mais pizza da pizza que ta na minha barriga.

-É A ESTRELA. – Que porra é estrela?

-QUE ESTRELA? – Berro de novo,berrar é bom,bom pra você ferrar com as tuas cordas vocais.

-A QUE CAIU DO CÉU ESPECIALMENTE PRA VOCÊ. – Puta que foi pra marte,que porra foi essa?

-Ta aberta a porta Lua. – Dessa vez não berro,apenas falo mais alto.

-AHHHHHHH. – Que grito foi esse? – Sofie,que estado é esse? – Luanna fala com voz de quem pensa que manda.

-Por que você não tocou a campainha? – Pergunto levantando minimamente a cabeça pra procurar ela pela sala.Achei ela,do meu lado.

-Por que ta sem luz sua burra. – Eita,não é que é verdade? – Mas não vim aqui pra falar do seu estado pior que o de um mendigo,ou de como você é burra por não perceber que a campainha só funciona com energia.Eu vim te contar do meu encontro com o Matt. – A ultima parte ela fala tão sonhadora que até eu comecei a suspirar com ela.