1:24 AM

Acordei. A minha doce, inocente irmã chamava-me, dizendo que tinha pesadelos e que não conseguia dormir. Melanie era a minha única amiga, com os seus cabelos ruivos e olhinhos pretos. mesmo tendo 10 anos, e eu 16, mantínhamos uma amizade inquebrável.

Afastei a coberta e fiz sinal para ela se deitar. Ela assim o fez, e não tardou a adormecer. Sabia-o pela respiração dela.

Segui o exemplo, e também adormeci.

3:52 AM

Acordei de novo. Sentia uma enorme vontade de ir á casa-de-banho. Mas uma estranha sensação invadiu-me, e reparei que Mel já não se encontrava ao meu lado. Liguei a luz e sentei-me na cama. Mel nunca iria embora sem avisar. Calcei as minhas botas e saí silenciosamente, para evitar um raspanete dos meus pais. Não liguei as luzes, como é óbvio, e dirigi-me ao quarto da minha irmã.

– Mel?

Não ouvi nada, apenas uma respiração pesada. Ouvi a voz dela:

– Não ligue a luz.

Assustei-me, e como instintivamente, a liguei.

Á minha frente, a minha irmã, irreconhecível, com uns cabelos vermelhos vivos, olhos negríssimos e com uma facão que até aquela altura permanecia guardado no armário, para o caso de um assalto, na mão. As últimas palavras que ouvi foram:

– Eu te avisei.