Ele odiava aquelas horas na clínica mais do que qualquer coisa no mundo. Odiava ter de atender alguns dos pacientes mais estúpidos e ainda ter de ouvir as coisas estúpidas que faziam. Porém ele não desejava estar em outro lugar que não fosse ali, na pequena sala de exames 2. Não quando todos os outros lugares o faziam se lembrar dela... Não quando todos os outros lugares o faziam se lembrar de como ele fora covarde.... Covardia essa que acarretou em um casamento de jardim que, pelo horário que marcava no relógio da parede, já estava quase chegando ao fim. Um casamento dela com outro homem... Um homem que não era ele.
Sim, a clínica era um refúgio, mas ao mesmo tempo uma espécie de punição por ele ter desistido da mulher que mais mexera com ele, por ter aberto mão daquela que poderia tê-lo feito feliz. Com a ficha de um paciente nas mãos, House saiu da sala, apenas para pegar mais uma ficha e diagnosticar mais um paciente, e foi pego de surpresa ao encontrar Wilson e Cuddy, do lado de fora, na recepção do hospital.
-House?! - Wilson disse assustado, ao ver o amigo saindo da sala de exames - O que você está fazendo aqui?
-O que VOCÊS estão fazendo aqui...? Não deveriam estar jogando arroz em cima de um certo recém casal? - perguntou mordaz.
Wilson e Cuddy se entreolharam em silêncio, o semblante de ambos sérios e ao mesmo tempo tristes.
-Você ainda não sabe, House? - Wilson perguntou em um sussurro.
-Não sei o quê? - House perguntou, percebendo pela primeira vez o clima tenso de todo o hospital.

-O Chase.... - Wilson respondeu com a voz fraca - Ele.... Ele morreu, House...
House demorou um tempo para compreender o que Wilson acabara de dizer. Por mais que ele tivesse imaginado vários motivos para que o matrimônio não ocorresse, ele nunca desejara algo assim tão trágico.
-Como....? - perguntou chocado com a revelação.
-Acidente de carro.... - Cuddy respondeu, abalada.
-Ele estava indo para a cerimônia quando.... - Wilson nem precisou terminar a frase, House já havia entendido o que havia acontecido e estava estático. Poucas vezes em sua vida ele se sentira daquela forma, sem saber o que dizer ou o que fazer. Por mais que ele judiasse do jovem médico australiano, nos tempos em que o mesmo trabalhara para ele, House não podia negar que nutria uma espécie de carinho pelo rapaz.
A lembrança do médico loiro, sorrindo e falando com seu sotaque inconfundível, foi substituído pela imagem de Cameron solitária e abatida, na cabeça do médico, lembrando-o que de todos na história, ela com certeza era quem mais estaria sofrendo.
-E a Cameron? - House perguntou preocupado.
-Bom... Esperávamos que ela estivesse aqui... - Wilson respondeu.
-Como assim, esperavam que ela estivesse aqui? Ela não estava com vocês?!
-Ela sumiu, House... Assim que soube da notícia... Ninguém sabe para onde ela foi, aonde ela está...
House não esperou o amigo terminar de falar, e sem olhar para trás, saiu para fora do hospital.
Ele mesmo iria à procura de Cameron.



[...]