Spirit - Survival Game escrita por Doriko Megurine


Capítulo 4
Sentimento Humano


Notas iniciais do capítulo

Agora é POV da Yuuki



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E aqui estamos nós novamente...

Oi, me chamo... ehr... como era mesmo...? Ah sim! Yuuki! Bem, pelo menos, é assim que me chamam... ou que Ele me chama. Mas isso não importa agora.

Passei pela porta da escola e tive a impressão de ouvir um barulho estranho, como um disco de Zephyrus... ou um videogame... no caso dos humanos.

–Mas o que...? – Sussurrei, ao ver a criatura diante dos meus olhos.

Era um garoto de mais ou menos 16 anos. Ele tinha os cabelos negros. Usava roupas que estava na moda... moda humana, digamos assim. Ah, ele estava vidrado em um videogame. Parecia que o mundo inteiro não existia mais.

–Oi... Ô moleque...? – Falei, me aproximando do menino.

Para minha surpresa, ele respondeu.

–Hm? Alguém me chamou? – Disse ele, ainda jogando.

–Você me ouve... mas não me vê!?

–Não, eu estou vendo você. Na sua... aparência humana... Yuuki...

Peraí! Como ele...?

–Não está me reconhecendo, darling? – Ele se virou, revelando olhos azulados que brilhavam muito. Pareciam dois faróis do Besouro Verde vistos por pessoas daltônicas. De repente, sua voz começou a ficar mais distorcida... quase virando... sombra...............................? – Eu vou vencer o jogo!!! – Disse a criatura, já com o corpo coberto de chamas azuis, enquanto saltava sobre mim.

–Não!!! Sai de cima de mim!!! – Gritei, enquanto apertava o pescoço dele. – Saaaaaaai!!! – Apertei com mais força ainda. Ele estava bem próximo de mim... uns 8 milímetros de distância. – Me deixa em paz, HYURI!!!!

Assim que gritei o nome daquele espírito, o garoto parou e ficou me olhando com aqueles olhos brilhantes. Já sem fôlego para berrar, soltei o pescoço dele, cansada do escândalo. Ele, por sua vez, tombou em cima dos meus seios. Maldito pervertido!

Eu estava já rouca e suada. Não conseguia mais mover minhas mãos... então, percebi: havia um corte no meu braço. Estava doendo? Sim. Muito? Claro. Eu achava que espíritos não sentiam dor, mas agora... É como se eu estivesse sendo cortada em pedacinhos pela Axus Blade (espada mágica de Masuta), após cometer um crime terrível. Acredite, já vi várias pessoas tendo essa experiência e não parecia muito agradável. Até hoje, Masuta só poupou Cherry, uma duende loira que gostava de se fingir de Smurfette e cantar músicas irritantes, como Quadradinho de 8. Bem, voltando ao meu machucado, o sangue que estava escorrendo era azul claro, como os olhos do garoto.

–Desculpe. – Disse ele, apoiando as duas mãos no chão e levantando as costas. – Regularmente, quando está de noite, eu tenho esses ataques psicopatas. Me desculpe. Por favor.

Apesar de parecer um humano novamente, ele ainda estava muito próximo do meu rosto. Tive medo de como isso iria acabar.

–Por favor! Eu não tenho culpa se eu fui possuído novamente! A culpa é dela! Ela não me deixa em paz! Ela me atormenta dia e noite! Eu não consigo nem mais dormir! – Agora, seus olhos estavam cheios de lágrimas e ele se aproximou ainda mais.

–Tá bom. Não precisa ficar desesperado. Você só tentou me matar. – Falei, com ironia.

–Desculp... – Interrompi-lhe, tapando a boca dele, que já estava se encostando levemente na minha. – Mgftgtfgt?

–Shhhhh! Silêncio! Ouvi alguma coisa! – Tentei ganhar tempo, enquanto via meu ferimento parar de sangrar por um breve momento. Retirei a mão que cobria sua boca e me levantei com força, jogando o moreno na direção de uma cadeira, onde ele caiu sentado.

–Uhhh... – Disse ele, enquanto olhava algo abaixo do meu pescoço. – Me chamo Armin. E você? Nefertiti?

–Não, Tutancamon.

–Pfffft! Você é igualzinha a mim! Sempre tem uma piada!

–Ok, me chamo...

–Alice, né? – Surpreeendeu-me ele, voltando a olhar nos meus olhos.

–Mas o que...?

–A garota que morreu no dia da apresentação da Orquestra de Sweet Amoris! Diz a lenda que a flauta tocou enquanto você despencava do abismo. É verdade? – Ele parecia animado.

–Como... Como você sabe disso??? – Fiquei boquiaberta.

–Ah, por favor! Não se passaram nem dois anos direito e você não reconhece mais seu melhor amigo? Faça-me o favor, né?

–Melhor amigo!?

Memórias estranhas me vieram a cabeça, como flashes das câmeras de Mako (outra duente, só que morena e usava maria-chiquinhas com roupas coloridas, like a restart). Primeiro, esse mesmo rapaz e eu entrando numa sala de aula. Depois, umas garotas estranhas chegaram e começaram a me bater. Eu me espremi na parede apenas sentindo a dor dos chutes nas costelas. Então, aparece ele de novo, ameaçando acabar com a raça delas se não me deixassem em paz. Levantei-me e o agradeci. Nesse momento, pude ouvir o som das vozes, como se estivesse acontecendo em câmera lenta.

–Me chamo Armin. Você é a Alice, não? 

–Como você sabe?

–Ah, meu irmão é muito fã da Orquestra. Especialmente de você! Então, o que acha de... sei lá... tomar um sorvete depois do almoço?

–Ah, legal! E... – Sorri. – ...obrigada!

A imagem mudou para várias cenas em que eu estava com aquele garoto. Bem, não exatamente eu. Meu outro eu. Não era mais Yuuki, não me sentia mais como Yuuki. Me sinto Alice novamente. Armin... Eu senti sua falta.

Meus pensamentos acabaram e corri abraçar meu velho amigo. Ao mesmo tempo que não o conhecia, sentia que já conversava com ele há um tempão. Sentia uma indiferença, mas também uma saudade. E... algo estranho também... algo que eu ainda não havia sentido em forma de espírito: um sentimento humano.


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