A galera está toda reunida na saída do colégio...

(Dinho) – Lia, eu posso falar com você?

(Lia) – NÃO!

(Dinho) – Obrigada pela atenção... vamos então?

(Lia) – Ohh garoto, além de idiota você também é surdo? Eu já disse que não!

(Dinho) – Anda minha marrentinha, é importante...
vem?

(Lia) – EU JÁ DISSE UM MILHÃO DE VEZES PARA VOCÊ NUNCA MAIS ME CHAMAR DE MARRENTINHA... MUITO MENOS DE MINHA MARRENTINHA.

(Dinho) – Tudo bem, desculpa, mas...

(Jú) – Vai lá Lia, não custa nada ouvir o que ele tem a te dizer...

(Fatinha) – Vai logo Lia... vai, deixa esse orgulho de lado e vai, nós sabemos que você quer ir...

(Lia) – Jú? Fatinha?

(Lia olha para as amigas que consentem com a cabeça)

(Lia) – Tá, vamos lá idiota... Ah, mas vamos para
onde?

(Dinho) – Pode ser por aqui mesmo, mas vamos mais
ali ao canto... ou você prefere um lugar mais tranquilo, tipo a praia?

(Lia) – Tá... pode ser... na praia!

(Orelha) – Será que vamos ter uma edição especial do TV ORELHA? A reconciliação do Dinho “O O O O Pegador” e da Lia “A Roqueira Gostosa”?

(Jú, Gil,Fatinha,Pilha,Fera) – TOMARA!

(Jú) – É gente, tomara mesmo que eles se acertem... já se passaram três meses, eu não aguento mais ver a Lia triste e saber que ela chora escondido e não poder fazer nada...

(Fera) – Se ela chora escondido, como é que você sabe Jú?

(Jú, Gil, Orelha, Pilha, Fatinha) – Ehhhh Fera!

(Jú) – Eu sei porque eu conheço a minha amiga e percebo os olhos dela bastante inchados.

(Pilha) – Galera eu não sei se vocês repararam, mas a Lia nem toca no nome do Dinho... ela só chama ele de Adriano, idiota e por aí vai...

(Fera) – Isso quando ela fala dele, porque a Lia evita ao máximo tocar no assunto.

(Gil) – A Lia ainda está muito machucada, magoada... ela demora tanto para confiar em alguém e quando finalmente consegue abrir o seu coração e os seus sentimentos, acontece tudo isso...

(Fatinha) – O Dinho também está péssimo, eu sei que ele errou, mas ninguém pode duvidar que ele ama a marrentinha dele de verdade.

(Orelha) – Eles estão saindo! Eu não posso perder isso... vamos atrás deles galera?

(Jú) – Claro que não! Deixa eles conversarem a sós...

(Orelha) – E quem disse que a conversa deles não vai ser a sós? Nem a Lia e nem o Dinho precisam nos ver...

(Jú, Gil, Fatinha, Pilha e Fera) – Combinado!

(Lia e Dinho chegam na praia. Em seguida o resto da turma também chega e se esconde)

(Lia) – Pronto, chegamos! Agora diz logo o que você quer, porque eu não tenho o dia todo!

(Dinho) – Lia, me perdoa, eu...

(Lia o interrompe)

(Lia) – Adriano, eu não acredito que você me trouxe aqui para isso... eu só vim porque você me disse que era importante...

(Dinho) – Calma, me escuta, por favor... é importante sim...

(Lia) – Então fala.

(Dinho olha fixamente para Lia)

(Dinho) – Lia, tome cuidado! A Valentina é perigosa, está com muita raiva de você porque eu não quis ficar com ela, mesmo depois de você ter terminado tudo comigo.

(Lia se senta na areia e observa o mar)

(Lia) – Obrigada pela preocupação, mas eu sei me cuidar! Posso ir?

(Dinho senta ao lado dela e coloca sua mão por cima da mão da roqueira)

(Dinho) – Não, espera...

(Lia olha para a mão dele sobre a sua, mas não a retira. Ao sentirem suas mãos se tocarem depois de tanto tempo, ambos sentem algo inexplicável)

(Lia) – Será que é tão difícil para você entender que eu não quero mais papo contigo?

(Dinho) – Claro que é... eu te amo...

(Lia tira bruscamente a sua mão debaixo da mão de Dinho)

(Lia) – Já disse para você não repetir isso nunca mais...

(Dinho) – Será que é tão difícil para você acreditar que eu te amo?

(Lia) – Sabe o que foi difícil, Adriano? Foi te ver aos beijos com aquela argentina de quinta categoria, enquanto ainda namorava comigo... difícil foi saber que você ficou de romancezinho aquela viagem
inteira com ela, enquanto eu estava aqui sozinha, triste, revoltada, enfrentando todos aqueles problemas, e em um momento de extrema carência e idiotice acabei caindo na armação do Lobo, e você lá em Paraty só curtindo, e pior, depois que você voltou de viagem, agiu como se não tivesse acontecido nada, você não teve nem a dignidade de me contar a verdade, me enganou durante semanas, deixou eu saber disso tudo através dela, daquela forma humilhante, mesmo depois de tudo o que a gente tinha passado, tinha enfrentado para ficar junto... isso sim foi
difícil... você não imagina quantas vezes eu senti nojo de mim, quando eu lembrava dos seus beijos, das suas carícias, do seu toque na minha pele... porque sabe-se lá com mais quantas você ficou nessa viagem, com quantas você não ficou aqui mesmo no Rio, debaixo do meu nariz, e eu não percebia, pelo simples fato de confiar em você... COMO EU FUI BURRA!

(Ela disse em lágrimas. Nesse momento Dinho também não aguentou e desabou em lágrimas)

(Dinho) – Eu já te disse que foi ela que me agarrou aquele dia...porque ela viu você se aproximando e me beijou... mas na viagem...

(Ele abaixa a cabeça)

(Dinho) – Eu errei, errei muito contigo... por isso te pedi perdão mais uma vez, e vou pedir quantas vezes forem necessárias, até você me perdoar. E você não foi burra não... o único burro aqui sou eu, que coloquei o nosso amor em risco por causa de uma aventura sem importância... você não tem noção de como cada palavra sua agora está me fazendo perceber o quanto eu fui canalha contigo... e você não merecia isso... mas uma coisa eu te afirmo:

(Ele olha dentro dos olhos de Lia)

(Dinho) - Até aquela viagem eu nunca, ouviu bem, eu nunca tinha te traído. E depois só aconteceu de novo aquele dia que você viu, e eu te digo de novo, foi ela que me agarrou de propósito só para você ver.

(Lia) – Aquele dia pode até ter sido ela que te agarrou, mas e na viagem? Foram os dois, né? Se foi paixão, atração, coisa de momento, carência ou amor...eu não quero saber! A única coisa que eu quero saber: Porque você não me contou quando chegou de Paraty? Porque não foi sincero comigo? Você não acha que o mínimo que eu merecia era saber a verdade por você? Eu confiava tanto em você, no seu amor por mim...