Ginger Cat escrita por Naomi Potter


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Katie e Emily são gêmeas idênticas, tem um cabelo castanho escuro e olhos castanhos, uma pele clara quase pálida, mas Emily tem o cabelo mais ondulado que Katie. Elas possuem uma linguagem própria de gêmea também.



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Tinha neve na minha janela, o aquecedor ao lado roncava como um gato, o mármore da janela refletia a luz para o teto branco do quarto, e a luz entrava sem temperatura exata; o cobertor xadrez fazia ondas pela cama como um mar furioso e todo o resto parecia dançar numa inanimada valsa gelada. Sabia que nada estava se movendo, a não ser a minha própria respiração que fazia girar a poeira que caía junto da luz. Silenciosamente vou ao quarto de minha irmã gêmea, mas o quarto dela; que era exatamente igual o meu, encontrava-se apenas com a cama desarrumada, mas não havia cartas em cima da escrivaninha. Desci as escadas no fundo do corredor e a encontrei rindo com nosso padrasto em quanto comiam torradas com mel e mais algumas coisas. Mamãe estava preparando panquecas; ela tentava parecer normal de vez em quando, para que nosso padrasto não descobrisse que ela (e nós) éramos, especiais. Vi que ela balançava o pano de prato e o que ela precisava ia lentamente até lá sozinho, mas o fogo estava muito alto, então da porta da cozinha; balancei a mão no sentido anti-horário e o botão do fogão girou sozinho e o fogo diminuiu. Sucesso; se minha mãe não tivesse visto e estivesse me olhando séria, então ela deu um leve sorriso e movimentou os lábios dizendo “Obrigada” discretamente.

–Bom dia Emms !bom dia Josh ! olá mamãe, as panquecas vão queimar...

–Bom dia pequena Katie –disse Josh pegando o jornal e escondendo algo de nós

–Bom dia Katie; o Gael sumiu de novo – abaixou os olhos- aquele gato bobo continua sumindo, vamos para escola hoje, precisamos dizer adeus.

Peguei uma xícara de café com leite da mesa, e com o canto dos olhos olhei a minha irmã gêmea Emily com geleia de amoras azuis no canto esquerdo da boca. Dei um risinho e fiz o sinal para que ela o limpasse. Ela apenas riu e limpou.

–Emms ? precisamos de uniformes novos . Meus suéteres estão horríveis. Mamãe ? pode dar um jeito neles por favor ?

–Claro querida. Sem problemas, mas seria melhor eu fazer um outros; comprei linhas novas. – minha mãe disse tão calmamente que eu parecia sentir que a voz dela era mais confortável do que os suéteres.

–Emms, só mais uma coisa... me ajude a enviar as cartas ?

–Claro Katie ! – ela nem me olhou – espere só eu terminar o café.

Terminamos o café juntas e colocamos as louças de porcelana delicadamente na pia e por meia hora ficamos sentadas no meu quarto colocando um maço grande de cartas em seus envelopes, colocando destinatários e remetentes e lambendo selos.

–Katie ?

–Sim Emms ?

–Suas malas já estão prontas ? eu já terminei as minhas.

–Estão quase... sinto que estou esquecendo de algo.

–Livros extras ? camisetas ? calças ? roupas intimas ?

–Não Emms ! eu tenho certeza disso..

–Hum... remédios ? escova de dentes ? escova de cabelo ?

–Minha escova de cabelo ! Obrigada Emms !

–Boba esquecida.

Revirei os olhos sorrindo. Ela sabia sempre como me fazer sorrir pelos motivos mais bobos; e me fazia de boba também. Eu era exatamente igual a ela. O rosto arredondado, os olhos castanhos, pálida, o nariz arrebitado... o cabelo cortado exatamente igual... com mexas desiguais, a franja penteada para a esquerda, e o castanho do cabelo quase loiro. Mas ela era diferente de mim, eu era mais impulsiva, mais agitada, desorganizada... ela tinha muitas qualidades e poucos defeitos. Ela gostava dos animais, e na opinião dela deveríamos ter mais dois gatos e uns cachorros, porquinhos da índia... e na minha opinião, o Gael (o nosso gato alaranjado de olhos azuis) estava ótimo.

–Terminamos as malas e as cartas Emms, mais alguma coisa ? – perguntei enrolando a mesma mecha do meu cabelo que eu sempre mexia.

–Não. Agora é só passar comprar os livros e as vestes e estaremos prontas para a nova escola.

–Estou com medo Emms. Iremos ficar longe deles por um bom tempo, com estranhos.

–Eu também estou Katie. Mas temos uma a outra certo ?

–Certo. E nunca iremos abandonar uma a outra.

–Nunca.

Eu a abracei como se só eu estivesse partindo. Pegamos as malas e descemos as escadas para pegar um lanche para a viagem. Eu peguei uma foto de natal nossa de quando fomos visitar o Caribe. Na foto havia mamãe Josh abraçados rindo junto de mim e a Emms. Eles estavam rindo porque o Gael havia se assustado com o flash e estava abraçado a Emms, apavorado. E eu olhando para baixo porque a bola do meu sorvete havia caído quando ele se assustou.

Josh estava pondo as malas no carro e eu fui colocar as cartas na caixa do correio. Havia uma coruja em cima dela. Era uma coruja das torres muito bonita, eu cheguei a fazer carinho nela de tão dócil. Quando uma mão gelada tampou os meus olhos.

–Adivinhe quem é – sussurrou uma voz conhecida

–Eu não sei, mas caso o dono dessa voz conheça Peter Blake; avise que eu estou indo para uma escola muito longe daqui, para passar um bom tempo lá; que sentirei saudades dele e que eu exijo que ele me mande pelo menos uma carta por semana.

–Katie ! não teve graça ! você sempre sabe que sou eu. E é claro que eu vou mandar cartas para as minhas melhores amigas. Tom Ewan mandou dizer que só poderá mandar uma por mês durante o castigo dele por ter quebrado a janela da senhora Campbell. E Rebecca Young vai mandar os bolinhos só na semana que vem.

–Peter, você é meu melhor amigo. Me prometa nunca irá me esquecer. – eu disse olhando para a jaqueta jeans dele, que me chamara muita atenção sobreposta a camiseta cinza escura.

–Katie, eu lhe prometo. Se sente melhor agora ?

–Não. – e o abracei- agora me sinto melhor. Vá se despedir da Emms... ou não vai sentir falta dela ?

–Claro que vou ! Katie, você é a Emms clonada ! Preciso dar um abraço na original também

–Cai fora logo daqui então.

E ele saiu rindo olhando para cima. Ele era meu melhor amigo desde do inverno que eu e Emily mudamos para esse bairro. Nós havíamos ido fazer anjos de neve, quando as crianças do bairro decidiram fazer uma guerra de bolas de neve. Eu e Emily nunca havíamos participado de uma porque Josh tinha medo que fôssemos atingidas e machucadas. Então, eu e ela entramos em pânico sem saber o que fazer; quando Peter surgiu e nos puxou para seu forte de neve improvisado com gravetos. E nos ensinou a brincar e fazer bolas de neve. Viramos amigos, ele passou a vir em casa nos chamar para guerras de neve, tomar sorvete no verão, passear pelo bairro, nos apresentou alguns de seus amigos... Além de Peter havia também Rebecca, uma japonesa filha do padeiro que sempre nos dava bolinhos, Emma Grace; uma garota loira de olhos verdes que tinha sempre as coisas da moda, tênis, cabelo, bolsa... e Tom Ewan, o garoto ruivo que era muito engraçado, ele sabia tocar violão e era um ótimo escoteiro.

Eu apenas vi Peter conversando com Emily sobre ir embora e ela deu abraço nele. Ele tinha um cabelo louro acinzentado e belos olhos verdes. Ele ajudou Josh a fechar o porta malas e deu um tchau para nós duas e seguiu correndo pela rua. Nos despedimos de Josh e ele nos pediu que não nos metesse com alunos maiores que nós e prestássemos muita atenção nas aulas. Ele não iria com a gente pois ele tinha de desenhar algumas casas; ele era arquiteto, mamãe gostava dele porque ele era um sujeito engraçado e desenhava muito bem. Ele era moreno e tinha olhos castanhos como nós. Ele parecia mesmo nosso pai, na nossa casa todos éramos morenos de olhos castanhos, menos o Gael.


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