She is mine. My Maid

And if...

I fall in love with my Goshunjin-sama?

"Não, não sou ciumenta. Sou possessiva. É meu, é só meu, porra."

Ana Luísa Schwengber Kelm

Izumo POV

Suspirei, retirando os pratos dos clientes a minha frente. Eu estava tão agradecida à minha chefe por não ter mudado meu turno para mais cedo. Se alguém conhecido me visse aqui eu estava totalmente... fudida.

Por quê? Bem, porque eu, Kamiki Izumo, trabalho em um Maid Caffe. Não que eu não achasse aquela roupa de Maid e a orelhinha e cauda de neko fofas, mas quem é conhece Kamiki e diz "nossa que fofa!"? Simplesmente NÃO COMBINA! Qual é, por mais que eu ame coisas assim...

-Kamiki-chan, vá atender o cliente!

-Haaaai! - me dirigi à porta. - Seja bem-vindo, Goshujin-sama*. - fiz uma reverência.

Ouvi um suspiro, que merda, era um pervertido. Aí você pensa, "mas Izumo, pode ser uma linda garota que ama coisas fofas! Não seja má!", mas NÃO, eu sei reconhecer um suspiro de um homem.

-Valeu. Pode me levar pra minha mesa?

Não, não, não, mil vezes não! Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar, a voz que inferniza meu dia-a-dia. Abaixei a cabeça, para que não pudesse ver meu rosto. Aquele exorcista filho da...! Respire, Izumo, um, dois... Levei-o a uma mesa.

-Só um momento, Goshunjin-sama. - falei com uma voz meiga e, portanto, irreconhecível para aquele ser. Quando eu estava prestes a sair de perto dele, senti meu pulso ser agarrado.

-Eu te conheço, Maid-chan?

-N-não sei. Deve ser engano, Goshunjin-sama. - Minha cabeça ainda permanecia abaixada.

-Hmmm... Okay, então.

Expirei todo o ar que prendi, aliviada. Dei uma corridinha para a sala reservada às maids e dei um grito.

-Meninaaaaaaaaaas!

-O que foi, Izumo-chan? - perguntou Misaki [N/A: Minha mini-homenagem à Kaichou Wa Maid-sama ^.~].

-Alguém pode atender o cliente da mesa 7 por mim?

-Ah, não me diga que é um gordo tarado daqueles que só vem olhar as roupas Maids e... - Kori não terminou a frase, obviamente espiando o garoto. Ela voltou corada e seus olhos brilhavam muito. - Nããããão, Izumo-chin, você tem que atender esse gato! Por que você está fugindo de garotos bonitos?

-Porque ele é um idiota. - fiz minha melhor cara triste e frágil, esperando que elas me deixassem em paz. - Se quer tanto, Kori-chan, por que não vai lá? - Ela ponderou e estava prestes a aceitar, quando uma Misaki com aura assassina gritou, os cabelos esvoaçantes e os olhos caramelo mudaram para labaredas.

-Você devia enfrentar esses homens idiotas, Izumo-chan!

-Isso, isso, ele com certeza deve te achar linda! Claro, você já é, tenho tanta inveja de você... Mas enfim, ele vai te amar com essa roupa, Izumo-chin!

-Hn. - murmurei irritada e envergonhada. - Certo, certo. - Me dirigi à mesa. Entreguei o cartaz nas mãos do rosado. - Aqui está, Goshunjin-sama, espero que algo o agrade.

-Hmm, você recomenda algo? - Por que esse imbecil está falando palavras como recomenda? Isso não é do feitio dele.

Me posicionei atrás dele e me inclinei sobre o seu ombro, de maneira que o meu cabelo, hoje solto, tampasse o meu rosto. Senti seu ombro tocar meu busto e quase dei um grito. Inspirei fundo e apontei para uma torta de nêspera*. Minha voz saiu meiga novamente.

-Nós temos uma deliciosa torta de nêspera.

-Então eu adoraria experimentar. - olhei de relance para ele e vi um sorriso que me deixou desnorteada. Desde quando seu sorriso é tão bonito? Sempre foi um sorriso idiota e agora é tão doce... Caham. - Maid-chan, tem certeza que eu não te conheço?

-T-talvez já tenha me visto na rua.

-Apesar de um pouco diferente e doce... Sua voz é a mesma da garota que eu gosto. - corei, agradecendo que meu cabelo cobrisse minha face. Como assim, gosta? Mas é claro, ele já me disse milhões de vezes. Só que sempre parecendo pervertido, ele também fala isso para a Moriyama. Falando assim parece diferente.

-E... e quem é essa garota, Goshunjin-sama?

-Curiosa. - sorriu e me senti uma intrometida.

-D-desculpe.

-Tudo bem, o nome dela é... - A expectativa crescia em mim, apesar de eu não entender o por que, e acabei me virando mais para ele. - Izumo-chan? - Por que aquilo soou como uma pergunta?

Só então percebi que ainda estava com o corpo inclinado sobre o seu ombro, mas com o rosto levemente inclinado em sua direção. Quem visse poderia dizer que iamos nos beijar. Porém não. Só uma coisa passou pela minha cabeça. Fudeu.

-E-errr... Então...

-Izumo-chan, então é mesmo você! - Mesmo? Então era eu a garota? Foco, Izumo!

-Pois é. - decidi usar a estratégia grosseria. - É isso mesmo, Renzou Shima, eu trabalho aqui.

-Haaa, que kawaii você vestida assim!

-O... - eu estava absurdamente corada - o que você disse, seu monte de merda? - Um sorriso brincou em seus lábios, sem que nenhum dente aparecesse. Eu com certeza odiava esse sorriso. Hn, mas por que mesmo?

-Sua delicadeza é brutal, Izumo-chan!

-Obrigada. Se não vai pedir, peço que se retire, Renzou.

-Eu já disse, não é? - pareceu confuso. - A torta de nêspera.

-Aceita alguma bebida, Goshunjin-sama?

A voz não fora minha. Era da maliciosa Kori, que estava praticamente se doando como alimento. Isso me deixou com um gosto amargo na boca. Que porra é essa?

-Café puro, por favor, Maid-san. - San? Ele não tinha me chamado de Maid-chan?

Olhei-o e ele estava com um olhar sério, que me deu arrepios. Esse cara nunca, repito, nunca fica sério. Isso desconcertou a garota.

-A-ah, claro! Vou providenciá-lo, aproveite a Izumo-chin.

O rosado ganhou um sorriso malicioso, apesar do olhar ainda sério, e eu fuzilei a outra, que deu uma corridinha.

-Aproveitar você, é?

-Cala a boca, seu desgraçado. - Algo ainda me incomodava. - Por que você estava tão sério?

-Hu? Por nada. - desviou o olhar.

-Eu sei quando está mentindo, Renzou. Você não sabe mentir.

-Claro que sei. - falou sério novamente. - Mesmo que fosse algo, não seria da sua conta.

Ele perdeu o medo de morrer? Preparei meu punho, mas lembrei que tinhamos outros clientes. O que me lembra que estou tempo demais nessa mesa. No momento certo, mais clientes entraram.

O dia passou normal, eu não falei mais que o necessário com o rosado estúpido. O problema é que essa se tornou a rotina dele. Ele vai ao Maid Caffe todo dia!

Hoje é mais um dia de trabalho. Suspirei, cansada. Ele torna meu trabalho mais cansativo. Sai da banheira, me sequei e pus uma roupa comum. Calça jeans justa e uma regata preta.

Chegando lá, entrei pelos fundos e fui direto para a salinha. Nenhum assédio até agora, o dia começou bem, Shima não falou comigo na escola hoje.

-Kamiki-chan, você chegou mais cedo do que eu esperava. - A gerente sorriu e, assim, eu retribui.

Meu sorriso se desfez quando alguém chegou por trás e ouvi uma voz rouca no meu ouvido, que me fez tremer.

-Izumo-chan, espero que cuide de mim, é o meu primeiro dia.

Olhei para o garoto, descrente, e percebi sua roupa. Não, não, não e não! Por que raios ele estava com a roupa designada aos homens que trabalham aqui? Além do mais nós nunca realmente tivemos um funcionário do sexo masculino no Caffe.

-Ranzou, não me diga que...!

-Parabéns, você acaba de ganhar um novo colega, Izumo-chin. - Kori riu. Olhou maliciosa para ele. Escrota. Oe, oe, tadinha dela, Izumo, por que você está xingando sua colega de trabalho?! Qual é o meu problema? - Um colega extremamente gato.

Senti os braços de Shima me apertarem mais e ele olhou sério para a garota.

-Achei que tivesse ficado claro da última vez que não quero suas investidas. - Eu não entendo. Kori tem um corpo invejável, quase como o da Kirigakure-san, rosto bonito e ele é um pervertido. E o jeito formal de falar novamente. - Kori-san, eu pertenço à Izumo-chan e a mais ninguém. - Meu coração fez um batuque no meu peito.

-S-sim, me desculpe, Shima-kun.

-O que você acabou de falar? - estreitei meus olhos para ele, disfarçando meu rubor. Ele deu um sorriso sem-graça e colocou uma mão no cabelo rosa, o que sempre me faz querer tocá-lo para saber se é macio como parece... Será que todos os dias eu tenho que falar para mim mesma foco?!

-Eu disse que eu sou seu, Izumo-chan, não significa que você seja minha também.

Observei um bico se formar em seus lábios másculos e fiquei com vontade de desfazê-lo com a boca. IZUMO!

-Que seja, quero trabalhar.

Misaki fez um jóinha para mim, como que dizendo "ótimo, mostre aos homens quem manda!". Já a gerente deu uma risadinha, sussurrando um "Kamiki-chan é igualzinha à Misaki-chan, tenho que dar uma de cupido de novo", o que me fez corar. Já Kori negou com a cabeça, suspirando e soltando um "coitadinho". Eu bufei. A gerente deu um sorrisinho.

-Kamiki-chan, hoje é dia de feitiches. - Eu e Misaki ficamos instantaneamente desanimadas - só aparentemente, porque eu fiquei na expectativa de ser algo fofo e divertido - e Kori deu um gritinho. Shima me olhou confuso. Ignorei-o.

-Qual?

-Óculos.

-Hu? Esse é normal por aqui, hein. - Misaki deu de ombros. Hmm, não é de todo ruim. Kori revirou os olhos, ela óbviamente queria que fosse algo mais picante. O rosado reprimiu um risinho, okay, dia de feitiche é uma coisa idiota. Crispei os lábios, evitando a risada, mas um sorriso conseguiu escapar. Ranzou me olhou alegre.

Pusemos nossos óculos e  começamos a trabalhar. Toda vez que algum engraçadinho dava em cima de mim, o novato me defendia. Calma, coração, para de bater. Wow, wow, calminha, não para não! Só vai mais devagar, tá? Cacete, por que eu to falando com o meu coração?

Ouvi vozes conhecidas e minha face se transformou em desespero puro. Percebi que Shima engoliu em seco.

-Droga.

-Fudeu, Ranzou-kun. - Me xinguei mentalmente pelo sufixo, que com um pouco de sorte ele não perceberá.

-Kun, é? - riu, mas voltou a face assustada. - Não podemos fazer nada, Izumo-chan.

-Sobrancelhas?

-Pela enésima vez, é Kamiki. - respondi irritada, mas muito nervosa.

-Kamiki-san? Shima-kun? - Konekomaru olhou-nos afoito.

-Err, sim, Miwa-san. E por que vocês estão aqui? Até o gorila?

-Não se esqueça de mim e do Nii-chan. - Moriyama-san apareceu também.

-Pois é, esse é o nosso trabalho. - Shima disse e riu nervoso.

-Por que os óculos?

-Hoje... - Eu ia responder, só que Rin tentou pegá-los do meu rosto, impedido por Shima que rosnou com... ciúmes? O Okamura o olhou, arqueando uma sobrancelha, e perguntou:

-O que foi?

-Nada. - desviou o olhar.

-Ciumento. - O gorila riu. - Respondendo sua pergunta, nós viemos comer, então...

Esse é um grupo incomum para esse local, deve ter sido ideia da loira. Esse lugar é a cara dela. Eu não os atendi em momento nenhum, deixei tudo com o Shima. Eu queria morrer de tanta vergonha. No fim do expediente, o rosado veio até mim.

-Hey, calma, eles não vão contar pra ninguém. Nem te zoar.

-Como você sabe?

-Sabendo. - deu de ombros.

-Merda. - choraminguei e ele... ele me abraçou. - O que pensa que está...

-Shh.

-Mas...

-Shhh. Eu estou com você, Izumo-chan, então não fique preocupada. E te protejo. - O que deu nele? - Seu rosto tá muito quente, sabia? - se afastou um pouco para me ver. "Volta e me abraça de novo!", eu quase gritei. - Você tá muito vermelha. - deu uma risadinha. - Me faz pensar que gosta de mim, por favor não me iluda.

-V-você gosta tanto assim de mim?

-Claro que sim. Eu daria minha vida por você. - ri nervosa.

-C-como s-se fosse grande coisa.

-Não é, mas é o que posso dar. - falou sério, me surpreendendo. - Eu te amo, Izumo-chan. Não me importa a Shiemi-chan, nem a Kori-san. Só você.

-R-Ranzou-kun...

-Desculpe, mas eu não consigo mais...

Ele me beijou. Foi calmo e lento, apenas um selinho demorado. Ele pediu para aprofundar, eu cedi. E com isso o beijo ficou mais violento, o que me fez levar as mãos para seus fios e puxar e massageá-los levemente. Como eu pensei, seu cabelo é extremamente macio. Nos separamos pelo oxigênio. Ele se levantou e já ia saindo de perto de mim.

-Desculpe. - foi se trocar e ia rápido, mas corri e o alcancei, abraçando seu braço, impedindo-o de prosseguir.

-Não te desculpo.

-Quê?

-Não tem motivos. - dei um selinho nele. - Sabe, eu te odeio. Mas as vezes... - corei muito. - e-eu penso que posso estar gostando de você.

Ele deu um sorriso que mostrou todos os dentes, totalmente idiota e lindo, e me prensou contra os escaninhos de roupas, beijando-me vorazmente. Ele puxou minha cintura, me colando mais a ele, se é que era possível. E então E então deixou a mão escorregar, quase indo ao lugar "certo". Imediatamente uma raposa jogou-o ao chão. Gritei.

-Não acha que está indo rápido demais com ela? - A voz de um dos meus espiritos estava assassina. Shima assentiu, assustado. - Você não deveria ser fraca perante a ele. - grunhiu para mim.

-Ah, fique quieto, eu faço o que eu quiser. - resmunguei, acariciando sua cabeça. Sussurrei em seu ouvido, sorrindo. - Está tudo bem. - Ele se acalmou e voltou para seu mundo. Sorri torto para o rosado, que veio tentando me beijar novamente. Empurrei-o com as mãos.

-O que foi?

-Eu devo escutá-lo, ele é bem sábio.

-Aaaah, isso não é justo. - Eu ri.

-O mundo não é justo.

-Izumo-chan, - o idiota ignorou minha resposta - você é minha namorada agora? - corei.

-Que absurdo! C-claro que não! Eu te odeio, seu idiota!

-Mas é minha, viu? Eu sempre vou dar um jeito de ser só minha, porque eu sou possessivo. - gritou e fiquei mais vermelha.

Fui trocar de roupa e tranquei o banheiro, batendo a porta com força. Ele com certeza estava parado lá na frente, rindo. Eu o ouvia. Deixei um sorriso bobo escapar de meus lábios. Namorada, é? Isso não me soa mal. É, eu me sinto bem sendo...

A namorada do Shima-kun. Só dele.

~~ Owari ~~