Meu nome é Valete Haruko. A última semana foi provavelmente, a pior da minha vida. Vou explicar com detalhes, eu sou um delinquente. Bato em tudo e todos, para satisfazer o fato de que não tenho amigos e sou um completo idiota, e até mesmo eu sem disso. Mas... Eu acabei batendo no filhinho mimado de um mafioso. Só fui descobrir isso 5 dias atrás, quando fui perseguido por caras de uniformes pretos. Consegui escapar, mas se não fosse minha velocidade, eu estava morto. Eles estavam armados com bombas! Que tipo de pessoa usa bombas para matar um simples colegial em plena tarde? Então me lembrei do que o cara loiro platinado disse depois de eu quebrar a cara dele. ''Eu sou filho de um mafioso! Meu pai vai te matar por sujar o nosso nome, você vai morrer!'' Claro, eu não levei muito a sério. Mas agora estou procupado. Se eu continuar aqui, vou morrer. Ainda bem, que a minha irmã adotiva me ligou. O nome dela é Aoi Nanao. Quando meus pais morreram, ela foi morar em uma vila distante. Ela ligou para mim, e disse que eu podia morar na casa dela por enquanto. Eu nem tinha contado para ela a minha situação, por isso fiquei meio confuso por ela já saber que minha vida está em perigo. O que importa agora, e que estou dentro de um taxi, que esta a caminho de Minaozawa, a vila em que Nanao mora. Dormi durante quase toda a viagem.

       - Estamos quase chegando, moço. - Avisou o taxi.

   Nanao já me matriculou na única escola da vila, onde só tem duas professoras e quatro pequenas salas. Os alunos do fundamental ficam todos no primeiro andar, onde tem duas salas. A da professora do andar, e a sala de aula, onde várias séries ficam misturadas. E tem o segundo andar, onde fica a sala do diretor, que também é a sala da professora, e a sala de aula. Um pequeno inferno. Nanao tinha a esperança de que se eu ficasse em uma escola pequena, arrumasse menos briga. Improvável, eu acho. Não sou eu que arranjo brigas. São as brigas que me arranjam. O taxo parou bruscamente. O resto foi automatico. Tirar malas do carro. Pagar o taxi. Começar a andar sem rumo pela cidade porque perdeu o mapa que Nanao me deu justamente para que eu não me perca e topo com terríveis... moradores simpáticos. 

       - Ah, olá garoto! Está perdido? - Perguntou um homem. 

       - Bem... De certa forma... Eu estou procurando a casa de Aoi Nanao-san. - Respondo. 

       - Ah, você é amigo da Aoi-chan! A casa dela fica um pouco longe daqui, mas é só seguir essa estrada - Disse ele, apontando para um caminho batido no meio das casas e dos campos vastos cheios de vacas fedorentas. - É uma casa bem notável, ao típico estilo Japônes! É bem fácil de notar.

       - Nanao-chan é uma garota tão gentil! Espero que ela consiga um bom marido logo... - Murmurou lentamente uma idosa sorridente. - O que eu estava dizendo? Ah, sim, Nanao-chan é uma garota tão gentil... - Eu já podia sentir o poder da velhice daqueles cidadões invadindo meus pulmões, com um terrível cheiro de mofo acompanhando. Tenho que sair daqui... - Espero que ela se case com o Kei-chan. 

       - O Pants Boy-san? Bem próvavel! - Respondeu o homem. 

       - E o menino bomba? - Riu a idosa.

       - São mesmo uma turma muito estranha. Mas já livraram a pele de Minaozawa várias vezes. São mesmo boas pessoas! - Disse o homem. Ignorei o papo chato deles e segui por a estrada. Estava quente. E eu estava com as minhas malas... Porque isso só acontece comigo? Que saco, cara! Depois do que pareceram horas andando em um deserto infinito, finalmente cheguei até uma casa ao antigo estilo Japônes. Bati na porta, desanimado. 

       - Já vaaaaaa... - Ouvi um barulho de queda e de pratos quebrando. 

       - O que você fez dessa vez, Nanao-chan? - Gritou uma voz de menino. 

       - Tropecei...

       - Francamente. De tanto você cair nessa escada o chão já esta rachando. Sua cabeça dura!

       - Eu já pedi desculpas, seu cabeça de fogão!

       - Como é? - Gritou ele. Ouvi um barulho de briga... Beleza. Então minha irmã mora com outras pessoas. Não vou ter paz... Bem, é melhor do que quase morrer a cada esquina. Bati de novo na porta, dessa vez uma garota muito bonita mesmo atendeu. Com cabelos longos e azuis, olhos de um cinza métalico muito legal e com peitos imensos. Peraí, não me diga que essa é a nee-nee...

       - Ah, Haruko-chan! Lembra de mim? Lembra da sua nee-nee? - Perguntou ela, me abraçando. Logo o rosto de um cara loiro e com olhos dourados e luvas de boxe vermelhas apareceu. Ele parecia confuso. 

       - Quem é esse, Nanao-chan?

       - Nii-nii, esse é o Rin, ou simplesmente Pants Boy. - Disse ela, apontando para sua cueca de corações. - Ele sempre está assim. Todos os dias. Em casa, na escola ou na rua, ele está sempre só de calção. - Resmungou. - Rin-chan, esse é o meu nii-nii, Haruko. 

       - Ei, Nanao, Rin, onde estão aquelas dinamites que eu estava reservando para... - Disse um cara sentado em uma cadeira com rodinhas enquanto deslizava pela casa. Ele atropelou um gato gordo e cinza com a cadeira e caiu. 

       - Kai! Vamos lutar, seu merda! - Gritou Rin. 

       - Então, nii-nii, Kai e Rin moram comigo.

       - O pessoal da vila não acha estranho? - Pergunto. - Quero dizer, 2 caras morando com uma garota... 

       - Ah, tudo bem. Nos não fazemos nada de estranho, além do mais, Rin é meu namorado. - Disse a Nee-nee. Namorado? Parece que ela evoluiu bastante daquela pirralha que costumava guardar no casaco facas de cozinha de diversos tamanhos, além de uma coleção de pedras afiadas. Não sei porque, mas estou com um pouco de inveja... 

       - Sim, até porque as vezes eu escuto uma certa garota gemendo ''Certo, Pants Boy, agora você provou ser um Pants Man (Man = Homem, Boy = Garoto'' - Disse Kai, malicioso. 

       - Kai! Não saia revelando esse tipo de coisa por ai! - Gritou a nee... Não. Eu estou tão assustado que acho que não posso nem chamar ela mais de Nee-nee. A partir de agora ela é a Nanao...san... Então ela já fez aquilo? E com esse idiota bruto? Nee-nee, ainda corada, me mostrou meu quarto e me deixou um tempo sozinho para pensar enquanto desfaço as malas. 

     Não sei porque mas eu estou muito incomodado mesmo com isso da minha nee-nee já ter... sabe, feito aquilo... Ela é só um mês mais velha que eu! Temos só 17 anos! Como eu ainda posso ser um virjão enquanto a minha irmã adotiva assustadora já tem um namorado e tals? Aliás, isso me lembra do que aqueles moradores estavam falando... ''Espero que ela se case com o Pants Boy, são um lindo casal!''Ah cara, eu amo a nee-nee desde pequeno. Isso é meio que me destruir... Certo, vou analisar minha situação. Eu estou correndo perigo, me mudei para uma cidade no meio do nada, moro com a nee-nee, com um cara chamado Pants Boy, e com outro cara chamado Garoto Bomba. Acabo de descobrir que minha irmã já fez aquilo... E o pior, daqui a 3 dias as aulas começam.