Laranja Lima escrita por Jaded


Capítulo 1
Cítrica


Notas iniciais do capítulo

Explicação do título nas notas finais.



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Impotente. Kuchiki Byakuya sentia-se impotente, fraco.

Em seu colo, agarrada igual a uma criança, estava Rukia, respirando falha e dolorosamente.

– Por favor, onii-sama! Apenas por meia-hora, deixe-me ficar nos jardins. – falava manhosamente e conscientemente manipuladora.

– Seu médico foi claro Rukia. Você não foi autorizada a ficar exposta a essas geadas. – doía-lhe recusar um pedido tão simples, mas que no caso, tão perigoso.

No início do inverno, Rukia começou a sentir dificuldade de respirar e dores no peito, sendo diagnosticada com um início de edema pulmonar. De fácil tratamento, porém, sofrido. O tempo seco dificultava para Rukia, deixando-a com muita dor ao simplesmente respirar, e manhosa por não poder aproveitar sua estação favorita.

– O senhor tenta me proteger agora, mas se tivesse feito antes, eu não estaria assim! – maldosa, extremamente maldosa.

Silêncio. Foi o que recebeu em resposta. Afastou-se um pouco de seu irmão para poder ver-lhe o rosto, para olhar em seus olhos, para exercer pressão.

Rukia tinha plena e total consciência do que estava fazendo, e ele também. Atacando seu ponto fraco.

Byakuya suspirou, fechou seus olhos e tentou pensar. Tentar achar um argumento, uma forma de sentir-se menos culpado por sua irmã. Sabia que não poderia ter feito nada para evitar a doença, mas seu orgulho ainda teimava em dizer que poderia ter feito. Grande ego.

E ela sabia, mais do que ninguém, como atingir seu ego e conseguir o que desejava. Pressão psicológica, tortura mental, chantagem.

Impotente. Kuchiki Byakuya era impotente diante de seu orgulho, sua Rukia, sua irmã, sua fraqueza.

– Desculpe Rukia, – acariciava a face de sua protegida ao falar, enquanto essa se deleitava com a carícia. – estou consciente da minha... incapacidade em te proteger, e por essa mesma razão, não irei autorizar que se exponha tanto.

– Byaku-nii... – afastou-se novamente de seu irmão, para novamente, olhá-lo nos olhos, seu último e fatal recurso – o senhor não conseguiu evitar minha doença, mas... se permanecer comigo lá fora, – começou a aproximar seu rosto ao de seu irmão – o senhor poderia, – chegando perigosamente perto, olhou para os lábios dele, então voltou a olha-lo nos olhos e mordeu seu próprio lábio inferior, sentindo prazer ao ver desejo nos olhos de seu irmão – cuidar de mim. – então finalmente beijou-lhe os lábios, sendo correspondido rapidamente por Byakuya.

Rukia movia seus lábios delicadamente, mostrando propositadamente sua fragilidade. Byakuya lhe acariciava o rosto, exigindo mais dela. Sentiu a língua de seu irmão pedindo entrada e negou. Afastou-se de seu amado irmão e olhou-o manhosa e arrogantemente. Sabia que havia ganhado.

Era como se tivesse oferecido a metade de um doce preferido de uma criança a ela, deixando claro que só ganharia o restante se fizesse o que estava sendo pedido.

Manipulado. Embora fosse meio século mais velho que ela, conseguia ser manipulado, mas com prazer. Óbvio que essa parte Rukia não possuía conhecimento. Byakuya já sabia que perderia diante do apelo de sua amada irmã, mas não antes de ter seu gosto. Poderia estar meio século atrás dela em manipulação, mas isso não significada que não o sabia fazer. Dois podem jogar o mesmo jogo.

Rukia o encarava cobrando. Byakuya permitiu-se repousar sua cabeça no espaço do pescoço dela, sentindo seu doce cheiro cítrico.

– Amanhã, por volta de meio-dia, nós damos uma volta pelos jardins. – Deu um meio sorriso e beijou-lhe o pescoço, sentindo Rukia colar mais seu corpo ao dele e soltar um suspiro. Sabia que ela não gostaria de ter que esperar, e ele esperava que ela entendesse e não argumentasse.

Sorrindo, Rukia abraçou mais apertado seu irmão, feliz por ter conseguido o que queria.

Fazendo uma cara um tanto quanto épica, teve um leve ataque de tosse. Byakuya esperou que ela se recuperasse e pegou um cobertor que estava ao lado e cobriu-a.

– Byaku-nii – fazia bico enquanto o chamava adoravelmente manhosa – Por que só amanhã? – se aconchegava mais ao irmão, buscando calor.

Byakuya suspirou. Pensou que Rukia havia deixado isso passar. Óbvio que não.

– Porque está tarde, e a temperatura está muito baixa. Por volta do meio dia a temperatura vai estar menos baixa.

– Hm... Byaku-nii?

– Sim? – falou enquanto voltava a afagar os cabelos da mulher.

– Posso dormir aqui com o senhor hoje? – Rukia perguntou e logo após mordeu seu lábio inferior, esperançosa por uma resposta positiva.

– Não me lembro de alguma vez ter lhe recusado isso. – desde o diagnóstico, Rukia começou a dormir com mais frequência com seu irmão, usando a desculpa de necessitar de seus cuidados.

– Desculpe, não queria perder o hábito de perguntar – hábito de manipula-lo. Apenas. Ela adorava fazer isso, e ele adorava ser manipulado por ela. Sua irmã era tão adorável.

Manipuladora. Era o que Kuchiki Rukia era. Docemente manipuladora. E Kuchiki Byakuya adorava provar de tal doce... e por vezes de seu salgado; sorriu maliciosamente com o pensamento, enquanto ajeitava ambos em seu futon para dormir.


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Notas finais do capítulo

Laranja lima (tbm conhecida como laranja serra d'água) é cítrica como todas as laranjas, mas não é tão ácida e nem tão azeda, é doce.
Acho que esse título descreve a Rukia aqui.
Usei e abusei de advérbios, eu sei.
Estou começando a achar que possuo alguma doença cognitiva...
Espero que tenham gostado. :3
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