O Mundo Secreto De Ágatha. escrita por Koda Kill


Capítulo 24
Vaquinhas azarentas.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente demorei? Feliz Natal a todos! Quero agradecer à todas as minhas leitoras - e leitores - que ainda comentam, à todos os fantasminhas que resolveram deixar minha vida mais feliz e a todos que acompanham a história da Ágatha. Ai vai mais um capitulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/318489/chapter/24

De jeito nenhum eu iria pra escola naquela manhã chuvosa. De jeito nenhum mesmo. Eu estava tão aconchegante ali. Poderia dormir o dia todo e seria maravilhoso. E digamos que eu não estava ansiosa para reencontrar Cíntia e seus coleguinhas. Me revirei na cama desgostosa. Me arrastei para o corredor e simulei uma cara de dor.

– Pai posso faltar a escola? Não me sinto nada bem. Acho que foi alguma coisa que eu comi. – Gemi levemente e coloquei meu braço sobre a barriga. Sim eu estava sendo um pouco irresponsável, mas eu mereço um desconto depois de ontem. Eu adormeci rapidamente, mas ainda me lembro da última frase que passou pela minha mente. “Eu nunca vou confessar meus sentimentos ao Dante”.

– O que você tem filha? – Perguntou ele parecendo levemente preocupado enquanto colocava a mão no bolso. O bolso onde ele escondia seu estoque “secreto” de cigarros. Eu não queria que ele fumasse, mas eu já tentei de tudo e nada funciona. Era um caso perdido afinal. Não importava o quanto eu escondesse os maços, ou os jogasse fora, ele simplesmente comprava mais. Ele dizia que eram apenas para “situações de emergência.” Mas a não ser que eu tenha entendido o mal o conceito de emergência – De situações excepcionais para toda hora – a coisa não era bem assim.

– Dor de barriga. – Falei me contorcendo um pouco.

– Tudo bem filha eu ligo pra escola, vá dormir. – Tudo que eu precisava ouvir. Voltei correndo para o quarto e me joguei na cama. Me sentia mal pela mentira, mas eu não estava mesmo muito bem. Novamente o pijama de vaquinhas me fazia companhia como quando eu era menor e passava as manhas vendo desenhos. Mesmo deitada ali e com passe verde para ficar em casa não consegui dormir de novo. Apenas me encolhi no sofá e fiquei vendo tv. Estava uma manhã realmente fria então corri para a cozinha e fiz um pouco de chocolate quente. E por chocolate quente entenda-se Nescau quente. (Lapsos, lapsos).

Conversei um pouco por mensagens com a Mariana e eu percebia que muito aos poucos as coisas estavam voltando aos eixos. “Foi só uma fase ruim Ágatha.” - Disse para mim mesma. Ela apenas me perguntou porque eu tinha faltado e se desconfiou da mentira não falou. Depois ficamos conversando sobre as coisas chatas que estavam rolando no colégio, o que me fez rir um pouco e agradeci mentalmente por ela não tocar no assunto “Dante”. Quando o horário escolar já estava acabando ela mandou uma mensagem dizendo q algumas coisas tinham mudado um pouco por lá. Pensei que era algum tipo de norma, sistema ou professor novo. Mas ela deve ter ido pra casa e esquecido da mensagem, porque não respondeu.

Só não espero que a escola mude pra pior como sempre. Como se já não fosse ruim o suficiente. Gemi em desaprovação só de pensar no que mais poderia ser. Sinceramente não queria nem saber. Melhor não antecipar as más notícias. Preparei qualquer coisa improvisada pra almoçar e coloquei um filme no DVD. Sinceramente eu já tive dias melhores, pensei ao passar por um espelho. Meu pijama de vaquinhas ficava cada vez menor. Parecia que encolhia cada vez que eu mandava lavar. Ouvi um barulho de chaves na porta e meu irmão entrou com um amigo. Pulei de susto e corri de um lado pra outro sem saber o que fazer!

Putz podia ter avisado que ia trazer alguém! Fiquei em pé com os pés cruzados e puxando o vestidinhos pra baixo. Não podia puxar demais e nem soltar! Sorri sem jeito completamente envergonhada. Meu irmão encarava a cena atônito – Grande ajuda mano. – E o amigo sorria desconcertado tentando não olhar diretamente pra mim. Mas eu percebi seu olhar por um espelho.

– Belo pijama. – Disse o garoto. Minha cabeça ficou vermelha feito um pimentão ultrapassado e minha pele se arrepiou com algumas lembranças.

– Fred me espera lá no quarto. – Disse meu irmão. Eu teria ficado brava com ele se não tivesse visto que ele não fez de propósito. Quer dizer, podia ser pior. Ta bom, eu fiquei uma fera. Os passos do garoto ecoaram na casa inteira. – Rubi, eu juro foi sem querer!

– Seu idiota! Você não pensa não? Você sabia que eu tinha faltado, devia ter avisado! – Ralhei ainda puxando o vestido.

– Desculpa eu esqueci! – Apertei o vestidinho furiosa. – Rubi...

– Eu já disse pra não me chamar assim! – Gritei.

– Falando nisso por que você faltou. Não foi por causa do... Do que aconteceu ontem na escola, foi? Você tem que falar com o papai. – Ele me encarava preocupado.

– Eu só passei mal. – Menti.

– Só fale com o papai ok?

– Sai daqui. – Mandei desviando o olhar. Ele ficou um tempo parado ali me encarando e foi embora. Corri para o meu quarto em seguida. Acho que já estava na hora de mandar aquelas vaquinhas irem pastar bem longe. Arremessei o pijama longe e tomei um banho, vestindo uma roupa apropriada para o meu tamanho. Passei uma colônia refrescante e sai do banheiro ainda penteando meus cabelos revoltos.

–Ágatha o que é o almoço? – Perguntou Jules gritando do seu quarto.

– TV! – Respondi irritada. Ou seja, Te vira! O que significa que eu não iria fazer almoço pra eles. Era minha vingancinha. O resto do dia foi meio chato. Só melhorou quando a garoinha que havia caído de manhã se transformou num temporal. Eu simplesmente adoro chuva. Fiquei olhando pela janela por um tempo e depois fui ver o que estava rolando na internet e como sempre não tinha nada demais, ou seja eu fiquei lá até tarde.

A chuva parecia piorar com o passar das horas. Com alguma dificuldade consegui escutar o interfone tocando. Corri para a cozinha sem saber há quanto tempo aquele troço estava tocando e atendi.

– Alo. – Falei esbaforida.

– Oi Ágatha. – Saudou o porteiro. – Tem um rapaz aqui querendo subir.

– Quem é? – Falei mudando o peso do corpo de um lado pro outro. Esperei um segundo ele perguntar.

– O nome é Dante. – Um frio na barriga quase me fez querer vomitar. Passei um tempo em silencio digerindo a informação. – Senhorita Ágatha?

– Hum, manda subir. – Falei desligando o interfone e correndo pro meu quarto. Que droga essa roupa não está nada boa. Penteei meus cabelos e corri para a porta tentando acalmar minha respiração. Escutei as batidas e dei um tempinho, só para não parecer muito desesperada. Quando abri a porta Dante me encarou completamente encharcado. Meu estomago se revirou violentamente. – Dante, o que aconteceu você está bem?

– Hum a gente pode conversar?

– Por que você está todo encharcado? – Perguntei indo no quartinho e pegando uma toalha limpa para entregar para ele. Ele esperou que eu voltasse.

– Só estava passeando por aqui e resolvi te visitar. – Falou ele enxugando os cabelos.

– Passeando nesse temporal? – Perguntei incrédula.

– Você está sozinha? – Perguntou ele olhando ao redor e ignorando minha pergunta.

– Não. Meu irmão está com um amigo lá dentro. – Disse apontando pro corredor. – Porque?

– Podemos ir pro seu quarto? – Perguntou ele inquieto.

– Não, não podemos. – Disse irritada. – O que você quer Dante? – Perguntei cruzando os braços.

– Eu só... – Ele parecia confuso. Arqueei uma sobrancelha, irritada. – Só...

– Só? – Encorajei-o. Ele coçava a cabeça angustiado. – O que houve Dante? – Ele se aproximou me encarando pesaroso.

– Eu só queria que nada disso tivesse acontecido. – Disse sussurrando. Antes que eu pudesse entender o significado daquelas palavras ele me agarrou e me beijou. Tentei afasta-lo, mas eu estava estupefata demais. Eu queria abraça-lo e me permitir sentir seus lábios ressecados, mas eu não consegui. Não completamente. E mesmo que eu não quisesse eu não o afastei. Apenas aproveitei a sensação quente e aconchegante de seus braços ao meu redor e dos seus lábios no meu.

– Dante! – Exclamei quando ele se afastou. – Você não devia ter feito isso!

– Bom, você poderia ter me afastado e não afastou. – Disse se defendendo. Droga, eu sabia que devia tê-lo afastado.

– Foi apenas um lapso! – Menti. Ele me encurralou na parede.

– Então me pare agora. – Disse firme segurando meu pescoço e me puxando. Meu coração acelerou ainda mais e eu apenas o puxei. Queria me chutar e gritar por não conseguir afasta-lo, mas só de pensar em recusar seu beijo, meu coração doía. Quando ele se afastou de novo um risinho fraco tomou conta dos seus lábios. – Porque não me afastou?

– Dante vai embora daqui. – Falei envergonhada e espremida contra a parede.

– Você está certa. – Me surpreendi, pois não estava esperando essa resposta. Ele colocou a toalha em cima do sofá e foi embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Estou indo no caminho certo? Beijocas!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Mundo Secreto De Ágatha." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.