Saint Seiya: A Rosa Infernal escrita por Nyahnah


Capítulo 1
A Vingadora




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     Na mitologia grega existem três deusas, conhecidas popularmente como Erínias. Alecto, aquela que desperta o sentimento da culpa nos humanos. Tisífone, a castigadora. E Megaera, a vingadora. Estas, por existirem desde o começo dos tempos, não eram submetidas a nenhuma divindade e estavam encarregadas de punir os humanos que viveram suas vidas cheias de pecado. A humanidade as temia. Zeus e os deuses olimpianos as repudiavam. Por esse motivo as três deusas viviam à margem do mundo: nas bases do Olimpo.

     Hades, porém, demonstrou grande afeição por elas e as acolheu em seu lar nos Campos Elíseos.

     Megaera, a caçula, sentia muito prazer em gritar os crimes do infrator em seus ouvidos para que ele se lembrasse, mesmo após a morte, o mal que causou enquanto vivo. Assim, envolto por culpa, o infrator seria posteriormente castigado por suas irmãs mais velhas, Alecto e Tisífone.

     Nem mesmo os três juízes de inferno ousavam se aproximar da caçula que se deleitava com tanta dor e sofrimento e era conhecida no inferno como a interminável, pois parecia nunca estar satisfeita com a dor dos pecadores. Ela tinha sua própria justiça e, muitas vezes, demonstrava mais selvageria que suas irmãs.

    

Campos Elíseos, lar dos Deuses ctônicos, século XVIII.

     Com o passar dos séculos, Megaera começou a se perguntar o porquê dos humanos cometerem tantos crimes. Talvez fosse mais fácil se viesse uma ficha com uma lista sobre tudo o que eles faziam enquanto vivos. Deuses sempre fazem o que bem entendem e, mesmo ela não concordando com muitos de seus atos, eles acabam punidos por Nêmesis.

     Ela, então, decidiu ir ao templo do escriba, Lune de Balron. Ao adentrar o recinto, encontrou vários e vários escribas, inclusive o proprietário. Todos sentados e focados em seus serviços.

     — O que uma deusa faz fora do Elíseos? – Perguntou Lune, desinteressado. Ele possuía um semblante jovem, acabara de assumir o cargo de escriba.

     Megaera não era muito boa com rodeios, então foi direto ao ponto.

     — Eu quero ler a vida de uma pessoa. – Seus lábios se moviam com calma e um sorriso se formava à medida que terminava a frase.

     Lune parou de escrever e ergueu a vista, medindo Megaera com o olhar. Ela tinha o rosto infantil, apesar do corpo maduro. Seus longos cabelos castanhos se sobrepunham a sua kamui negra, ornamentada com detalhes dourados. Seus olhos eram de um verde profundo, pareciam duas esmeraldas cravejadas naquele rosto pálido como o mármore que jamais conhecera a luz do sol.

     — E vossa malevolência gostaria de qual tipo de pessoa? – Lune se levantou, ele trajava sua pesada manta negra. O espectro fez um gesto com a mão, indicando o caminho atrás de sua mesa.

     Megaera nada disse, ela seguiu até uma biblioteca onde estavam contidos centenas de livros. Lune, contudo, parecia incomodado com o silêncio da deusa que apenas caminhava entre as estantes, passando a ponta do dedo indicador nas lombadas dos livros. Ela lia cada nome, como se escolhesse o mais adequado ou digno de ter sua vida vasculhada.

     Longos minutos se passaram quando seu dedo finalmente parou na lombada de um livro.

     — Ievan Evans. – Ela puxou o livro da prateleira com muito cuidado e então o abriu.

     Megaera leu por alguns minutos até sentir o olhar vigilante de Lune que a fez parar.

     — Espectro, deixe-me sozinha. – Ordenou irritada.

     Lune a encarou, todos aqueles registros eram importantes demais para ele deixar nas mãos de uma deusa selvagem como Megaera. Nos lábios dela, porém, um sorriso sádico se desenhou lentamente, como se fosse escrito com todos os detalhes possíveis.

     — O que há? Acha que vou destruir a sua biblioteca? HAHAHAHAHA...! – Ela riu por algum tempo. – Eu só me interesso pela carne, não por pedaços de papel. Agora me deixe só! – E lançou um olhar devastador.

     Lune engoliu em seco e seguiu pelo corredor da biblioteca, caminhando em passos lentos, como se aquela deusa fosse atear fogo a suas preciosidades. Chegando a sua mesa, o espectro de Balron se deparou com Minos de Grifo.

     — Que estranho não te encontrar em sua mesa Lune. – Comentou o jovem Minos. Ele trajava sua sapuri negra de Grifo.

     — Uma deusa e agora um juiz do inferno! O que mais falta? – Lune desmontou-se em sua poltrona, jogando o rosto entre as mãos.

     — Você disse “deusa”? Que deusa? – Perguntou Minos interessado.

     — Aquela selvagem! – Praguejou Lune. – Megaera, a vingadora! – Comentou recompondo-se com um gole de água do copo que se encontrava próximo ao ponto onde descansava sua pena.

     — Você diz uma daquelas três deusas que castigam tudo e a todos? – Minos riu. – Agora ela lê a vida dos pecadores antes de puni-los? HAHAHAHAHA...!

     Megaera não retornou ao Elíseos por um bom tempo.


     Um longo período havia se passado quando Megaera finalmente retornou ao Elíseos. Ela comentava o tempo todo com suas irmãs sobre a vida do humano Ievan Evans e de todos os outros que ela havia conhecido através dos registros de Lune. Alecto e Tisífone, por sua vez, não davam a menor importância para as histórias de Megaera.

     Certo dia Megaera anunciou a suas irmãs:

     — Irmãs! Decidi que vou encarnar!

     Essa notícia foi como um xeque-mate. Alecto e Tisífone a repreenderam e até a colocaram de castigo (se é possível...). Ambas eram totalmente contra essa ideia boba de encarnação. Se ela era uma deusa imortal, para que sofrer o destino humano? Mas isso não foi o suficiente para Megaera desistir. Ela decidiu fugir do Elíseos e encarnar como humana para conhecer de perto o motivo de tanto sofrimento, traição e infelicidade.

     Após sua fuga quase mal sucedida, Megaera escondeu seu corpo nas profundezas do Tártaro onde jamais poderia ser encontrado e simplesmente encarnou.


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