1 Caso...? escrita por GarotaH


Capítulo 1
Capítulo 1




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   Eu estava na sala de aula, quando o professor chegou e todos se sentaram. Estava preparado para mais uma aula monótona de matemática, mas o primeiro anúncio do professor foi de que havia um aluno novo. Então chamou-o para entrar. Quando a porta se abriu entrou um garoto alto, magro e atraente, de cabelos castanhos escuros, quase negros, e olhos azuis, definitivamente um estrangeiro. Ele se apresentou, Mizuhara Tsukino. Bem, seu nome não era tão estrangeiro, mas sua aparência causou grande polêmica na sala de aula. Podiam-se ouvir cochichos e até alguns gritinhos de garotas apaixonadas. O assento ao meu lado era o único vazio, então lá ele se sentou.

   À primeira vista, realmente não gostei dele, parecia arrogante e metido. Também suspeitei do fato dele entrar no meio do primeiro semestre.

   Prestei bastante atenção nele nesse seu primeiro dia. Mas foi no segundo que mais me interessei. Quando estava saindo da sala, no final da aula, logo percebi que estava indo para o lado contrario que os outros estavam indo. Ou seja, não pretendia voltar para casa agora. Logo que me vi, estava seguindo ele. Andava em direção a um lugar que não me recordava de já ter ido. Ou pelo menos não reconhecia o caminho que estava levando. Então chegou em seu destino. Biblioteca. Não sendo um aluno exemplar, claro que não entendia. Ele se sentou e abriu um livro que retirou da bolsa, estava quase terminando. Eu fiquei basicamente parado na frente de uma estante fingindo procurar alguma coisa, mas meu olhar não desviava dele.

   Se levantou.

   Me assustei, cheguei a me esconder um pouco mais entre os livros. Ele só foi devolver o que estava lendo. Não consegui prestar atenção na capa. Mas, algo me puxava para o balcão. E distraído, peguei aquele livro que passou pelas mãos dele, e pedi emprestado com a garota do outro lado do balcão. Que me olhou meio estranho. Sendo da mesma sala que eu, sabe que não sou desse tipo.

   Me sentei em uma das mesas para começar a leitura do livro. Aliás, não uma mesa qualquer, resolvi sentar naquela que ele havia sentado anteriormente. No mesmo lugar que estava anteriormente. Pouco tempo após me sentar, vi que alguém fez sombra em mim, não me importei muito, e logo que saiu dali, resolvi seguir com os olhos para saber quem era.

   Era ele.

   Entrei em pânico. Mas com os olhos no livro. Ele deu a volta na mesa e se sentou exatamente onde eu não queria. Logo na minha vista, exatamente na minha frente. Ele estava lá. Novamente meu olhar sempre se arrastava das letras do livro para ele. E depois de inúmeras tentativas de me impedir, ele retribuiu o olhar. Com curiosidade. Talvez já houvesse percebido. Na mesma hora que pensei nessa possibilidade me levantei bruscamente e saí correndo com o rosto vermelho.

   Naquela hora, simplesmente não suportava o fato de estar apaixonado por um garoto

   Alguns dias se passaram e ele foi falar comigo. Eu estava nervoso, vermelho e diferente de antes, meu olhar não tentava chegar aos seus olhos, tentava fugir deles. Ele revelou que me vira o seguindo naquele dia, e só queria desfazer qualquer mal entendido. Negava todas as acusações, mesmo gaguejando enquanto falava, o que fazia quase óbvio de que estava mentindo. Mas não adianta, meu coração batia rápido. Acho que ele percebeu meu desconforto, pois me convidou para ir a sua casa conversar melhor. O que estranhei, mas aceitei de qualquer forma.

   Chegar lá foi um sufoco, andei o caminho inteiro calado e olhando para o chão. Não havia ninguém em casa, ele morava sozinho? Não, não podia ser. Só havia um gato, um gato que eu conhecia de algum lugar, só não lembrava de onde. Eu perguntei sobre seus pais, ele só respondeu que estavam viajando, o que estava claro que não era verdade. Subimos para seu quarto, mas ele logo desceu de novo para pegar um pouco de chá. O quarto tinha seu cheiro, era aconchegante, como se estivesse recebendo um abraço dele. Só de pensar na possibilidade ficava vermelho até as orelhas, e admito que fico até hoje.

   Esperei olhando em volta. Ele tinha varias pilhas de livros e gibis. Em sua mesa de cabeceira havia uma foto de seu gato, e então eu lembrei que vira aquele gato quando estava voltando para casa há algumas semanas atrás. Enquanto eu relembrava, ele chegou com o chá, mas o quarto continuou tão silencioso quanto antes dele entrar. Eu continuava vermelho e nervoso, ele estava sentado bem perto de mim. Com o desejo de quebrar o clima pesado, comentei que o vi pegando aquele gato na rua. Inesperadamente ele ficou um pouco vermelho e resmungou, perguntando porque eu havia reparado numa cena vergonhosa daquela. O ar pesado voltou, mas logo foi quebrado pela risada que ele deu. Olhei confuso para ele, que logo virou seu rosto em minha direção e falou sorrindo:

   “Por que você se apaixonou por mim?”

   Nesse momento meu coração acelerou. Fiquei vermelho e comecei a suar. Gaguejei tentando explicar o mal entendido mas no fundo sabia que era verdade. Sem tirar os olhos de mim, chegou mais perto, antes que eu percebesse, ele estava quase a um palmo do meu rosto, então perguntou:

   “Então me diga” O sorriso estava o mesmo, mas seu olhar mudou de intenção “Que tipo de pensamento impuro você tinha enquanto olhava cada canto do meu quarto com esse rosto provocante? Você estava vermelho pouco antes de eu chegar, não estava?” Pouco depois desta frase, quando estava bem próximo de mim, a expressão dele mudou. Não me lembro exatamente já que estava muito nervoso, mas adquiria um ar preocupado.

   Ele foi chegando mais perto, até o ponto em que apertei os olhos. Mas ao invés de nossos lábios se tocarem, foram nossas testas. Ele queria medir minha febre. Fiquei um pouco decepcionado, eu admito, mas a vergonha era tanta que quase engoli esse sentimento.

   Nesse momento eu me levantei rapidamente e saí correndo daquela casa. Nem notei que estava chovendo, cheguei ensopado no meu quarto. Afundei na cama, estava com muita vergonha de mostrar minha cara vermelha para alguém.

   No dia seguinte não fui à escola. Para minha surpresa eu realmente estava com febre. Fiquei na cama a manhã inteira, mas no começo da tarde fui obrigado a me levantar, pois a campainha tocou. Abri a porta e lá estava ele, não que fosse muita surpresa o Mizuhara -san me procurar, só não esperava que me abraçasse do jeito que me abraçou, como se todos os meus sentimentos fossem respondidos. Como foram

   O empurrei por um momento, fiquei calado o tempo todo. Deixei-o entrar, e retribui o abraço, mas ainda não me conformava que estava apaixonado por um garoto.

   Nós não contamos nada para ninguém, mas sempre estávamos juntos na escola, e isso gerou uma série de rumores. Muitas pessoas perguntavam, mas só ficávamos calados. As garotas que acreditavam, ficavam decepcionadas. Eu sentia pena delas, pois o Mizuhara é mesmo aquilo que todos pensam. Além disso, ele é meu, só meu.


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Notas finais do capítulo

Queria dizer que se vocês verem muitas cenas parecidas com as do mangá Sekaiichi Hatsukoi, da Nakamura Shungiku, eu realmente me desculpo. Como podem ver na descrição no meu perfil, minha primeira história foi feita a um pouco mais de um ano, uma redação. Que por acaso acabou sendo o 1° caso. Então, não tinha me preocupado por ter tantas cenas com referencia ao passado do Ritsu e do Takano.
P.s:
Desculpe também se há algum tipo de erro gramatical m(_ _)m