O Mundo Secreto De Ágatha. escrita por Koda Kill


Capítulo 3
O amolador de espadas




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- você acha que eu devo ir?- Perguntei andando de um lado ao outro do chão empoeirado.

 - Eu não sei você quer ir? - Respondeu ele sem nem ao menos piscar enquanto amolava pela decima vez sua espada, com seus cabelos negros e extremamente liso caído na frente do rosto de modo a esconder seus olhos verdes que cintilavam a cada vez que a espada soltava faíscas.

 - Porque você sempre me responde com outra pergunta? - Perguntei irritada fazendo essa pergunta pela trigésima vez só aquela semana. E ainda estávamos na quarta.

 - Eu não faço isso! - Respondeu ele no mesmo tom finalmente parando com aquele barulho irritantemente fino de metal sendo raspado.

 - Claro que faz! – Falei firme me aproximando.

 - Não faço! - Falou ele exaltado cortando a cesta de palha, a qual os criados haviam juntado mais cedo espalhando tudo inclusive algo que parecia um pedaço de folha de melancia e apontando a espada pra mim. - Você quer ir ou não? - Ele guardou a espada levantou-se e se sentou próximo a mim me chamando para descansar ali mesmo no estabulo.  Sentei perto dele, debaixo de cruzado, meu Axolotl ciborge gigante. ( Ele só tem três patas a quarta é um implante.)

- Acho que sim, mas talvez não seja tão agradável quanto eu espero. O que você acha?

- E você pergunta pra mim? - Perguntou ele com a boca cheia de aspargos.

- Viu? Você fez de novo!

- Não sei do que você está falando. - Falou ele enquanto mastigava. E eram os meus aspargos, só pra constar. - Olha de qualquer jeito eu tenho que trabalhar agora, se você quiser ir vá. Não fique colocando empecilhos. - Esse é o problema de Ícaro era mais do tipo faça e depois que o mundo estiver caindo na sua cabeça ai você lida com o problema. - Além do mais tem alguém te esperando no mundo real esqueceu? - E com isso ele desapareceu levando meus aspargos. Cara de pau.

- Aloooooooooooo?? – Chamou alguém do outro lado da linha. Abri os olhos e me vi de volta a sala de estar, em pé ao lado do telefone. Mudei o peso do corpo pro outro pé. – Áaaaaagathaaaaa. – Sabe o que eu odeio? Que estendam meu nome. Ele não é tipo um nome comum, não... Não basta alongar de um lado tem que alongar dos dois. Ninguém diz Ágaaaaatah ou ágathaaaaaaa ou ate aaaaaaaaagatha. Tem que ser aaaaagathaaaa.

- Estou aqui.

- Então você vai ou não? – Perguntou aquela voz enjoada.

- Acho que sim. – Mordi o lábio. Meu irmão passou por mim batendo no meu ombro e soltando um ‘esquisita’. Ah! O amor fraternal. Mas eu apenas ignorei aquilo como todo o resto.

- Certo então ate amanha de noite. Oito horas não esquece. – Botei o telefone no gancho sem me dar ao trabalho de me despedir. Como se Cíntia se importasse com o meu oi ou tchau.

Alias, o motivo pelo qual ela havia me chamado para uma festa na sua casa no sábado a noite ainda permanecia desconhecido e não me cheirava a coisa boa. Mas quem sabe eu não estava louca para dar o troco. Eu não vou correr como uma garotinha assustada. O que quer que fosse eu ia enfrentar.

Voltei pro meu quarto e tranquei a porta sentando na minha cadeira e ponderando se eu iria ou não escrever mais um pouco antes de começar a escolher uma roupa menos idiota pra ir pra maldita festa. Deixei a cabeça pender pra trás e fechei os olhos respirando fundo antes de abrir meu guarda roupa.

Patética, patética, estranha, me deixa gorda... Ah espera... Não, idiota... Não tenho nada que eu quero aqui. Seu vou mesmo nessa festa eu preciso de uma roupa pra acabar com qualquer uma que cruze o meu caminho. Amanha de tarde eu vou ás compras. Mas agora hora de dormir. Troquei de roupa rapidamente, peguei meu caderno, minha lanterna, apaguei as luzes e entrei debaixo das cobertas.

 De volta ao celeiro afaguei a testa de cruzado adorando sentir aquela textura macia e delicada de sua pele na ponta dos meus dedos enquanto ele fechava os olhos em agradecimento e demonstração de carinho. Andei pensativa pelo estabulo ate que pisei naquele pedaço de folha de melancia que escorregara do saco, mas que eu acabei ignorando devido a irritação que eu estava sentindo naquele momento devido a pessoas que eu não vou citar, não é ícaro?

Peguei a folha do chão e a examinei percebendo letras gravadas na folha branca. Assim dizia:

"Estamos em tempos de paz, certo?

Eu sei que sim. Então porque não me encontra na clareira da desolação com seus amigos amanha? Prometo que vai ser divertido.

Ass: Cínica."

Isso não era nada, nada bom. Voltei para a fortaleza à procura de Rafael. Encontrei-o na cozinha conversando com André.

-Ora ora o que temos aqui... – Falou André se levantando e fazendo uma reverencia. Rafael não parecia tão feliz assim.

- Discutindo de novo? – Perguntei a ele ignorando André.

- Você acha?- Perguntou ele irônico. Revirei os olhos.

- Ok eu não tenho tempo pra isso. – Espalmei o papel na mesa. – Temos um convite. Diria ate uma intimação da Cínica, pra amanha de noite.

- Isso é serio? – Perguntou André deixando de lado o sorriso torto.

- Você acha? – Repetiu Rafael olhando de volta para ele de modo debochado.

- Encontrei no celeiro ainda agora. O que me dizem? – Perguntei encarando-os.

- Temos que avisar os outros. – Falou Rafael mexendo inquieto em uma de suas flechas.

- Certo Rafael vá avisar os outros, André vá preparar o arsenal. – Os dois se direcionaram decididos á porta enquanto eu pegava um pedaço de melancia. – Ah e André... Fale com um ferreiro, vou visita-lo amanha. Se for o começo de uma guerra eu preciso estar preparada.

Vou postar aqui a foto de um Axolotl pra quem não sabe o que é isso:


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam do bichinho dela? E do sexy e perigoso amolador de espadas? Parece que uma guerra vai começar e todo mundo sabe, que no amor e na guerra vale tudo.