Depois de muito tempo convencendo minha mãe de que eu estava bem, finalmente conseguir ir para casa. Quando cheguei Anna, Peter e Leo estavam me esperando na sala. Estava morrendo de curiosidade para saber o que Anna e Peter tinham feito... mas isso teria que esperar um pouco. Os três tinham feito o jantar. Macarronada com almôndegas, felizmente Anna sabia quase tudo sobre mim, inclusive meu prato favorito.

   - Bem-vinda – disse Leo

   - Vamos comer logo, estou faminta! -Anna, como praticamente já era parte da família, tinha o privilégio de poder falar essas coisas e não pensarem que ela era mal educada. Assim como ficar sozinha com um garoto e depois com dois garotos cozinhando na casa da melhor amiga. Ah, amizade assim não tem preço!

   Minha mãe sentou-se na ponta da mesa, Peter e Anna de um lado e eu e Leo de outro. Isso me deixou um pouco nervosa, quer dizer, ainda estava me recuperando da conversa que tive com ele no hospital.

   - Acho ótimo que Jenny tenha feito novos amigos! Agora vocês poderão sair em casais! – minha mãe disse

   Nada como uma mãe que não tem muita noção e não entende os adolescentes modernos e também, é claro, que gosta de se intrometer um pouco na vida da filha para deixar qualquer jantar ainda melhor.

   Peter ficou vermelho, Anna abriu a boca para falar, mas eu falei primeiro.

   - Hã... mãe... nós não somos casais – eu disse

   - Aah, me desculpem! Mas não custa sonhar, certo? Vocês duas têm ficado tão sozinhas ultimamente, seria bom ter a presença de dois belos rapazes – ela apontou para Leo e Peter.

   - Irei tornar seu sonho realidade, senhora. – Leo não conseguia esconder um sorriso. – A senhora iria apoiar meu namoro com sua filha, certo? – ele olhou para mim e depois para minha mãe que também não conseguia esconder um sorriso. – Vamos ajudar o sonho dela se tornar realidade, não é Peter?

   - Sim! Quer dizer, não! – Anna olhou para ele – Sim, claro que sim. Mas não depende de nós, não é Leo?

   - Sim, sim elas são exigentes – Leo disse.

   - Boa sorte para vocês dois, tomem conta delas. – minha mãe disse com os olhos brilhando. Para ela, Anna era como uma filha.

   Olhei para Anna. Como tínhamos deixado a conversa chegar a esse ponto?

   - Desculpem interromper a conversa de vocês sobre nossos futuros, mas temos que ir, ou vamos perder o filme. – eu disse

   - Na verdade, já estamos atrasados. – Anna disse.

   Ficamos uns dez minutos na fila para mostrar os ingressos que Peter ganhara depois mais cinco para comprar as pipocas. Quando entramos o filme já havia começado. A sala estava escura, tropecei várias vezes, até que Leo, que estava na minha frente, se virou e segurou minha mão para me guiar. Finalmente sentamos, de um lado estava Leo, do outro Anna com Peter a sua direita.

   - É uma pena que John não pode vim – eu disse

   - Ele tinha coisas para fazer, ou não, não o culpo de não querer vim ao cinema segurar vela – Leo disse olhando para mim.

   - Ah sim, claro, segurar vela – respondi com sarcasmos.

   Todos nós rimos da piada, até que alguém do fundo do cinema fez um longo Shiii com o dedo indicador sobre a boca.

   - Acho melhor ficarmos quietos – eu disse.

   O filme começou, Leo passou o braço sobre meu ombro. Por reflexo quase que eu me afastei. Mas, por algum motivo, deixei. Olhei para ele e sorri.

   Senti meu celular vibrando no meu bolso. Uma mensagem. Anna havia me enviado uma mensagem... decidi abri-la. A mensagem dizia:

   ‘’ Vcs estão apaixonados, dê uma chance pra ele. Até um cego consegue ver. Eu estou olhando para o braço dele no seu ombro, isso já da uma dica kkk. Bom filme, se é que vc vai prestar alguma atenção nele ;) s2 ‘’

      Para piorar, achava que Anna estivesse um pouquinho certa. Mas não quis dar esse gostinho de vitória para ela, então respondi:

   ‘’ Até um cego consegue ver que vc e Peter estão apaixonados. Dê uma chance pra ele, acho que ele está louco para colocar o braço sobre seu ombro! kkkkk ‘’

   Dito e feito, Peter não colocou o braço sobre o ombro dela, mas segurou sua mão, o que já era um bom começo.

   - Com quem você está falando? – Leo sussurrou

   - Com uma amiga – eu disse

   - Pensei que você não tivesse amigas, a não ser Anna – ele respondeu

   - Eu tenho outras amigas! – queria que aquilo fosse verdade.

   Ele se inclinou ainda mais, de modo que sua boca ficou perto do meu ouvido.

   - Não precisa mentir para mim, anjo – ele disse – Sei que você estava falando com Anna. - Ele se inclinou e beijou minha bochecha.

   Meu corpo inteiro tremeu, com muito esforço consegui manter a calma, não sabia se gritava com ele ou ficava feliz. Sério, odeio isso.

   - Como você sabe? – perguntei

   - Não foi muito difícil, Anna estava no celular, digitando algo, depois uma mensagem chega para você que responde e Anna a lê. – ele disse

   Ele tinha razão, havia sido obvio demais.

   O filme acabou, estávamos saindo do cinema e indo para parada de ônibus. Quando chegamos lá começou a chover, ótimo.

   - Espero que nosso ônibus chegue logo – Peter disse

   - Não quero pegar um resfriado – Anna completou. Estranhamente os dois pareciam incrivelmente felizes e aliviados como se um peso tivesse sido tirado de suas costas, estranho, muito estranho.

   Olhei para Leo, ele estava lindo com os cabelos molhados, quer dizer, ele sempre estava lindo. Ok, já havia aceitado esse fato.

   - Não quero que você pegue um resfriado, já ouviu falar que a temperatura corporal aumenta quando duas pessoas... – Leo disse

   - Nem pense nisso – interrompi

   - Só estava tentando ajudar, mas não custa tentar. – ele disse rindo.