Eu estava absorta em meus pensamentos. Não fazia idéia de que horas eram. Meus pensamentos estavam centrados em Jacob. Ri com isso. Por mais que ele fizesse as coisas de errado comigo, eu não conseguia ficar irritada com ele por muito tempo. Quer dizer, até consigo, mas não tem mais graça.

Procurei pela cama e vi que estava sozinha. Não era pra estar sendo assim. Meu pai já não estava encrencando tanto com o Jake, e eu deveria aproveitar da situação e tê-lo por perto pelo maior tempo que eu pudesse, e não ficar expulsando ele do quarto.

Fiquei pensando nisso, esperando que o sono me vencesse, afinal, eu estava precisando mais do que qualquer um de uma boa dormida em paz. Mas eu não conseguia, eu sentia falta do Jacob.

Levantei com a esperança de encontrá-lo ainda em casa, mas isso seria impossível, já que meu pai só estava procurando um motivo pra fazer com que ele voltasse pra casa, e eu dei esse motivo, na verdade, eu mesmo o fiz, expulsando-o.

Saí do quarto olhando atentamente para os dois lados, vendo se eu encontrava alguém. Pelo corredor, ninguém. Devem ter ido caçar. Essa idéia me trouxe uma sede de repente.

Acabei abstraindo e fui lá ver o quarto dos meus bebês. Já que eu não teria o pai deles, pelo menos eu os teria pra mim, pra me consolar por hoje, e fazer com que meu coração se aqueça um pouco. Amanhã mesmo eu vou atrás do Jacob e pedir desculpas pra ele.

O que eu achei mais estranho foi que os bebês dormiram o tempo todo, não acordaram, não choraram. Abri a porta devagar e eles estavam no berço, dormindo que nem anjinhos. E tinha umas fraldas rasgadas e sujas no chão. Hã? Como assim?!

Quando eu abri a porta por completo, eu o vi ali. Esparramado na poltrona, com uma mamadeira em uma das mãos, e a boca aberta.

Meus olhos simplesmente se encheram de lágrimas, ao vê-lo ali, cuidando dos seus filhos. Aquele monte de fraldas devem ter sido tentativas de trocá-los. É, é realmente complicado, eu que o diga. Mas o esforço de minha mãe valeu a pena, eu realmente tinha aprendido, eu acho.

Fui lá e verifiquei se a fralda estava no lugar certo e bem colocada. Estavam um pouco folgadas, e presas com fita isolante, porque com certeza ele não conseguiu prendê-las direito. Ri muito tentando imaginar o meu Jacob trocando as fraldas sozinho.

Peguei primeiro a Ammy e a troquei direitinho. Levou menos tempo do que a primeira vez, mas ainda demorou. E em seguida o Tony, que com a prática eu tinha feito em um tempo ainda menor, meu recorde.

Peguei as fraldas sujas do chão e as coloquei no cesto. Fui na poltrona e tirei a mamadeira das mãos do Jacob e a coloquei na bancada, e em seguida dei um beijo na nariz dele, fazendo com que ele acordasse rapidamente.

- Hã? O que aconteceu? Quem ta com a fralda suja dessa vez? – ele me olhou atônito, com aquela voz rouca desesperada.

- Aconteceu a coisa mais linda do mundo, você cuidando dos seus filhos, mas eu não estava aqui pra ver. – falei com um biquinho triste. Ele me deu um selinho e me abraçou.

- Isso vai se repetir por tantas vezes, que você vai se acostumar de me ver cuidando deles. – e recebi vários beijos pela bochecha e pelo pescoço.

- Desculpa. – me desculpei e abaixei a cabeça.

- Ei ei.. você tinha que ter me dado uma bronca mesmo, eu não iria ter me tocado se você não tivesse me avisado. – ele levantou meu rosto e depositou mais um beijo em meus lábios.

Aproveitei da situação e coloquei a minha mão dentro da camiseta dele, e fiquei arranhando as suas costas. Sim, eu estava precisando meeeesmo de um contato com ele. Tipo, tem muito tempo que a gente não se toca. A última vez foi depois do baile, quando foi a minha primeira vez. Então, não era ‘fogo’ nem nada disso, eu só tava precisando dele perto de mim. Tá, talvez fosse um pouco de fogo mesmo, mas quem liga!

Ele segurou minha mão e me olhou nos olhos. Respirou e falou bem sério.

- Nessie, isso não vai se repetir. Eu não quero que aconteça o que aconteceu de novo. – ele falou frustrado.

- Jacob. É só a gente se prevenir agora. Relaxa vai! – coloquei a minha mão onde ela tava, mas ele a tirou mais uma vez.

- Nessie. Sério, não! Não vai rolar! – ele segurou minha mão.

- Jacob, sério. Você tem que ter uma explicação muito bem dada, porque você não pode simplesmente alegar que não pode. Vai dizer que isso tudo é por causa dos bebês? Não era a lenda mesmo que dizia que os lobos têm que deixar descendentes. Então, QUAL O PROBLEMA? – fiz meu discurso perdendo a paciência e na agüentei no final e acabei gritando. Ele pôs a minha boca e me guiou rapidamente pra fora do quarto dos bebês. Me levou até o ex quarto do meu pai, onde eu estava hospedada e bateu a porta atrás de nós.

Eu fiquei estagnada com aquilo. Sério mesmo. Eu já vi o Jacob perdendo a cabeça, mas nunca tinha o visto chegar àquele ponto. Foi uma visão realmente assustadora.

- QUAL O PROBLEMA? – ele foi falando enfurecido. - QUAL O PROBLEMA? QUE TAL O FATO DE EU QUASE TER TE PERDIDO DA PRIMEIRA VEZ? – ele falou exasperado, gritando e me olhando como se aquilo fosse óbvio. A fura o consumindo e eu fiquei ali, só olhando.

- mas... – tentei começar alguma discussão. Mostrar pra ele que as coisas não seriam daquela forma sempre. Foi um erro, aconteceu. Mas fui interrompida bruscamente.

- Não tem ‘mas’ nenhum, Renesmee. Isso não vai acontecer de novo.

- ISSO O QUE? A única coisa que você me fala é ‘isso’, ‘isso’... mas eu não tenho idéia do que aconteceu. Ninguém me contou nada.

Ele respirou fundo, se acalmou e veio me abraçar. Senti meu ombro ficando molhado. Ele estava chorando. Meu lobo chorando no meu ombro. Era uma coisa até estranha, ele tinha o dobro do meu tamanho, e estava chorando como os filhos dele quando tão com a fralda suja.

- Desculpa, amor. Eu não quis te deixar assim. – afaguei o cabelo dele e fui o guiando pra cama. Lá, eu o abracei e ele começou a se acalmar.

- Nessie, foi tudo muito rápido. – ele falou ainda fungando. – Você voltou do shopping com as meninas, e eu fui avisado. Rapidamente eu estava aqui. Aí você chegou já em trabalho de parto. Estava tudo dentro dos conformes, quando os aparelhos que seu avô conectou em você começaram a ficar mais rápidos, e depois começou a ir extremamente devagar. Foi quando você entrou em coma. O desespero foi total, seu pai estava segurando sua mão tão firmemente que eu pensei que fosse até quebrá-la. Eu estava aos prantos, ajoelhado ao seu lado, pensando na verdade: que aquilo tudo, tinha sido minha culpa.

- Mas não foi sua culpa. Pare de se culpar por isso.

- ... por vários momentos a gente quase perdeu você. Você teve várias paradas cardíacas, seu coração simplesmente parou de bater. Inclusive, em uma das horas, a gente tinha perdido todas as esperanças de você sair daquela. – ele falava enquanto o rosto dele era tomado de lágrimas mais uma vez.

- Mas eu estou aqui agora. Eu to com você, eu estou bem. Não precisa ficar se martirizando assim, amor. Eu nunca ia te abandonar, eu prometi isso, lembra? – falei enquanto dava uns beijos na cabeça dele.

- Lembro. – abracei-o mais ainda. – Eu te amo, Renesmee Cullen.

- Eu também te amo, Jacob Black.