A Garota Do Café escrita por Reky


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem (:
Está muito fofa e melosa, e talvez meio confusa, mas foi escrita com carinho. Não vou escrever nas notas finais, porque algo mais importante estará lá (e então vocês irão decidir se farei uma continuação), por isso espero que comentem. E coloquei 'ele' e 'ela' ao longo de toda a Fic, porque inicialmente fiquei em dúvida se faria uma Original ou na categoria de Harry Potter (tendo a ideia surgido em HP) e se seria Scorose ou Dramione. No fim, decidi por Scorose, mas acho que os Dramiomaníacos também podem ler, já que o nome das personagens só aparecem uma vez na Fic.
Comentem dizendo se gostaram, se querem a continuação ou não. E, se quiserem, de qual dos finais. Estava pensando em não fazer continuação do Final Alternativo, mas vai que dá...
Enfim, amanhã farei uma cirurgia - nada de grave - mas terei de ficar um mês de repouso. Espero que nesse meio tempo consiga atualizar as outras Fics (:
Por favor, comentem!
Beijinhos,
Reky.
PS: Isso nunca foi betado (ainda mais considerando que foi escrito no WordPad, já que meu Word está de mal comigo).



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Ela o observava de longe há quase quatro anos. Seus cabelos um pouco mais cumpridos do que o normal - chegando, um tanto desarrumados, até a base de seu pescoço -, os olhos cinzentos como o céu constantemente nublado de Londres, a face angulosa - porém delicada - e seus traços ferinos de um rapaz que mal havia completado os vinte e três anos. O pequeno cigarro que vez ou outra pendia de seus finos - quase inexistentes - lábios também a atraía. E ela realmente não sabia o porquê disso, já que sentia repulsa pelo cheiro do tabaco desde a infância. Entretanto, por alguma razão, vê-lo fumando era bonito. Um pouco reconfortante, até; trazia-lhe uma sensação de familiaridade. E ela não conseguia desviar seus olhos dele, estivesse ele fumando ou passando os finos e frágeis dedos através dos platinados cabelos desalinhados. Uma vez ele a pergara no flagra e ela desviara os olhos mais que rapidamente de sua figura encolhida entre diversas blusas de frio. Ele exalou a fumaça, tirou o cigarro da boca e lhe lançara um sorriso de canto, voltando-se para o livro que lia em uma não-tão-distante mesa da cafeteria na qual haviam se conhecido - se é que é poderia falar isso.


Mas o que ela não sabia é que, a partir daquele dia, ele passara a observá-la mais atentamente também.

É claro que ele já a vira nas tantas outras vezes que havia ido àquele lugar. Era a cafeteria mais próxima do loft que alugava e a que havia o café mais saboroso em toda Londres, segundo ele. E, coincidência ou não, naquele primeiro dia ela já estava ali, lendo um livro em sua mesinha com um arranjo de enfeite e, vez ou outra, bebericando sua bebida quente - de longe, ele não sabia se era um chocolate quente, capuccino ou café, mas ela tinha cara de apreciar um bom grão. À primeira vista, ela não tinha nada demais. Então, a mulher - ela tinha cara de criança e corpo de mulher! Como era isso possível, senhor?! - levantou rapidamente os olhos do livro e lançou-lhe um pequeno sorriso tímido ao perceber que estava sendo observada. Ele retribuiu o gesto e se voltou à própria bebida. Só isso. Depois do ocorrido, ele voltara mais algumas vezes ao estabelecimento, mas nunca mais a vira. Até que um dia, cerca de um mês e meio depois de seu primeiro contato - se é que poderia falar isso - ela voltou a frequentar o café. E, desta vez, aparecia todos os dias pela manhã, lá pelas oito e meia, com um livro debaixo do braço, uma boina por cima dos castanhos e cheios cabelos esvoaçantes e um pequeno óculos de aro fino e preto equilibrado em cima do delicado nariz de menina.

Mais intelectual, impossível.

Geralmente, ele preferia as mulheres feitas, mais velhas e maduras. Mas aquela menina - céus, ele não sabia o que diabos ela era! - transbordava sensualidade e maturidade. Até seu perfume o agradava! E ela deveria ter o quê? Menos de dezenove anos, com certeza. Garotas mais novas, definitivamente, não eram para ele - o homem concluira, certo dia, decidindo esquecer toda aquela obsessão que estava criando pela estranha do café.

Então, no dia seguinte, ela surgiu com o mesmo livro, a mesma boina e o mesmo óculos. Mas com uma meia calça cinza de linhas grossas, um mocassin preto, uma saia vermelha plissada até pouco acima dos joelhos, uma folgada blusinha preta, um cardigã escuro e um cachecol enrolado no pescoço. E ele se arrepiou inteiro com aquela visão. Uma mistura perfeita entre menina e mulher, logo ali, há algumas mesas de distância. Teve de evitar lamber os lábios. Mas que diabos!

Ele percebeu quando ela soltou uma risadinha por trás do livro, provavelmente pensando que havia acertado em cheio.

Ah, e como acertara...

Mas ele simplesmente não tinha a coragem de se aproximar da garota, tomar um bom café ou o que quer que fosse com ela. Uma menininha, pelo amor de Deus! Onde ele estava com a cabeça?

– Você é atraente - sua melhor amiga, Emily, dissera a ele uma vez em um pub, soltando uma baforada de cigarro em seu rosto. Ele tossiu. - É claro que ela se sente atraída por você, seu babaca.

E então ela se virou para beijar a namorada.

Emily tinha essa mania irritante de chamar a todos de quem gostava de babaca. A única pessoa que, talvez, escapava de sua boca feroz era Annie, a alma gêmea de Em. As duas se conheceram em um barzinho alternativo alguns anos atrás, dormiram juntas uma ou duas vezes e desde então não se desgrudavam mais.

E ele tendo suas várias e várias mulheres mais velhas enquanto isso. Uma vez até tentara convencê-las a fazer um ménage (ele estava completamente bêbado no dia e, talvez por isso, não se lembrava de nada) e Emily achara todo aquele papo tão absurdamente ridículo que roubara as chaves de casa dele, obrigando-o assim por ter que dormir em um banco de uma praça qualquer. Completamente bêbado. Em pleno outono londrino.

Ah, o amor fraternal...

De qualquer forma, um dia ele decidiu que investiria na garota do café. Não sabia porque tinha todo aquele temor em se aproximar dela - apesar da óbvia diferença de idade -, já que nunca, jamais tivera problemas em conversar com as mulheres que queria. Ele tinha confiança em si mesmo. Afinal, era estupendamente belo, sabia. Já disseram isso a ele, certa vez. Estupendamente belo. Ele acreditava que, se um dia caísse à beira da depressão e nada mais funcionasse, de forma que tivesse de entrar em um daqueles decadentes sites de relacionamento, descreveria a si mesmo como estupendamente belo. E as mulheres todas veriam, pela foto de seu perfil logo ali do lado, que aquilo era verdade.

No entanto, ele nunca precisaria entrar em um daqueles sites, porque ele tinha planos.

Planos para uma vida inteira.

Tudo começava onde terminava: a faculdade. Estava apenas a um semestre de concluir seu curso de administração, embora todos acreditassem que ele só estivesse naquele curso por dois motivos:

a. Seguir os passos do pai (e, consequentemente, agradá-lo), que administrava alguns negócios aqui e ali em Londres;

b. Não havia algo com que se identificasse mais na época de prestar os vestibulares, então assinalou a primeira opção que lhe viera a cabeça; o que, basicamente, foi o que realmente acontecera.

No fim, acabava sendo como Emily dissera no último ano do colegial: administração é o curso mais amplo existente - se você não sabe o que fazer, faça administração.

– É o que todos dizem - concluira ela, dando de ombros.

Certo, ele pensou, depois da conversa toda. Então, em algum momento do curso, eu com certeza decidirei que caminho seguir.

E assim se foram quase quatro anos de estudo e ele conseguira quase tudo o que desejava, menos o rumo que gostaria de tomar pelo resto da vida. Ele dormira com a desejável, sexy e esquiva professora de cálculo, pelos céus! Ninguém mais havia conseguido tal façanha antes (e é claro que, na noite seguinte, quando se encontrou com todos os seus amigos em um bar, ele se gabara do feito).

Isso já era mais um motivo para ele ter que conseguir falar com a garota do café. O que mais seria mais intimidante do que a quase inexpressiva professora de cálculo?

Ele sabia o quê: ter planos para uma vida inteira, mas não ter meios de realizá-los.

Quer dizer, meios ele até tinha - a família tinha dinheiro, afinal. Muito dinheiro. E se ele fosse um vagabundo - preste atenção, não estou dizendo que ele não era -, já teria pegado o dinheiro que seus pais muitas vezes já lhe haviam ofertado e se mandado para bem longe - quem sabe, América do Sul? Ou talvez Austrália.

A Austrália seria legal. Com todos os cangurus e essas coisas.

Mas um dos itens de sua lista de Planos era exatamente fazer seu próprio dinheiro. E como seria possível ele fazer isso com um diploma na mão, mas sem ter prazer pelo que fazia? Aliás, sem saber o que faria.

E para muitos dos itens ele precisaria do dinheiro. Como ir para a Austrália - ou América do Sul -, por exemplo.

Ele queria conhecer o mundo, viajar pelos continentes e conhecer a cultura que cada país diferente abrigava. Queria conhecer as baladas e praias tão comentadas de Cancun, os cassinos de Las Vegas, o Rio de Janeiro, os templos japoneses e as pirâmides do Egito!

Tudo isso só para começar.

E, algum dia, lá para os trinta anos, gostaria de construir uma família. Sei o que está pensando: este cara de vinte anos, nem um pouco modesto, que dormira com metade de Londres e mais saía do que ficava em casa - quer uma família?

Sim, ele quer.

– Quantos filhos?

Ele não saberia dizer com certeza, mas três seria de bom tamanho. De vez em quando, gostava de pensar que gostaria de ter um time de futebol misto. Mas então se lembrava de que seriam muitas bocas para alimentar e que, sem um rumo definido - ainda - para sua vida, aquilo não seria possível nem em um milhão de anos.

– Casa ou apartamento?

Casa, com certeza. Não precisaria ser uma mansão como a dos pais. Apenas um sobradinho branco com um jardinzinho verde e uma casa de árvore nos fundos já seria o bastante, contanto que fosse aconchegante para ele, a mulher e seus três filhos.

Depois das viagens, de curtir curtir a vida e construir uma família, ele queria descansar. Saborear a deliciosa comida da mulher. Deitar com ela na rede que teriam no quintal e ficar balançando e conversando durante a tarde inteira, enquanto os filhos estavam no treino de futebol ou na aula de balé. E então quando eles estivessem mais velhos, contaria a suas filhas sobre como conhecera a mãe deles e a seu filho todos os seus segredos sobre como conquistar uma mulher.

Mas então ele se lembraria da garota do café. De como ele não teve coragem em se levantar e ir conversar com ela enquanto bebiam algo quente para dissipar o frio que estava lá fora. E ela era só uma garota que nem deveria ter concluido o ensino médio e que, mesmo assim, o intimidava mais do que a quase inexpressiva professora de cálculo.

Foi então que ele tomou uma decisão e mudou seus planos.

Quando seus filhos estivessem mais velhos, contaria a suas filhas sobre como conhecera a mãe deles e a seu filho todos os seus segredos sobre como conquistar uma mulher. Mas então ele se lembraria da garota do café e contaria a ele sobre como conquistara aquela mulher-garota em especial e de como um dia, quando os dois tivessem uns trinta anos, eles se casaram e construiram uma família.

Uma ideia boba e provavelmente absurdamente ridícula, como Emily diria, mas foi isso o que o fez criar coragem, levantar-se e se aproximar da mesa da garota do café.

– Oi - ele disse, falando a primeira coisa que lhe viera a cabeça. Imediatamente se arrependeu. Nunca dissera oi para nenhuma mulher que não fosse da família antes!

A menina do café levantou os olhos do livro que lia, aparentemente surpresa ao notar que alguém fora conversar com ela. E então, quando notou quem era, um grande rubor tomou conta de suas bochechas.

– Oh - ela murmurou parecendo engasgar com as palavras. - É você. Quer dizer, olá!
Ele sorriu de canto e apontou para a cadeira vaga logo a frente dela.

– Está esperando alguém? Posso me sentar?

– Não - ela arregalou os olhos. - Espere. Sim. Não. Ah! Não estou esperando ninguém e, sim, pode se sentar...! - Ela fechou o livro completamente embaraçada consigo mesma.

Ele riu internamente e observou o título que ela lia.

– Jane Austen, huh? Não sei porque não me surpreendo.

– Que quer dizer com isso?

– Bom, Jane Austen parece mesmo ser algo que você leria.

Ela lhe lançou um sorriso encabulado, porém encantador.

– É mesmo? Então, quer dizer que vem reparando em mim, não?

– Ah, há bastante tempo. Afinal, já vai fazer...

– Quatro anos - os dois faram juntos.

– Que nós nos conhecemos pela primeira vez - ele concluiu, soltando uma risada.
Ah, se ela tivesse uma câmera fotográfica naquele momento...

Mas ela ainda não entendia como diabos aquilo havia acontecido. Em um momento, estava tranquilamente lendo seu livro, vez ou outra lançando olhares na direção em que ele estava sentado, suspirando enquanto ele não olhava, e de repente lá estava ele conversando com ela! Discretamente, até se bislicou. Tudo aquilo era bom demais para ser verdade!

Ele lhe estendeu a mão.

– Scorpius Malfoy.

Ela sorri e estende a sua, apertando suavemente a dele.

– Rose Weasley.

– E esse outro livro aí? - Ele indicou, apontando para a sua direita. - Nunca reparei que havia mais de um.

– Ah, sim - ela corou um pouco, pousando a mão sobre a capa verde esmeralda do livro. - São apenas algumas coisas, anotações, que escrevo vez ou outra.

– Oh, vejo que temos uma menina culta aqui!

– Por favor, não diga isso! - A morena implorou com os olhos. - Não me chame de menina, por favor...

– Mas é o que você é, não? Uma menina...

– Não nego isso... - ela disse, olhando para os próprios joelhos. - É só que... Não gosto que você me veja como uma menina.

– Oh - ele respirou. - Então, como quer que eu a chame, garota do café?

Ela sorriu. Ele a havia apelidado como garota do café? Será que a chamava assim em seu subconsciente?

– Gostaria que me chamasse pelo nome. Rose.

– Está certo. Rose será. - ele sorriu, apoiando o queixo nos dedos entrelaçados. Seus olhos criavam leves vincos, ela reparou. Ele deve sorrir bastante.

– E, você sabe, eu não são assim tão mais nova do que você.

– Não? - ele questionou, ao que ela abanou a cabeça.

– Faço dezenove semana que vem - o louro arregalou os olhos cinzentos. E ele achando que ela tinha dezessete!

– Me enganou direitinho com esse rostino rosado - ele acenou com a cabeça para as bochechas coradas dela (o que a fez corar ainda mais, por sinal). - Essas meninas de hoje em dia... Mas me conte o que pretende fazer da vida.

– Quero fazer um curso de escrita criativa no semestre que vem, se tudo der certo.

– Quer dizer que escreve também?! Meu Deus, o que você não é capaz de fazer?

Ela remexeu-se desconfortavelmente em seu lugar.

– Na verdade, cozinhar é meu ponto fraco.

– Uhm...

– O que foi?! - ela perguntou rapidamente, acreditando ter dito algo errado.

– Não tem problema. Acho que dá para viver sem o "saborear a deliciosa comida".

E ela riu com ele mesmo sem saber do que a piada se tratava.

E, naquele momento, aquilo bastou para que ele soubesse que aquela garota do café seria a mulher da sua lista de Planos algum dia e que, quando tivesse seus quarenta e tantos anos, iria contar as suas filhas como a conhecera - naquele longínquo dia - e ao seu filho como a conquistara, mesmo que tivesse dito oi para ela.


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Notas finais do capítulo

FINAL ALTERNATIVO
Então, o sininho da loja a fez desviar a atenção da conversa por um mísero segundo. Ela levantou os grandes e brilhantes olhos castanhos e sorriu ao ver um casal se dirigindo até o balcão para fazer seu pedido. Ia comentar alguma coisa com o homem a sua frente, mas de repente ele não estava mais lá. Simplesmente havia desaparecido.
E ela sentiu algo pequeno, cilíndrico e duro em sua mão direita - a mão que escrevia. Olhando ao longe, viu que o homem louro ainda bebericava o café em sua mesa, afastando o vapor quente do rosto com sua respiração e olhava atentamente o relógio acima do balcão de pedidos.
O coração dela se apertou um pouco ao notar que, ao contrário de suas fantasias, ele realmente nunca havia reparado nela.
Ela fechou o livro depois de relancear os olhos sobre a última linha que escrevera. Teve vontade de chorar. Rapidamente, juntou suas coisas em seus braços e se dirigiu até a saída do estabelecimento. Quando o sininho tocou, o garoto do café nem ao menos olhou naquela direção.
Estava frio lá fora.
E em um pequeno caderno que havia caído do abraço apertado de uma garota apressada e que acabara virando para baixo, desajeitadamente, embaixo da cadeira onde ela antes estivera sentada, estava escrito:
'E então, criando coragem de seu interior, ele a convidou para tomar café...'

*continuação no meu perfil: O Garoto Do Café! *