Opostos escrita por PfvrTchulim


Capítulo 3
Capítulo 3




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Pensei em ir para a casa de Lia, ela sabia me acalmar. Não precisa fazer nada, ela é aquele tipo de pessoa que só de você estar perto já parece que o mundo é um lugar melhor sabe? Mas ai eu lembrei que ainda estávamos brigadas e desisti. A gente sempre briga assim, ficamos sem nos falar por algumas horas e depois tudo se resolvia naturalmente. Mas como ela não havia ido na escola hoje, ainda estávamos tecnicamente brigadas.

Peguei minhas coisas e fui para casa da Melissa ela era minha amiga de infância, e já estava na faculdade... havia contado pra ela sobre o trabalho e sobre Miguel, ela era a única que poderia me ajudar numa situação dessas.

Ela abriu a porta com um imenso sorriso no rosto !

- Você não devia sair distribuindo sorrisos pra qualquer um... – disse dando um abraço apertado nela.

Ela deu uma risada, e me convidou pra entrar...

– Já terminou o trabalho? - perguntou enquanto passava as mãos por meu cabelo.

Mordi os labios.

– Aquele idiota atrasou, me estressei e resolvi que não ia fazer mais nada.

– Mas vocês nem começaram? - neguei com a cabeça.

– Ele deu uma ideia. Quer fazer um musical.

– Hmm, musical é original. Ninguém mais teria essa ideia. - levantei uma sobrancelha - Ele é criativo Jú .

– Temos pouco tempo Mel . Não da pra montar um roteiro, criar musicas, gravar e editar. E só seria uma boa ideia se estivéssemos em mais pessoas, somos só dois.

– Eu posso ajudar. - falou me fazendo sentar - Posso fazer um roteiro. Já estudei sobre a vida do Hitler, não vai ser nenhum esforço.

– Não. - balancei a cabeça - você já ta ocupada demais com a faculdade Mel, não quero te encher mais com os meus problemas.

–Seus problemas são os meus também. - a voz de Mel era baixa, mas convincente.

E mais uma vez eu cheguei a cogitar que toda essa historia podia dar certo, que o musical era a coisa mais original que poderiamos fazer. Melissa era a culpada por esse pensamento, ela sempre me passava uma confiança, uma segurança. É como se tudo o que ela falasse era certo, sinto que nada de ruim pode me acontecer quando estou do seu lado.

Mas a realidade é maior. Não cofiava nem um pouco nesse garoto para entrar numa roubada dessa. E se ele desistisse? Como terminaria o trabalho?

– Ah não sei não Mel. Ele é meio irresponsavel.

Melissa cruzou os braços e me encarou com um olhar de reprovação.

– Juliana de Deus !!! voce nem o conhece direito. Dá uma chance pra ele, poxa a ideia é muito boa, é claro que ele vai ser responsavel é um trabalho de escola. E se por acaso ele pular fora é só voce falar com o professor, simples. Agora para com esse julgamento mesquinho hein!

Sorri. Por mais chato que fosse, eu adorava a cara que Mel fazia quando me dava esses enormes sermões. Ela fazia umas caretas super engraçadas...

– Tudo bem - como sempre ela havia conseguido me convencer - Eu vou entrar nessa enrascada, mas eu juro por Deus que se ele pular fora eu o capo!

Melissa riu alto.

– Eu te ajudo com isso. - ela colocou a mão em meu ombro me puxando novamente para seu colo - Vou começar a trabalhar no roteiro ainda hoje, enquanto isso você poderia ir atras de figurino ou uma filmadora decente porque a minha ta meio ruim.

– Ah Mel, não precisa fazer isso não. Não quero te atrapalhar.

– Shiiiu - ela brincou - já disse que não me atrapalha em nada.

Concordei com a cabeça. Não adiantaria em nada entrar em uma briga agora, sempre sairia perdendo.

Fiquei na casa dela por horas, comemos chocolate, tomamos um pote de sorvete enquanto viamos pela milésima vez um amor para recordar. Quando já estava quase escurecendo chamei um taxi e fui embora.

Lia entrou na sala de aula e sem olhar para os lados sentou em seu lugar. Engoli o orgulho e me virei para observa-la enquanto ela ainda tirava o material da bolsa.

– Oi. - falei meio timidamente.

Lia me respondeu com um sorriso no rosto. Era um sorriso verdadeiro.

– Por que não veio ontem na escola? - perguntei enquanto ela abria o caderno para ver qual era a primeira aula.

Lia olhou para baixo e falou:

– Seria muito infantil se eu dissesse que não vim porque estava brava com você e não queria te ver?

Dei uma risada baixa. Estávamos bem.

– Ei, ta tudo bem. - segurei sua mão. - Nós estamos bem não é?

Ela afirmou com a cabeça. Porém Lia não era a única pra quem eu teria que pedir desculpas. Quando vi Miguel entrar na sala de aula meu coração apertou. Eu tinha mesmo pegado pesado com ele e teria que me desculpar. Como de costume todas as meninas acompanharam seus passos com os olhos.

Tá, ele não era tão feio. Se se arrumasse um pouco mais, penteasse o cabelo, quem sabe até um novo corte? Ele ficaria bonito, mas assim do jeito que ele está não consigo entender o porque de tanto alvoroço . Sem pensar muito me levantei e fui até sua mesa. Com seu olhar ele percorreu todo o meu corpo e deu um sorriso inocente. Sem fazer rodeios fui direto ao ponto.

– Eu gostei da sua idéia. Pode ser uma boa, vamos usá-la.

– Ahh - ele abriu a boca todo preconceituoso - Desistiu de fazer sozinha?

Fechei a mão para dar um soco naquela cara branca de boneco, mas lembrei que estávamos em uma sala de aula e que eu precisava dele no meu grupo. Então desisti da idéia. Porém estava sem paciência para esses joguinhos.

– Ok. - me virei para sair quando senti um tranco, olhei para trás e vi sua mão segurando meu braço.- Não vai me pedir desculpas? - perguntou em um tom irônico

– Pelo que? - me fiz de desentendida.- Você foi um pouco grosseira comigo não acha?

Revirei os olhos.- Não vou te pedir desculpas. - afirmei com convicção

– Então não farei o trabalho com você. Dei de ombro. Não ia mesmo pedir desculpas. Minutos antes essa era a minha intenção, mas agora depois dessas piadas sem graça percebi que nao tinha nada que me desculpar.

– Não preciso de você Ken do Paraguai . - fiz cara de desdém .Ele levantou a sobrancelha quando ouviu o novo apelido. É isso, Ken do paraguai, ta ai uma ótima definição desse ser na minha frente.

– Agora me deve dois pedidos de desculpas. - bufei - Voce precisa de nota e sabe que para tirar um 10 vai precisar fazer um bom trabalho e so vai fazer um bom trabalho comigo na dupla. Ele tinha um ar todo convencido, seguro de si.- Sua burrice não vai me ajudar em nada. Ele contraiu a boca.

– Agora me deve três pedidos.- Me solta. - ordenei impaciente.

– Você não vai conseguir fazer o trabalho sozinha. - Lia disse pela terceira vez seguida. - Precisa dele Jú.

– Eu vou sim. - lhe lancei um olhar do mau - Não preciso fazer um musical, posso usar cartazes...

– Mas não vai conseguir o tão sonhado 10. Você precisa dele Juliana.- ela tinha uma certa felicidade nos olhos, como se gostasse do que estava acontecendo.

Eu precisava de um 10, minhas ferias dependiam desse trabalho. Já havia ido com nota vermelha bimestre passado e até fiquei de castigo por isso. Eu preciso mesmo de uma boa nota de historia.

Dei um suspiro de superioridade e falei.

– Eu vou conseguir um 10, sozinha.

Lia deu de ombros.

– Eu não duvido disso, só não sei se o professor vai gostar dessa ideia.

– Puts! - dei um tapa em minha testa, como podia esquecer dele? - Tenho que falar com ele.

Lia apontou para frente onde Will o professor conversava com um aluno. Pela sua cara a conversa não estava muito animada.

– Fala com ele agora, essa é a ultima semana dele aqui na escola lembra?

Não pensei duas vezes e fui até seu encontro. Ele precisava me deixar fazer o trabalho sozinha, pela primeira vez na vida tinha que ser legal comigo.

– Professor, podemos conversar?- disse quando me aproximei.

Ele me olhou de cima em baixo com desdém.

– Juliana responderei suas perguntas apenas na sala de aula.

Ele ja ia saindo quando eu segurei em seu braço. Não dava para esperar até o proximo mês.

Ele encarou meu braço, como se lembrasse apenas agora que ainda o segurava. Senti um alivio quando ele o soltou. Sem falar nada e queimando de raiva por dentro me virei e voltei para o meu lugar.

– Não temos mais aula lembra? - ele fez sinal com a cabeça pra mim continuar, parecia com pressa - É sobre o trabalho. Então será que não dava pra mim fazer sozinha?

Will fez uma careta estranha.

– Não está fazendo com o garoto novo?

– Estou e esse é o problema, ele não leva nada a serio.

Will forçou um sorriso sinico. Bem tipico dele.

– Não foi isso o que ele me disse Juliana. - o encarei surpresa - De qualquer modo voce ainda vai fazer o trabalho com Miguel e espero não receber nenhuma reclamação de ambas as partes.

Sem falar mais nada ele se virou e saiu. Engoli seco, mesmo depois de anos ele ainda me dava um pouco de medo. Não sei onde estava com a cabeça, é claro que ele nunca ia fazer algo para me ajudar. Parecia até sentir um certo desejo em fuder com a minha vida.

De longe vi Miguel parado ao lado de uma menina loira que eu nunca havia visto na escola. Eles conversavam alegremente. É, parece que ele estava mesmo se adaptando. Não aguentei e fui até ele.

– Pronto, vou ser obrigada a fazer trabalho com você, satisfeito?

A garota loira me olhou estranhamente, balançou a cabeça e saiu dali.

– Nossa, espera ai deixa eu tirar uma foto pra guardar pra sempre esse momento. Estou tão feliz por você finalmente ter aceitado fazer esse trabalho comigo! - ele brincou afinando a voz.

– O que você foi falar com ele? Foi dizer que eu era irritante? Uma chata? Que te xinguei? O que você disse pra ele seu playboizinho de merda? - gritei sem me importar com quem estivesse ouvindo.

De repente o sorriso travesso saiu e no seu lugar entrou um olhar confuso.

– Eu só pedi pra ele nos separar já que era essa a sua vontade. Disse que não estavamos dando certo juntos. Só quis facilitar as coisas pra você, mas não deu muito certo. Ele não deixou eu fazer sozinho. - Miguel se levantou - Pelo meus calculos me deve mais uma desculpa não é?

E então ele saiu sem nem olhar para tras.

Droga, eu me sentia horrivel.


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