Bella And The Writers Block. escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

N/A: Olha só quem resolveu aparecer com mais uma ideia insana. Essa ideia me ocorreu a uns anos atrás quando estava assitindo o filme com a Jodie Foster "Ilha da Imaginação", no qual a personagem da Jodie é cheia de fobias e sua única companhia é o personagem do seu livro. A diferença é que a Bella aqui vai ser um pouco mais normal :p Eu decidi postar essa história porque só assim eu conseguirei dar seguimento a ela. Por enquanto a classificação será T, mas provavelmente vai evoluir para M, ok? Espero que gostem. Beijos



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Capítulo 1

Trim.

Trim.

Trim.

O telefone tocava, mas eu fazia questão de ignorá-lo. Eu não podia interromper o que estava fazendo, apenas para atender quem quer que estivesse do outro lado da linha.

Trim.

Trim.

Trim.

Quem podia ser a pessoa insistente que estaria me ligando? Pensei, enquanto o som ainda distraía a minha atenção.

Bip.

A secretária eletrônica finalmente acabou com meu suplício.

"Bella eu sei que você está aí." A voz de Rosalie Hale, uma das minhas melhores amigas, apareceu logo depois do bip da secretária. "Faz três semanas que você não dá sinal de vida. Eu estou começando a ficar preocupada."

Considerei por um momento atender o telefone, mas não podia. Aquele telefonema levaria à uma extensa conversa, que levaria à Rosalie invadindo a sua casa mais tarde.

"Se você não me ligar em uma semana, eu vou ter que usar de medidas drásticas." Rosalie ameaçou e eu bufei irritada. Eu sabia que ela estava sendo generosa com o prazo, mas nenhuma pressão me faria bem naquele momento.

Ela e Alice, eram as pessoas mais autoritárias que eu já havia conhecido. Se não tivéssemos dividido o dormitório na época da faculdade, provavelmente nem seriamos amigas.

Eu sabia que elas estavam preocupadas com a minha atitude, mas eu não tinha tempo para uma vida social. Na verdade eu não tinha tempo para nada! Minha vida ficaria em stand by até que eu acabasse o manuscrito do meu novo livro e eu já estava mais do que atrasada para isso.

Cerca de dois anos atrás, eu lancei o meu primeiro livro- um romance entre um vampiro e uma humana. Sinceramente eu não esperava fazer sucesso, mas me surpreendi quando meu livro se tornou um dos Best Sellers mais vendidos em todo o mundo.

Chegava a ser irônico, que uma mulher sem nenhuma vida amorosa, fosse uma escritora de romances. Mas mesmo assim, eu era um sucesso!

O que não adiantaria de nada, caso eu não conseguisse terminar o terceiro livro da saga.

Sacudi a minha cabeça, como que espantando aqueles pensamentos e voltei a me concentrar no livro inacabado que estava aparecendo na tela do meu computador. Eu olhava para a tela sem saber que rumo seguir.

A família de vampiros, do seu livro, estavam enfrentando uma terrível batalha contra dezenas de vampiros recém-criados. A questão era saber se Bella, a protagonista do livro, ficaria ferida ou não. Se ela não se ferisse, eu ainda podia pensar em escrever outro livro da saga, mostrando como seria a vida dela como uma vampira. Caso ela estivesse gravemente ferida, Anthony, o namorado vampiro, teria que passar pela difícil decisão de salvá-la e condená-la ao seu mundo, ou se deixaria a vida, ou nesse caso a morte, seguir seu rumo.

"Ninguém mais agüenta essa ladainha. " Reclamou o ruivo de olhos dourados aparecendo ao meu lado. Aquele era Anthony Masen. O outro protagonista do livro que eu escrevia.

"Cala a boca." Ordenei, irritada. Aquilo era tão patético. Por que eu sempre discutia com ele, mesmo sabendo que ele não existia? Ele não passava de um fruto da minha imaginação, mas mesmo assim eu sempre perdia meu tempo discutindo com ele.

"Você já sabe que ela vai se tornar uma vampira, para que adiar?" Ele se apoiou no batente da porta e cruzou os braços.

"Não interrompa meu processo criativo!" Ordenei. "Como você sabe que ela vai ser transformada? Você só devia ler mentes na ficção."

"Eu sou um produto da sua mente, então eu tenho livre acesso a ela." Ele explicou, com um sorriso torto no rosto.

"Eu não devia ter criado você tão arrogante." Revirei os olhos. A nossa convivência seria tão mais fácil se eu o tivesse criado de outra maneira.

"Você não pode me mudar." Ele apontou com um sorriso arrogante nos lábios.

"Na verdade eu posso te matar, e deixar ela com o tal lobisomem." Agora era a minha vez de exibir um sorriso arrogante no rosto.

"Você não faria isso. Você tem alergia a pelos."

"Mas a Bella do livro não." Sorri e me voltei para o computador. "Agora cala a boca, e só abra para falar alguma coisa útil."

Trim.

Eu nem me preocupava em tentar adivinhar quem estava ligando, porque se Rose não tinha cumprido sua missão de me fazer atender o telefone, só existia uma pessoa que tentaria fazer o mesmo.

Trim.

Trim.

Trim.

Trim.

Trim.

Bip.

"Ok. Acabei de receber um telefonema da Rose, e não gostei nada do que eu ouvi." Alice falava de forma enérgica. Para uma pessoa tão pequenina Alice tinha uma personalidade de uma gigante. "Só não vou pessoalmente te tirar daí porque tenho que pegar meu irmão no aeroporto."

"Elas são insistentes." O ser irritante que ocupa a minha imaginação bufou.

"Elas são minha amigas." Respondi entediada.

"Você deveria ouvi-las."

"Eu não tenho tempo para me divertir agora. Eu estou no meio de um bloqueio criativo."

"Por que quer." Ele me acusou.

"Por que eu quero?" Levantei minha sobrancelha.

"Exatamente. Você não sai desse cubículo há cinco meses." Aquilo não era exatamente verdade, afinal eu ia ao mercado e ia à algumas reuniões na editora. "Você só entra em contato com o mundo exterior por que seus amigos vêm te visitar."

"E o que você sugere?" Eu estava pedindo opinião ao meu próprio personagem? Tinha como ser mais patético?

"Procure inspiração."

"Eu escrevo um romance sobre vampiros. Eu só encontraria inspiração se encontrasse um vampiro."

"Você escreve romances. Se você viver um romance já ajuda." Ele apontou. O pior de tudo era que ele tinha razão.

"Você sempre tem que ser tão irritante assim?" Suspirei.

"A culpa é sua." Ele encolheu os ombros. E o pior? Mais uma vez ele tinha raazão.

Trim.

Trim.

Deus! Será que as pessoas resolveram fazer um pacto de me ligar no dia de hoje? Eu estava considerando jogar aquele aparelho contra a parede, porque só assim ele ia calar.

Trim.

Trim.

Eu teria que ter uma séria conversa com Rosalie e Alice sobre a etiqueta ao usar o telefone. Regra número 1: Quando você deixa a droga de um recado na merda da secretária, vocês espera a pessoa te ligar de volta e não fica insistindo a todo instante.

Trim.

Trim.

"Bela, aqui é Tanya. Aconteceram umas mudanças aqui na empresa, e eu não serei mais sua editora." Senti uma mistura de alívio e medo ao ouvir aquilo. A partida dela era uma coisa boa, entanto, não tinha como não ficar receosa com a mudança. "Um cara novo vai assumir, então não se assuste quando ele ligar. E não se preocupe que já expliquei tudo a ele."

"Era só o que me faltava!" Reclamei para o nada. Tudo bem que Tanya não era o que eu classificaria como uma pessoa simpática, mas ela já estava acostumada com meu jeito e minhas manias. E agora, só de pensar em ter que passar por todo esse processo com o tal cara que ela falara, era no mínimo desgastante.

"Pelo menos você não vai ter mais que aguentar aquela loira metida." Pulei ao ouvir aquela voz. Já que ele era um produto da minha mente, a minha mente podia ao menos avisar quando ele iria aparecer.

"Eu não acho ela metida." Defendi-me

"Ah, não? Então por que você nomeou a sua rival no livro com o nome dela?" Anthony sentou-se ao meu lado.

"Para começar, eu não sou a Bella do livro. E segundo, a Tanya não é rival dela, apenas uma mulher que já se interessou por você." Ok, elas eram rivais. Mas eu nunca admitiria isso para ele.

"Mas você se baseou nela de qualquer forma."

"Apenas o nome." Apontei.

"E a aparência." Ele devolveu.

"Dá para você calar a boca? Eu preciso escrever." Parabéns Bella- me cumprimentei mentalmente- você é uma escritora, mas é incapaz de surgir com uma resposta melhor que 'cala a boca'? Não era á toa que eu estava naquela situação. Tentei me concentrar no meu trabalho, mas aquela notícia tinha me destabilizado mais do que eu gostava de admitir. "E se ele for insuportável? Eu sei que a Tanya não é nenhuma flor de pessoa, mas ao menos eu sabia lidar com ela."

"Pior do que ela não pode existir. Tente pensar pelo lado positivo: ela só vai ver que você colocou o nome dela em um personagem quando o livro estiver publicado."

"Se o livro for publicado." Suspirei frustrada. Se eu não terminasse aquele livro o mais rápido possível o meu contrato seria cancelado. "Homens não são bons com romances." Tanto para vivenciá-los quanto para editá-los.

"Nicholas Spark e eu discordamos." Mais uma vez aquele sorriso arrogante aparecia. Eu odiava aquela atitude de dono da razão que ele - quase sempre- assumia. Eu ia revidar aquele comentário, mas preferi revirar meus olhos em resposta.

Como a cena em questão não estava indo para frente, decidi voltar algumas páginas e reeditar algumas coisas que eu tinha escrito antes. Eu tinha a péssima mania de escrever apenas os diálogos e depois espalhar avisos pelo arquivo, lembrando-me de aprimorar as cenas.

Eu já estava revisando aquelas cenas por mais de uma hora, quando me deparei com uma das partes mais delicadas para o livro.

"Isso não está bom." Olhei para o que eu tinha escrito, para um pedido do casamento aquela cena estava tão plana, tão sem graça.

"Eu disse para você colocar aquela cena." Ele mexeu as sobrancelhas sugestivamente.

"Nada disso." Disse resoluta. Eu não ia colocar uma cena de sexo em um livro que era direcionado a adolescentes.

"Mas é o que todo mundo espera." Ele insistiu.

"Como você sabe disso?" Cruzei os braços.

"Existe uma coisa chamada Fanfiction e ela pode ser muito esclarecedora"

Depois de trinta minutos tentando desenvolver algo que realmente eu gostasse, percebi que precisava de alguma distração. Nada de bom parecia que ia sair da minha cabeça mesmo.

"Sabe de uma coisa? Vou ver um filme." Decidi. Desligando o computador, fui até a sala onde me acomodei na poltrona.

"Ótimo! O que vamos ver?" Anthony apareceu do nada ao meu lado. Afinal, ele era um vampiro ou um fantasma?

"Que tal 'Como matar meu amigo imaginário?' " Respondi sarcástica?

"Eu não sou seu amigo imaginário. E você sabe que eu estou aqui por causa da sua teimosia." Ele apontou e eu revirei os olhos.

"Não é teimosia, é bloqueio criativo." Corrigi. Eu não ia entrar no joguinho dele e seguir as ideias malucas que ele tanto me dava.

Optei por assistir uma comédia romântica que Alice tinha me empestado, um tal de Do Outro Lado da Linha. É a história de uma garota indiana e um rapaz americano que se conhecem pelo telefone, e ela decide viajar meio mundo para conhecê-lo. Logicamente, o rapaz em questão é encantador, atencioso, inteligente, daqueles que te fazem querer cometer suicídio só por não ter um exemplar desses na sua vida.

Um pouco antes de teminar o filme, o barulho irritante voltou a me atormentar.

Trim.

Trim.

Trim.

Trim.

Eu já não aguentava mais isso! Elas estavam batendo algum tipo de recorde hoje e olha que eram apenas cinco horas da tarde de um domingo!

"Que saco!" Esbravejei e me levantei para atender o maldito telefone. "Eu não morri, não estou deprimida e nem desesperada por companhia, então será que vocês poderiam me deixar em paz, por favor? Ou será que isso é pedir muito? Eu já expliquei o motivo de..."

"Srta. Swan?" Uma voz desconhecida me cortou.

"É."

"Eu sou Edward Cullen, seu novo editor." Ele se apresentou. Não pude deixar de notar como sua voz era profunda e macia.

"Ah, meu Deus!" Exclamei envergonhada.

"Está tudo bem?"

"S-sim." Gaguejei. Ele já devia estar achando que eu era uma desequilibrada mental.

"Eu gostaria de saber se poderíamos agendar uma reunião para amanhã. O que você acha?"

"Eu estou trabalhando no livro e estou um pouco atrasada, então seria melhor adiarmos essa reunião. " Tradução: Eu estou morrendo de medo da bronca que eu vou levar, então é melhor adiar o esporro para um momento mais conveniente.

"Eu tenho uma ideia melhor: eu vou a sua casa e nós conversamos enquanto você escreve seu livro, que tal?" Pelo visto esse aí era mais difícil de enganar do que a Tanya.

"Já vi que você é do tipo que não aceita não como resposta."

"Eu sou conhecido pela minha persistência." Eu podia jurar que ele sorria ao dizer aquelas palavras.

"Impertinência mudou de nome?" Eu não costumava usar sarcasmo no primeiro contato, mas ele estava pedindo para isso.

"Já vi que você tem resposta pra tudo." Ele comentou antes de uma risadinha.

"Não é a toa que sou escritora." Agora era a minha vez de sorrir.

"Mal posso esperar por amanhã. Até mais" Ele se despediu e eu me perguntava o porquê de tamanha animação.

"Até." Falei, antes de desligar o telefone. "Isso não vai dar certo." Murmurei. Agora eu tinha a plena certeza disso.

"Por quê?" Anthony perguntou, sentado ao sofá.

"Ele é irritante, abusado, insistente, incapaz de respeitar o meu espaço..." Era incrível que com cinco minutos de conversa eu já podia enumerar tantas boas qualidades no tal editor.

"Resumindo: tudo o que você precisa nesse momento." Anthony concluiu, com aquele maldito sorriso no rosto.


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