Camila seguia pelos enormes corredores do prédio das salas aulas do internato tentando encontrar a sala 13.

_7, 8, 9, 10_Ela seguia falando em voz alta os números das portas_Sala 13._Disse aliviada. Ela bateu primeiro e depois abriu, e todos se viraram para ver quem era, a deixando envergonhada_Oi, aqui é a sala do professor Alexandre Quintanilha?_Perguntou Camila enquanto lia a folha em sua mão.

_A Srta. É a aluna nova, presumo_Dedusiu o professor. Camila balançou a cabeça confirmando_Está atrasada, sente-se por favor._Camila olhou em volta e um garoto de cabelo castanho de corte repicado chamou sua atenção, ele estava com a cabeça baixa e muito concentrado escrevendo qualquer coisa em seu caderno. Seu cabelo grande, não deixava que ela visse algo em seu caderno quando passou por ele. Ela viu Bruna acenando com a mão para que se sentasse ao seu lado._Na aula de hoje, quero que façam uma redação. Quero que inventem uma historia sobre qualquer tema, romance, ação, comedia, terror..._Camila tremeu ao ouvir a última palavra, ela sabia muito bem o que era terror_Quero ótimas historias, não mim desapontem. Vocês tem até o sinal da proxima aula, podem começar.

Todos abriram seus cadernos e começaram a escrever.

_Adoro quando ele pediu para fazermos redação_Sussurrou Bruna para Camila.

_Sem conversas._Disse o professor, olhando na direção delas.

Camila abriu seu caderno, olhou para a folha em branco sem saber o que escrever. Então decidiu escrever a pior noite de sua vida. Ela queria desabafar com alguém, mais não podia, essa tarefa foi mais que conveniente. Já que era para inventar uma historia, ninguém desconfiaria, e começou a preencher cada linha em branco da folha, sem tirar e nem por, tudo nos mínimos detalhes.

O sinal bateu, alertando os alunos que já havia passado duas horas, na cabeça dela o tempo não tinha passado nem vinte minutos.

_Entregue as redações, e vão para a proxima aula, pessoal._Pediu o professor recolhendo as folhas.

Camila sentia-se mais aliviada como se tivesse tirado um peso enorme de suas costas, saber que alguém além da sua tia iria saber de tudo o que aconteceu de verdade na noite do aniversario da sua antiga escola, a deixava mais tranquila por ser a novata. Camila saiu da sala e Bruna acompanhou até o seu armario, ela abriu o cadeado com segredo que por coincidência ficava ao lado do armario da Bruna.

_O que a diretora falou para você?_Perguntou Bruna curiosa.

_Ela disse que estou presa aqui._Camila disse com o tom de voz irritado._Tenho que entregar meu celular, não poderei usar o computador se não for relacionado com os estudos e ainda por cima... Não posso sair da escola sem um adulto.

_Isso é um absurdo._Disse Bruna indignada_Se era para você ficar presa, tivessem mandado você para prisão. Aposto que lá, você teria mais liberdade.

_Foi isso que eu disse. Mais a diretora explicou que não podia fazer nada, já que foram recomendações da minha tia._Camila fechou o armario_Estou farta de todos me tratarem como uma criança, que não pode atravessar a rua sem dar as mãos_Camila falou revoltada abrindo seus braços, e em uma de suas mãos havia um livro.

_Ai..._Alguém gemeu atrás dela.

Sua mão direita que estava segurando um livro, havia acertado o rosto de alguém. Ela virou-se para trás e viu o garoto do cabelo castanho no chão com a mão no olho.

_Minha nossa. Desculpe-me... Eu não o vir._Camila desculpou-se se atropelando nas palavras.

_Você acertou o livro no meu olho._Disse o garoto sem olhar para ver quem o tinha espancado.

_Não foi de proposito._Camila abaixou-se no chão e ela colocou a sua mão em cima da do garoto_Deixe-me ver_Pediu, e o garoto de tirou a mão do rosto, quando a viu ficou surpreso._Não foi nada muito grave_ Disse Camila o ajudando a se levantar do chão enquanto ele a encarava._Por favor me desculpe... Eu juro...

_Não foi nada... Não se preocupe._Disse o garoto sorrindo para ela. Era o mesmo garoto que estava de cabeça baixa na aula do prof. Alexandre.

_Eu juro que não foi de proposito._Continuou Camila com as mãos no peito.

_Eu acredito em você_Disse simplesmente e depois sorri para ela_Eu sou o Marcos_E lhe estendeu a mão.

_Sou Camila, a novata_Ela apertou a mão estendida._Acho melhor você por gelo para não ficar roxo. Só pra prevenir.

_Não esquenta, vou sobreviver. Já tive machucado piores._Marcos falou sorrindo de canto,

_Marcos, você não vai?_Um garoto ruivo no fim do corredor o chamou, ele olhou para quem o chamava e depois se virou para ela.

_Tenho que ir agora. A gente se esbarra por ai, tchau_Falou marcos sorrindo maroto.

Camila ficou o observando partir. Ele era alto, um pouco mais alto que ela. Seu tom de pele era pardo, quase igual à dela, seu cabelo tinha um corte repicado moderno, que cobria um pouco da parte de seu rosto e seus olhos eram de verde escuro que mudava de cor de acordo com a luminosidade, e ela achou simplesmente lindo. Sua boca era rosada, e ele tinha aquelas covinhas nas bochechas que aparece quando a pessoa rir. E por um momento ela imaginou qual seria a sensação ao beijar aqueles labios. Ele estava com uniforme de um jeito desleixado, a gravata estava frouxa em seu pescoço, o blazer amassado e desabotoado, com o cabelo despenteado. Antes de sair pela porta ele olhou para trás e a viu o olhando partir e sorriu, e Camila pode ver mais uma vez as covinhas em suas bochechas e as perdeu de vista.

_Vejo que ele gostou de você_Sussurrou Bruna tirando Camila do transe em que se encontrava.

_O quê? Não_Disfarçou Camila_Acabei de espanca-lo. Ele deve está falando mal de mim agora mesmo.

_Todos conhece o Marcos, ele nunca troca mais do que três palavras com as garotas daqui._Bruna falou sorrindo maliciosa.

_Então tenho que me sentir lisonjeada?_Brincou Camila.

_Se eu não estivesse namorado e estivesse no seu lugar... Sim_Respondeu Bruna fingindo ter pensando para responder.

Camila não ficava com ninguém há muito tempo. O ultimo namorado que teve, foi a pouco mais de cinco meses e tudo havia acabado muito, muito mal. e a ideia de ter um novo namorado não soava mal aos seus ouvidos.

_É melhor tirar essa ideia da sua cabeça, ele é meu_Camila ouviu uma voz irritante dizer, depois de ser empurrada contra os armários.

_O quê?_Camila falou aturdida e ousou a encarar quem a perturbava. Era uma garota loira com uma fita rosa no cabelo e com o uniforme impecável estava diante dela.

_Ele é meu.—Repetiu a loira novamente_Se não quiser arranjar briga comigo, é melhor ficar longe dele.

_Eu não sabia que ele havia sido comprado por uma loira oxigenada igual à você_Retrucou Camila sem se deixar rebaixar. Odiava quando garotas metidas, tentavam colocar medo nela.

_Você não sabe quem eu sou, é melhor não ficar enfrentando-me_A loira apontou o dedo no rosto de Camila.

_Primeiro, tire esse dedo podre da minha cara_Camila falou batendo na mão da loira_Segundo, se vocês são namorados e ele gosta tanto assim de você, não devia ficar preocupada com a novata. Cutucou Camila.

_Você está na minha listra negra garota_Avisou a loira bufando de raiva e deixando Camila ali.

_Não acredito que a novata, enfrentou a bruxa popular. Tenho que dar meus parabéns para você._Falou Bruna batendo palmas.

_Quem é ela?_Perguntou Camila olhando para a loira que a fuzilava com os olhos do final do corredor.

_Ela é a ex-namorada inconformada do Marcos, a Paula. Terminaram faz um ano, e ela ainda tem essas crises de ciúmes._Respondeu Bruna.

_Ele está com alguém agora? Ou ficando...?_Perguntou Camila curiosa com sua raiva sobre controle.

_Que eu saiba, ele está livre, leve e solto._Disse Bruna cantarolando._Agora vamos.

Camila passou o resto do dia imaginando a ideia de ter um novo namorado. Sua tia sempre dizia para superar o que havia acontecido e seguir a fila adiante. E o Marcos era um bom candidato. 

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Os horários das aulas haviam terminado as 06h30min da tarde. Todos os alunos dirigiam-se para o refeitório para o jantar. Camila andava pelos corredores da escola sozinha, pensando e pondo sua cabeça em ordem.

A ideia de ainda esta em um colégio interno, ainda não havia sido processada pelo seu cérebro. Ela andou por alguns minutos e pela segunda vez naquele dia, Camila se viu em frente ao quadro do casal da sua visão. Aquele casal, parecia tão feliz, ela não entendia porque tinha visões dos passados das pessoas, ela não tinha visões desde que tinha 14 anos. Por quer elas voltaram agora que se mudou para essa escola?

Perguntas e mais perguntas se acumulavam em sua cabeça, mais ela gostaria de saber como David conseguiu impedir que ela tivesse uma visão de seus avos, se é que ele fez alguma coisa. Então ela se lembrou da visão que teve quando se encostou ao portão. Por que não ir lá onde teve sua primeira visão? Mais antes teria que jantar. Ela foi para o refeitório, que estava quase vazio. O cardápio era arroz, feijão, macarronada, bife com fritas, salada e sobremesa de bolo de chocolate com recheio de morango. Ela pegou um pouco de cada.

_Camila_Chamou Bruna, e ela se se sentou à mesa com o pessoal._Onde você estava? Fiquei procurando por você depois das aulas.

_Estava perambulando por ai_Disse Camila.

Todos terminaram de jantar e foram para a área de lazer para os alunos, a sala era ampla e grande com maquinas de jogos no lado esquerda da sala, no lado direito perto das janelas sofares e uma mesa de centro e uma tv de cl de 42 polegadas, e duas estantes com livros. Ela ficou impressionada, na sua antiga escola não tinha lugar para os alunos ficarem reunidos. Ela se aproximou da janela e viu o portão. Era a hora perfeita para ir lá.

_Camila vem jogar com a gente_Chamou Bruna que jogava vídeo game com o Marcelo.

_Acho que já vou dormir_Disse fingindo um bocejo_Não dormir muito bem noite passada.

_Você é quem sabe._Disse Bruna dando de ombros.

Ela olhou de novo para o portão e se virou e rápido demais e esbarrou em alguém, ela se desequilibrou e teria parado no chão, se a pessoa não a tivesse segurando antes.

_Me desculpe..._Começou Camila, mais travou quando olhou para ver quem era. Marcos. ele sorriu para ela e suas covinhas das bochechas apareceram.

_Eu disse que a gente iria se esbarrar_Disse ele ainda sorrindo_Só não achei que seria tão cedo._Disse ainda segurava seus braços, ele a soltou e colocou as mãos nos bolsos de sua calça._Vejo que gostou do uniforme_O comentou zombando. então ela se deu conta que era a única de uniforme na sala. ele estava de calça jeans, uma regata branca e uma blusa de frio preta que estava aberta.

_Na verdade eu odeio uniforme, mas eu pensei que só pudessem tirar depois do toque de recolher._Explicou-se Camila.

Ele a olhou de baixo para cima, como se a estivesse examinando e parando em algumas partes do corpo de Camila.

_Até que uniforme combina com você._Apontou para a roupa dela.

Camila olhou para o lado e viu Paula a encarando com raiva.

_Acho que a sua namorada está com ciúmes._Camila disse. Marcos olhou na direção da Paula e riu.

_Ela não é mais minha namorada._Disse calmamente. Ele deu três passos para frente e ficou a menos de quarenta centímetros dela._E eu acho que ela tem razão para ficar com ciúmes_Sussurrou no ouvido de Camila com um tom de voz rouco e sexy. Ele afastou-se e a olhou e limpou a garganta._Então... Vai jogar?_Mudou de assunto.

_Não, na verdade estava indo dormir._Respondeu Camila.

_Você é do tipo que dorme cedo_Concluiu marcos.

_Na verdade sou mais do tipo coruja_Brincou_Mais a viagem foi muito cansativa e quero descansar.

_Então... A gente se ver amanhã... Tchau._Falou marcos despedindo-se dela com um beijo no rosto.

_Tchau.—Ela disse e se virou para a porta e olhou para o lado e viu que a Paula ainda a encarava com mais raiva, como se tivesse escutado o que ele havia falado em seu ouvido. Camila nem ligou e saio da sala

Camila certificou-se de que não havia ninguém quando saiu do prédio por perto e correu para o portão. Quando chegou estava ofegante, parou respirou profundamente e tocou no portão e... Nada, nenhuma visão. Ela respirou fundo novamente, se concentrou e tocou o portão. Isso. A imagem a sua volta estava ficando embaçada, dando outras formas ao local e Camila percebeu que estava dentro de um quarto grande, com varias mulheres e uma na cama que gritava.

_Força, Amélia... Está quase._Disse uma senhora em frente à mulher deitada na cama.

Camila se aproximou mais da cama, e viu que a mulher era a diretora, e estava dando a luz.

_Dói muito_Gritou Amélia com o rosto vermelho coberto de suor.

_Estou vendo a cabeça. Vamos, empurre_Disse a parteira.

_Não dá_Ela chorava. Camila viu a cama cheia de sangue. Ela devia está sentindo muita dor._Meu deus, quero o meu marido._Amélia gritava.

_Vamos, Empurre... Empurre..._Falava a parteira ignorando os pedidos de Amélia pelo marido. Um choro de bebê se espalhou pelo quarto. Camila viu a parteira com uma criança nos braços e começou a limpa-lo, a diretora chorava olhando com devoção para aquela criança.

_É um menino ou menina?_Perguntou Amélia ansiosa.

_É uma menina._Respondeu a parteira sorridente e entregou a criança para Amélia que a recebeu em seus abraços com carinho_Como vai se chamar?—Perguntou a parteira.

_Vou dar para ela o mesmo nome da minha avó..._Amélia começou a dizer.

Mas tudo voltou ao normal, Camila estava de volta.

Camila não sabia que a diretora tinha uma filha, ela pensou que David fosse filho único. Mas se a diretora, tinha tido outro filho, por que esconde isso? O normal seria que a filha também estudasse no Amélia Albatroz com o irmão.

Camila ouviu passos vindos em sua direção cortando seu raciocínio, ela e se escondeu atrás do arbusto e esperou. Era o Alex, o ajudante da inspetora, ele olhou em volta procurando algo mais não achou e foi embora. Ela respirou aliviada.

_Camila... Camila._Sussurraram seu nome.

Camila sentiu uma dor forte em seu peito. Ela olhou em volta, não havia mais ninguém além dela.

_Camila... Camila... Camila_A voz ficou mais alta.

Ela levantou-se, saindo de seu esconderijo.

_Quem está ai? Responda._Ela exigiu e esperou pela a resposta que não veio. Nada.

Estava assustada, não tinha uma alma viva no lado de fora. E seja lá quem fosse não ficaria para descobrir quem era. Ela correu em direção aos dormitórios, a voz ficava cada vez mais alta e mais alta, ela olhava para trás para ver se alguém a estava seguindo... Ninguém.

E novamente esbarrou em alguém, dessa vez com força o suficiente para fazê-la cair no chão. Ela olhou para cima. Era David, estava com tanto medo que ficou feliz em ver alguém, mesmo que esse alguém fosse dedura-la para a inspetora ou para a diretora. Ele lhe estendeu a mão para ajuda-la a se levantar.

_Você não deveria está aqui fora_Disse muito serio.

Camila viu que ele estava preocupado com alguma coisa, com ela? não... ele nem falava direito com ela e nem sabia que ela tinha saído. Ou sabia?

_Eu sei_Disse ainda ofegante._É que mim perdir procurando a biblioteca._Ela mentiu esperando que ele acreditasse.

_A biblioteca fica do lado esquerdo, depois dos dormitórios._David falava com ela, olhando para a escuridão em volta e parecia está pensando em algo serio. Então se voltou para ela._É melhor saímos daqui, antes que alguém nos pegue_Disse finalmente_Posso ser o filho da diretora, mais isso não significa que tenho tratamento especial, infelizmente não estou livre dos castigos da cruela. Se é que mim entende._Falou david sorrindo pela primeira vez.

Enquanto caminhavam, começou a chover do nada. Eles correram para os dormitórios tentando evitar a chuva. E david fez questão de acompanhá-la até seu quarto.

_Chegamos_Disse parando em frente a porta_Não se preocupe, não vou contar para ninguém que a peguei no lado de fora. Se eu contar também ficarei encrencado._Disse como se tivesse lido os pensamentos dela.

_Obrigada_Camila agradeceu e entrou no quarto.

Camila tirou a sua roupa molhada e foi tomar banho. Ela ficou pensando na menina. Será que a menina morreu e por isso eles não falam dela? Pensou Camila. 9 horas, o sinal do toque de recolher bateu, ela vestiu seu pijama e deitou-se em sua cama dormindo logo em seguida. Seu sono era profundo, e deixou que ela percebesse, que alguém estava velando seu sono.

_Eu cuidarei de você_A voz doce e angelical sussurrou no ouvido de Camila que não afetou em nada seu sono.