Guardian escrita por Kuroi Namida


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Tema do capitulo: My Immortal - Evanescence



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Os homens de Rosen Grat decidiram acampar antes de tentar atravessar a ponte que os levaria para fora dos limites de Asgard. Tristan os encontrou no meio da mata, muito perto de um abismo profundo, ao qual apenas poderia atravessar por uma ponte feita de madeira construída há muitos anos, que já estava em péssimo estado. Eles precisariam esperar o dia amanhecer antes de se arriscar a ultrapassar aquele lugar.

O príncipe se escondeu entre as arvores, atando a égua Alice a alguns metros dali. Iana estava amarrada dentro da carruagem do líder do bando. Ele pretendia esperar até o momento mais apropriado para roubar a menina do poder daqueles homens.

Algumas horas mais tarde, Tristan viu movimento entre os homens. Um deles ordenou que um grupo pequeno composto por cinco homens se dirigisse a mata para procurar por uma intrusa.

-Aldora... –disse Tristan em voz baixa atrás das arvores-

Os seis homens pegaram seus cavalos e seguiram em direção a floresta para atacar a jovem guerreira Aldora, que se aproximava em busca de sua protegida. Tristan pensou em ir ajudá-la, mas então percebeu que aquela seria a melhor oportunidade para salvar Iana, já que agora ela estava no poder de apenas três homens, com quem ele poderia lutar sem problemas.

Não muito longe dali, Aldora encontrara os seis homens vindos em sua direção. Ela desceu do cavalo e se preparou para atacá-los com sua melhor arma, seu arco. A moça ficou entre as arvores em pé, empunhando seu arco na mira dos soldados, que avançaram em sua direção com suas espadas. Ela se livrou de um deles, lançando uma de suas flechas, depois de outro, e de um terceiro. O quarto homem se aproximou antes que ela pudesse puxar a corda do arco, e lhe acertou o braço com a espada. Ela sentiu a dor do corte, que a fez dar alguns passos para a outra direção.

Ela tentou apanhar outra flecha, mas percebeu que não havia mais nenhuma para ser usada. Neste momento o quinto homem se aproximou, e tentou acertar Aldora, mas ela juntou uma espada do chão, que havia caído das mãos de um dos homens enquanto ele era carregado por seu cavalo, passando por Aldora. Então ela lutou com o homem sobre o cavalo, até que ele caísse com a ponta da lamina dela cravada em seu peito. Porém antes que ela pudesse se virar para procurar o único soldado restante, o mesmo se aproximou com o cavalo, a derrubando no chão.

Sua espada caiu de suas mãos ficando debaixo dos cascos daquele cavalo, e ela ficou sem ação diante do homem que a encarou com um sorriso sádico na face. O animal embaixo daquele sujeito devia ser muito mal tratado, pois estava muito nervoso e revoltado, batia com suas patas dianteiras com força no chão, quase batendo sobre as pernas de Aldora. Se ele a tocasse, a deixaria muito ferida.

Quando o homem empunhou sua espada, pronto para cortar o pescoço de Aldora, Tristan surgiu vindo por trás dela, montando sua égua indomável. Ele saltou por cima do tronco derrubado de uma árvore, enquanto gritava como um guerreiro indo na direção do soldado, e então usando sua espada, ele atingiu o sujeito antes que ele pudesse reagir. Tristan o atingiu duas vezes, sendo que uma delas fez com que o homem caísse sobre a terra fria, com um corte atravessado nas costas. 

O príncipe girou com a égua, e então se aproximou de Aldora que estava com os cotovelos e as costas no chão. Ele estendeu sua mão na direção dela e disse com um sorriso:

-Precisa de ajuda?

Aldora se levantou, e tirou a areia das roupas, depois encarou Tristan e segurou sua mão dizendo:

-Por que não me perguntou isso há dez minutos? –ela franziu a testa-

Aldora se aproximou da égua, e levou seu pé até o espaço ao lado do pé de Tristan por onde ela pode subir na égua. Tristan a puxou para cima do lombo de Alice e disse:

-Acho que eu salvei sua vida! –ele sorriu olhando para ela de canto-

-E daí? –ela ergueu as sobrancelhas segurando a cela- Eu salvei a sua, quantas vezes? –ela sorriu com o canto da boca-

Tristan sorriu tendo que concordar. Além do mais, não era grande coisa, já que havia cinco homens no chão, sendo que quatro deles tinham sido derrubados por ela somente. Enquanto ele chegou a tempo para abater um único soldado. Do nada, Alice resolveu dar o ar da graça. A égua relinchou e ergueu as patas dianteiras o mais alto que pode, quase derrubando Aldora e Tristan de cima de si. Aldora teve tempo apenas para tirar as mãos da cela e levá-las ao redor do corpo de Tristan, que por sua vez, firmou as pernas nas ancas da égua, e segurou firme as rédeas da mesma, mantendo-se assim sobre a ela. Quando Alice tocou o chão outra vez, voltando a ficar calma, Aldora franziu a testa e disse quase aos berros olhando para a amiga:

-Mas o que deu em voce? –ela disse zangada-

A égua sacudiu a cabeça, como se estivesse se divertindo. Tristan sorriu, e então percebeu que as mãos de Aldora estavam sobre seu peito o segurando firme, ele segurou a mão dela, olhando para trás, apenas virando parcialmente o rosto. Então Aldora teve a leve impressão de qual era a intenção daquela égua. Mas não podia acreditar que até sua fiel escudeira estava agindo contra ela.

Aldora encarou Tristan que estava com o rosto muito próximo ao dela. Ela podia sentir o cheiro leve dele, que em nada lembrava os homens rústicos e suados com quem ela costumava viajar, que sempre estavam cheirando a rum, ou a algum animal de caça. Aldora puxou sua mão debaixo das mãos de Tristan, e baixou os olhos procurando a cela para se segurar. Tristan então disse:

-Não me importo de ser tocado... –levando em consideração que ela sim-

-Não se importa de ser tocado por uma plebéia? –ela voltou a olhar pra ele dessa vez séria-

-Não me importo de ser tocado por você...

Aldora o encarou em silencio não esperando aquela resposta assim tão repentina. Então sem ter, ou sem saber o que dizer, ela apenas mudou de assunto:

-Onde está Iana?

-Segura... –ele respondeu-

-Me leve até ela... Quero vê-la...

Ele concordou então segurou as rédeas de Alice e galopou com Aldora atrás dele, até o local onde deixou Iana em segurança, já livre das garras dos soldados de Rosen Grat. Porém quando se aproximaram, um dos soldados a quem Tristan não havia terminado de matar, estava segurando Iana dentro da carruagem. Aldora desceu da égua, assim como Tristan, e ambos andaram até a carruagem. O homem segurava a menina em frente ao corpo e apontada uma faca pequena para o pescoço da menina. Ele parecia nervoso, então Tristan andou até a frente da carruagem e disse:

-Vamos lá, você não quer fazer isso, olhe pra ela, é só uma menina...

-Esta menina é a única coisa que vai me manter vivo... Se eu não levar ela para Rosen Grat, ele vai me matar...

-Se não soltá-la, eu o matarei... –disse Aldora sem paciência-

-Não entende... –disse o homem encarando Aldora- Rosen Grat pretende assumir o trono de Asgard! Ele já tentou inúmeras vezes, mas seus exércitos falharam, com os dons dessa menina, ele tem uma chance... Fará o que for para por suas mãos sobre ela...

-Dons? –disse Aldora sem entender-

-A menina é vidente... Pode ser muito útil a ele... Podem me matar se quiserem, mas ela irá comigo pra onde eu for... –ele apertou a lamina contra a pele de Iana-

-Não sabe o que está dizendo. –disse Aldora se aproximando devagar- Ela é só uma menina... Vai arriscar sua pele, por que um homem colocou seu destino nas mãos de uma criança? –ela continuou-

-Rosen jamais assumirá o trono... –disse Tristan fazendo o homem olhar pra ele- Eu sou o seguinte na linhagem... Quem assumirá o trono por direito...

-Voce ainda é jovem príncipe... Rosen terá tempo para cuidar disso. Mesmo que encontre uma moça, e se case com ela. Ainda assim, suas chances serão pequenas...

-Não ganhará nada com isso... –Tristan continuou-

Aldora se aproximou sem que o homem percebesse e então retirou sua faca de dentro da bota e antes que ele pudesse impedir, ela a cravou em seu pescoço, o fazendo soltar Iana, que gritou e correu para os braços de Tristan. Aldora deixou o homem cair no chão, e então retirou sua lamina de dentro dele e disse enquanto ele levava a mão ao ferimento aberto que jorrava sangue:

-Não devia ter tocado nela... –Aldora o viu fechar os olhos enquanto engasgava com o próprio sangue-

Ela voltou a olhar para Tristan, que mantinha Iana abraçada a ele, evitando que ela se virasse e visse a cena. Então Aldora andou até eles, e tocou o ombro da menina enquanto encarava o príncipe e dizia:

-Vá até o rei e diga a ele que alguém planeja tomar seu trono... –ela segurou a mão da menina a afastando de Tristan-

-Pra onde vai? –perguntou Tristan-

-Iana e eu vamos nos virar... –ela o encarava com ar sério como se ele fosse culpado pela ameaça a Iana-

Quando Aldora se virou levando Iana com ela, Tristan deu um passo a frente e segurou-a pelo pulso, então quando Aldora o olhou ele disse:

-Não vou deixar que vá embora outra vez... Volte comigo para o reino...

-Eu nunca seria bem recebida pelo rei Tristan... –ela o encarou- Alguém como eu seria levada as masmorras e presa por correntes.

-Eu nunca permitiria... –ele diz com firmeza-

-Eu também não pretendo me curvar diante de nenhum homem que ande sobre esta terra...

-Eu posso protegê-la Aldora... Vocês duas.

-Tristan... –ela deixou Iana se afastar e disse olhando nos olhos do príncipe- Nunca daria certo... Você é um príncipe... E eu... Olhe pra mim... Volte para casa, encontre uma boa moça e case-se com ela... –Aldora sentiu o peso de suas palavras-

Ela continuou olhando para os olhos negros de Tristan que ficaram tristes, então se virou e andou até Iana pegando sua mão e conduzindo-a na direção oposta. Tristan não queria deixá-las ir, mas não sabia o que fazer para impedir. Iana segurou firme a mão de sua protetora e olhando docemente em seu rosto enquanto caminhavam ela disse:

-Aldora... –ela puxou sua mão de leve-

-Não Iana... –ela não olhou-

-Aldora...

-Eu não posso Iana... –ela olhou a menina-

-Diga a ele...

-Não... –seus olhos ficaram molhados-

-Ele precisa saber...

Aldora fixou os olhos na terra a sua frente, e parou de caminhar. Ela sentiu as lágrimas caírem pelo seu rosto, sabendo que ela não poderia deixá-lo para trás.

-Esta pode ser sua ultima chance de ser feliz de verdade Aldora... –continuou a sábia menina-

Aldora ergueu os olhos a sua frente, respirou fundo, e então pensou em toda sua vida até o dia em que conheceu Tristan. E percebeu que nada fez sentido afinal até aquele momento. Ela soltou a mão de Iana, e andou até Tristan, que ergueu o rosto para encará-la. Então Aldora se aproximou do príncipe e levou sua mão até o pescoço dele, o trazendo para si, e o beijou.

Iana sorriu discretamente já sabendo que aquilo aconteceria um dia, enquanto seus olhos brilhavam ao constatar que estava certa o tempo todo. Quando ambos pararam de se beijar, Aldora manteve os olhos fechados, e encostou a testa ao queixo de Tristan, que a olhou e então ela disse ainda tocando o rosto dele:

-Não é assim que acontece... –ela estava triste- Você merece alguém melhor do que eu...

-É voce quem eu quero... –ele ergueu o rosto dela fazendo-a olhar para ele-

-Contos de fadas não existem Tristan...

-Não... Mas a vida pode ser quase tão quanto! Venha comigo Aldora... Seja minha rainha...

Aldora não sabia certo o que aquilo queria dizer. Ela era apenas uma ladra, uma guerreira sem a mesma educação que uma dama deveria ter. Ela sequer entendia porque ele a desejava. Mas ela não podia mais negar... Aldora amava aquele homem diante dela, mesmo que ele não fosse mais do que um garoto...


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