Eles já haviam completado três dias de viajem, mais oito dias e eles chegariam ao Mar de Monstros.

Estar naquele barco era enjoativo, mas também prazeroso. Eles podiam sentir as fortes e cheirosas brisas do mar do Oeste, que era onde ficava Flyre e vários outros reinos e Cidades Livres.

Susana passara a semana toda deprimida, sua comida estava dando errado quase todas às vezes e ela não aguentava ver todos falando sobre a gravidez de Lilliandil. Theo não tentou convence-la do plano, sabia que ela precisava de espaço, mas a lua cheia iria ser amanhã, hoje uma hora ou outra ele iria intervir.

Susana decidiu tentar dormir, o que era uma coisa que ela não fazia há dias. Deitou-se em plena manhã ensolarada, aproveitando que a cabine estava vazia, e sem Lilliandil. Tentou dormir, mas sempre que fechava o olho o sono simplesmente não vinha.

Ela tentava imaginar o quão boa seria sua vida quando voltasse para seu mundo. Provavelmente Aslam fará meus pais acreditar que o resto de seus filhos havia morrido acidentalmente e só eu sobrevivera. Eu iria para a tão renomada Universidade de Oxford que sempre sonhei, realizaria o antigo sonho de ser escritora, iria encontrar um rapaz interessante numa festa da faculdade e iria me apaixonar e esquecer a vida que tinha. Eu seria uma boa escritora, meu marido um médico, nós iriamos ter três filhos...

Susana apenas não conseguia ser otimista, simplesmente não conseguia, é da sua própria natureza. Parte dela quer aceitar que Lilliandil ganhou, parte dela quer aceitar que nem sempre os vilões perdem, mas quando ela pensa no rostinho de Alex... Alex tinha cabelos loiros por causa do poder da Flor de Fogo que ajudou a salva-la durante a gravidez, mas ela tinha o mesmo nariz de Caspian, a mesma boca dentre vários outros traços do rosto, mas ela herdara os olhos claros de Susana, qualquer um podia dizer isso... Desde que ela acordara e tudo mudara, não ouve um só momento no qual ela não sentia saudades dela... Se ela pudesse escolher entre ficar só com Alex e deixar Caspian com Lilliandil ela escolheria Alex, pois ela é mãe, e mães colocam os filhos antes de si mesmas e de quem mais amam.

Ela viu uma tesoura nas coisas de Alícia e por um momento pensou em se matar. Qualquer coisa que viesse depois era melhor do que aquilo que estava vivendo agora.

Ela se levantou da cama e foi até a cama de Alícia, mas quando ia tocando na tesoura Mimí abriu a porta com violência, Susana chegou a tomar um susto. Ela estava acompanhada de Theo e Bianca.

– Fizemos um lanche no capricho para você! – disse Theo com uma bandeja de cereais, iogurte, morangos e uma flor violeta, a preferida de Susana.

– Não estou com fome – disse Susana. Ela quase não tinha comido nada por três dias.

– Você precisa se alimentar Su – disse Theo.

– Su... – disse Bianca pegando nas mãos de Susana e sentando com ela na cama. – Nós iremos fazer o feitiço amanhã.

– Theo não lhe contou? Eu desisti – disse Susana.

– Mas você não pode! E quanto a Caspian e a sua filha? – disse Bianca pasma.

– Lilliandil está grávida, se eu fizer tudo voltar ao que era antes, o filho deles não irá existir – disse Susana.

– Su... Você sabe como se fazem os bebês, certo? O homem tem várias sementes, essas sementes encontram com vasos de terra no útero da mulher, e é aí que se forma a vida humana. A sua filha era uma semente que morava dentro de Caspian e foi para o seu vaso. Quem garante que essa semente que está no ventre de Lilliandil não seja Alex? Você a deixaria ser criada por uma mulher horrível como Lilliandil?

– E quem garante que essa semente é Alex? – disse Susana.

– Deus! Você é a pessoa mais pessimista que já vi! – exclamou Bianca.

– O ponto é que eu não vou matar uma criança inocente, por mais raiva que eu tenha da mãe dela – disse Susana.

– Susana! Ela tirou a sua filha de você! Ela é do mal, ela nem deveria estar grávida agora!

– Mas está, e não há nada que possamos fazer – disse Susana.

– Ninguém pertence a ninguém Susana! Não era direito dela estar com Caspian, mas é direito seu! Essa criança é apenas uma consequência, e se ela estiver mesmo grávida é de apenas três semanas, o feto não tem nem mesmo um coração, é apenas um conjunto de células – disse Theo.

– Vamos Su! – pediu Mimí. – Você não pode deixar a vagalume vencer!

– Ela tem que pagar pelo que fez, e se o filho que ela espera não existirá é por culpa dela! Ela tem que se culpar pro resto da vida, pois é ela que nem deveria estar nessa posição! – disse Bianca. – Você irá viver o resto da vida infeliz sabendo que Lilliandil está feliz com o seu marido?

As palavras de seus amigos começaram a contagiá-la.

– Vocês estão certos! – disse Susana e todos sorriram de alegria. – Não posso deixar aquela vagalume ganhar! Eu sou a esposa de Caspian, eu sou a mãe de Alex, futura e única rainha de Nárnia, primogênita da segunda geração da dinastia Pevensie! – gritou. – Eu sou Susana a rainha gentil, mas também sou corajosa!

Bianca, Theo e Mimí vibraram.

– Vou agora mesmo falar com Lúcia e Camilla! Podem ir preparando tudo, amanhã iremos fazer esse feitiço!

– Que bom! Pois eu já mandei os planetas se alinharem amanhã á meia-noite – disse Mimí.

Susana sorriu. Em algumas horas ela iria ter sua vida de volta, e iria fazer de tudo para não perder outra vez.

Tudo estava indo como nos planos de Susana. Os planetas já estavam alinhados, e a lua cheia iria se alinhar a eles hoje á meia noite. Ela já havia conversado com Camillla e Lúcia e elas iriam ajuda-la, em poucas horas tudo ia voltar ao normal.

Para comemorar ela pôs seu mais belo vestido de cor violeta (sua cor preferida) e fez um penteado no cabelo.

– Hum, como você está linda – elogiou Theo.

– Obrigada. Assim que nós terminarmos o feitiço eu quero dar a Lilliandil o que ela merece – disse Susana.

Eles subiram para jantar no convés e todos já estavam lá, jantando uma deliciosa sopa que Susana prepara, Lilliandil estava muito feliz e sorridente ao lado de Caspian. Aproveite esses momentos porque serão os últimos pensou Susana.

– Sabe amor... – disse Lilliandil olhando para Susana e depois olhou para Caspian, provocando-a. – O que você prefere, menino ou menina?

– Bom, já que nós temos um menino eu gostaria muito de ter uma princesinha – disse Caspian.

Os olhos de Susana se encheram de lágrimas.

Caspian começou: – Mas você me conhece amor... Meu maior desejo é...

– Formar um time de futebol – completou Susana que estava bem de frente para ele.

Caspian sempre vivia dizendo que queria muitos filhos homens, talvez o bastante para formar um time de futebol, e Susana sempre discordara dele, talvez fossem mais meninas que meninos.

Caspian olhou curiosamente para Susana e Lilliandil a encarou com muita raiva.

– Como você sabia disso Su? – perguntou Caspian.

– Ah... Meu pai, ele dizia a mesma coisa – mentiu Susana sem graça.

– De qualquer forma, eu já pensei em nomes amor – disse Lilliandil debruçando-se no ombro de Caspian e lançando olhares provocadores para Susana como Olha aqui sua otária ele é meu e nem é seu!

– Sério? Quais? – perguntou Caspian animado.

– Nós já temos um lindo menino, e eu espero que tenhamos uma linda princesinha, se for menina eu espero que seja Glimmer – disse Lilliandil.

Susana não conteu-se e riu em voz alta. Parecia que aquele era um nome para estrelas.

– Algo errado? – disse Lilliandil encarando Susana furiosamente.

– Desculpe, mas esse nome é muito ridículo amor – disse Caspian. – Escolha outro.

– Que tal... – disse Lilliandil sorrindo maliciosamente para Susana. – Alex?

Caspian arregalou os olhos animadamente e Susana quase cuspiu sua sopa de tanta raiva.

– É um belo nome. Ninguém em Nárnia tem um nome assim. Alex... Eu gostei – sorriu Caspian.

Foram exatamente essas palavras que ele usou quando Susana escolhera os nomes de Alex.

– Vamos torcer para que nossa Alex venha com saúde – disse Lilliandil alisando a barriga em movimento circular, e já dava para perceber que estava um pouco grande e redonda demais.

Susana ignorou e tentou manter-se sã, em breve Lilliandil era quem iria acordar num pesadelo.

Depois do jantar todos ficaram conversando no convés e depois foram dormir. Ás onze e quarenta Susana, Theo, Mimí, Bianca, Camilla e Lúcia foram para o convés para desfazer o feitiço de Lilliandil.

PLAY >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

– Bianca, como começamos isso? – perguntou Susana e em seguida olhou para a brilhante lua cheia do céu, ela estava quase atrás das nuvens, á meia noite seria hora certa de fazer o feitiço.

– Você pegue o Diadema de Hera e o Arco de Ártemis. Lúcia pegue a Varinha de Hermes e Camilla o Cálice de Dionisio – disse Bianca.

Todas já estava com as Relíquias nas mãos.

– Camilla pega no ombro esquerdo de Susana e Lúcia no direito – disse Bianca.

Susana colocou o Diadema na cabeça e ficou segurando apenas o Arco, enquanto Mimí e Theo só observavam.

Uma luz especifica começou a sair da lua e atingiu as três. A lua estava doando todo o seu poder para o feitiço, mas também havia uma estrela que estava doando o seu poder, era o asteroide Juno, o símbolo da deusa Hera, ela estava ajudando Susana.

Enquanto Lúcia e Camilla canalizavam a magia dos planetas, da lua e do asteroide o diamante roxo do Diadema começou a brilhar e dela saiu uma cortina que envolveram as três, em forma de cilindro, nessa cortina Susana podia ver todas as lembranças de Caspian e Lilliandil, por mais que essas lembranças não devessem existir elas existiam por magia.

– Susana, me diga o que está vendo? – perguntou Bianca que estava do lado de fora da cortina de fumaça brilhante azul.

– Estou vendo tudo o que Lilliandil viveu com Caspian – disse Susana com raiva. – O que eu faço?

– Feche os olhos e concentre-se, imagine as suas lembranças com Caspian, apenas as suas – disse Bianca.

Susana obedeceu. Ela desejou que todas memorias de Lilliandil e Caspian fossem embora e que as verdadeiras voltassem e foi o que aconteceu.

A cortina mostrou a primeira vez que Caspian e Susana se viram, os dois se encantaram por olhares. A cena do primeiro beijo. Todos os momentos que Caspian e Susana tiveram estavam voltando de uma forma sutil e rápida. Ela pôde sentir que tudo o que estava voltando estava se tornando realidade. O Diadema terminou quando a ultima lembrança falsa e importante de Caspian e Lilliandil mudou para uma lembrança de Caspian e Susana.

***

Susana acordou sem ar e triste. Então tudo o que acontecera ontem á noite fora... Apenas um sonho. Estava tudo do mesmo jeito em sua cabine. Lilliandil dormia em sua cama com o berço de Rillian do lado, e suas colegas de cabine: Mimí, Alícia e Clove também dormiam normalmente. Mas Susana reparou no berço branco do seu lado direito... Um belo berço de cetro com dorsel de princesa, era o berço dela...

Susana pulou da cama e olhou para o berço para ver se aquilo era mesmo realidade. Alex dormia pesadamente com sua camisola quente de renda, estava completamente saudável, seu cabelo loiro brilhava sob a luz do sol que batia nele por uma brecha no teto da cabine. Os brinquedinhos em cima do berço giravam normalmente, havia um leão lutando com uma feiticeira e vários outros animais.

Várias grossas lágrimas de felicidade desceram dos olhos de Susana. Ela nem acreditara que o feitiço dera certo, ela finalmente tinha a sua vida de volta... Estava tudo tão perfeito!

Ela abriu o dorsel de renda e lentamente deu um beijo em Alex, com cuidado para não acordá-la, agora, tudo o que ela queria era encontrar Caspian.

Vestiu um robe e enxugou as lágrimas do rosto. Saiu correndo de sua cabine e foi até a cabine dos homens. Ela não ligava se era contra as regras, tudo o que ela queria era beijar Caspian loucamente.

Já era quase de manhã. Todos os meninos dormiam pesadamente em suas camas, ela nem sequer tomou cuidado para ser silenciosa e beijou Caspian enquanto ele ainda estava dormindo. Caspian acordou sorrindo.

– Meu Deus! Eu te amo tanto! – sussurrou Susana.

– Eu também te amo muito – sorriu Caspian.

Era o paraíso ouvir aquelas palavras novamente.

– EU TE AMO! – berrou Susana alegremente.

– EU TAMBÉM! – berrou Caspian ainda mais alto

– Pessoal, arrumem um quarto! – disse Zay sonolento, fingindo estar mal-humorado.

Todos os meninos acordaram.

– É contra as regras fraternizar com pessoas do sexo oposto numa mesma cabine, vocês lavarão a louça por um mês – disse Asafe.

– Eu acho que é melhor você ir meu amor – disse Caspian sorrindo.

Susana não conseguia parar de sorrir e deu um beijo apaixonado em Caspian. Voltou para seu quarto, vestiu um vestido verde limão e escovou os cabelos feliz da vida enquanto olhava para Lilliandil que estava dormindo.

Ela sabia que Lilliandil ia acordar daqui a pouco pensando que estava em seu mundo perfeito, mas na verdade não estava, ela se daria conta disso quando visse o berço de Alex.

Todo o ódio que Susana sentia por Lilliandil por causa do feitiço havia diminuído bastante, tudo o que Susana sentia por Lilliandil era pena, agora ela entendera a situação da rival, mas tudo aquilo não tinha feito ela gostar de Lilliandil. Ela ainda estava pensando em qual seria a punição da vagalume, afinal ela matou a princesa de Nárnia e roubara a vida da rainha.

Ela lembrou-se de garantir de não viver aquele pesadelo outra vez e na suavidade de um cisne ela pegou a Pulseira de Afrodite das coisas de Lilliandil. Agora ela iria manter a posse da Pulseira e garantir que Lilliandil não fizesse nada nunca mais.

Depois de se arrumar ela foi para a cozinha do navio e fez um café da manhã de dar água na boca. Fez panquecas com mel e geleia, café com creme e chocolate, suco de laranja, pasteizinhos de carne, e é claro, a papinha matinal de Alex que sempre tinha que ter pedacinhos de morango.

Enquanto ela admirava todo o trabalho que fez na cozinha, também admirava sua filha. Desde bebê e Alex já era feroz e sem medo, e Susana sempre admirou isso. Diferente de Rillian, ela preservava seus sorrisos apenas para pessoas muito especiais, os dois eram praticamente o oposto um do outro.

Lúcia e Bianca entraram na cozinha juntas. Elas tinham olheiras e seus cabelos estavam mal escovados.

– Bom dia titia – disse Lúcia dando um beijo forte e um abraço apertado em Alex.

– Alex é simplesmente a bebê mais fofa do mundo – disse Bianca encantada observando Alex comer sua papinha em seu andajar.

– Nossa, caprichou nesse café da manhã, hein? – disse Lúcia.

– Hoje é o dia da vitória meninas, nós conseguimos! – vibrou Susana levantando uma xicara de café no alto como sinal de brinde.

– Conseguimos o quê? – perguntou Lúcia sem entender nada.

– Também queria saber – disse Bianca.

Só podia ser brincadeira! Será que ninguém que a ajudara se lembrara do que Lilliandil fizera?

– Eu quis dizer... Lúcia você terminou a comera não foi? – perguntou Susana.

– Sim – respondeu Lúcia secamente, as duas mal estavam se falando desde que Susana foi interrogar Asafe sobre o relacionamento deles dois. Na outra realidade as duas também estavam brigadas, mas Lúcia ajudara Susana no feitiço.

Mimí e Theo entraram na cozinha de mãos dadas e se beijando, seguido de Bianca e Edmundo que faziam o mesmo. É claro que eles também não lembravam, até porque na outra realidade Theo e Mimí não estavam namorando, mas hoje, tudo voltara a sua orbita natural.

– Que café da manhã incrível – elogiou Bianca.

– Obrigada – disse Susana meio triste.

Caspian entrou na cozinha com uma cara estranha.

– Bom dia meu amor – disse Susana sorrindo de felicidade.

– Bom dia – sorriu Caspian ao olhar para ela, mas depois voltou à cara amarrada.

– O que foi? – perguntou Susana.

– Lilliandil veio me abraçar e tentou me beijar, dizendo que nós estávamos casados e que ela estava grávida de mim novamente – disse Caspian.

Se tudo aquilo da alteração da realidade não tivesse acontecido, Susana iria brigar novamente com Lilliandil, mas tudo que fez foi gargalhar.

Todos na cozinha gargalharam também, inclusive Caspian.

– Quem é você e o que fez com minha irmã? – brincou Edmundo estranhando a reação de Susana.

– Ela é tão ridícula – disse Alícia entrando na cozinha. – Está lá chorando no quarto.

– Talvez eu deva falar com ela, amor toma conta da Alex enquanto eu resolvo isso – disse Susana ainda em meio a gargalhadas.

Alex já tinha terminado sua papinha e Caspian a pegou no colo e ficou brincando de aviãozinho com ela.

Susana entrou em sua cabine e Lilliandil estava chorando como um bebê.

– Você não terá outra chance em quinze anos – disse Susana com um sorriso maldoso.

– Seu monstro! O meu bebê... Eu estava grávida! – disse Lilliandil indignada.

– Eu não ligo – disse Susana começando a sentir remorso, mas não estava demonstrando isso.

– Você é uma vadia cruel e miserável! – gritou Lilliandil.

– Eu? – disse Susana. – Tem certeza? Eu não te odeio Lilliandil, mas você simplesmente precisa aceitar as condições! VOCÊ E CASPIAN NÃO VAI ACONTECER!

– Eu não sou a vilã Susana! Eu também mereço meu final feliz! – protestou Lilliandil.

– Você merece o final que tem Lilliandil! – disse Susana com raiva. – Você praticamente matou a minha filha! Tirou de mim o homem que eu amo e a minha vida... Você é uma vadia cruel e miserável!

– Eu só estava correndo atrás da minha felicidade – disse Lilliandil soluçando.

– Nada justifica o que você fez. Eu tenho tanta, mas tanta pena de você, mas não porque você está com a vida toda ferrada, sendo mãe solteira com um filho para criar, eu tenho pena do que você faz para conseguir sua felicidade – disse Susana com desprezo.

– Eu vou conseguir minha felicidade. Nem que para isso eu tenha que esperar quinze anos – disse Lilliandil.

– Não se preocupe, você não vai! – disse Susana tirando a Pulseira de Afrodite do bolso.

– Essa Pulseira é minha! Afrodite me deu!

– Eu realmente andei pensando na sua punição. Pensei em te acorrentar até nós chegarmos em Nárnia onde teríamos um julgamento pelo que você fez, mas eu simplesmente só tenho pena de você, eu tenho que ter pois sou conhecida como a rainha gentil. Tenho pena do seu filho, por mais que não goste dele. Mas aí vai a minha punição: você irá pedir desculpas a Caspian por tentar beijá-lo, você vai olhar a minha vida com Caspian todos os dias e vai aceitar! – disse Susana enquanto Lilliandil soluçava de tanto chorar.

– O que eu fiz! – gritou Lilliandil em um choro desesperado.

Susana cruzou os braços, estava quase começando a sentir pena.

– Se banhe Lilliandil! Pelo que você fez eu deveria bani-la para sempre! Só não fiz isso, pois eu tenho pena de você e de seu filho – disse Susana.

– Meu filho será o rei de Nárnia, o maior e melhor que já existiu, a sua filha vai casar com algum príncipe menor e talvez se tornar rainha consorte – disse Lilliandil em tom humilhante, Susana demonstrou passividade, mas por dentro estava furiosa.

Não conseguindo controlar sua fúria, deu uma bela de uma tapa na cara de Lilliandil, até deu para ver a marca de sua mão na bochecha meiga da estrela.

– A minha filha vai se tornar a única rainha de Nárnia e o marido dela rei consorte! Seu filho bastardo será nomeado lorde de algumas terrinhas – disse Susana.

– Veremos! – disse Lilliandil, finalmente parara de chorar.

Susana podia sentir o cheiro de desejo de vingança saindo da boca de Lilliandil.

– Não dificulte tanto isso Lilliandil! – disse Susana ferozmente. – Só estou fazendo nossa convivência ser suportável, eu não quero viver em guerra com você!

– Sai daqui Susana! – disse Lilliandil.

– Isso foi rude – disse Susana ofendida. – Peça com licença para a sua rainha e me chame de majestade!

– Será que pode me dar licença vossa majestade? – disse Lilliandil rispidamente, foi torturante para ela dizer aquilo.

– Toda – disse Susana friamente e saiu da cabine, mas antes de sair virou-se e disse:

– Você é uma vadia.