McGonagall estava ao lado de Filch anotando o nome dos alunos que iriam a Hogsmeade e recolhendo as autorizações dos terceiranistas. Dei um passo em sua direção e olhando para os meus pés, suspirei e segui obstinada. A professora sorriu e indicou que eu poderia passar. Hesitei. Balancei a cabeça e segui em direção a estrada que levava a Hogsmeade. Encontrei Luna no caminho e ela me acompanhou até chegarmos. Pensei em convidá-la para ir ao Três Vassouras, mas antes que tivesse chance, ela falou que procuraria algum antiquário para ver fotos de  bufadores de chifres enrugados. Sorri e revirei os olhos, aquela era a Di-Lua: sempre imprevisível.

            Caminhei pela viela, a esta altura abarrotada de gente, e segui até o final. Queria tomar cerveja amanteigada no Três Vassouras, todavia sabia que havia enormes chances de encontrar Ronald e Lavender. Decidi, por fim, tomar um capuccino e comer uma tortinha de abóbora. Adentrei o café da Madame Puddifoot e procurei por uma mesa. Para meu azar, nenhuma estava vazia. Soltei um murmúrio praticamente inaudível quando, novamente para meu azar, vi Ronald e Lavender chegando atrás de mim. Levantei a cabeça e procurei desesperadamente por alguém que conhecesse. Meus olhos pararam em um ruivo pensativo, sentado em uma mesa perto da janela.

            Ao contrário do que eu imaginei, o ruivo sorriu e me chamou para sua mesa. Sentei na cadeira decorada por enormes laçarotes rosa e agradeci. O casal 20 conseguiu uma mesa também, por sorte, bem longe da que eu compartilhava com Fred. Observei, então, o local. As cortinas eram fofas e rosas, cobertas de lacinhos também rosas e cheias de babadinhos, as toalhas das mesas eram de um tecido delicado e macio e mantinham a tonalidade rosa. O cheiro de café tornava o ambiente ainda mais agradável. Era o tipo de lugar que todo casal de namorados deveria ir: aconchegante, quentinho e fofo. Quase um sonho de contos de fadas. Ri amarga. A ironia realmente adorava me ter como amiga.

            - Desculpa, nem perguntei se você estava acompanhado. – falei quando percebi que Fred me encarava.

            - Tudo bem, Angelina ficou em Hogwarts para planejar a equipe de Quadribol. Quando a coruja chegou, eu já estava aqui. – ele deu de ombros – Tudo bem com você? A julgar pelo seu olhar, diria que não. – completou

            - Como estaria tudo bem? Ronald faz questão de se esfregar com Lavender sempre que eu o vejo e tampouco faz questão de falar comigo. Sabe, eu ainda gosto dele, mas me contentaria com amizade. – ao ver o ruivo revirar os olhos, ela continuou – Nem sei porque disse isso a você. Vai contar a ele na primeira oportunidade e debochará de mim por tempos, Fred. – seu olhar tornou-se penetrante quando ouviu eu falar seu nome

            - Como você sabe meu nome? – ele perguntou atônito

            - Ora, conheço você e seus irmãos desde...- tentei me explicar e fui interrompida

            - Nem minha mãe e meu pai sabem nos diferenciar! – ele exclamou surpreso – Não venha me dizer que isto é fácil. George e eu somos praticamente iguais.

            - Não, não são iguais.

            - Qual a diferença, então? – ele ergueu uma sobrancelha

          - Ehh...hum...- tentei explicar – Bom, você tem um pequeno corte no supercílio e tem a voz mais grossa.

            - Incrível – respondeu divertido – Você é realmente observadora. Por favor, não conte isso a ninguém. Você não faz ideia do quanto é divertido enganar as pessoas. – ao receber um olhar desaprovador, ele emendou – Ah, você sabe, Hermione, coisas banais, nada muito sério.

            A garçonete aproximou-se de nossa mesa e durante o pedido, encarava Fred furtivamente. Ela era realmente bonita: tinha olhos tão azuis quanto os dele, cabelos longos, loiros e lisos, bochechas extremamente rosadas e lábios cor de pêssego, suas feições eram doces e eu poderia jurar que era parte veela. O ruivo correspondeu o olhar e sorriu. “Galanteador!” minha mente exclamou.  Ao dirigir-se a mim, seu tom doce tornou-se cortante e áspero “O que você quer?”. Estranhei a forma que fui tratada uma vez que ela fora agradável e simpática com Fred.

            - Ela sempre faz isso, sabe. – Fred falou olhando a mulher rebolar elegantemente até o balcão – Quer dizer, ela é meio óbvia...sempre deixa seu nome atrás da nota. – ele riu – Angelina a odeia.

            - Qualquer namorada que veja seu namorado ser seduzido pela garçonete ficaria brava. – respondi e comecei a brincar com a toalha da mesa

            - Ser seduzido. – ele repetiu minhas palavras e começou a rir – Você acha mesmo que ela tentou me seduzir? – assenti – E eu correspondi? – ele ergueu as sobrancelhas e sua expressão era confusa ao ver que eu assenti novamente – Angelina diz que ela faz isso com todos só por diversão. As veelas são realmente...poderosas.

            - Sem dúvidas. – murmurei e lembrei do estado de Rony quando convidou Fleur Delacour para o baile durante o Torneio Tribruxo

            - Como foi que vocês terminaram? – ele indicou o irmão

            - Quer saber mesmo ou só está tentando puxar assunto? – ele deu de ombros – Ok.