Postmortem (Protótipo) escrita por Mikari


Capítulo 5
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Igreja de Oura, Nagasaki.

Vincent, sorridente, não parava de olhar para Shinji. A expressão facial de Vincent mostrava seu interesse em ver do que o garoto é capaz e o quanto ele aguenta.

Frederic saiu do quarto atrás de Shinji e logo percebeu a presença de Vincent.

– Ah! Vejo que estás melhor, Kings.

– Sim, já estou bem melhor, padre. Graças ao sangue, minhas feridas já se cicatrizaram.

Apesar de Frederic e Vincent falarem um com o outro, eles não aparentavam ser muito próximos. Na verdade, parecia que os dois apenas se davam bem por causa de interesses comuns.

– Aliás, fez muito bem em recrutar o garoto que Mathew indicou!

– Bem... sobre isso... – O padre olhou preocupado para Shinji.

– Eu ainda não disse que iria me juntar ao seu grupo. Eu não posso aceitar fazer parte disso tudo. Eu ten-

Shinji para de falar ao ver uma garota e um garoto de óculos que acabavam de passar pela mesma porta que Vincent havia saído.

– Shinji!!! – Gritou a garota ao vê-lo.

Uma garota de cabelo e olhos azuis corria até Shinji, abraçando-o em seguida.

– Aiko!? – Disse Shinji estagnado enquanto a garota lhe abraçava.

– Shinji, fiquei tão preocupada! Eles disseram que você tinha se metido em uma briga com uns patrulheiros e que tinham chego a tempo para que não te matassem mas que você ainda assim tava muito ferido e precisava de tempo para descansar e então eu aca- - Aiko, nervosa, com lágrimas nos olhos e ainda abraçando Shinji, continuou falando rápido sobre o que havia acontecido.

– Caalmaa! Estou bem, Aiko. Você se preocupa demais. – Disse Shinji tentando acalma-la.

O garoto de óculos se aproximou de Shinji e Aiko.

– Olá. Creio que devo lhe pedir desculpas pelo incoveniente. – Disse o garoto.

O garoto tinha uma expressão séria e ele não aparentava ter muito bom humor. Seu cabelo castanho escuro era bagunçado e ele usava uma camiseta preta com um logo em vermelho de sua série de jogos favorita, “Age of Empires”, estampado e um jaleco branco por cima.

Aiko, ao ouvir a pessoa que veio com ela falando, soltou Shinji sentindo que deveria apresentá-los um ao outro.

– Shinji, esse é o Mathew! Ele é o gênio do grupo!

Aiko falava animada mas isso por algum motivo irritava Mathew.

– G-Gênio? – Disse Shinji olhando para Mathew.

– Por mais que eu entenda que seu objetivo foi me elogiar, não gosto de ser chamado de gênio, Aiko. O fato de eu ser bom em alguma coisa não indica que eu seja um “gênio”. – Disse Shinji aparentando estar um tando entediado enquanto olhava para Aiko.

– Bom em alguma coisa? Você hackeou todas as câmeras de segurança da cidade! Isso é incrível! – Dizia Aiko animada.

– Então creio que você deveria me chamar de hacker e não de gênio!

Mathew voltou a olhar para Shinji e disse:

– De qualquer modo, seja bem-vindo à Postmortem.

Shinji estava começando a ficar irritado pelo fato de todos ficarem o pressionando para entar na organização.

– Que saco! Eu já disse que não irei me juntar a esse grupo ou sei lá o quê!

Mathew se impressionou com a resposta de Shinji pois ele imaginava que Frederic já havia o convencido a se tornar um membro da organização. Mathew olhou para o padre na esperança de que o padre lhe desse permissão para tentar convencer Shinji a ficar.

O padre, ao perceber que Mathew olhava em sua direção, logo entendeu o que ele queria. Frederic fechou seus olhos e balançou sua cabeça positivamente para Mathew.

– Me siga, Shinji. – Disse Mathew olhando para Shinji.

Mathew foi andando até a porta de onde ele estava antes com Shinji e Aiko o seguindo, deixando Vincent e Frederic conversando. Após passar por algumas imagens de santos e descer uma escada que parecia levar a algum tipo de porão, eles chegaram a uma grande sala onde no centro dela ficava uma mesa redonda com um mapa da cidade sob ela. No fim da sala encontravam-se vários monitores de computador mostrando imagens das câmeras espalhadas pela cidade.

Mathew puxou uma cadeira e se sentou na mesma de frente para Shinji e Aiko e começou a falar.

– Foi aqui que nós... ou melhor, eu! Foi aqui que eu ví que você deveria se juntar a nós. Você já percebeu, não é? Já percebeu que você é diferente.

– D-Diferente? Não estou te entendendo. – Shinji respondeu confuso.

– Shinji... Para nós da Postmortem, o único jeito de enfrentar os demônios é usando algo que chamamos de “sangue sagrado”.

– Sangue sagrado? Como assim? – Shinji se interessava no assunto.

– O sangue sagrado é uma substância líquida misteriosa de cor preta que, segundo Frederic, é sangue de anjos.

– E como vocês o usam?

– Banhando nossas armas nele, é claro. E também, quando injetado na vêia, você ganha algumas melhorias físicas sobre-humanas. No entanto, tal efeito não dura mais de 24 horas e a alta dosagem pode te causar sérios problemas e até levar à morte. E é aí que você entra, Shinji...

– Eu? O que quer dizer?

– Nestes ultimos três dias em que passei te observando, eu notei que você já possui essas melhorias físicas. Você consegue enfrentar e matar demônios sem o uso de qualquer tipo de arma, apenas usando sua força! Isso é algo que nem nós sob os efeitos do sangue sagrado conseguimos fazer!

Shinji não entendia aquilo muito bem. Ele sempre imaginou que sua força extra era o resultado de treinos que ele fazia desde que começou a ser criado pelo pai de Aiko, Akira.

– Shinji, eu não sei o que você realmente é mas, precisamos de você! Com a sua ajuda poderiamos talvez finalmente colocar um fim neste império insano e restaurar o mundo como ele era antes!

– E que motivo eu teria para entrar nisso tudo? Já estou cansado de ver vocês tentando me arrastar assim para este grupo! – Respondeu Shinji irritado.

– Nem mesmo por... Shiro Hirano?

Tudo ficou quieto. O tempo parecia ter parado para Shinji enquanto a imagem de Shiro vinha à sua mente junto dos pensamentos em relação ao estado dela. Estaria ela bem? O quê aconteceu com ela?

Shinji se lembrou de Frederic ter lhe contado algo sobre Shiro fazer parte da Postmortem e ter sído capturada por uma mulher chamada Yui. Tudo que aconteceu e seu reencontro com Aiko o fez se esquecer das palavras do padre.

Durante toda a semana, Shinji saía com frequência e andava pela cidade à procura de alguma pista em relação ao paradeiro de sua irmã de consideração e ele finalmente encontra pessoas que sabem o que aconteceu com ela.

– Onde... ela está? – Disse Shinji tentando conter sua raiva.

– Que coincidência nós chegarmos bem na hora em que vocês estão falando nisso! Acabei de receber uma mensagem de um dos nossos membros em Tóquio! – Dizia Vincent enquanto ele adentrava a sala.

– Tóquio!? É lá onde ela está?? – Perguntou Shinji.

– Mensagem!? Dizendo o quê?? – Perguntou Mathew.

– Sim! Ela está em Tóquio, garoto. E a mensagem dizia que Yui foi avistada com dois demônios patrulheiros carregando uma mulher de cabelo roxo.

– Cabelo roxo!? Não... Será que...!? – Disse Mathew espantado.

– Sim. A mulher foi identificada como a nossa ex-membro, Kuro Amano!

– Yui sabe que vamos tentar resgatá-las... Ela está querendo nos atrair para uma armadilha, sem dúvidas. Mas de qualquer forma, não tem jeito. Precisamos ir até Tóquio o mais rápido possível! - Disse Mathew, pensativo, colocando a mão sob sua cabeça.

– Tem um lugar no qual devemos passar antes de Tóquio... - Disse Vincent enquanto olhava para o mapa na mesa.

– Oh? E esse lugar seria...? - Perguntou Mathew curioso.

– A prisão demoníaca do Império Genesis em Osaka! Onde nosso membro mais poderoso está preso! O demônio, Drake Levid!

***

Prisão Demoníaca, Osaka

Uma grande área escura iluminada apenas por velas. Dois demônios segurando lanças ficam parados na frente de uma grande porta, guardando o local. No centro da sala encontra-se um altar e encima dele, um homem com um cabelo branco cumprido, olhos vermelhos e sem camiseta com seus dois braços envoltos por correntes presas na parede. O homem tem muitos ferimentos no corpo... sinais de que ele é torturado diariamente pelos demônios.

O homem olha para cima e, com um sorriso no rosto, diz:

– VENHAM A MIM AS CRIANCINHAS, POSTMORTEM!


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