Shindo, o capitão do time de futebol da escola Raimon, tinha olhos castanhos e o cabelo acinzentado. Tocava piano divinamente e era respeitado por todos por ser um menino muito bem dotado. Tinha tanta perfeição que parecia que havia algo errado.  Kariya tinha ciúmes de tudo àquilo que o capitão era, pois por causa dele, todos na escola haviam esquecido sua existência. O menino dos olhos cor de mel e cabelo azul turquesa era visto somente como um extra no clube do futebol, mesmo sendo um titular do time. No entanto, sempre treinava com um sorriso no rosto.

Como sempre, Kariya estava treinando chutes em um lugar isolado. Ele não gostava de treinar com os outros, por isso sempre chutava a bola contra um muro atrás do campo como forma de treinamento.

-Agora vamos treinar dribles! – dizia o capitão que estava no campo de futebol

Uma imensa fúria preenchia o coração de Kariya, que chutou involuntariamente a bola tão forte que ultrapassou o muro e foi em direção ao campo de futebol, acertando na cabeça um menino de cabelos rosados. Este menino era Kirino, amigo de infância de Shindou e que prendia seus cabelos em maria chiquinhas e tinha lindos olhos azuis. No instante que foi acertado, caiu no chão e ficou inconsciente. Desesperado, o menino de cabelo azul foi correndo em direção ao campo para se desculpar com o veterano e pegar sua bola de volta.

Ao chegar ao campo, o pequeno reparou que havia uma roda de jogadores em volta do rosado, entre eles estava o capitão dos cabelos cinzentos com um olhar de extrema fúria em sua direção. Assustado, Kariya se aproximava da roda, tentando ignorar como o capitão o encarava.

-Fique aqui Kariya, eu posso arranjar um jeito de te tirar dessa situação. Por ora, fique no vestiário – disse Tenma, tentando proteger o azulado da fúria do capitão.

-Não! Eu preciso enfrentar ele, senão meu orgulho vai ser destruído! – disse Kariya, trêmulo.

-Pode contar comigo com qualquer coisa que acontecer, eu sou seu amigo e sempre vou estar ao seu lado.

Kariya não se importava com as palavras de Tenma, somente seguiu em frente sem hesitar. Até que chegou na roda e viu o rosado no chão.

O menino dos olhos cor de mel viu Kirino deitado no gramado. Como seus olhos estavam fechados, parecia que estava tirando uma soneca no campo. Preocupado, Kariya tentou levantar ele no colo, mas foi interrompido pelo capitão, que o segurava fortemente pela barriga.

-Não encoste nele, você já o machucou o suficiente– disse ele, com os olhos cheios de lágrimas de ódio.

-Foi um acidente, eu prometo que não vai acontecer de novo – disse Kariya assustado, tentando fugir dos braços do capitão.

Os jogadores que estavam na rodinha olhavam assustados para o capitão, pois nunca o viram tão irritado.

-Eu cuido dele, não se preocupem- disse o capitão, jogando brutalmente o azulado no chão e carregando o rosado gentilmente em seus braços.

-Já chega disso, hoje você me pa... – Kariya foi interrompido por Tenma, que segurava o amigo tampando a sua boca com as mãos.

Lágrimas começaram a surgir no rosto do pequeno, que não conseguia acreditar na humilhação que acabara de passar. O menino começou a socar o chão de raiva, e à medida que fazia isso, suas lágrimas caiam no chão. Tenma, não aguentando ver o sofrimento do amigo, abraçou-o bem forte. Em troca, Kariya apoiou a cabeça em seu ombro e o agarrou tão forte que chegava a machucar o amigo. Mesmo com essa dor, Tenma não o largou pois sabia o quanto Kariya estava sofrendo naquele momento.

Enquanto isso, Shindou se afastava do campo de futebol com Kirino em seus braços, indo em direção à saída da escola. Um fato curiosamente estranho, já que normalmente se leva as pessoas à enfermaria quando acontece algo do gênero... Enfim, depois de 30 minutos, Kariya ficou sonolento e deitou nos braços de Tenma. Ao notar isso, o moreno o deitou em suas pernas e acariciou gentilmente os cabelos do amigo.  Todos que estavam no campo foram para as suas casas, pois não era possível continuar o treino sem o capitão para orientar as jogadas.

A tarde chegou e Kariya acordou. Quando o pequeno abriu seus olhos, viu a cara do moreno que havia caído no sono. Ao se levantar percebeu que tinha dormido no colo de Tenma e se apressou em acordar o amigo.

-Que horas são? – disse Tenma, recém-acordado.

-Eu não me importo com as horas! Onde o Shindou está? Eu preciso resolver umas pendências com ele! – disse Kariya, estressado.

-Acho que é melhor você ficar aqui, e quem sabe você pode me beij....

-Eu preciso ir aonde ele tá agora! –disse gritando- eu não ligo com o que vai acontecer comigo, somente quero dar uma bela surra naquele esnobe.

-Eu o vi carregando o Kirino para fora da escola, quem sabe eles foram pro hospital... Ou o capitão pode ter levado o rosado para a casa dele.

-E onde é a casa do Shindou?

-Eu posso te levar lá, mas promete que não vai se machucar?

-Prometo -estende a mão – agora vamos?

Segurando a mão do amigo para levantar, o moreno responde com um sorriso no rosto:

-Vamos!

A casa de Shindou não era muito distante, os dois levaram 10 minutos correndo até lá. Ao chegar ao portão, o moreno disse para o pequeno:

-Eu te esperarei aqui, então não se preocupe.

Kariya tocou a campainha e foi atendido por um servo da casa de Shindou.

-Em que posso ajudar? – disse o servo

-Eu sou do clube de futebol do Shindou Takuto e queria ter uma conversa com ele sobre o próximo jogo... posso entrar?

-Eu te levarei até o quarto do mestre.

Kariya entrou na casa e não reparou na nobre mobília que a casa possuía, somente ficou concentrado em como daria a surra no odiado capitão. O servo parou na porta de um quarto e antes de abrir a porta, começou a falar com o garoto:

-Já faz alguns meses que o jovem mestre se tranca no quarto e saem alguns sons estranhos de lá... você pode verificar o que está acontecendo?

-Sons estranhos? Como? – disse o moleque, interessado.

-Talvez uns gemidos? Enfim, posso contar com você para descobrir o que está acontecendo?

-Pode apostar que sim – disse Kariya, com um sorriso maléfico no rosto, pensando que iria descobrir algum podre sobre o capitão e sujeita-lo aos piores dos castigos.

O servo pegou a chave e abriu a fechadura. Quando abriu a porta, se deparou com Shindou com uma camisa social branca e um jeans, encarando o servo assustadoramente.

- Por que abriu a porta sem tocar antes? Servo insolente?

- Pensei que o senhor estava tocando piano... E seu amigo veio te visitar, pensei que não seria incomodo para o senhor.

Shindou olhou para o lado do servo e viu Kariya ao seu lado e começou a rir.

-Deixe-o entrar, se era só isso –disse ao servo, gargalhando.

Kariya entrou e seus olhos se arregalaram ao ver o tamanho do enorme quarto do capitão. O quarto tinha um belo piano branco de um lado, perto da janela com cortinas brancas de cetim. Do outro lado, uma cama grande no formato casal, com um cobertor branco de seda. O quarto também tinha um sofá marrom, que se destacava naquela imensidão branca.

-Para que veio aqui, molequinho de meia tijela? – o capitão olhava fixamente nos olhos dos de Kariya

-Bem eu... como tá o Kirino? Ele tá melhor? – enquanto falava, tentava desviar seu olhar para o piano.

-Não te interessa – jogou o pequeno na cama e se posicionou em cima dele, segurando seus braços.

-Pode parar? Isso está machucando muito – Disse Kariya, tentando sair de tal posição.

-E se eu não quiser? Quem vai me obrigar? Faz muito tempo que eu quero fazer isso com você, seu pequenino malvado.

-Humhumum

Ouviu-se um barulho embaixo da cama. Sem medo, Kariya chutou os órgãos genitais do capitão e olhou debaixo da cama. Lá estava Kirino, todo nu com um pano em sua boca e seu braços e pernas amarrados por uma corda. Sem pensar, Kariya puxou o veterano para fora da cama, tirou o pano que cobria a sua boca e por fim o desamarrou.

-Vamos fugir, depois eu te explico o que aconteceu! Depressa! – O rosado pegou a mão do pequeno e saiu correndo.

Não tão cedo! – O capitão foi em direção da porta e a trancou enquanto o pequeno desamarrava o rosado. – Agora sentem os dois na cama!
Sem saber o que fazer, os dois sentaram na cama e o capitão foi em direção ao piano. Ele começou a tocar uma musica triste... Kirino olhava para a janela e Kariya para o teto.

-Gostaram do treino hoje?

Sem respostas. Os dois estavam muito abalados para responder. O rosado sentia um pouco de frio, pois ainda estava sem suas roupas. O pequeno pegou o seu casaco e as suas calças e deu para o veterano, que as vestiu. As vestimentas ficaram um pouco apertadas, mas couberam. Logo, o menino dos olhos cor de mel ficou somente com a sua camisa do uniforme, que iam um pouco além da sua cueca samba canção.

-Do jeito que eu gosto... vamos começar? – O menino dos cabelos acinzentados parou de tocar o piano e foi se aproximando dos dois.

Sem pensar, Kariya pegou a mão de Kirino e correu até a janela.

-Nós vamos ficar bem, Tenma está aqui embaixo. – disse ao rosado.

Os dois pularam da janela do 2ºandar e caíram em um arbusto. Durante a queda, Kariya abraçou Kirino e amorteceu a queda dos dois. Os dois, feridos, saíram correndo.