Ficamos imobilizados. Não dissemos absolutamente nada. Apenas ouvimos aquela frase assustadora. E agora? Pensei. A vida do meu melhor amigo será todo entregue a essa menina e o filho dela?

Isso me aterroriza. Ele me olhou e pude ler suas expressões. Parece que eu ouvia seus pensamentos. Ele me dizia:

"E agora? Oque eu faço? Minha vida acabou!"

Eu apenas respondia:

"Não sei, amigo"

"Amigo", essa palavra me fez arrepiar. Não sei por que.

– O que eu faço agora?– perguntou ele, desesperado.

– Vai assumir– respondi, sincera.

– Mas eu nem sei se é meu filho mesmo! - parecia que ele ia chorar.

– Faz exame de DNA– eu estava irritada com a falta de responsabilidade dele.

Ele assentiu. Eu sabia que ficar com raiva não ia ser uma solução. Passei os dedos entre seus cabelos e o puxei para deitar em meu colo. Fiz carinho nele e ele apenas chorava em silêncio. Eu não sabia oque dizer. Nada que eu dissesse iria confortar ele agora. Pedi pra ele dormir em casa essa noite e ele assentiu. Levantei com um pouco de esforço e fui até a escada para pedir para Rosa fazer alguma coisa gostosa para o jantar. Voltei para o quarto e ele estava no mesmo lugar.

Fiquei para em frente a cama onde ele estava se desabando em lágrimas.

– Ei Vitor - chamei-o - Para com isso vai. Já fez a burrada, agora não adianta chorar. - incentivando-o - Levanta, vamos jogar video-game.

– Ta legal - disse ele se levantando e enxugando as lágrimas.

Ficamos jogando a tarde toda. Rimos muito. Isso foi bom, pelo menos para mim. Ele desligou o celular pois não queria falar com ninguém e eu achei isso bom. Eu estava me sentindo feliz, na verdade, perto dele eu me sentia feliz. E vê-lo feliz, me deixava feliz.