Avisei aos outros que havia um grupo de saqueadores por aí rondando o território. Os homens começaram a preparar as armas, e munições pro caso de precisarmos durante a viagem. À noite, ouvimos barulho nos arbustos. Os rapazes se armaram, e se puseram a procurar por um intruso. Logo Pietro voltou para o acampamento segurando pelo colarinho o mesmo rapaz a quem salvei.

-Veja só o que encontrei nos arbustos!

-Não me parece um coelho! –disse Leonard rindo-

-Essa não. –disse eu revirando os olhos, logo sentada ao lado de Iana-

 -Tá procurando encrenca garoto? –disse Arthuro com a cara amarrada-

-Mas o que é que voce esta fazendo aqui? –me levantei e disse indo até eles-

-O conhece? –perguntou Arthuro-

-Ele deve ter me seguido até aqui.

-Não sabe onde tá se metendo rapaz? –perguntou Zacharias, um dos homens mais rudes do grupo- Não tem medo de ter o pescoço cortado? –ele puxou uma de suas facas-

-Vamos tirar o coro desse ai. –disse Sebastian-

-É ele é meio magro, mas acho que podemos nos alimentar de suas carnes... –continuou Pietro-

-Posso ficar com as roupas dele? –perguntou Leonard- Preciso de vestes novas!

-Se afastem! –disse o rapaz se levantando após surrupiar a espada que Pietro lhe apontava-

Ele apontava a espada em todas as direções, olhando todos com um olhar que ele devia julgar ameaçador, mas aos olhos dos homens do bando, parecia mais um garoto assustado, com uma faca. Todos começaram a rir, e debochar. Ele chegou a espetar alguns deles com a ponta da lamina, e os mesmos empunharam suas armas, e espadas.

-Parem... –disse Iana se aproximando de mim aos berros-

Segurei-a antes que ela se aproximasse demais. Então disse:

-Parem. –franzi a testa por causa de Iana, então me aproximei dele- É melhor voce soltar isso, não vê onde está?

-Não me entregarei sem uma boa luta... –respondeu ele causando risos nos outros-

-Vamos acabar com ele... –disse Pietro-

-Não devia ter seguido a moça moleque... –disse Zacharias pronto para lhe dar um sopapo com a espada-

-Zacharias! –eu gritei chamando sua atenção e me pondo na frente do desconhecido- Não... –olhei para Iana mostrando que era por ela que não queria que os homens começassem uma luta-

Virei-me encarando o estranho que me seguiu e disse em tom sério e rude:

-Mas que porcaria voce tem na cabeça? –andei até ele e o encarei de perto- Abaixe sua espada, e me siga...

Franzi a testa, depois passei por ele indo até um canto mais afastado perto das arvores. Não demorou muito até que ele estivesse diante de mim. O olhei nos olhos enquanto ele foi se explicando:

-Desculpe, mas eu não tinha para onde ir... Não pensei que fosse acabar parando em um lugar como este... –ele olhou ao redor-

-Eu avisei pra não me seguir... Voce tem algum problema nas orelhas?

-Precisava de um cavalo para seguir meu caminho...

Iana se aproximou de nos dois e então parou ao meu lado segurando minha mão:

-Aldora... –ela me puxou-

-Agora não Iana... Não vê que estou ocupada? –franzi a testa-

-Por favor... –ela insistiu-

-Fique aqui... –apontei o dedo indicador para ele- E voce venha comigo...

Eu e Iana nos dirigimos até alguns passos a diante, onde ela me fez um pedido:

-Ele precisa de um lugar pra ficar.

-O que? –franzi minha testa- Não, ele vai embora pelo mesmo caminho que veio.

-Está escuro, e ele está sozinho... Só esta noite, por favor? –ela quase implorou-

Iana começou a me olhar com aqueles olhinhos delicados de menina esperançosa e meiga, que acabei concordando com seus argumentos. Voltei até o rapaz e então lhe comuniquei:

-Ficará conosco esta noite. Mas apenas esta noite. Logo que amanhecer, você irá embora. Consegue entender isso?

Ele apenas acenou que sim com a cabeça. Iana olhou para ele e sorriu então me virei passando por ele, e fui até os homens avisar minha decisão. Os mesmos não gostaram nada da idéia, mas aceitaram. Iana observou o rapaz e disse:

-Como voce se chama?

-Tristan... –ele olhou para a menina-

-Prazer Tristan! Chamo-me Iana! –ela estendeu sua mão-

Ele aceitou o cumprimento e então Iana o puxou fazendo-o se abaixar na direção dela, e então lhe segredou algo:

-Não diga a eles...

-Dizer o que? –ele franziu a testa-

-Que você é o príncipe de Asgard... –ela sorriu-

-Como você sabe quem eu sou? –ele dobrou um dos joelhos para ficar da altura de Iana-

-Às vezes eu vejo as coisas... Antes de elas acontecerem.

-É mesmo? –ele sorriu-

-Sim! Mas não pode contar a ninguém. Será nosso segredo!

-Tá bom!

Ele sorriu sem acreditar na imaginação fértil da menina. Porém, Tristan ficou curioso em saber, como aquela garotinha sabia quem ele era. Mas imaginou que ela o teria visto anteriormente em outra ocasião.

Mais tarde, os homens se ajeitaram para ir dormir. Iana estava deitada ao meu lado, mexendo nas pontas dos meus cabeços, como costumava fazer todas as noites antes de dormir. Tristan se aproximou procurando um lugar para se deitar entre os homens que lhe torciam a cara.

-Eu gosto dele! –disse Iana sorrindo e deu um tchauzinho para Tristan-

-Bom pra voce! –respondi sem me importar olhando o desconhecido-

Tristan sentou-se no chão próximo a fogueira, e procurou um jeito confortável de dormir, mas não foi uma tarefa fácil. Os homens o observavam com as caras amarradas, até que Leonard disse:

-Vejam só, nosso hospede precisa de uma cama mais confortável! –todos riram-

Ele franziu a testa, e socou um pouco de areia no chão tentando fazer um travesseiro, depois se deitou. Ordenei que Iana fosse dormir, e logo me ajeitei e adormeci tambem.

...