Segundo Travesseiro escrita por ghostrider
Notas iniciais do capítulo
É...picadinha...fica mais legal..espero que gostem.
O lado esquerdo da cama afundou.
- Hmmfp.
- Mais uma vez?
- Mais uma vez.
No escuro, ele virou-se para encarar o teto do dossel e suas palavras ecoaram pela extensão do quarto, quebrando o silêncio perturbador típico da casa.
- Isso está realmente te incomodando, não é?
- Sim, sim. – o outro respondeu, sonolento.
- Não acha melhor sair daqui? Digo, talvez seria melhor se fôssemos—
- Não. Nós não vamos desistir, vamos passar por isso juntos.
Ele tentou retrucar com algo à altura, mas não conseguiu formular nada realmente inteligente. Virou-se novamente, dando as costas ao amigo e acostumou os olhos à escuridão, uma vez que não conseguia dormir. A culpa não era do outro, nem de sua insônia quase curada. Era da casa. Havia uma energia estranha ali, que fazia seu coração afundar a cada batida, que trazia lembranças horríveis aos seus sonhos. Era quase sobrenatural. Certo, era sobrenatural. Ia além de suas superstições e além de suas certezas e deixava-o completamente amedrontado.
Não só a ele, entretanto.
Era por isso que freqüentemente estava recebendo visitas noturnas. Porque ambos cansaram de passar a noite em claro. Mas não que ele tivesse chamado o mais velho, ele apenas viera sem convite algum, e esse jamais o expulsaria de sua cama. Eram quase como irmãos, então não haveria problemas maiores. Tinham intimidade o suficiente para tanto.
- Um de nós não conseguiu.*
- Não foi por falta de vontade ou força. Ele apenas não agüentou, mas isso não significa que nós iremos pelo mesmo caminho.
Fechou os olhos quando um calafrio desceu-lhe pela espinha. A voz do outro estava tão gutural e firme e certa. Forte. Impassível. Virou-se sobre as costas, encarando a silhueta do perfil dele no meio do breu. Sorriu para si quando pôde distinguir o nariz dele, a parte que mais adorava depois do olhos e da boca.
- Eu tenho inveja de você, Gerard.
O maior permitiu-se sorrir. De alguma forma, ele sentiu o rosto dele se repuxar para formar uma bonita expressão.
- Inveja por quê?
- Você sabe, por todas as coisas que você passou. Você é como… uma fortaleza. As coisas não parecem te abalar…
- Não é verdade.
- … e isso atinge Mikey também. Eu não sei o que seria dele sem você, ou vice-versa.
O sorriso de Gerard foi se desfazendo enquanto ele cobria-se até o queixo como uma criança desprotegida.
- Somos uma família. Não só eu e ele. Eu, Mikey, você, Ray e Bob. Estamos nisso juntos, sairemos disso juntos.
E então ele virou-se para a outra direção, dessa vez dando as suas costas para o mais novo. Não podia ver o olhar perdido de Frank, que estava vago entre a segurança que a presença de Gerard lhe proporcionava quando ao mesmo tempo deixava-o eufórico e inquieto. Era contraditório e sem sentido. E não era importante, também.
Frank respirou – um suspiro que pareceu três vezes mais alto devido a quietude – e repetiu o gesto de outrora, fazendo suas costas se encostarem uma na outra e tentando aconchegar-se da melhor maneira para o sono tomar conta de si.
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Outra noite, outra visita.
- Afaste, Frank.
Ele obedeceu, sem saber se o vulto à sua frente era uma ilusão de óptica, um sonho mal acabado ou se era realmente Gerard. Amaldiçoou o mais velho mentalmente por acordá-lo tão repentinamente. Sentou-se quando empurrou o corpo para o lado, deixando um espaço considerável para que o outro deitasse. Pelo menos, dessa vez, ele tinha trazido seu próprio travesseiro ao invés de roubar o de Frank durante a noite. Continuavam, entretanto, dividindo as cobertas que eram grandes o bastante para cobrir toda a cama de casal e para deixá-los aconchegados sob elas.
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Quem tá curioso pede mais...