Paixão Por Um Avião escrita por Airi van der Horst


Capítulo 1
Paixão sem alcance




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–MAS EU NÃO FIZ NADA!!! - Eu gritava, enquanto me algemavam por algo que eu não fiz.

–Sei disso, rapaz. Agora cale-se. - Um policial louro de óculos puxava-me para dentro do carro.

Eu estava sendo preso por algo que não fiz. Um assassinato que um amigo meu causou. Seu nome na verdade é dito por um código, porque ele nunca me dissera seu verdadeiro nome: 96Neko. Ele matou várias pessoas dentro de um banco, inclusive a si mesmo, enquanto tentava assaltá-lo.

Eu estava na porta da frente, esperando minha mãe sair de dentro, quando esse meu amigo entrou sem ao menos me cumprimentar. Depois, só escutei sons de tiros vindo de dentro do recinto. Ao passar da porta giratória, eu só vinha sangue derramado.

Então ele apontou a arma para mim e seu sorriso maligno virara tristeza.

–L-Len...? - Ele abaixou a pistola.

–O que está fazendo?! Por que matou essas pessoas?

–Não lhe devo explicações, meu amigo... Adeus, Len, meu melhor amigo. - Sorriu e, atirando em sua própria cabeça, caiu no chão.

Eu fiquei ali fitando todos aqueles corpos caídos, sangue sobre sangue... Fiquei paralisado, minhas pernas tremiam, meus pêlos estavam completamente arrepiados.

–PARADO AÍ, GAROTO! - Foi aí que aquele policial apareceu e me levou.

Ao chegar na delegacia, nem pude me explicar. Como eu era o único humano vivo naquele banco, fui preso sem direito de julgamento.

–MAS EU NÃO FIZ NADA! POR FAVOR, ME SOLTEM!! - Eu gritava agarrado às grossas barras de ferro da cela.

–Garoto, se eu soltasse cada cara que falasse isso pra mim... - Aquele oficial louro ficou de tomar conta de mim. Hoje fazem quatro meses desde que cheguei aqui.

Então, como me comportei, pude sair e passar o dia no pátio da prisão. Enquanto eu caminhava, vi uma bela rosa azul do outro lado do muro farpado. Olhei ao horizonte e vi uma bela menina.

Ela usava um longo vestido branco, um chapéu de mesma cor, com um laço rosa-bebê e um longo pano da mesma do laço estava em suas costas, enquanto ela segurava.

Fiquei com vontade de chamá-la, aquela figura tão bela, de curtos cabelos tão louros quantos os meus. Quando reparei, vi que ela estava descalça. Ela observava a grama e as árvores com tamanha felicidade, como se fosse a primeira vez que estivesse fora, no campo.

–Ei! Ei, garota! - Gritei, mas ela não me ouviu.

Vi um pedaço de papel e um lápis perto da parede. Peguei e escrevi uma mensagem. Dobrei-o como um lindo avião de papel e joguei-o do outro lado.


Jiyuu wo uabare (Toda minha liberdade fora tomada)


Hakugai wo ukeru (Eu estava tendo sombrios dias de perseguição)

Kitanai boku to kimi to ja (Entre você e o sujo que sou eu)

Saga aru, saga aru (Grande diferença, grande diferença)


Tegami wo kaki mashita (Eu escrevi uma carta)


Kami hikooki wo otte (E dobrei-a em um avião de papel)

Hutari no kabe koeteru you ni (Rezando para que chegasse a você, através do quartel)


Ton deke, ton deke (Voar para longe, voar para longe)



O pedaço de papel bateu de leve no chapéu da pequena e caiu ao seu lado.


Ela abriu e leu minha mensagem. Então a loura se aproximou da extensa grade, escreveu uma outra mensagem em outro papel e jogou-me, também na forma de um avião, porém, o dela era mais graçioso, mais leve.

Quando abri-o, apenas estava escrito "Olá! Como está?".

"Eu estou bem, fora que estou bem machucado por causa dos mais velhos, e você?" - Joguei o avião.

Ela pegou uma fina lapiseira e começou a escrever devagar. Então jogou de volta.

"Estou ótima, fora uma pequena doença que está matando meus pés um pouco (risos). Por que está preso?"

"Fui acusado de algo que não fiz... Mas não importa mais, até porque meu único amigo morreu, ou seja, não tem ninguém me esperando lá fora, porque meus pais morreram nessa ocasião que me acusaram", então mandei outro papel em sua direção.

Ela leu com certa tristeza no rosto. Encarou fundo nos meus olhos azuis e escreveu uma outra mensagem, jogando-a no momento que terminou. Eu quase pude ver seu rosto por completo, só não o enxerguei por causa da sombra do pôr-do-Sol.

"Se quiser, posso ser sua amiga. Como sou doente e vivo num hospital, somente adultos ficam comigo, fora que gostaria que alguém me visitasse. Você poderia ir quando fosse solto, que tal?"

Quando li aquilo, olhei-a alegre. Ela segurava o chapéu para que o vento não o carregasse. Mas ela falhou num minuto e pude ver ser branco sorriso e olhos tão azuis quanto os meus. Ela parecia-se tanto comigo! Peguei o lápis que achara e comecei a escrever.

"Claro que sim! O único problema é que não vou ser solto tão cedo, até porque o policial que toma conta de mim tem medo por causa da filha dele, ele teme que se eu sair, posso querer vingança e matando sua criança, mas nunca faria isso com ninguém... Mas tenho certeza que vou sair em pouco tempo e vou te ver".

Joguei o pedaço de papel, que caiu certo em suas palmas abertas. Quando ela pegou, fechou as mãos com graça, porém, podia jurar que as costas de suas mãos haviam algumas faixas e esparadrapos soltando, como se ela tivesse arrancado algo com força, pressa, enquanto as palmas seguravam o avião com força para que não escorregasse e que suas pernas tremiam bastante. Será que o caso dela é tão ruim assim?

Então ela olhou o horizonte, escreveu rapidamente uma longa mensagem e me jogou o aviãozinho de papel.

"Essa não! Tenho que voltar para o hospital, porque se papai souber que fugi do meu quarto sem ele saber, pode me mandar embora. E não quero isso, agora que encontrei um amigo! Vou indo agora, mas nos encontramos amanhã, certo? Nesse mesmo lugar, só que um pouco mais cedo. Se sim, sorria. Se não, guarde o papel em seu bolso", assim dizia aquela mensagem.

Quando terminei, não pude deixar de sorrir. Não só porque queria vê-la novamente, mas porque queria que ela me falasse seu nome, ou que falasse mesmo, ao invés de jogarmos papéis.

Se bem que desse jeito é mais divertido, fora que se alguém chamar atenção por aqui, posso me encrencar e nunca mais vê-la.

Olhei em direção a seu rosto e dei um grande sorriso. Dobrei o pedaço de papel com cuidado e fiquei com ele nas mãos. Ela sorriu de volta e correu, mas tropeçou um pouco depois.

–VOCÊ ESTÁ BEM?! - Gritei, muito assustado.

Ela virou-se para mim novamente, sorriu tristemente e correu mais uma vez.

–O que está acontecendo, Kagamine Len? - Um dos guardas veio para perto de mim.

–Nada, senhor. Vi um garoto caindo lá longe, mas ele não me ouviu e foi embora. Ele estava com seus pais, então estava bem. - Virei-me devagar, com medo de que ele me batesse com seu porrete.

–Certo. Mas vamos para dentro, senão você não jantará. - Sorriu e saiu andando.

–Já vou. - Arrumei minha roupa. Antes de ir para o refeitório, fui para minha cela.

Era um quarto, só que pequeno. Mas tinha uma cama, um criado-mudo que era confiscado a cada dois meses, o banheiro parecia um público, porque o cheiro não agradava, mas era fechado, um abajur e de vez em quando os guardas colocavam bebidas como água, refrigerante e, muito raramente, bebidas alcóolicas para os maiores.

Abri minha pequena cômoda e pus as cartas que ela me entregara numa das gavetas, docemente dobrado e no meio das minhas roupas.

–Um dia serei livre para viver com você. - Murmurei, beijando o papel antes de guardá-lo.

Que mentira eu dissera a mim mesmo... Eu nunca conseguiria ser livre, só porque sou menor de idade e posso ser influenciado por outras pessoss a voltar ao mundo do crime. Ela é uma bela pessoa, eu sou um sujo prisioneiro.

O tempo foi passando e ela foi embora sem me dizer o porquê. Ela nunca me disse seu nome, dizendo que tinha medo que eu sofresse mais.

"Eu terei que partir. Temo que papai descubra e acabe fazendo algo que possa machucar-lhe e eu com certeza não quero isso. Eu sei que é repentino, mas amo muito seu jeito gentil, fofo... Eu me apaixonei por você. E como penso no seu bem e na nossa felicidade, irei partir com meu pai para milhas longe daqui, ele diz ter medo do que você pode fazer comigo... Obrigada por ser meu amigo."

Agradeceu por eu ser amigo dela e partiu.

–M-Mas... EU AO MENOS SOUBE SEU NOME!! - Gritei sozinho, lendo aquela mensagem sozinho em minha cela.

–INSPEÇÃO DOS QUARTOS! - Um policial mais novo deu o aviso.

–Essa não... Minhas cartas! - Corri em direção ao criado-mudo, procurando meus aviões que a loura mandava para mim.

–O que está fazendo, Kagamine Len? - O oficial louro de cabelo corte rebel veio direto para minha cela, sem ao menos avisar.

–Nada, senhor.

–O que temos aqui, pequeno assassino? - Empurrou-me bruscamente e mexeu em minhas gavetas. - Ah, são cartas.

–DEIXE-AS ONDE ESTAVAM!! - Gritei.

–Por quê? Se forem apenas cartinhas de uma certa amiguinha, não se importará se eu fizer ISSO, certo? - Rasgou as cartas diante de meus olhos.

Mais dois policiais chegaram e seguraram-me forte no chão, porque tentei levantar bruscamente atrás do louro.

–NÃO!! AS CARTAS DELA! - Eu tentava me soltar.

Então ele pegou uma última que estava sobre minha cama. Era a mensagem que ela me enviara por último, antes de partir. Ele rasgou diante de meus olhos, o que me deixou péssimo. A raiva estava acumulada ao extremo dentro de mim.

–MALDITO!!! - Consegui libertar-me e desferir nele um soco. O louro ao menos se moveu, levou aquilo com um sorriso no rosto.

–É uma pena, Kagamine... Pensei que poderia te soltar nesse mundo. Mas... Depois de tal agressão. - A luz refletiu em suas lentes. - Vou te jogar na câmara de gás sem direito a julgamento.

–N-NÃO PODE!

–Por que não? Não vá me dizer que tem alguém te esperando lá fora.

Eu não podia contar da garota. E se ela sofresse mais ainda por minha causa? Mas eu prometi que a visitaria assim que eu fosse libertado. Por que estou tão confuso?

–N-Não tem... Senhor... - Abaixei a cabeça, segurando ao máximo minhas lágrimas.

No dia seguinte fui arrastado para um quarto completamente sem luz ou portas que não fosse a de entrada. Me jogaram lá dentro com os papéis das cartas que estavam rasgados.

Então o louro saudou-me com um sorriso maligno no rosto. Um outro policial chegou sussurrando-lhe o ouvido. O louro tirou os óculos e, assustado, começou a correr. Então meu nariz não conseguia filtrar o gás que entrava.

Eu tossia, minha vista estava ficando embaçada...

–Aquele policial maldito descobriu minhas cartas e rasgou-as de propósito... Ele fez isso para me matar realmente. Eu preciso respirar... Preciso falar com ela... Quero ouvir sua voz pelo menos uma vez.


Onegai moshi korega saigo nara (Se este for o último momento)

Boku wo anoko to hanashi wo sasete (Por favor, deixem-me falar com ela)

Semaku kurai tojita sono heya ni (Na pequena câmara fechada com escuridão)

Setsunaku tada sono koe wa hibiku (Meu grito foi condundente em vão)



–Eu... Preciso saber... Seu nome... - Extendi minha mão, tentando alcançar sua imagem que saía das cartas rasgadas que estavam ao meu lado.


Eu não respirava mais, meu corpo me traía... Meu peito ardia por dentro. Minha voz já não saía mais...


Mune mo iki mo kurushiku naru (Estou sentindo dor em meu peito, mal posso respirar)

Semete kimi no namae dake demo (Só queria saber uma coisa)

Shita katta... (Seu nome...)






Faz poucos meses que voltei para aquele hospital. Meu corpo fica cada vez mais fraco. Mas isso não me impede de fugir de vez em quando. Sempre que papai vai trabalhar, saio sem ninguém ver e corro para um campo, ficar admirando as flores, principalmente as rosas azuis que estavam por lá.




Mas um dia eu fui até aquele lugar. Eu estava a observar o pôr-do-Sol, quando podia jurar que alguém me chamara. Evitei virar, pois atrás de mim estava um quartel. Eu temia que algum deles estivesse tentando chamar minha atenção para me matar.

Mas poucos segundos depois, um pequeno avião de papel bateu em meu chapéu e caiu ao meu lado. Abri-o e tinha um pequeno recado.

"Olá. Queria conversar com você, será que poderia vir aqui? Não precisa se preocupar, te juro que não farei nada".

Virei-me e ali estava um rapaz com cabelos dourados e olhos azuis como o mar. Suas roupas estavam manchadas, rasgadas e chamuscadas. Ele tinha mais ou menos minha idade também. Sua boca também estava manchada, sendo essa de sangue.

Aproximei-me do muro de arame que estava nos separando. Peguei aquele mesmo pedaço e, com uma lapiseira que eu sempre carregava em meu vestido, que tem alguns bolsos e escrevi uma saudação e joguei o avião de volta.

Quando me devolveu, finalmente tinha entendido o porquê de seus ferimentos. Provavelmente esses "mais velhos" eram os policiais e as pessoas mais violentas.

Mas... Papai me disse pra não ficar com ele, dizia que esse garoto era muito perigoso. Esse garoto parecia tão fofo, engraçado... Não parecia uma pessoa má... De vez em quando, antes de eu ficar com problemas nas pernas, ele me levava ao seu trabalho e me mostrava como eles eram: brigões, violentos, cheios de músculos... Ele não era assim. Era franzino, alegre. Consegui me apaixonar à primeira vista... Ficamos um bom tempo trocando mensagens por aquele aviãozinho de papel, ficamos amigos.

Mas o Sol começou a dormir, então mandei minha última cartinha e voltei correndo ao hospital, com medo de que papai chegasse antes de mim. Tropecei e ouvi sua bela voz mais uma vez, perguntando se eu estava bem.

Queria dizer "nunca estive", mas temia que minha doença também te afastasse de mim. Sorri e tornei a correr, com medo de que ele acabasse se machucando mais com os policiais.

Tinha medo de que meu corpo vacilasse mais uma vez e eu acabasse desmaiando ali. Quando alcancei o meu quarto no hospital, peguei no mesmo instante a agulha que tinha meu soro e pus rapidamente de volta no meu pulso.

Doeu um pouco, mas não posso chorar, senão papai pode desconfiar de mim. Me cobri, guardei meu chapéu e coloquei meu cachecol e as cartas sob meu travesseiro.

Uma enfermeira entrou no quarto com meu jantar. Pedi para que abrisse minha cortina para que eu visse as luzes da cidade surgindo. Cada lugar tinha uma iluminação com diferentes padrões nas janelas.

Era um futuro brilhante para mim, pensei. Seria, se não fosse tão doloroso e falso... Meu único problema é meu amor que sinto pelo garoto. Não sei o nome dele, idade, como ele realmente é...

Mas será que nós não devamos fazer isso? E se ele for pego e sofrer mais ainda? Por que isso é tão difícil para mim? Eu não consigo entender...


Mai nichi byooin wo nuke dashi (Todo dia, quando papai ia trabalhar)


Papa no shigoto ba de (Eu fugia do hospital)

Kimi ni au no ga watashi no subete de (Eu sempre vou ficar com você)

Kimi no tegami wo yomu to kokoro ga (Toda vez que suas cartas leio)

Atataku naru (Meu coração sente avisar)

Hoho wo someta korega koi nanoka? (Como podemos esconde nosso amor?)


Dakedo papa wa yuu kowai kao (Mas papai diz ter medo do garoto)


Aoko ni wa atcha dame? (Você não acha que não devia fazer isso?)

Watashi niwa wakara na katta (Eu não entendo nada)


Anata ga iru nara sore dake de (Tudo que preciso é ficar do seu lado)


Ikite iru imi ga aru? (O que há de tão errado nisso?)

Hikari no sasa nai kono heya de (A luz de fora que entra nesse edifício)

Mirai wa kagayaite ita yo (E mostra um doloroso e falso futuro)


Os dias iam passando e todos os dias íamos nos falando. Mas me deixei me levar mais ao amor e ele acabou sendo descoberto... Tentei evitar deixar rastros que pudessem ferí-lo, mas papai me levou a outro hospital e fugi para entregar minha última carta, fazendo de tudo para que não deixasse lágrimas caírem.


Ele lia incrédulo, me olhando assutado, como se não quisesse me deixar. Então abriu e cantou uns versos.

Matsuyo itsu made mo matteru yo! (Espere um momento, você é minha parceira!) Kimi ga kuru sono hi made? (Você não vai voltar?) Tegami wa daiji ni nakusazu ni itara (Eu cuidadosamente mantinha todas suas cartas) Mata aemasu yone? (Vou esperar até você voltar novamente, ok?).

Não me conti e comecei a chorar no caminho de volta. Então, meu chapéu voou para longe e no horizonte eu via o rapaz, sorridente.

–Estou desesperada para voltar a você, mas fomos descobertos... Agora começo a sentir que aqueles mínimos passos que eu tomava até você agora são enormes distâncias. A morte está quase me chamando... O que você fará se eu partir? Não quero que ame outra, por isso deixei aquele avião com uma mensagem triste, só que não queria mais mostrar lágrimas.

Ao voltar pro hospital, meu pai estava usando seu uniforme da polícia.

–Rin?! Onde estava? Eu estava muito preocupado! Você poderia ter caído no meio da cidade e... - Ele fitou-me seriamente. - Onde você foi? - Ele pegou um pedaço de capim em minha roupa.

–Eu não fui a lugar nenhum, só até o campo. Quis ver as plantas e as rosas antes de partirmos!

–Mentira!! Você foi até aquele garoto, certo?! Já lhe avisei para não chegar perto dele! Não permitirei mais isso, partiremos NESTE INSTANTE! E esse garoto vai ter o que merece por vir paquerar minha pequenina.

–NÃO!! PAPAI NÃO FAÇA NADA A ELE! - Gritei, puxando-lhe a manga do braço.

–Luka! Leve-a para o próximo hospital. Não quero mais que ela tenha contato com o mundo exterior.

–PAPAI!! - Fui puxada para dentro de uma ambulância que não era do hospital o qual eu estava.

O que posso fazer agora? Não posso mais me mover, minhas pernas simplesmente pararam, estou cada vez mais fraca, minha respiração estava mais lenta, estava difícil respirar. Eu estiquei minha mão à última carta que ele me mandara, pertando meu peito, que estava bem fragilizado, contido não alcancei a mensagem a tempo... Meu coração... Parava...

Eu observava a luz que vinha de fora se extinguindo na rosa azul que eu trouxera comigo e nessa pouca iluminação, eu via seu sorriso. Como eu queria mudar o destino para que pudéssemos estar juntos.

Eu só quero suas cartas, suas emoções expressas em um pedaço de papel. E agora, minha luz também vai diminuindo e papai não está comigo, assim como você.

–Eu tenho... Que voltar até... Ele. - Apertava cada vez mais minhas roupas, sentindo cada batida de meu coração ir mais devagar. - Por favor... Se... Eu morrer... - Minha mão não estava mais movimentando-se, assim como meu coração. Meus olhos fechavam aos poucos, sem forças.


Hikari no atara nai hana wa tada (Não há mais nenhuma luz para iluminar aquela flor)

Karete ku no wo matsu sadame (Nós não podemos mudar o destino)

Anata ga kureta tegami dake ga... (Só quero as cartas que me deu...)

Watashi ni hikari wo kuretan desu (Minha luz está diminuindo)



Moo kasunde tegami mo yome nai yo (Até pensei que sou fraca)

Heya ni hibiku miku shitsu na oto (Eu mantive cada único suspiro)

Onegai moshi korega saigo nara... (Se este for o último momento...)

Ikasete anata no moto e... (Por favor, se eu morrer...)


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido hihi
Depois volto a postar séries pequenas com esses dois e a criação de Romeo & Cinderella com a Gumi Uchiha-chan :3