Uma Realidade Diferente escrita por HumbleLittleFox


Capítulo 9
Capítulo 8 - A ferro quente


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me novamente pela demora pra escrever o capítulo T_T
Eu garanto que essa fic terá um fim, mesmo que demore, ela terá um fim.



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A ferro quente

Anna acordara muito grogue de sono, desejando até ter mais uns cinco minutos naquela cama até que notou alguma coisa pesar sobre sua barriga. Não podia ver porque a escuridão ainda reinava então V ainda estava na cama com ela. Então, curiosa, procurou saber o que havia sobre sua barriga e seu tato encontrou cabelos lisos e algo duro logo em seguida; a máscara e a peruca de V. Ela não pôde deixar de conter um sorriso com o pensamento de que ele tinha a cabeça deitada em sua barriga e, aparentemente, adormecido ainda.

Desceu um pouco mais a sua mão explorada agora onde seria o peitoral robusto do vigilante. Subia e descia de forma controlada e lenta, confirmando que dormia e nem se incomodava com seu toque. Entretanto, parou e se aquietou na cama, fechando os olhos novamente e caindo no sono uma vez mais.


V acordou não muito tempo depois, e remexeu-se com cuidado, surpreso por encontrar sua cabeça pousada sobre a barriga de sua pequena Anna. Por trás da máscara, um sorriso caloroso delineou seus lábios e, com cuidado, levantou-se da cama indo para a cozinha com passos tão silenciosos quanto de um gato; mas assim que abriu a porta e a luz adentrou o quarto, aproveitou para deleitar-se do rosto tranquilo e adormecido que Anna tinha.

Naquela manhã, pretendia fazer um café da manhã e o cronograma especial para o dia todo. Agora mais do que nunca queria passar seus dias junto de sua amada Anna. Oh, mal sabia ela os verdadeiros sentimentos que V nutrira em seu coração, algo que ele mesmo nunca pensou que fosse ser capaz de sentir.

– Oh, amor poderoso! Que às vezes faz de uma besta um homem, e outras, de um homem uma besta. – murmurou para si mesmo enquanto preparava um omelete.

No entanto, sua cabeça inclinou levemente para o lado, seus ouvidos captando o ranger da porta do quarto onde Anna dormia. Logos passos de pés descalços ecoaram e sorriu ao saber que ela estava, finalmente, acordada. Oh, como V estava ansioso por ouvir a voz dela, seu doce sorriso, seus lindos olhos verdes como uma esmeralda! Sorria como um bobo por trás da face de Guy Fawkes.

Bom dia, V. – Anna o cumprimentou, aparecendo na cozinha com um sorriso resplandecente.

– Ah, buongiorno, dolce Anna. – respondeu ele em italiano, o sorriso evidente em seu tom de voz. – Espero que tenha tido uma ótima noite de sono.

Não precisou de palavras para responder. Anna simplesmente moveu-se pela cozinha, cortando desesperada a distância entre ambos, e o abraçou por trás a cintura do vigilante. Era um abraço gentil e caloroso.

V sorriu mais, quase de ponta à ponta, e parou o que fazia para por suas mãos sobre as dela de forma delicada.

– Preparei um café da manhã muito especial para você hoje, minha pequena.

– Oh, V, não precisava... Gostaria que você comesse junto comigo.

E de repente o ambiente ficou tenso. Cada músculo de V rígido e Anna com olhar determinado.

– Minha querida... É com pesar que devo recusar o seu pedido. Ainda é muito... – ele pausou, procurando por palavras. – Cedo para mim. Sinto muito.

O olhar tristonho com o qual Anna devolvera para ele o fizera desejar apunhalar o próprio coração com suas próprias adagas. Procurou o que fazer ou dizer para arrancar um sorriso dela novamente. Não suportava vê-la triste ou magoada mas não podia simplesmente tirar a máscara e acompanhá-la no café da manhã ainda... Mesmo que desejasse isso mais que tudo.

Eu entendo. – Anna disse por fim e se sentou à mesa. – Tudo bem.

Poderia ser um sorriso tristonho esse que apareceu nos lábios da jovem mas foi o suficiente para tirar o peso de culpa do coração de V.

Obrigado.

V serviu o café da manhã para Anna com prazer e conversou com ela sobre os mais diversos assuntos enquanto a observava comer. Por incrível que pareça, ele ficava aliviado por usar uma máscara e não ser pego admirando a beleza dela enquanto comia... Espera aí. Quando foi que V começou a se sentir assim e parecer um bobo apaixonado? Oh, sim, o amor mudava as pessoas e fazia dos homens verdadeiros poetas. Um momentâneo instante de nostalgia o fez compreender as palavras de seus verdadeiros amigos escritores.

***

O tempo que se passou foi pouco e não muito rápido. Anna estava trocando de roupa quando ouviu passos e logo em seguida uma batida na porta. Virou-se e encontrou V parado de pé com a mão ainda meio erguida por bater.

– Pretende sair, minha querida? – perguntou ele mesmo que a resposta estivesse diante de si. – Posso perguntar aonde vai?

Anna sorriu e continuou a vestir o que faltava. Trajava uma calça jeans preta com botas normais de mesma cor. Uma camiseta cinza escura e uma jaqueta de couro negro por cima.

– Tive uma ótima ideia assim que levantei da cama e resolvi encomendar uma coisa. – respondeu, sorrindo.

– E o que seria?

A curiosidade de V a fez abrir um sorriso travesso.

Segredo!

– Não é justo. – ele deu uma risadinha com o mistério da jovem.

– Você não pode reclamar de nada. – rebateu Anna, provocativa, lançando um olhar de deboche para ele.

V ergueu as mãos se rendendo e aproximou-se dela, rodeando-a com seus braços em um abraço carinhoso. Inalou o doce perfume com a proximidade e sorriu por trás da máscara. Anna retribuiu o abraço, apertando-o mais forte contra si antes de se afastar novamente e andar até a porta.

– Não vou demorar, eu prometo. – disse ela. – Então faremos tudo o que planejou.

Oh, aquilo fez V arquejar as sobrancelhas, surpreso, e antes que pudesse questionar, Anna piscou pra ele e saiu correndo da Shadow Gallery.

***

As ruas de Londres estavam movimentada já àquela hora do dia. Os relógios mostravam que era por volta das nove da manhã e todos iam e vinham em seus caminhos para trabalhar ou para um simples dia de lazer. O asfalto úmido denunciava que havia chovido durante a noite e isso causava um estranho cheiro úmido e confortante aos londrinos.

Conversavam muitas coisas. Times de futebol, mulheres, o que comprar para preparar o jantar e sobre a revolução do 5 de novembro. Sim, a grande e estupenda explosão do Parlamento ainda era motivo de fofoca e festas para muitos porque representava a queda de um governo totalitário e opressor. Ainda havia muitas imagens e máscaras de Guy Fawkes onde quer que passassem, relembrando-as sempre e fazendo-as respirar o ar da liberdade. Liberdade que V lhes dera e lutara para dar.

Anna saia de uma loja de joias quando ouviu um jovem garoto falar de forma animada com seus outros dois coleguinhas.

Aqueles fogos, uau! Como eu queria conhecer o codinome V... Ele é daora!

Um sorriso de orgulho e felicidade apareceu e Anna continuou seu caminho de volta para a Shadow Gallery contar essas novidades tão boas para V. Tinha certeza que ele iria adorar saber como as pessoas lembravam não somente de sua revolução como ele em si. Era visto como um herói por toda Londres.

Resolveu pegar um atalho por um beco entre dois edifício para chegar o mais rápido. Estava ansiosa agora para contar tudo o que ouvira. No entanto, alguma coisa a golpeou na barriga, algo duro, que a fez cair de joelhos.

– Ora, ora, ora... O que temos aqui, rapazes? – uma voz masculina bastante áspera veio pela direita.

– E o ratinho caiu na armadilha da ratoeira. – outro riu.

Anna tentou ficar de pé mas foi golpeada novamente, dessa vez no rosto.

– O chefe vai adorar esse presente de natal adiantado. – essa voz era familiar.

Eram três homens ao todo. Um deles era Albert, o carrancudo do armazém, esse Anna se lembrava bem. Perguntou-se como ele sobrevivera e imaginou que tivesse fugido em algum momento da confusão. Então estavam atrás de dar o troco nela ou seria outra coisa. Ah, não... “O chefe vai adorar esse presente.”

– Pois sinto lhes informar que o chefe não ganhará presente nenhum. – rosnou Anna, de joelhos novamente. – Ele não merece nem o ar que respira.

– Como é que sabe disso? – Albert perguntou. – Não vejo seu queridinho codinome V por aqui, vejo? Tola. Dessa vez ninguém irá te salvar, isso eu posso garantir.

– Eu não preciso mesmo.

Audaciosa, Anna tentou se levantar e avançar em um ataque mas paralisou imediatamente quando sentiu o beijo frio da lâmina diante de sua garganta. Era o homem da voz áspera que estava atrás dela empunhando um canivete. Qualquer movimento e poderia ser o seu último.


Anna trincou os dentes de raiva e de repente sua visão ficou escura.

***

Estava muito frio quando os olhos verdes abriram-se atordoados e incomodados com a luz, estranhando também estar de pé. Estava nua e isso a assustou, deixando-a tensa, e quando tentou cobrir-se com os braços viu que estava algemada, seus braços pendurados logo acima da cabeça. Quase entrou em desespero, lembrando-se que tinha que permanecer inabalável, como se não se importasse em ter seus delicados seios à mostra e sua pélvis. Olhou para os lados e não viu ninguém. Ótimo, estava sozinha... Mas onde?

Uma porta rangeu e chamou a atenção de Anna. Cinco homens entravam com sorrisos maliciosos e cínicos na pequena que ela estava. Entre eles estava Albert como líder. Todos tinham armas, pedaços de madeira, chicotes e tacos de tênis em mãos.

– A bela adormecida acordou, rapazes. – disse Albert e todos riram. – Está na hora de brincar um pouco.

Ele se aproximou de Anna que tentou se afastar mas seus pés também estavam acorrentados. Totalmente indefesa. E isso não era nada bom.

Albert abriu um sorriso e agarrou um dos seios dela, brincando com o mamilo rosado e delicado. Viu como a pele dela era macia e seu sorriso aumento de ponta a ponta. Anna grunhiu de raiva, olhando-o com ódio e tentando se mexer para afastar-se do toque dele.

– O que foi? Não me diga que o codinome V não tocou em seus lindos seios, querida.

– Fique longe de mim ou eu juro que corto suas mãos fora!

– Oh, vejo que não... Estúpido, não sabe o pedaço de carne que perde.

Todos no recinto caíram na gargalhada e Albert tocou no outro seio dela, provocativo e brincalhão. Ele com certeza se divertia com isso ao contrário dela.

– Pena que o chefe não permitiu que fizéssemos mais do que isso... Mais além de apenas tocá-la. – disse desapontado, roçando o punho contra sua calça, logo acima de sua pélvis masculina.

– O que mais seu chefe disse? Que poderia ser um idiota tarado assim? Um retardado? – provocou Anna, sorrindo em deboche.

Levou um soco como resposta e isso deu início a um espancamento severo. Novamente Anna era espancada por diversos homens. Dessa vez apenas rangia os dentes, não querendo dar o gostinho de grunhir ou gritar de dor com seus ataques. Fechou os olhos, suportando cada golpe com visível sofrimento no rosto, pensando que deveria sobreviver àquilo.

Anna estava sendo severamente torturada à chicotadas de dois homens. Suas costas sangravam terrivelmente que pingavam no chão gotas de seu sangue. Levava socos e pontapés no estômago, nas costelas, na cabeça e nas pernas violentamente. Tentaram afogá-la diversas vezes a alguns a molestaram em proveito do fato de que estava nua perante tantos homens.

Desejou morrer não querendo perdurar com aquilo. Desejou que V viesse salvá-la dessa vez.

Três dias se passaram e Anna era cada vez mais torturada e molestada.

Estavam usando facas e canivetes para desenharem e cortarem-na a pele quando um homem muito bem vestido passou pela porta. Ele era alto, robusto e tinha um rosto severo. Seus olhos eram verdes e duros e seus cabelos eram grisalhos devido a idade. Fitou fixamente a jovem mulher sendo torturada antes de gesticular com a mão para que parassem.

– Há quanto tempo, Anna. – disse ele. Sua voz era intensa e grave.

Ela não respondeu. Anna estava arranhada em tudo que era parte de seu corpo, com cortes e marcas horríveis de chicotadas em suas costas. A cabeça baixa, parecia nem ter vida. Um jovem, que a torturava, segurou seu queixo e levantou seu rosto sem a menor delicadeza.

Os olhos de Anna piscaram algumas vezes em busca de foco e logo viu o rosto do homem rico à sua frente. Um olhar de puro ódio tomou lugar do vazio e dor.

– Estão fazendo um ótimo trabalho, rapazes. – ele disse, sorrindo para seus homens. – Porém deveriam ser um pouco mais cruéis com ela.

– Quanto amor você tem por mim, não é... Papai?

Ele sorriu cínicamente para Anna.

– Meu amor por você é maior do que o que eu sentia por sua mãe.

A frieza e o cinismo em sua voz era desprezível. Os outros apenas observavam com sorrisinhos no rosto.

– Apenas vim aqui visitá-la e ver seu rosto uma última vez. O seu pelo menos porque o de sua mãe, quando eu soube, não me interessei.

Anna rosnou e tentou avançar contra ele mas as correntes a mantinham muito bem presa onde estava. Somente seu olhar o alcançava com ódio e sede de sangue. Ele sorriu com tal reação e continuou.

– Mas você, minha filha, você me interessa porque me deu muitos problemas ao longo dos anos. O que você se tornou... E principalmente por ter se juntado ao projeto cinco.

De início ela não entendeu por “projeto cinco” mas logo viu que ele havia mencionado, na verdade, o V. Estreitou o olhar irritada.

Chega. Tenho assuntos mais importantes a resolver agora. – ele se virou de costas indo em direção à porta pela qual entrara. – Torturem-na mais alguns dias e depois executem-na.

Como quiser, chefia.

Covarde! Um dia você ainda vai pagar pelo que fez a mim e a mamãe, seu crápula! Monstro!

Anna foi silenciada por uma paulada em sua barriga, obrigando-a a se curvar e agonizar de dor. Quando ergueu a cabeça novamente ele tinha desaparecido e só ficara mesmo o seus impiedosos torturadores. Os olhares deles eram sádicos, divertiam-se com a sua desgraça, e a espancaram novamente, todos de uma vez só. Ela não aguentava mais toda aquela dor, não sabia por quanto tempo mais seria capaz de suportar àquela tortura selvagem. Gritou por V em sua mente mas ele ainda não tinha ido salvá-la. Três dias se passaram e nenhum sinal dele.

Um grito longo, alto e pesaroso de dor ecoou quase infinitamente quando usaram ferro quente para queimar sua pele e marcar um V.

Eram quatro usando o ferro quente em lugares aleatórios em seu corpo. Disseram que a marcavam com um V porque isso a lembraria do salvador que jamais a salvaria. Disseram que aquela altura não deveria mais ter esperanças de salvação.

Anna não queria deixar de ter esperanças. Sua pele queimava e ardia como o verdadeiro inferno quente. Agonizava com grunhidos e urros de dor. Choramingava e rangia os dentes. Queria chorar mas a lágrimas não saiam porque seus olhos estavam secos.

Anna desejou morrer novamente.

“Por que ainda não veio me buscar? Onde está você... V?!”


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Notas finais do capítulo

Pronto >.
Próxima semana minhas aulas na faculdade vão começar e não terei muito tempo...
Mas com certeza que irei escrever a fic sempre que puder.



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