O tempo do caminho da praia, onde eu sempre encontrava Gabriel, até a minha casa eram de aproximadamente vinte minutos, e como minha mãe não trabalha muito longe de casa, com certeza chegaria primeiro, e com mais certeza ainda, se eu não chegasse a tempo em casa ela questionaria onde eu estivera, mas não estava pronta para contar a ela sobre Gabriel e eu odiava mentir para ela.
Cheguei em casa, ofegando por conta da corrida, mas não entrei, resolvi espera-la na porta. Vi um Picanto preto estacionando na frente de casa. Eu adorada o carro da mamãe.
Sentei-me no banco do passageiro ao seu lado.
- Você tem certeza de que quer fazer isso? Mudar de escola e começar tudo outra vez? – disse mamãe olhando com preocupação para mim. O que? Agorra querer mudar de escola é ser louco?
- Sim mamãe, tenho. – suspirei e sorri de ansiedade – Vamos lá.
Mamãe ligou o carro e seguimos em direção a escola, sem dizer uma palavra. Achei estranho, não era normal mamãe ficar perto de mim sem querer conversar, sempre havia algum assunto a compartilhar.
Assim que chegamos na escola fomos recebidos por um senhor de Smoking e cabelos brancos, ele disse que seu nome era Smith e pediu para que nós o acompanhássemos. Mamãe e eu trocamos um olhar desconfiado, mas seguimos o velho senhor. A escola inteira era constituída por pedras em seu exterior contendo uma grande porta de madeira por onde passamos para entrar na escola. Parecia um verdadeiro castelo. Seu interior era como nas casas hoje em dia, feitas de gesso e pintadas de um amarelo bem claro.
Seguimos com o Sr. Smith por um longo e espaçoso corredor, onde haviam portas com pequenas janelinhas entre quadros que emolduravam os rostos do primeiro fundador da escola até o atual, eram todos muitíssimo parecidos, mas talvez a escola fosse passada de geração em geração. Subimos uma ampla escadaria de mármore negro em forma de caracol, até chegarmos em um outro corredor, viramos para a esquerda, em uma porta grande de madeira que estava entre aberta.
Smith bateu na porta.
- Madame? Elas estão aqui.
- Oh! Excelente! Peça para que entrem.
O velho senhor se virou para nós e com um olhar cansado disse:
- Entrem, a senhorita Beatrice atenderá vocês.
Mamãe me empurrou para que eu fosse na frente, embora estivesse mais envergonhada que ela.
A mulher que viria a ser Beatrice tinha longos cabelos negros, era alta, tinha lindos olhos azuis. Ela usava um vestido com alças vinho, com um decote em v, a parte da frente de seu vestido ficada um pouco abaixo dos joelhos e atrás descia até os pés, ele continha uma faixa dourada pendurada em sua cintura. Ela era linda.
Assim que a mulher viu minha mãe deu um grito.
- Meu Deus! Desculpem-me, mas a quanto tempo não nos vemos Claire? Você está linda! Ah, como eu adoro relembrar os velhos tempos e rever velhos amigos.
Mamãe estava com o rosto vermelho de vergonha.
- Ah, é verd-dade Beatrice! A quan- t-to tempo! – ela deu uma risada sem graça, estava gaguejando.
- Ora ora, o que a trás aqui novamente? – Beatrice se sentou em sua grande cadeira de escritório preta em frente a uma mesa de madeira com pastas, um porta canetas, uma grande caneca de café e um computador.
- Hã...– mamãe apontou para mim.
- Oh meu Senhor! – disse ela cortando minha mãe – Esta deve ser a famosa Alice! É um grande prazer conhece-la! O céu inteiro fala de você.
- Ah, então – disse mamãe arregalando os olhos e tentando abafar o som da voz de Beatrice – Viemos matricular Alice! Não é querida?
- Sim, ah, é um prazer conhece-la também senhorita Beatrice, mas o que tem a ver o céu? – seu olhar se desviou para olhar mamãe, ela estava nervosa, as gotas de suor brotando de seu pescoço.
- Ah, não é nada querida, é só modo de falar que ouvimos muito falar de você – Beatrice deu um sorriso encantador. Até seu sorriso era lindo – Bem, de qualquer modo, você tem uma vaga nesta escola desde que...
- Desde que Beatrice me ligou perguntando se você gostaria de estudar aqui, então você surgiu com o assunto e cá estamos nós – mamãe deu um sorriso forçado, eu sabia que ela estava me escondendo algo, mas resisti em perguntar, aquele não era o momento, então apenas assenti.
- Alice sua vaga aqui na escola está garantida, só precisamos que sua mãe assine os documentos e estará tudo certo.
Beatrice entregou os papéis a mamãe e ela rapidamente assinou-os.
- Suas aulas começarão em exatamente 12 dias – no dia do meu aniversário. Que maravilha.
- Bem, então é só isso? - perguntou mamãe.
- Ah, esqueci-me de um pequeno detalhe. Alice, nesta escola, existem alunos que moram em outros estados e durante o ano letivo ficam na escola. Como em um internato, mas nos finais de semana vocês tem liberdade para andar na cidade. Se você aceitasse, poderia ficar aqui e nos finais de semana visitar sua mãe.
- Parece legal, mas... Eu não sei
- Não precisa responder agora querida, sempre haverá um quarto aqui para você, caso mude de ideia – Beatrice mostrou-me aqueles seus brilhantes dentes mais uma vez, enquanto mamãe levantava-se da cadeira e apertava sua mão.
- Entraremos em contato Beatrice, prazer em revê-la – mamãe deu um sorriso simpático.
- Hãm... Prazer em conhecê-la senhorita Beatrice – sorri para ela.
- O prazer é todo meu Alice. Espero vê-la em breve.
Quando eu sai da sala, ouvi Beatrice chamando minha mãe. Mamãe voltou e eu fiquei na porta escutando.
- Você não contou a ela? – perguntou Beatrice – Nadinha?
- Nunca – suspirou mamãe – e não sei se terei coragem de contar. Gostaria que ela descobrisse por si mesma.
- Mas e quanto o programa de honra? Ela precisa participar!
- Eu vou... Vou ver o que faço está bem? Depois conversamos.
- Tudo bem.
Saí correndo pelo corredor e desci as escadas desesperadamente. Mas quando virei no corredor esbarrei com uma menina pequena e loira, seus olhos eram deum verde claro cintilante.
- Opa! Não deveria sair correndo por ai nos corredores! – disse ela.
- Desculpe-me! E-eu estava...
- Não se preocupe, está tudo bem. – ela sorriu – Você vai estudar aqui?
- Hãm... Sim...
- Ai que ótimo! Sou Ariane e você é?
- Sou Alice...
- Ai meu Deus! Alice? A Alice? Não acredito que estou conversando com você! É um prazer! Uma honra para ser mais exata!
- Alice? Já está fazendo novas amizades? – mamãe vinha descendo os últimos degraus da escadaria, sorrindo.
- Sim mãe, acabamos de nos conhecer, esta é Ariane.
- Prazer em conhece-la senhora – disse Ariane rapidamente. Ela era bem agitada e tinha um sorriso contagiante.
- O prazer é meu Ariane. Espero que você e Alice sejam grandes amigas.
- Eu? Amiga da grande Alice? Ai meu Deus! – gritou ela e foi cumprimentar mamãe dando um grande aperto de mão – Com certeza! Ah, eu preciso ir! Foi bom conhecer vocês, até logo! – e saiu correndo.
Eu e mamãe olhamos uma para a outra e começamos a rir, que garota simpática e extremamente positiva. Eu iria adorar tê-la como amiga.
voltamos para casa novamente em silêncio. O que mamãe estava escondendo de mim? O que ela estava escondendo sobre a escola? Será que isso também estava relacionado ao meu pai? E o que era o programa de honra? Eram tantas perguntas. E pelo visto, de acordo com mamãe, teria que descobrir sozinha.