Já era quase meia noite. Uma brisa forte e fria balançava os fios de cabelos ondulados, castanho-avermelhado de Marie. A jovem já estava um tanto ofegante, dando passos rápidos e curtos. Com um bebê sonolento de pele alva, alinhada ao seu peito. E com uma mão segurava uma bolsa amarela de tamanho médio, que tinha alguns ursos e borboletas enfeitando a mesma.

Marie estava indo em direção ao cais de Portofino, cidade que sua amada e falecida mãe nasceu. Com um suspiro repleto de tristeza e cansaço sentou-se em um banco de madeira que havia ali. Colocou a bolsa ao seu lado, e ajeitou a bebê em seu colo. A mesma que ameaçava despertar em qualquer momento.

Olhou para o horizonte. Dava para ver uma fina e escura linha d'agua, e alguns barcos de pescas espalhados, que em tempo ritmado -assim como as ondas quebravam na pedra da costa- o farol os iluminava. Também ouvia um barulho e risadas ao longe. Ambos provocados provavelmente por algum bar da vizinhança.

Fechou os olhos por alguns meros segundos, desejando poder ter mais tempo. Desejando que o tempo parasse congelasse. Mais era óbvio que isso não podia e não iria acontecer. Pegou de seu bolso um colar com um pingente em forma de chave, ambos de ouro. E colocou no pequeno e gorducho pescoço da menina que dormia em seu colo.

Um barco parou e de lá saiu um homem -vestido socialmente como se fosse para alguma ocasião muito importante- com a expressão séria. A jovem sabia que agora não tinha par onde correr e se esconder, tinha chego a hora. Levantou-se e foi até o homem, mantendo um metro de distância do mesmo.

Primeiramente entregou a bolsa a ele. E depois olhou para a menina e murmurou lutando contra as lágrimas que com certeza que daqui a pouco cairiam: - Eu te amo e sempre te amarei, por mais de mil anos. - Apertou a menina contra o seu peito e lhe deu um beijo no topo de sua cabeça, logo entregando para o homem em sua frente.