Oneshot A Ligação escrita por Guria


Capítulo 1
oneshot




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– Alô? - atendi ainda meio sonolento e com o coração um pouco disparado. Eu havia encarado aquele nome no visor do meu celular até eu conseguir raciocinar e atender.

– Te acordei? - ela perguntou e eu pude ouvir sua respiração um pouco rápida demais do outro lado da linha.

– Não, normalmente as 4 da manhã de uma segunda eu estou acordado arrumando meu cabelo para ir pro colégio. - falei ironicamente, mas logo me arrependi.

– Ok! Desculpa por ter te acordado, já entendi, vou desligar! - ela disse com raiva, e um pouco alto demais, mas algo em sua voz dizia algo como "não me deixe desligar".

– Ei! - falei rápidamente - Espere. - pedi em um tom de sussurro.

– O que é? - ela disse ainda com aquele tom que sempre me fazia sorrir, tom de raiva.

– Você me ligou por um motivo, qual? - perguntei sentando na cama e fitando a parede na qual havia um bilhete colado com fita adesiva escrito "lembrar do livro da Manuella. ps: leve se não quiser morrer (;". Ela havia colocado aquele bilhete ali na semana retrasada, lembro que ela havia dito "se você esquecer meu livro, eu te mato!", o livro era "5 linguagens do amor", a professora de história havia pedido para ler aquele livro, mas eu já havia entregado o livro para ela há dias, mas não tirei aquele bilhete dali, eu gostava de ficar vendo a letra dela. gay, pensei, se alguém soubesse e espalhasse isso, eu negaria até a morte.

– Liguei; - ela disse baixo, me fazendo despertar dos pensamentos - Mas você me irritou, não quero mais falar sobre isso. - ouvi que ela havia se levantado e ido para varanda. Eu sabia que era a varanda porque havia ouvido o barulho da porta de vidro de abrindo.


– Vai ficar ai na varanda mesmo? Está frio, e como eu tenho certeza que você está com aqueles seus pijamas super curtos que me fazem sentir vergonha por você, vai congelar. - eu falei me deitando novamente e fitando o teto, eu estava inquieto, ansioso na verdade, para saber por que ela me ligara aquela hora da manhã.

– Como sabe que estou na varanda? - ela disse, depois de ficar calada por um ou dois minutos.

– O barulho da porta de vidro. - falei dando ombros - vai ficar ai mesmo? -

– Vou. - ela disse, se ela queria que aquela palavra saísse como afirmação, ela estava enganada, saiu mais como um "vou?"

– Vai? - insisti.

– Vou. - ela disse, agora sim como afirmação.

– Então pode se sentar na rede, porque você vai me dizer o porque de me ligar a essa hora. - eu falei enquanto tentava imagina-la na varanda de sua casa, com aquela miniatura que ela chama de pijama.

– Já disse que não vou. - ela falou, novamente com aquele tom de raiva, que me fez sorrir - Você me irritou. - ela disse, ficando calada logo depois.

– Então por que não desligou? - falei a desafiando, e pela primeira vez percebi que Manuella Galle ficara sem resposta.

– Porque.. - ela pausou - Vou desligar. - ela afirmou me fazendo sorrir novamente.

– Eu sei que você não quer desligar, - comecei a falar, mesmo sabendo que as chances de levar uma cortada a essa altura, mas não me importei - que quer ficar horas conversando comigo. - Imaginei-a fazendo uma careta do outro lado da linha, ou revirando os olhos.

– Convencido. - ela murmurou, a ouvi sorrir.


– Mas é esse convencido que te faz sorrir. - falei meio que inconsciente.

– Como sabe que eu estou sorrindo? - ela disse, e eu imaginei ser também insconciente.

– Por que você acabou de falar. - brinquei a fazendo bufar.

– Idiota, você só supos. - ela disse por fim.

– E você confirmou. - falei com em um tom do tipo "venci".

– Idiota. - ela disse mais uma vez.

– To brincando, você faz um barulho quando sorri. - falei, agora mais sério.

– Barulho? Que tipo de barulho? -

– Sei lá. - falei me levantando e me sentando no chão, de frente para a porta - Tipo um "tic", sei lá. - falei e ela riu, um pouco alto.

– Isso é muito gay Lucas. - ela disse ainda rindo.

– Tudo para você é gay Manuella. - falei meio constrangido, mas tentava não transparecer.

– Não, só você. - ela disse, e mais uma vez, "tic".

– Vem cá que eu te mostro quem é gay. - sim, eu já estava irritado, mas queria me aproveitar da situação.

– Na verdade você é quem deveria vir. - ela disse.

– Você quer que eu vá? - falei em um tom malicioso.

– Não falei isso. - ela disse rapidamente, me fazendo rir.

– Mas é isso que quer. - falei dando ombros.

– Convencido. - ela disse, novamente.

– Já entendi. - falei, esperando que ela perguntasse "o que?"

– O que? -


– Você me xinga, quando fica sem saber o que falar. - conclui, orgulhoso de mim mesmo, entender Manuella Galle não era nada fácil.

– Eu não faço isso, idiota. - ela fez mais uma vez.

– Está vendo? - falei.

– Me erra Lucas! - ela falou, novamente em um tom alto.

– Ok, depois discutiremos sobre isso. - conclui - Mas até agora você não em respondeu porque me ligou essa hora. - falei voltando ao assunto. A ouvi voltar para o quarto e sentar na cama, depois suspirar.

– Já falei que não vou dizer, porque você me irritou. - ela continuou com esse argumento.

– Deixa de ser orgulhosa, ou arruma outra desculpa. - eu falei - Me conta vai? Já perdi o sono mesmo. - dei ombros.

– Vai me ouvir só porque perdeu o sono? - ela disse em um tom dramático que me fez me alto amaldiçoar por ter dito aquilo.

– Não Manu, não foi isso que quis dizer. - tentei concertar as coisas, a essa altura eu já estava em pé perto da enorme janela que tinha no meu quarto, fitando a lua, a espera da sua resposta, ou da sua tirada.

– Mas foi isso que disse. -

– Me desculpa? - falei, mais uma vez insconciente, e mais uma vez pude ouvir o "tic", que me fez sorrir também.

– Não. - ela disse e eu fiz uma careta.

– Obrigado por me desculpar, agora pode dizer o motivo dessa ligação? - eu falei rapidamente.

– Não. - ela disse.

– Você só sabe falar não? - perguntei.

– Não, quer dizer, sim, quer dizer, ah! - ela falou e eu sorri em dando como vencido.

– Certo, o que aconteceu? - insisti novamente.

– Tive um pesadelo. - não sei exatamente porque, mas tive a leve impressão que do outro lado da linha ela estava fazendo bico.

– Pesadelo Manuella? - falei segurando o riso.


– É Lucas. - ela disse meio brava.

Nessa altura eu já havia começado a rir, mas parei percebendo sua raiva.

– Conte-me. - pedi.

– Pra você rir de mim? - ela falou - Não, obrigado. -

– Não vou rir, eu prometo. - falei me sentando debaixo da janela.

– Promete? -

– Prometo. - concordei.

– Meu sonho.. - ela começou e eu na interrompi.

– Pesadelo. - corrigi.

– Sonho, pesadelo, tanto faz. - ela disse sem paciência.

– Não sonho é uma coisa boa e.. - dessa vez ela me interrompeu.

– Vai me deixar falar ou não? -

– Foi mal. - falei rindo, sim eu havia feito de propósito.

– Eu sonhei que eu acabava sozinha, todo estavam se afastando de mim, não sobrou ninguém Lucas. - enquanto ela dizia, eu imaginava como ela estaria, se ainda estava deitada, e porque ela decidiu ligar para mim. Por que para mim? Eu não estava reclamando, muito pelo contrário, eu estava feliz por ela ter ligado para mim, por ela ter me escolhido. E mais uma vez, se alguém espalhasse isso, eu negaria até o fim.

– Você nunca vai estar sozinha. - isso saiu mais uma vez inconscientemente, ela tinha esse pode sobre mim, de me fazer falar as coisas inconsciente, eu não gostava muito disso.

– E o meu medo é ficar sozinha, por que eu nem vou poder ter 57 gatos, graças a minha alergia, e o eu não gosto muito de cães. - ela disse me fazendo rir.

– Que tal uma calopsita? - brinquei.

– Lucas! - repreendeu ela.

– Que foi? São fofas. -

– Eu nem sei por que liguei pra você. - ela disse com raiva, e mais uma vez, me amaldiçoei por fazer isso.

– Calma, foi mal, era só para descontrair. - eu falei tentando concertar as coisas.

Ela respirou fundo, mas não disse nada.

– Sei que se eu estivesse ao seu lado, levaria um tapa, mas ta ok. - falei por ela - Mas você nunca vai ficar sozinha Manu, nunca. - falei em um tom mais baixo. - Nunca. -


– Como você pode ter tanta certeza? - ela perguntou, mas quando eu me preparei para responder, meu despertador começou a tocar. - 2 horas. - ela disse assim que eu desativei o mesmo - Ficamos conversando por 2 horas. -

– É muito amor que você tem por mim Manu. - brinquei e mais uma vez ouvi o "tic" que me fez sorrir - Até o colégio baixinha. - falei.

– Até lá grandão - ela brincou - E.. ér, -

A interrompi.

– Não há de que. - falei, de alguma forma eu sabia que ela iria me agradecer, mas do jeito que era orgulhosa.

– Até. - e isso foi a ultima coisa que ela disse antes de desligar.

Eu poderia ter ficado ali, sentado encarando a porta com um sorriso no rosto por horas, eu estava parecendo um idiota na boa. Era ela que me deixava assim, idiota. Idiota e Apaixonado.



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Notas finais do capítulo

Então, se alguém ler, deixe seu comentário (;



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