Original escrita por Caroline Tarquinio


Capítulo 1
Presa em Hollywood




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SOPHIE

–- Calma Sophie, calma.

Foi isso que tentei dizer pra mim mesma mais uma vez, implorando pra que eu parasse de chorar. Chorar era tudo que eu tinha feito nos últimos meses. Qual era o meu problema afinal? Qualquer garota imploraria pra estar no meu lugar, casada com um cantor lindo e famoso morando em uma mansão em Hollywood, podendo ir pra as melhores festas e conhecendo as melhores pessoas. Mas essa não era eu, eu não via nenhuma vantagem em estar ali, presa em uma cidade desconhecida, em uma vida que não era minha e casada com uma pessoa estranha. Sim, claro eu o amava antes de casar com ele, não posso nem contar quantas vezes me imaginei casada com ele, mas não era real, era um sonho e o pior, nos meus sonhos ele era apaixonado por mim e eu por ele. Mas na triste realidade, eu odiava estar aqui sem minha família, meus amigos, meu ex-namorado com quem eu honestamente pensei que iria casar e ter a minha vida filmada e fotografada a cada segundo. A verdade era que eu amaldiçoava aquele momento que eu decidi sair do hotel naquele dia. Eu estava passando uma semana nos Estados Unidos e tive a oportunidade de sair pra conhecer a cidade e acabei de alguma forma casada com uma celebridade, eu nem sabia direito como tinha acontecido, só sei que eu acabei tombando com o Nathan Grace, o meu ídolo e cantor de uma boyband que por acaso fugia de uma multidão de fãs malucas e nos metemos em uma confusão com um cara e um carro desgovernado, o problema era que Nathan estava bêbado e tropeçou em mim, me puxou para dentro de um carro e saiu pela cidade dirigindo como um louco, atropelou um policial que mais tarde descobrimos ter ficado paraplégico e colidindo com o monumento oficial da cidade, depois me puxou pelo braço e tentou fugir... Não deu muito certo. Acontece que o carro pertencia a um juiz muito conceituado com o qual Nathan já tinha tido uma audiência e aparentemente um desentendimento. É, eu era azarada, muito, amaldiçoada talvez. O juiz quis dar a Nathan um gostinho de responsabilidade e a “coisa” pela qual ele teria de ser responsável seria: EU. Isso mesmo, tudo que eu queria era uma semana de férias e acabei casada com uma celebridade que fazia jus à palavra: FÚTIL. Eu gostava dele, eu era apaixonada por ele, mas quando eu era mais jovem, eu não gostava de boysband. Eu os achava infantis e superficiais mas o problema é que quando eu vi o Nathan eu achei que ele fosse diferente, que tinha algo nele que não se encaixava em uma boyband de música pop. É, eu estava errada. Ele era tudo que eu não apreciava em um cara. Superficial, fútil, grosso, a verdadeira personificação de uma celebridade estereotipada. O juiz marcou uma audiência para dois dias após o “acidente” e eu também deveria comparecer, a princípio acreditei que seria uma testemunha mas descobri que o juiz iria me punir por estar no lugar errado na hora errada. A partir dali eu era oficialmente casada com Nathan Grace e eu teria que dar adeus a minha vida perfeita no Brasil e vir morar aqui. E quando eu perguntei por quanto tempo: PRA SEMPRE! Aham, também achei meio indefinido e amador para um juiz, mas parece que o ódio dele por Nathan não era nada amador. Sem direito ao divórcio. Ganhei quase que imediatamente um GREEN CARD. Isso, eu não era apenas alvo de inveja de fangirls loucas e ciumentas que achavam que eu estava dando o golpe do baú, eu também era alvo do ódio e da inveja de imigrantes mexicanos furiosos que lutavam por seus certificados de cidadania e viviam em casas “miseráveis”. Ouvi um barulho e soube que ele havia chegado. E tudo que eu não queria era que ele me visse chorando. Ele era legal mas eu já tinha que aguentar o mau humor dele todos os dias fora todos esses sentimentos horríveis nos quais eu estava me afogando. O que eu amava mesmo eram os colegas de banda dele: John, Nicholas e Guilhermo ( que tinha descendência italiana), eles eram uns doces e tinham me tratado muito bem desde que nos conhecemos, ao contrario do Nathan. Acho que ele me culpava pelos holofotes nos problemas dele, e em como seria mais evidentes todas as “puladas de cerca” dele com essas vadias de Hollywood, apesar de a namorada dele já ser uma dessas vadias de Hollywood. Ainda mais essa, eu tinha que aguentar Katie Bell, a ridícula namorada modelo dele me chamando de feia e ridícula todas as horas do dia, acho que ela me odiava por ter conseguido “fisgar” o peixe, apesar de que tudo o que eu queria era fisgar um passaporte pra fora desse inferno no qual eu estava vivendo.Levantei o mais rápido que pude e tentei correr para o meu quarto mas ouvi os garotos chamarem meu nome:

-- Shophieee!! Tudo bom? – disse Guilhermo. Ele era lindo assim como os outros mas eu nem ligava. Minha vida era uma droga, prestar atenção em caras estava fora que cogitação, especialmente se esses caras estivessem em uma banda com o meu “marido”.-- Oooi – eu disse tentando esconder as lágrimas.

-- Você tá chorando? – perguntou John.

-- Dramaaa – ouvi a irritante voz de Katie falar – Tudo o que ela quer são holofotes.]

Segurei mais lágrimas, droga, um bolo já se formava em minha garganta. Eu não conseguiria abrir a boca sem que soluços saíssem e as lágrimas já escorriam violentamente pela minha face. Olhei para a porta que se abria mais um vez e vi Nathan parado olhando pra mim, eu sabia que ele me ouvia chorar no meu quarto mas não me lembro de ter me visto chorar. Três meses e eu mal saíra de casa a não ser para o trabalho. Eu trabalhava como garçonete em uma franquia do Mc Donald’s. Ele parecia chocado e eu estava sem reação, não queria sair correndo e bancar a mocinha ridícula de filme. Por um segundo vi um lampejo em seus olhos, pena talvez, não sei, mas pensei que ele ao menos fosse me dizer algo, ou manda-la se calar, mas depois percebi que não, ele colocou as chaves na bancada da cozinha desconcertado, dizer que eu queria chamar a atenção foi a coisa mais gentil que ela havia me dito nos últimos meses e se ele não havia sentido pena de mim antes, era provável que jamais sentisse.

-- Desculpa Katie, não é de você que estamos falando – disse Nicholas e o lancei um olhar de agradecimento apesar de não saber se ele teria notado debaixo do ria de lágrimas que não cessava. Fiz o maior esforço que pude para falar:

-- Tudo bem, Nicholas, eu estou bem – era obvio que não estava, mas o protocolo social me dizia para mentir – Vou subir um pouco e passar o uniforme do trabalho. Tchau gente, boa noite.

Mal pude ouvir as respostas porque já estava subindo as escadas com o rosto contorcido de dor e lágrimas.


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