P.O.V Allan:

- Sabia que você é bipolar? - Megan disse colocando o pé no painel do carro

- Por que diz isso? - eu perguntei

- Bom, uma hora você tá todo "Megan, te odeio." - ela disse imitando minha voz - E na outra tá tipo "Megan, te amo."

- Não lembro de dizer que te amo. - eu respondi

- Mas lembra bem do te odeio, né? 

Eu concordei dando uma risada baixa.

- Tá vendo? - ela completou - Há meio minuto você disse "você faz isso por mim e eu faço por você".

- Ah, bom você é minha parceira. - tanta coisa pra dizer no mundo e eu disse isso. Allan, babaca.

- É, claro. - a Megan abaixou a cabeça

Eu não sei porque eu falo essas coisas, porque eu tenho tanto medo de me entregar pra ela, dela me conhecer profundamente. Eu não sei.

- Me desculpa. 

P.O.V Megan:

- Por...? - eu perguntei meio confusa

- Por essas coisas, essa parte de eu ser bipolar e tudo mais. É que é meio complicado as coisas que eu sinto.

- O que você sente?

- É complicado, por isso eu não sei. - ele respondeu

- Aham. - eu respondi abaixando a cabeça

- Quer ouvir uma história? É longa... - ele respondeu depois de um silêncio cortante

- Temos uma 1h30, com você correndo desse jeito, né. - eu respondi

- Sabe, eu nunca gostei de alguém. Quer dizer já gostei, mas eu era pequeno e isso não conta. Eu não sei como é ter alguém que gosta de mim, acho que não sei como gostar de mim mesmo. Eu não sei o que é sentir, e quando eu sinto... - ele olhou pra mim com uma cara de "como é com você" - eu não sei o que fazer. As pessoas que deviam gostar de mim, não gostam.

- Mas seus pais não gostam? - eu perguntei e me arrependi de ter feito isso. Ele me contou, toda a história sobre os pais dele e eu comecei a entender ele melhor.

Estávamos em um silêncio horrível, eu comecei a me sentir meio culpada. 

P.O.V Allan:

Eu me arrependi de ter me contado minha história pra Megan, porque ela começou a se sentir culpada. E eu comecei a pensar naquilo que ela falou, eu não sou meu avô e ela não é a avó dela. Talvez eu deva parar com essa implicância toda...

- Como conseguiu o carro? - ela perguntou

- O que? - eu disse meio confuso sendo tirado de meus pensamentos

- Eu digo, como conseguiu esse carro? - ela perguntou apontando em volta

- Eu, meio que roubei. - dei risada

- O QUE? - ela quase gritou

- Relaxa, eu roubei da agência, quando a gente voltar eu devolvo. - respondi

- Eu, posso ligar o rádio? - ela perguntou

- Vai em frente.

Então ela ligou o rádio e começou a passar de estação. Começou a tocar um sertanejo meloso, que tinha a palavra amor umas 10 vezes no refrão. Eu ia pedir pra ela mudar, mas ela também não gostou. Uma música lenta começou a tocar e ela deu um suspiro de alegria, ela devia conhecer a música.

[n/a: Coloquem essa música e leiam o capítulo. Eu sei que é do Ne-Yo, mas eu gostei mais da versão do Glee.]

A música começou a tocar e eu entendi a letra. A Megan virou pra mim enquanto eu dirigia e começou a cantar.

"Much as you blame yourself, you can't be blamed for the way that you feel. Had no example of a love, that was even remotely real. How can you understand something that you never had? Ooh baby if you let me I can help you out with all of that..."

Então, no refrão o cantor cantava "Girl let me love you, and I will love you. Until you learn to love yourself, girl let me love you, and all your trouble, don't be afraid, girl let me help."

A Megan cantava e toda vez que a palavra "girl" era cantada, ela substituía por "boy".

- Posso te pedir uma coisa? - ela perguntou terminando de cantar a música

- Claro. - respondi

- Toda vez que ouvir essa música lembra de mim. - ela respondeu - Porque essa letra, é exatamente tudo o que eu sinto por você.