Garoto Rude escrita por Mellanie Vonturi


Capítulo 9
Reviravolta


Notas iniciais do capítulo

Ah meu Deus, não sei nem começar. Acho que pedir um milhão de desculpas não seria um bom começo. Estou tão envergonhada de ter ficado tanto tempo sem postar. De ter abandonado a fic por pura preguiça e falta de criatividade. Eu peço minhas sinceras desculpas, e pensei tanto na fic, que passei a madrugada escrevendo, agora o capítulo 9 está quase pronto. Eu espero que minhas leitoras ainda estejam interessadas na minha fic, porque agora é pra ficar. A fic tá tomando um rumo diferente e eu quero ver como vocês irão reagir. Então... Até lá embaixo? ;)



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Estava eu a caminho da casa de Milenna. Com a companhia da própria. Não preciso explicar que ela fala demais. Eu gostaria de ter um controle remoto e deixá-la no modo mudo. Como naquele filme do Adam Sandler, “Click”, que eu já estou enjoada de assistir.

Eu não tinha a mínima intenção de prestar minha atenção no que ela dizia. E ela nem ao menos percebia. Continuava falando, falando e falando. Eu só havia cabeça para pensar no que estava acontecendo. Se já não bastasse alguém me vigiando, ainda traio Richard com Daniel. Mas... Eu não traí. Foi apenas um beijo. Não posso pensar deste modo. Eu não quis isto. Tudo bem que na hora não deu para pensar, mas, eu fiz pelo coração, e não o cérebro. Talvez eu precise arriscar e dizer a verdade para Richard. Mas como, se ele nem ao menos fala comigo mais?

Eu estava mesmo era precisando desabafar com uma amiga, mas é neste momento que eu lembro que eu não tenho nenhuma. A não ser... Não, Amanda, você não é amiga de Milenna. Você mal a conhece. Não se pode confiar numa pessoa que eu conheci não faz nem um dia.

– Chegamos – disse a própria, me tirando de meus pensamentos.

E quando percebi, estávamos nós duas paradas de frente para um sobrado verde. Não era tão grande o quanto eu pensava, mas sinceramente, fiquei surpresa por não ser rosa. Milenna me puxou pelo braço para entrar e eu apenas fui. Logo na sala já encontramos a mãe de Milenna esperando a filha em uma poltrona enquanto assistia o noticiário.

– Lenna, você demorou a chegar. Temos que preparar um bolo para o aniversário de Clarisse... – E quando ela olhou para mim, parou de falar, finalmente tinha notado minha presença. – Quem é a nova amiga?

– Amanda... Amanda Parker – sorri forçado.

– Prazer Amanda, sou a Juliett, a mãe de Milenna – disse ela estendendo a mão para um aperto.

Mas Milenna me puxou pelo braço novamente para subir as escadas para seu quarto. Provavelmente ela tinha ciúmes de sua mãe. Querer a mãe só para ela. É um pouco egoísta, mas entendo. Quando Milenna abriu a porta, quase deixei meu queixo cair de inveja. Era um quarto limpo, com o piso brilhando, paredes brancas e limpas. E o quarto era grande, acho que dava o dobro de meu quarto. Milenna riu ao ver minha reação e se sentou em sua cama. Bateu com a mão na própria, como um sinal para me sentar, e foi o que eu fiz.

As matérias não eram difíceis, pelo menos para mim. E Milenna também não aparentava estar com dificuldades para entender o conteúdo. O que me deu um alívio, pois não sou das melhores para explicar. O que me chamou a atenção foi sua letra: Perfeita, elegante. Visualmente não havia defeito algum. Mas... Espera um pouco. Eu já vi essa letra em algum lugar. Não, Amanda. Não pode ser, pare de pensar bobagens. Quando terminamos, resolvi ter uma idéia. Para eu tirar minhas próprias conclusões, precisava de uma prova.

– Milenna, escreve seu nome completo num pedaço de papel? Já que vamos estudar juntas, preciso saber seu nome, para não errá-lo na hora de colocar os nomes nos trabalhos.

– Ok, só um minuto. – Ela arrancou um papel de sua agenda e escreveu seu nome completo.

“Milenna Wanda Wolf”

Sorri e peguei o papel de sua mão, o guardando em meu bolso da calça.

– Amanda... Me conta, o que é que está rolando entre você e o Daniel? Vocês estão ficando? – Por essa eu não esperava.

– ... – Não respondi, pensava no que eu iria dizer.

– Estão ou não? – Insistiu.

– Eu não sei, Milenna. Eu não sei.

– Ok, se você não sabe tudo bem. Eu posso te ajudar – estranhei – e o que houve no banheiro? Só ouvi você gritando com ele e depois eu fui para a sala. Aconteceu alguma coisa a mais? – Perguntou com um sorriso malicioso estampado em seu rosto.

– Milenna – repreendi – isso não é coisa que se diga muito menos se faça num banheiro feminino.

– Ai, desculpa né.

– Ok, ele quebrou o meu óculos e eu briguei com ele. Por este motivo estou sem. E estou ridiculamente feia, eu sei.

– Você não é feia.

– Obrigada, mas... O que aconteceu foi que, ele me beijou de surpresa no banheiro. E agora eu me sinto mal por tê-lo deixado me beijar, enquanto eu ainda estou com o Richard. Eu acho... – Sussurrei a última frase, mas Milenna deve ter ouvido.

– Richard, como é? Tem mais um? Não é o Richard... – Ela não completou, estava desconfiada, porém, eu não entendi.

– Richard Collin – sorri, já o seu sorriso se desfez – O que foi?

– Nada, deixa quieto. – Ela olhou para o chão e fugiu do assunto.

– Você sempre foi apaixonada pelo Daniel? – Milenna voltou ao antigo assunto, curiosa.

– Digamos que não, na verdade na minha infância eu tive uma queda. Uma espécie de paixonite não correspondida. Então eu o esqueci. Só que agora ele voltou.

– Entendi. E o que ele disse para você?

– Que está arrependido, quer começar novamente e... Que ele não irá me iludir novamente. – Falei baixo.

– Ount, que lindo. Eu acho que você deveria dar uma chance para ele. Se o Richard realmente gostasse de ti, ele não te deixava sozinha para sentar com a Melissa. Eu vi quando você ficava olhando para a outra mesa.

– É... Talvez seja isso. Mas agora eu preciso ir, tenho outras coisas para fazer – ela sorriu – obrigada pelo conselho.

– Eu quem agradeço.

[...]

Faltava apenas uma rua para eu finalmente chegar em casa. A casa de Milenna definitivamente era longe da minha. Praticamente do outro lado do bairro. Mas enfim. Quando olhei para o portão de casa, encontrei aquela mistura de homem e garoto, moreno dos olhos verdes me observando, encostado em meu portão e com uma rosa na mão.

Não acreditei, quando ele percebeu que eu havia chegado, sorriu e veio em direção para me abraçar. Nenhum de nós queríamos um beijo. Então não tentamos. Ele parecia que estava tentando me contar alguma coisa. O chamei para entrar e ele se sentou no sofá. Trouxe um copo de suco e Richard bebeu. Sorri fraco e ele suspirou.

– O que te traz aqui? – Perguntei curiosa.

– Na verdade, você. – Arqueei uma sobrancelha. – Eu peço desculpas por ter ficado todo esse tempo sem falar com você.

– E o que te traz aqui? – Repeti a pergunta um pouco mais alto. Eu estava magoada por ele me evitar.

– Não precisa ser grossa – Olhei para o chão. – Eu sou o tipo de pessoa que sempre têm dúvidas do que escolheu depois que já é tarde demais. Sempre acho que eu não escolhi certamente. Na verdade não é você, sou eu – continuei olhando para o chão. – Então eu resolvi me testar, para ver se o que eu sentia por você era verdadeiro o bastante para nós dois ficarmos juntos. Sim, eu sou inseguro. E muito. Durante todo esse tempo, senti muito a sua falta. Confesso, mas também me sentia mal por não te explicar nada.

Na mesma hora, uma péssima lembrança veio na minha cabeça. Melissa e ele sentados, os dois muito próximos, no intervalo. Era quase um abraço. Os dois se olhavam frequentemente. E qualquer bobo sabia que havia algo a mais.

– E Melissa? Eu sei que você teve algo com ela. Explique-me isso. Por favor.

Ele ficou alguns minutos em silêncio, pensativo. Provavelmente ele não queria me responder. Começou a mexer em seus cabelos e alguns longos minutos depois, abriu sua boca para falar.

–E-eu... – começou a gaguejar – Certo dia, eu estava muito carente. Sem ninguém por perto. E eu sabia que você estaria estudando, como sempre. – revirou os olhos – E naqueles dias, eu estava muito próximo de Melissa. Estávamos agindo como amigos, mas... Para ela era bem mais que isto. – levantei uma sobrancelha, surpresa.

Eu só tentava imaginar a cena de Melissa e Richard, amigos. Que meigo. A vadia da roupa rosa-chiclete com o mocinho da jaqueta de couro. Sendo apenas amigos? Me conta outra.

E então ele continuou:

– E naquele dia, eu queria a companhia de alguém. Mas Daniel estava ocupado, então eu optei pela própria Melissa. Eu não sabia se era uma boa escolha, mas apenas liguei a chamando, para termos uma conversa e em meia hora ela estava na minha porta. Sei que você não irá gostar do que irei dizer, mas Melissa estava extremamente atraente. Um vestido curto vermelho, um... – o interrompi.

– Tá, chega de ouvir abobrinhas, aonde quer chegar? – Perguntei ignorante.

– Ela me provocou, bebemos um pouco e... fizemos... – esperei atentamente ele completar – AH, VOCÊ ENTENDEU! – gritou ele impaciente. Na mesma hora meu coração estava pronto para ter um ataque cardíaco.

– O QUÊ? VOCÊ FOI PARA A CAMA COM AQUELA... AQUELA... V-VADIA? – gritei indignada, a última palavra saiu falhada, pois eu estava pronta para chorar.

Eu e esta minha linda mania de ser sentimental e querer chorar por tudo. Ser sensível é uma droga. Eu gostaria muito de ser aquele tipo de pessoa que sabe que no fundo têm sentimentos, mas sabe muito bem reagir a eles. Mas infelizmente não sou. Qualquer coisa que me atinja, faz com que eu tenha um nó na garganta e comece a rolar lágrimas em meu rosto.

– Eu não tive culpa... Foi instantânea a minha vontade, o desejo falou mais alto, Aman...

– FORA DA MINHA CASA, SEU CRETINO!

– O quê? – Perguntou tentando entender o que eu estava falando.

– Eu peço que saia da minha casa. Antes que eu surte mais do que estou surtando – ameacei.

– Não vou sair daqui até você me perdoar – afirmou ele, confiante.

A raiva subiu a todo o vapor. Eu não iria o perdoar tão cedo. Pode até ser que eu esteja exagerando, até porque nunca namoramos. Mas havia algo dele em mim. Era como se fossemos namorados. Mas o máximo que aconteceu foi ficarmos. Admito, que fiquei chateada por estar arrependida de deixar Daniel ter me agarrado no banheiro do colégio. Mas não fizemos nada. Estava me sentindo a pior pessoa do mundo, agora me sinto uma otária. Sem pensar, levantei-me do sofá em que eu estava sentada. Cheguei mais perto de Richard, ficando frente a frente. Esperta, simulei que iria o beijar. Ele como um tolo acreditou, se levantando e se aproximando mais ainda. Em questão de segundos, dei um forte tapa em seu rosto. Que em pouco tempo, havia ficado vermelho, muito vermelho. Ele me encarou por um tempo, e tentou fazer uma cara de cachorro que caiu da mudança. Mas eu não acreditaria mais, não mesmo.

– Eu não vou mais repetir, Richard. É a última vez que eu aviso. Saia da minha casa! – Apontei para a porta, fui até a própria e a abri. Fiz sinal para que ele saísse, e foi o que ele fez. Completamente mudo e olhando para o chão. Na mesma hora em que ele saiu, fechei a porta com toda a força, raiva e ignorância que ainda restava em mim. Deslizei meu corpo sobre a porta, como da primeira vez. E milagrosamente, não me despedacei em lágrimas. Ao contrário. Fiquei parada e não reagi. Como uma planta. Apenas olhei por volta da casa sem motivo algum e comecei a pensar em diversas coisas, que não tinham utilidade alguma de se pensar.

Eu sei que estou sendo insensível, mas esta foi a gota d’água. Me decepcionei praticamente toda a minha vida. Já cansei desta brincadeira idiota que a vida gosta de fazer. Cansei de todas as vezes que eu tentei me libertar, tentei me superar, e tudo deu errado. Sinceramente, estou cansada da vida. Mas... Meu Deus, quanto egoísmo. Estou cansada de ter que pensar deste modo. Se eu sofro por amor, vou desistir da vida. Estou sendo uma hipócrita ao pensar deste modo. Na verdade, vou parar de viver esta vida. Vou parar de dar atenção para o que não devo. Vou parar de amar e não ser correspondida. Vou parar de ser sensível e sentimental. E a partir de agora, a antiga Amanda que você conheceu, a boba e coitada, morre por hoje. Ignorante? Talvez. Não me culpe se talvez você não gostar de mim. Eu apenas vou tentar ser eu mesma, tentar me expressar de verdade. Talvez eu assuste alguém, mas nada demais para quem sempre foi uma estranha. Só não vou mais me importar com aquilo que só me fez mal. Vou dar uma nova chance para minha vida e seguir em frente. Vou ignorar pessoas que só me magoaram e dar chances para as novas. Como Daniel, aliás, o novo Daniel. Mas apenas digo uma coisa, não serei mais a mesma pessoa. Pode anotar! E isto começará pela mudança de visual. Não espere uma Amanda patricinha, enriquecida de rosa, porque não terá. Apenas uma nova Amanda, um novo eu. Da qual eu poderei ter orgulho de ter me transformado. E foi nestes pensamentos que meu celular apitou. Apressadamente o peguei e logo abri a mensagem, com raiva. Era a pessoa, justamente W. A última pessoa que eu gostaria que soubesse o que estava acontecendo.

“Que pena, poxa vida. Levou um chifre? ): Tem muito o quê aprender na vida. Foi muito bom ter tirado uma casquinha do seu ex-namorado. Saiba que ele é ótimo no que faz. Ops, acho que falei demais. Ah não, você não vai entender. É tão lerda... –W”

Deixei o celular cair no chão, e cheguei a imaginar mil hipóteses de quem seria tal pessoa.

E agora eu havia dois acusados. Dos quais eu teria que ter muita atenção a partir de hoje.


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Notas finais do capítulo

Gente, que estranho né... O.o
Será que Rilissa tem futuro? Eu não tenho tanta certeza disso.
A discussão foi meio tensa :s
E sobre os "acusados" da nossa Mandy, tem duas pessoas neste capítulo que talvez passaram despercebidas. Vamos ver se vocês prestaram atenção u.u
Beijo beijo beijo :*
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