– FILHO DA PUTA! – gritei, imaginando que de alguma forma aquilo diminuiria minha raiva.

– S-senhor, sinto muito por isso, mas tem alguém te esperando. E é urgente. – a voz de Sandy parecia um sussurro longínquo.

Aquele ruivo desgraçado havia sido mais rápido do que eu imaginava. E agora, ele estava junto da minha Allie.

Arremessei um jarro de flor contra a parede, sonhando que era o ruivo quem eu acertava.

– Deixa de ser infantil! – a voz melodiosa e irritante de Lívia me dispersou.

– O que você tá fazendo aqui? – perguntei, com a esperança de não ter que aguentar aquela mulher por muito tempo. – Seu queridinho tá do outro lado do oceano.

– Espero que não tenha esquecido os bons modos, Jason. E muito menos que não tenha deixado uma garotinha mimada e idiota acabar com sua vida.

– Esse assunto é meu, Lívia. Não se intrometa.

Ela sorriu.

– Você me assustou agora... Acho que até vou deixar a Alison em paz. – ela respirou fundo. – Temos um acordo, Jason. Eu lhe pago muito bem para me ajudar... Eu cumpro minha parte do trato, mas acho que você acabou se esquecendo das suas tarefas.

– Estou tendo avanços. – falei despreocupado.

– Avanços?! – ela avançou e, antes que eu pudesse fazer alguma coisa, estapeou meu rosto. – Você matou Vernet, seu estúpido!

– Ele estava incomodando...

– Foi um erro tirar Vernet da jogada, Jason... – ela deu uma risadinha. – Mas seu maior erro foi tentar me enganar.

– Como assim?

– Eu te paguei para acabar com a Alison e você inventou uma historinha onde ela conseguia sobreviver a um incêndio! Sério que você realmente pensou que eu acreditei nisso?!

Senti meu sangue congelar.

– É verdade! Eu me descuidei e ela fug... – Lívia me interrompeu.

– É sua última chance, e você tem um mês... Estou me sentindo generosa hoje.

– Tenho um mês para fazer o que? – perguntei, mas já sabia a resposta.

Pov’s Melody

– Melody, está atrasada! – o desapontamento na voz do loiro me deixou chateada.

– Eu sei... Me desculpa, Nathaniel... Acabou acontecendo alguns imprevistos e...

– Okay, é melhor terminarmos esse trabalho logo.

Sentei-me de frente para ele.

– Consegui encontrar um livro que explica detalhadamente a revolução e... – parei de falar, já que Nathaniel não estava prestando atenção.

Estávamos na biblioteca da escola, e a atenção do loiro estava voltada para o casal sentado perto de nós. A garota sorria enquanto tentava, em vão, fazer seu namorado falar mais baixo.

Era uma cena fofa, digna de algum filme de romance. A forma como eles se olhavam, se tocavam e até como falavam, era apaixonada. Aquele poderia ser o casal mais incrível, se a garota não fosse uma vadia.

Os olhos dourados de Nathaniel mostravam sua tristeza. E aquilo me corroia; porque eu estava ali, disposta a fazer qualquer coisa para agradá-lo, mas ele só conseguia olhar para Alison, que de alguma forma impressionante, havia conseguido conquistar Castiel.

Afinal de contas, o que essa garota tem de mais?

– A gente pode ir para outro lugar. – eu disse e só então ele olhou para mim.

– Tem algo aqui que te incomoda?

– Estou falando de você!

– Eu estou muito bem. – ele disse de forma despreocupada.

– Então para de olhar para a Alison e presta atenção em mim! – levantei-me rapidamente e saí da biblioteca, esperando Nathaniel me seguir e pedir desculpas.

Ele não veio. Na verdade, ele nunca vinha, não sei por que eu ainda insistia...

Fui direto para o banheiro, e joguei água no rosto, tentando conter as lágrimas. O delineador que eu passei acabou sujando todo meu rosto. Um dos motivos para eu detestar maquiagem; mas pensei que Nathaniel notaria.

– Não chora, Mel... Tudo vai se resolver. – a voz inconfundível de Ambre me despertou, e só então percebi que ela estava sentada bem do meu lado, retocando a maquiagem. Como se ela precisasse... Ambre era linda! Eu ficaria feliz com metade da beleza dela. – Eu vi o que aconteceu na biblioteca. – ela disse.

– Eu... Você sabe que eu sempre gostei do seu irmão, Ambre. Sinto muito se isso te incomoda.

Ela sorriu.

– Claro que não! Sempre torci por vocês ficarem juntos... Mas meu irmão é um babaca. Espero que não desista dele.

– Não quero desistir, mas ele nem repara em mim... Só naquela puta da Alison!

Seu sorriso aumentou.

– É sobre ela que eu quero falar... – Ambre terminou de ajeitar os cabelos e me encarou. – Você sabe do que já rolou entre Castiel e eu...

– Na verdade, não sei. – falei sinceramente.

– Isso não importa agora! – ela se apressou. – Estou disposta a ter meu ruivo novamente e vou fazer qualquer coisa para tirar a vaca da Alison do meu caminho.

– E porque está me dizendo isso?

– Porque assim que Castiel largá-la, ela vai correr para os braços do meu irmãozinho. – o desespero tomou conta de mim.

– Não, Ambre, não... Por favor! Espera só mais um pouquinho; só até eu conseguir sair com seu irmão.

– Mel, você não me entendeu. Quero destruir Alison, mas quero que façamos isso juntas, compreende? – ela sorriu e eu acabei sorrindo de volta.

– E como vamos fazer isso?

– Infelizmente tenho acesso limitado à vida pessoal da Wade.

– Vou conseguir todas as informações sobre ela, Ambre! Não se preocupe.

Pov’s Castiel

Duas semanas se passaram desde que eu e Alison nos acertamos. E eu só posso dizer que nunca me senti tão feliz... Allie me completava. Apesar de toda a confusão que havia acontecido, isso estava totalmente no passado. A única coisa que ainda incomodava um pouco era Lysandre... Quase não nos falávamos, e sempre que ficávamos sozinhos, o clima era um tenso e incomodo.

Dispersei meus pensamentos e voltei a atenção para a garota.

– Na verdade, Íris, a gente sempre se deu bem. Por quê? – ela ficou tão vermelha que eu achei que ela estivesse passando mal.

– É que ela acabou de mudar para cá... Eu fiquei surpresa porque a gente mal sabe da vida dela.

– Allie é meio idiota ás vezes, mas ela me faz bem. Eu gosto dela, gosto muito mesmo.

– E vocês sempre ficaram bem?

– Na verdade, a gente teve alguns problemas. – ponderei se deveria contar para ela, mas como não vi problema nenhum... – O Lysandre ficou afim dela e as coisas se complicaram.

– Poxa, que pena... Mas vocês já se resolveram?

– Lysandre ainda está meio sentido, mas estamos bem sim.

– Ah sim... Eu tenho que ir agora, Castiel... Melody está me esperando.

– Okay. – Íris saiu andando apressadamente.

Estava procurando minha palheta no armário quando senti duas mãos quentes me envolvendo.

– Oi. – involuntariamente um sorriso surgiu no meu rosto.

Comecei a ficar preocupado... Estava tendo algumas atitudes meio gays; mas dizem que é assim quando você se apaixona, certo?

– Sobre o que vocês estavam conversando, posso saber? – Allie perguntou.

– Está com ciúmes, é? – perguntei enquanto me virava de frente para ela.

– Só acho que se a Íris quiser ficar com todos os dentes na boca, deve ficar longe de você. – ela riu e eu a acompanhei.

– Que bonitinha. Está com ciúmes. – ela ficou vermelha e eu beijei sua bochecha.

– Idiota.

– Mas você me ama mesmo assim.

Ela deu de ombros e eu ri, enquanto a puxava para meus braços e a beijei. Seus lábios estavam gelados e causaram um arrepio gostoso. Sua língua logo passava lentamente por meus lábios pedindo passagem para aprofundar o beijo. Levei minhas mãos ao cós da calça dela e a puxei, aproximando ainda mais nossos corpos. Poderíamos ficar assim para sempre, que eu não me importaria.

– Se contenham crianças... Estamos na escola. – Marcos, o professor de história, disse enquanto passava.

Alison tentou esconder o rosto vermelho e apoiou a cabeça em meu peito.

– Quer ir lá pra casa? – perguntei.

– Acho que pode ser divertido, mas tenho aula com o Nathaniel agora... E também tenho que ir ver o Jade.

– Isso é nome de garota... – ela sorriu. – Não acredito que vai me trocar por dois chatos.

– Prometo te compensar depois. – ela sorriu maliciosamente e eu me controlei para não agarrá-la.

– Promessa é dívida, Allie. – ela riu.

Já disse o quanto o sorriso dela é lindo?

– Sei disso. – ela piscou para mim.

Ia beijá-la novamente, quando outra voz nos interrompeu.

– Que pouca vergonha! – Alexy gargalhou.

– Sai daqui, Alexy. – Alison falou enquanto escondia o rosto vermelho, mais uma vez.

– Okay, mas primeiro preciso falar com você, miss!

– Quer falar o que? – perguntei.

– Assunto de garotas. – Alexy riu. - Vem, miss. – ele puxou a mão de Alison.

– A gente se fala mais tarde, amor. - e os dois saíram correndo e gargalhando.

Nessa escola tem alguma pessoa normal?!

Voltei-me para o armário e a tarefa de encontrar minha palheta; novamente senti duas mãos me abraçando... Mas de alguma forma, era diferente.

– Esqueceu alguma coisa? – perguntei sem me virar.

– Esqueci você.

Senti minha respiração acelerar... Não! Não era possível!

Lentamente me virei e vi o rosto dela... Os olhos azuis brilhavam.

– O que tá fazendo aqui? – perguntei.

– Fiquei com saudades. – ela sorriu e eu me esforcei ao máximo para tratá-la com indiferença.

– Garota, me deixa em paz.

– Aconteceu alguma coisa, gatinho? – por um motivo insano, ela me lembrou a Alison... O jeito de sorrir e até o mesmo olhar. Incluindo, o cabelo castanho.

– Só fica longe... – ela passou suas mãos por dentro da minha blusa e me arranhou levemente.

Tentei pensar em qualquer coisa para me afastar dela, mas não consegui. Nem mesmo a lembrança do beijo de Alison conseguiu me controlar.

Puxei Debrah pela cintura e a beijei.

Pov’s Lysandre

Inferno.

Essa palavra estava perto de definir minha vida nas últimas semanas.

– Lysandre... Está prestando atenção em mim? – olhei para a loira que estava sentada ao meu lado.

– Claro Leana... – menti.

Por algum motivo eu havia a chamado para dar uma volta. Péssima ideia, eu sei. Mas era bom estar com alguém que realmente gostava de você.

– Então... O que você acha? Eu particularmente não gostei.

– Hum... Eu também não. – torci para ela calar a boca, já que eu não fazia ideia do que ela estava falando.

Ela continuou falando, mas eu não prestei atenção. Eu tentava de tudo para não pensar nela, mas não conseguia. Eu estava ficando louco!

“- Alison me procurou ontem... Estamos juntos agora, Lysandre.

Tentei controlar minha respiração.

– Sério?

– Sim... – Castiel parecia desconfortável. – Espero que você entenda... Não quero mais brigar.

Involuntariamente, eu comecei a rir.

– Claro que não quer mais brigar. Alison escolheu você... Só queria saber como seria sua reação se ela me escolhesse no fim das contas.

Ele riu.

– Você tem razão. – o ruivo respirou fundo. – Somos amigos, certo?

– Claro. – respondi, sinceramente.

– Que bom. Senti sua falta.

– Eu disse que somos amigos, Castiel, não que eu vou aceitar ficar com você.

– Idiota!”

Castiel havia conversado comigo na quinta, logo após ele e Alison chegarem de mãos dadas na escola. A garota também tentou falar comigo, mas eu fiz todo esforço para fugir dela. Pode me chamar de infantil, mas eu precisava de um tempo longe dela...

– Lysandre, você tá legal? – Leana me encarava assustada. – Você tá tremendo.

– To ótimo... Só preciso ficar sozinho, Lea. A gente se fala depois?

– Claro... Você me liga?

– Sim. – ela se aproximou e me deu um beijo no canto da boca.

– Tchau. – ela riu e saiu andando.

Por mais que Leana fosse uma patricinha fútil, ela era (em partes) uma boa companhia; já que tentava a todo custo, me agradar. Infelizmente, isso não me chamava atenção. Gostava de pessoas com personalidades fortes. Um dos motivos que fez Castiel se tornar meu melhor amigo e eu me apaixonar por Alison.

– Está tão desesperado assim para ficar com uma Wade?

Encarei os olhos violetas que me olhavam profundamente.

– Acho que não é problema seu, eu ficar ou não com sua prima.

– Olha só quem está irritadinho hoje. – porque ela insistia em me provocar? Escolher meu amigo e me dar um fora, não era suficiente?

– Alison, eu tenho que ir para casa, então, o que você quer?

– Porque está fugindo de mim? – ela perguntou diretamente.

– Não tenho o que falar com você.

– Mas eu tenho!

– E tem alguém te impedindo de fazer isso? – arqueei a sobrancelha.

– Não quero perder sua amizade. Fico mal quando te vejo assim. – ela esticou a mão e tocou meu rosto. Meu corpo inteiro se arrepiou por causa do toque.

Se aquilo continuasse, eu iria acabar agarrando ela ali mesmo... Eu podia sentir que Alison queria ficar perto de mim; mas será que ela era idiota, a ponto de imaginar que se ficarmos juntos vai ser como dois amiguinhos? Não, não seria. Eu a amava, ela me amava.

Mas ela havia escolhido outro.

A raiva tomou conta de mim.

– Deixa de ser idiota, Alison. Você escolheu o Castiel! Fica longe de mim, entendeu?!

Ela se afastou e me encarou com os olhos tristes. Aquela tristeza repentina era pelo que, afinal? Alison não tinha motivos de se sentir assim; não tinha nem direito para dizer a verdade. Mas ela continuou ali, me encarando... Isso quase me fez fraquejar, pedir desculpas e falar para ela ficar comigo. Mas ainda não era hora para isso.

Ela assentiu e foi ao encontro de Alexy que nos encarava assustado. Nem havia percebido que ele estava ali.

– Oi Lysandre. – o garoto disse.

– Oi. – respondi e respirei fundo conseguindo sentir a tensão que era quase palpável.

Comecei a me virar para ir embora, para qualquer lugar longe da Alison quando fui interrompido.

– O que aconteceu aqui? Isso tá parecendo um enterro.

Encarei o homem que se aproximava de nós. Ele usava um terno negro com risca de giz e tinha um sorriso grande estampado no rosto.

– Você se parece um pouco comigo, não acha? – ele me perguntou.

E não era mentira... Ele realmente se parecia um pouco comigo. Talvez uma versão do Lysandre normal... Sem olhos desiguais e cabelos platinados. Ele só podia ser... Olhei para Alison e o desespero em sua face confirmou minhas suspeitas.

Mas ele não estava morto?!