Colégio Artwood, 8:30 da manhã.
- Ai cara, tenho muita inveja de você. - May falou virada para trás de sua carteira, conversando com Sam. - Como eu queria que Coronamon digievoluísse.
- Eu acho que isso tem algo a ver com a base na sua confiança em seu Digimon... - Sam explicou, pensativo. - Porque FanBeemon digievoluiu assim.
- Mas eu confio nele! E nada aconteceu.
- Talvez a forma de digievolução seja variada por pessoa e Digimon, não sei...
- Classe! - A professora Leila interrompeu eles e todos os outros que estavam conversando. - Temos uma nova aluna que vai estudar com a gente a partir de hoje! Ela veio do Japão, seu nome é Yui Kage. Pode entrar, Yui!
Então Yui entrou. Ela era muito pálida, tinha longos cabelos bem escuros, usava um uniforme escolar japonês nas cores preto e vermelho, luvas cinzentas e tinha um olhar de psicopata.
- Ela é meio esquisita, Sam. - May sussurrou, e Yui pareceu ter escutado quando passou ao seu lado, para sentar na carteira que a professora havia indicado.
Durante a aula inteira, Yui não disse sequer uma palavra, apenas observava todos com um olhar frio e duro.
- Então, para fazer uma equação... - A professora Leila explicava, distraída.
Então George Mitchel, um aluno que sentava três carteiras atrás de Yui, pegou um papel e fez uma caricatura de Yui, escrevendo comentários maldosos. Deu uma risadinha leve ao ver o resultado, e passou para Dan Lloyd, seu colega ao lado.
E então o bilhetinho da caricatura ficou sendo passado pela sala de aula, até chegar a Sam.
"Mas o que..." Ele pensou espantado, vendo a caricatura.
Não era legal fazerem isso com a novata, então ele resolveu que não iria passá-lo pra May nem pra mais ninguém, o guardou na mochila apenas.
Ele olhou pra Yui, ela parecia não ter percebido. Melhor assim.
Então a aula continuou, até que o sinal do recreio tocou e todos os alunos desceram.
May e Sam foram pro grande carvalho da escola, onde costumavam ficar em seus galhos, era um tipo de esconderijo secreto. E dessa vez, Coronamon e FanBeemon estavam com eles, escondidos entre as folhagens.
- Coronamon, nós precisamos arrumar uma forma de você digivolver! - May falou, e Coronamon escutava empolgado, porém temendo mais treinamento.
- Eu digivolvi por causa do poder da confiança do Sam. - FanBeemon explicou. - Talvez você tenha algum poder oculto também, May.
- Talvez... - May falou, pensativa. - O que você acha, Sam? Sam?
- Hã? - Sam respondeu, distraído. - É, é, acho que pode ser.
- O que foi hein? - May perguntou, vendo que ele segurava um papel, tomando-o. - Mas o que é isso?! A novata? Sam... Não sabia que você fazia essas coisas!
- Não fui eu! - Sam falou irritado. - Estavam passando essa caricatura pela sala, fui o último a pegar. Nem sei quem fez!
- Mas falando nessa novata... - May investiu no assunto, apontando pra ela, que estava sentada sozinha em um banco, sem expressar nada. - Há algo de estranho nela, algo diferente...
- Também acho... - Sam falou, a observando melhor.
Logo Yui se levantou do banco indo para outro lugar, como se soubesse que eles estavam a observando.
- Ô garota! - Daisy Sherwood, a patricinha da classe, chamara sua atenção. - Pra que essa roupa cafona, hein? Aqui não é o Japão não, para de sair vestida de cosplay de anime!
Yui não disse nada, apenas continuou andando, ignorando-a.
- Você é surda? - Daisy continuou insistindo. - Olha pra cá que eu estou falando com você!

Então Yui se virou, encarando-a com um olhar gelado e macabro, assustando a garota.

- É... – Daisy tentava achar palavras para dizer. – Deixa pra lá, sabe!

Então ela saiu correndo, enquanto Yui foi para algum outro canto da escola.

- Que sinistro... – May comentou depois daquilo, e Sam observava nervoso.

- Sim... – Sam tremia de medo.

- Ela poderia matar alguém até. – Coronamon comentou, e FanBeemon se encolhia num canto.

- SRTA. JONES E SR. COLLINS! – A monitora da escola berrou. – DESÇAM DESSA ÁRVORE AGORA!

Então os dois desceram, deixando Coronamon e FanBeemon na árvore.

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A aula acabara. Sam e May estavam saindo da escola, até que seus digivices começaram a apitar.

- Mas o que há? – May se perguntara, pegando o seu do bolso e o conferindo. Sam fez o mesmo.

Na tela dos dois, havia uma espécie de mapa. E haviam quatro pontos. Dois estavam bem ao lado do outro, e os outros dois estavam bem longe de todos, se movimentando.

- May, acho que esses dois pontos juntos somos nós. – Sam sugeriu, pensando numa teoria. – Já esses dois outros, não sei.

- Será que tem mais pessoas com digivices que nem nós? – Ela perguntou, curiosa. – E com Digimons?

- Deve ser... Vamos procurá-las?

- Claro!

Logo, Coronamon e FanBeemon apareceram, e então eles resolveram se separar em grupos de 2, um humano e seu Digimon, e iriam atrás de um dos possíveis outros digiescolhidos.

Sam foi atrás do ponto que estava indo para a cidade e May foi atrás do que estava indo para o parque.

- Coronamon, consegue farejar algum Digimon? – May perguntou a seu Digimon, que estava no chão, fingindo ser um gato para se disfarçar.

- Sim... – Coronamon respondeu, com uma expressão nada agradável.  – Mas ele está um pouco longe, ao leste.

- Beleza, vamos lá! Sobe nas minhas costas!

Coronamon obedeceu, e então ela pegou seu skate e foi atrás do ponto no radar do digivice que se movia mais e mais, segurando na traseira de um carro pra pegar uma “carona”.

- Estou fazendo que nem o Marty, hehe – Ela riu, enquanto Coronamon boiara.

- Quem? – Ele perguntou, confuso.

- Do De Volta Para o Futuro! Ah é, esqueci que você nunca viu esse filme.

- O que é um filme?

- Deixa pra lá sabe, fica atento que agora eu vou soltar a traseira do carro, ok? Em 3, 2, 1...

Então May soltou-se rapidamente, pegando um impulso e foi mais rápido atrás do ponto.

- Mas rápido May, o ponto está se afastando! – Coronamon exclamou, vendo que ela estava um pouco devagar.

- É que você é meio pesadinho sabe... – May reclamou, um pouco irritada.

- Desculpa... Mas então, vamos continuar atrás dele.

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A pessoa que eles estavam seguindo sem saber era Jake. Ele estava bem longe, já que estava de bicicleta e não levava nenhum Digimon nas costas.

Ele mal sonhava que May e Coronamon estavam o persiguindo, e muito menos eles sabiam que era Jake o ponto no radar do digivice de May.

Jake resolvera fazer algumas coisas agora que tinha um Digimon. E faria uma delas agora.

Passou com casa e chamou Kotemon, que nem sonhava o que ele planejava fazer.

- Aonde vamos, Jake? – Kotemon perguntou curioso, sentado no banco de trás da bicicleta.

- Você vai ver... – Jake respondeu, determinado a chegar lá.

Ele foi até um colégio chamado Saint George, que ele estudara ano passado. Deixou a bicicleta presa na grade do portão de entrada, e esperou lá.

- Kotemon, esconda-se. – Ele disse para seu Digimon. – Quando eu chamar, você aparece.

- Tudo bem Jake. – Então Kotemon escalou alguns prédios, sumindo da visão de Jake.

Jake ficara observando o portão , esperando muito alguém. Ele sonhara muito com aquele momento! E hoje veria ele se realizar, que sonho!

Então, uma figura o encarou dentro da escola. Era um bully, que atormentara Jake ano passado, conhecido como Puncher. Puncher, ao vê-lo, não ficou nem um pouco feliz. Logo Jake saiu correndo, começando com o teatro. Foi até um beco, para “despistá-lo”. Continuando naquela atuação de garoto desesperado, deu de cara com outros dois bullys: D.J. e Rory.

Ambos eram amigos de Puncher, que haviam recebido o comando dele para encurralá-lo. Jake, ainda atuando, fingiu ter medo deles e deixou eles o agarrarem pelos braços.

- Você foi muito tolo de voltar aqui, pirralho... – Era Puncher, que chegara o encarando friamente. – A mamãezinha não tinha te trocado de escola por isso, bebê chorão?

- Talvez seja tolice para você, Sherman. – Jake falou também com um olhar desafiador, o que despertou uma ira em Puncher por ele ter dito seu nome verdadeiro.

- Perdeu a noção, moleque?! – Puncher, ou Sherman, gritou irado. – Já te disse para nunca me chamar pelo meu nome! Agora você vai pagar!

- Melhor tomar cuidado, Sherman. – Jake provocou enfatizando o nome do bully. - Não acho que o meu amigo ia gostar de você me batendo...

- Que amigo? – Rory provocou. – Você não tem amigos, seu esquisito. Prefere ficar mexendo naquelas ferramentas idiotas!

- Eu chamo ele aqui pra vocês conhecerem... – Jake falou sem medo nenhum daqueles caras. – Ei, Kotemon!

Kotemon apareceu na hora, e os três bullys olharam para ele.

- Mas que droga é essa? – Puncher se perguntou, estranhando.

- Own, mas ele é tão baixinho! – D.J. falou num tom desprezível, fazendo os outros dois rirem.

- E pra que esse bastão de madeira? – Rory acrescentou, risonho. – O bebê não sabe usar uma espada de verdade?

Os três bullys riam de Kotemon,  olhava para Jake, que assentiu para seu Digimon.

- Largem o Jake... – Kotemon falou,  levantando seu bastão-espada. – Ou vão se arrepender.

- O que vai fazer hein, dar uns tapinhas na gente com esse bastão ridículo? – Puncher provocou. – Me poupe garoto, eu o quebraria em dois facinho... Rory, D.J... Esse moleque de fantasia ridícula é todo de vocês.

- Valeu Puncher... – D.J. agradedeu, avançando para Kotemon junto com Rory.

- Vocês que pediram... – Kotemon falou, preparando-se para lutar. – Cabeça Quente!

Logo a máscara de Kotemon começou a pegar fogo, e ele foi até os bullys atacá-los.

Rory e D.J. se assustaram, e D.J. jogou o refrigerante de seu copo que levava consigo em Kotemon, procurando apagar o fogo.

- Isso não é nada. – Kotemon falou irado. – Trovão Kote!

Os punhos de Kotemon ficaram elétricos, fazendo os dois bullys recuarem, pois não queriam levar um choque do Digimon.

- Quer saber cara... – Rory falou para D.J., assustado. – Vamos vazar daqui!

Então os dois bullys saíram correndo, deixando Puncher, Jake e Kotemon lá.

- Covardes... – Puncher falou, xingando baixinho. – Você é cheio de truques, carinha esquisito... Mas você vai ver!

- Por que te chamam de Puncher mesmo? – Kotemon perguntou, curioso.

- Por causa disso! – Puncher tentou dar um soco muito forte em Kotemon, que desviou muito rápido, quase como um ninja, fazendo o bully bater no chão ao invés disso. – AAAAAAAH! SEU DESGRAÇADO! ESSA É A MINHA MELHOR MÃO PRA SOCAR!

- Então vou te mostrar a minha... – Kotemon ameaçou. – Trovão Kote!

Mais uma vez seus punhos ficaram elétricos, e Kotemon desferiu um soco em Puncher, que gritou de dor e caiu no chão, agonizando.

- Posso acabar com ele, Jake? – Kotemon perguntou para seu parceiro, que assistiu deliciado aquele conflito todo.

- Não... – Ele respondeu alegre com sua vingança. – Acho que ele já aprendeu sua lição, não é, Sherman?

- Por favor... – Puncher agonizava, encolhido no chão. – Por favor não me mate!

- Então me prometa uma coisa... – Jake sugeriu.

- O quê? – Puncher falava quase chorando. – Eu topo tudo!

- Nunca mais você e seus amigos batam em alguém, e nunca conte sobre esse incidente... – Jake falou, destemido. – Porque se eu souber que você fez alguma dessas coisas, já sabe o que acontece...

- Tá bom, eu prometo! – Puncher exclamou, chorando. – Agora pode me ajudar?

- E você me ajudou algum dia, Sherman? – Jake reclamou, se lembrando dos tempos de tormento.  – Adeus. Vamos Kotemon.

Então ele o abandonou lá, pegando sua bicicleta e indo embora com seu Digimon.

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- Sam! – FanBeemon falou para seu parceiro, que estava distraído tentando achar o tal outro digiescolhido. – Eu sinto a presença um Digimon!

- Hein, sério? – Sam respondeu, escondido em um beco para não chamar atenção.

- Pelos meus instintos, ele tem um humano como parceiro... Deve ser o Digimon do tal digiescolhido!

- Eu tive uma ideia, FanBeemon... Se acharmos o digiescolhido achamos seu digimon, e vice-versa... Então vamos nos separar, você vai atrás do Digimon e eu do digiescolhido!

- Tudo bem!

E então FanBeemon foi voando pelo céu, em busca do Digimon, enquanto Sam continuou seguindo o ponto de seu digivice.

Ele parou numa esquina, até que viu alguém familiar do outro lado dela. Era Yui.

Sam deduziu que ela deveria estar morando por ali. Até que conferiu seu digivice, vendo que o digiescolhido também estava por lá.

“Mas espera, será que...” Ele olhou pra Yui de novo, ela estava exatamente no mesmo lugar aonde o digivice indicara. “Não pode ser!”

Yui foi até outra esquina, e Sam resolveu seguí-la para ver se essa teoria podia ser verdade.

Ela entrou num beco sem saída, indo até o final dele e ficou parada, como se estivesse esperando alguém. Sam se escondeu atrás de algumas latas de lixo, e ficou espionando.

- Dracmon! – Ela gritou com sua voz gélida. – Venha aqui já!

De repente, um Digimon esquisitinho apareceu. Sam o observou, e checou seu digivice para obter dados:

“Dracmon, um digimon morto-vivo travesso, que suga sangue de Digimaus. É temido por muitos, mas não é necessariamente mau ao todo. Seus golpes são a Presa Zumbi e Olho do Pesadelo.”

“Então esse é o Digimon dela.” – Sam olhava a cena, e notou que ele segurava um saco grande.

- Eu tô aqui, Yui! – Dracmon respondeu, sorrindo maliciosamente.

- O que é isso aí dentro do saco? – Yui perguntou impaciente.

- Um carinha que eu encontrei me perseguindo...                                        

Dracmon abriu o saco, tirando ninguém mais do que FanBeemon.

“Droga, ele o capturou!” Sam pensou com ódio.

- E parece que tem alguém aqui nos espionando... – Yui falou, referindo-se a Sam.

Sam tentara escapar antes que eles notassem, mas Dracmon surgiu do nada na sua frente, o assustando. Fora escoltado até Yui e FanBeemon pelo mesmo, e a garota não parecia nada contente.

- Quem é você? – Ela perguntou o encarando gélidamente. – Por que estava nos espionando?

- M-meu nome é Sam, Sam Collins... – Ele gaguejava, apavorado. – Sou seu colega de escola!

- Yui, olha só o que eu achei na mochila dele! – Dracmon falou, entregando a caricatura de George para sua parceira humana.

- Mas o que?! – Yui ficou irada ao ver a caricatura. – Você vai pagar!

- Não! – Sam exclamou, retomando um pouco da coragem e extendeu seu digivice. – FanBeemon digivolva!

- Ok, Sam! – FanBeemon exclamou, sendo então envolvido por uma luz branca. – FanBeemon digivolve para... WASPMON!

Yui virou e viu o Digimon recém evoluído, mas não parecia assustada.

- Então você também tem um Digimon e aprendeu a digivolvê-lo, né... – Yui comentou friamente. – Pois bem, não é o único. Dracmon!

Dracmon soltou uma risada maligna, e também foi envolvido por uma luz branca.

- Dracmon digivolve para... SANGLOUPMON!

Sam ficou pasmo. Antes daquele momento, era o único digiescolhido que podia digivolver seu Digimon para o nível Adulto.

- Ataque, Sangloupmon! – Yui exclamou, apontando para Waspmon, que também estava surpreso.

Os dois começaram uma luta brava, fazendo Sam ficar com medo de perder. Afinal, Sangloupmon parecia ser muito forte.

- Pare! – Sam falou segurando o braço de Yui. – Não fui eu que fiz a caricatura, eu juro!

- Então quem foi? – Yui perguntou com um olhar queimante.

- N-não sei... Eles estavam passando pela sala, a última pessoa que me deu foi a Daisy Sherwood! Não passei pra mais ninguém, achei sacanagem isso!

- Ah é? Sangloupmon! Largue esse Digimon e venha comigo!

Yui tomou o desenho e deu para Sangloupmon farejar, logo subiu em cima dele.

- Nós vamos atrás de quem desenhou isso, e depois vamos atrás dessa Daisy Sherwood!

Logo Yui desapareceu junto com Sangloupmon, saltando pela cerca que fechava o beco.

- MEU DEUS! – Sam exclamou assustado. – Waspmon, temos que impedi-la!

Então Waspmon agarrou Sam colocando-o em seu ombro, indo atrás de Sangloupmon e Yui.