Colônia De Férias escrita por abishop


Capítulo 6
Capítulo 6 - Desafio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/317416/chapter/6

A cor da parede da casa da mãe da Carmen ainda era a mesma pelo lado de fora. Um tom salmão que dava tranquilidade. Parei carro ali e acordei Carmen.

– Carmen, já chegamos.

– Que? – Ela questionou sem entender nada.

– Já chegamos. Estamos em frente a casa da sua mãe.

– Já. – Ela olhou o relógio. Era quase duas horas da tarde. – Acho que dormi demais.

– Também acho. – Sorri.

– Vai ficar parada ai? – Ela falou tirando seu cinto de segurança.

– Não, mas estou com um pouco de medo.

– Não precisa ficar com medo. Seja você mesma.

– Vou tentar. Só que agora não é como a primeira vez. – Olhei para ela.

– Só de você tentar vou ficar feliz.

Saímos do carro e entramos na casa. A mãe dela me recebeu bem apesar dos pesares. Gentilmente ela apontou o sofá para nos sentarmos. Carmen sentou-se ao meu lado e a mãe dela na nossa frente. Estava mais nervosa do que a primeira vez que conheci a família de Carmen. Depois de perguntar como estava minha vida em Los Angeles e sobre o resto das meninas, dona Mercedes toca no assunto.

– Então Shane, como você pretende fazer Carmen feliz?

– Não cometendo erros do passado. – Percebi Carmen olhando para mim quando a mãe dela me perguntou. Notei que ela sorriu no canto dos lábios com minha resposta.

– E como vai fazer isso? – A mãe dela me perguntou.

– Sei que errei no passado quando deixei Carmen no altar. Para ela era a realização de um sonho e que eu estraguei, vou corrigir esse e outros erros e melhorar. Se ela me deu uma segunda chance, dessa vez quero fazer da maneira certa. Não quero magoa-la novamente. A única coisa que quero ver em seu rosto é o seu belo sorriso. – Carmen me olhou com aquele sorriso que me conquistou desde o primeiro dia.

– E o que você tem a dizer sobre tudo isso Carmencita?

– Mama, ela mudou muito desde a ultima vez que falei com ela.

– Talvez esteja cedo demais para você me perdoar, mas eu ainda amo a sua filha dona Mercedes.

A mãe olhou para Carmen e se levantou. Não disse nada. Meu olhar se encontrou com o de Carmen que pareceu entender o que eu queria dizer com eles. Me beijou no pescoço e olhou para mim.

– Vou me sentar ali fora e ficar te esperando. – Falei. Sai pela porta, deixando Carmen com sua mãe.

Pov de Carmen

Minha mãe voltou algum tempo depois. Até agora não tinha entendido sua atitude. Acho que foi isso que deixou Shane um pouco chateada. Também não era para tanto. Atravessamos o país e ela não tem a resposta que tanto deseja.

– Cadê a Shane, Carmen?

– Foi se sentar ali fora. Não tava se sentido bem.

– Poderia chamar ela? Tenho uma coisa para dizer para vocês duas.

– Tudo bem, já volto. – Falei.

Sai da sala e abri a porta. Encontrei Shane sentada na escada. Sentei-me ao lado dela e nos encaramos com o olhar. Percebi que seus olhos estavam lacrimejados. Ela olhou para frente, encarando um ponto fixo.

– O que sua mãe disse? – Ela perguntou.

– Ela quer falar uma coisa para nós duas. – Ela olhou para mim quando terminei de falar.

– Estou com medo da resposta dela.

– Também estou, mas só vamos saber a resposta e encarar a realidade se formos lá dentro.

– Sou uma idiota mesmo.

– Hey, você não é uma idiota! Eu te amo e vamos superar isso juntas. – Comentei segurando suas mãos.

– Às vezes tenho a impressão de que faço tudo errado.

– Agora você está lutando para fazer o que é certo. Vamos entrar e escutar o que minha mãe tem pra nos falar. Não deve ser tão difícil.

– Tá sendo mais difícil do que a primeira vez. – Ela falou olhando para mim.

– Impossível. Dá primeira vez, você teve que fingir que era hetero.

Ela riu do meu comentário.

– Alguma vez você já sentiu medo? – Shane me perguntou.

– Já. Achei que nunca mais ia ter outra chance de ficar com você.

Ela colocou o braço em meu ombro e me beijou na bochecha.

– Acho que nunca te pedi desculpas.

– Do que? – Perguntei curiosa.

– De ter feito o que fiz. De ter te deixado no altar. De ter estrago seu sonho de se casar. Fico me perguntando se algum dia você vai me perdoar por tudo o que te fiz.

Nossos olhares se cruzaram e o abraço não tinha sido desfeito.

– Shane, eu já te perdoei mesmo antes da gente voltar.

– Eu te amo e vou te fazer muito feliz a partir de agora. – A beijei quando terminei de falar.

– Acho bom a gente entrar. Minha mãe está esperando a gente. – Carmen comentou.

– Se não tem outro jeito, então vamos lá.

– Só uma coisa antes da gente entrar... – Carmen começou. -...seja lá qual for a resposta da minha mãe, eu quero viver todos os dias da minha vida ao seu lado. Shane abraçou Carmen e então elas entraram.

Fim do Pov da Carmen

Encontramos dona Mercedes sentada no sofá. Também nos sentamos. Primeiro a mãe dela começou a olhar para nos duas, depois nos olhamos sem entender nada. Então a mãe dela rompe o silencio.

– Há quanto tempo vocês estão juntas? – A mãe dele pergunta.

– Sete dias, mama. – Carmen responde.

– E como isso aconteceu? – A mãe dela perguntou olhando para mim.

– Minhas amigas, ou melhor, nossas. Elas armaram para gente. Inventaram um passeio numa colônia de férias, quando entrei no quarto vejo Carmen. Achei que tinha entrado no quarto errado. Aos poucos fomos conversando e nos entendemos.

– As amigas de vocês sabem? – A mãe dela perguntou.

– Não. – Carmen respondeu. Vi a mãe dela balançar a cabeça.

– Carmen só eu sei o quanto você chorou naquele dia... – A mãe dela começou a dizer...-e Shane, você errou naquele dia. Talvez não fosse o momento certo pra tudo e que deveria esperar mais um pouco. Quanto tempo vocês vão ficar no México?

– Mama, o que queres dizer com esta pergunta?

– Que fico feliz em saber que vocês duas estão juntas novamente.

Me levantei e abracei a mãe dela. Ela fez o mesmo. Desfiz o abraço.

– Dona Mercedes, agora eu vou fazer o que é certo e vou cuidar bem da sua filha.

– Me deixa muito feliz ouvindo isso. – A mãe dela falou. – Vocês duas... – Carmen e eu olhamos para a mãe dela. -... Quero netos, viu?

– Mama! – Carmen repreendeu a mãe dela. Olhei para Carmen e a vi sorrindo, apenas sorri de volta.

– Chega de papo e vamos almoçar. – A mãe dela falou.

Ajudei a colocar os pratos e Carmen colocou os talheres. A mãe dela colocou as panelas na mesa. Eu gostava de estar ali, me sentia em casa. Coisa que nunca tive. Só ali com Carmen e sua mãe, eu me sentia em uma família.

– Então Shane, como vai o salão?

– Vai bem. Ganhei novos clientes depois de uma reforma que fiz.

– E quantos dias vocês vão ficar aqui? – Vi Carmen olhar para mim.

– Só uns dois dias mama, depois partimos para Los Angeles. – Carmen achou melhor responder.

– Entendi. Vou ter que ir no mercado depois. Algum problema pra vocês? – A mãe dela perguntou.

– Se quiser vamos de carro, mama, e compramos as coisas para você.

– Não precisa Carmencita.

– Tem certeza dona Mercedes, podemos ir pra você. É só dizer o que está precisando. – Resolvi insistir.

– Muito obrigada Shane, mas vou caminhar um pouco. – A mãe dela pegou a bolsinha com moedas e saiu pela porta. Eu olhei para Carmen sem entender nada.

– O que significa isso Shane? – Apontando para a porta.

– Acho que sua mãe está fugindo da louça suja. – Ri.

– Engraçadinha. Isso é o que eu estou pensando amor?

– Não sei o que você está pensando docinho. – Dei um beijo nela.

– Minha mãe deixou a gente a sós.

– Isso é muito estranho, mas não me sentiria bem fazendo sexo com você na casa da sua mãe.

– Nem um carinho? – Ela fez bico.

– Acho que carinho pode. Beijos também. – A puxei para junto de mim.

– Melhor assim. – Ela me beijou. – Você quer lavar ou secar a louça?

– Acho que prefiro lavar.

– Coloque a mão na massa. – Ela apontou para mim a pia. Meu pensamento queria colocar a mão e outras coisas em seu corpo.

– Se não tem outro jeito... – Shane falou. Ficamos trocando olhares por algum tempo e depois ficou um silencio estranho entre a gente.

– Sabe quando eu estava ajudando minha mãe com os pratos? – Carmen perguntou.

– Sei.

– Ela me perguntou se a gente não tinha conversado sobre adotar.

– E o que você respondeu? – Perguntei.

– Que eu e você ainda não conversamos sobre isso.

– Você quer conversar sobre isso? – Perguntei curiosa para saber o que ela pensava sobre esse assunto. Ela olhou para mim por alguns instantes fitando meu olhar.

– Quero, mas não aqui. Quem sabe quando chegarmos em casa. – Ela falou tocando meu rosto.

– Tudo bem. Conversamos lá então. – Sorri e a beijei.

Não demorou muito e ambas terminaram com a louça da cozinha. Foram até a sala e sentaram um pouco no sofá. Carmen se acomodou entre as pernas de Shane e ganhou caricias dela.

– Quando você quer voltar para Los Angeles? – Carmen perguntou.

– Acho que amanhã. Temos que contar para nossas amigas sobre a gente.

– Tinha me esquecido dessa parte. Estranho seu celular não tocar.

– É que está no vibracall.

– Esperta você. – Carmen se aproximou dos lábios de sua namorada. Interrompeu o beijo.

– Por que parou? – Shane perguntou desconfiada.

– Barulho de chaves na porta. Minha mãe chegou. – Carmen deu um tapa bem leve na perna de Shane. Ela se ajeitou no sofá e Carmen sentou do seu lado, fingindo entender o que Shane falava sobre o trajeto de volta que estava no mapa.

– Olá meninas. Pelo jeito já terminaram a louça.

– Já mama. – Carmen falou dando uma revirada nos olhos.

– Quer ajuda dona Mercedes? – Shane perguntou.

– Não precisa Shane. Pode continuar a ver seu mapa. – Shane olhou para Carmen e fez um sinal com a cabeça. Carmen foi até a cozinha ajudar a mãe dela com a compra.

– Mama, porque a senhora não vá descansar. Eu guardo para você.

– Não precisa. Pode ir lá – dona Mercedes fez um gesto com a cabeça indicando Shane - vocês precisam descansar.

– Mãe, podemos dormir aqui esta noite?

– Claro que podem. Vou trocar o lençol da sua cama.

A mãe dela subiu as escadas e nos deixou a sós novamente. Perguntei sem emitir som o que estava acontecendo e ela respondeu que não sabia. Anoiteceu e eu fui tomar um banho para jantar, fiquei esperando Carmen tomar seu banho já que seu quarto era uma suíte. Alguns minutos depois Carmen sai do banho e Shane está a sua espera.

– Não desceu porque? – A morena perguntou enrolada na toalha.

– Quis te esperar.

Carmen se olhou no espelho e começou a escovar o cabelo.

– Quer que eu dirija de volta amanhã?

– Não precisa.

– Me ajuda com o feixe desse sutiã? – Ela perguntou.

– Claro. – Levantei-me da cama e fiquei atrás dela tentando enroscar o feixe, alguns segundos depois consegui. Não pude deixar de notar suas curvas.

– Obrigada.

– Por nada. – Fiquei sentada na cama observando ela terminar de se arrumar.

Ela terminou de se arrumar e fomos até a cozinha. Ajudamos a colocar a mesa enquanto dona Mercedes terminava de fazer a comida. O cheiro estava ótimo. A mãe dela começou a contar histórias da infância de Carmen. Eu ri de algumas coisas, Carmen até me repreendeu por isso.

– Vou tomar banho e ir dormir. – Dona Mercedes comentou.

– Tudo bem mama, a gente arruma aqui.

– Boa noite. – Dona Mercedes falou.

– Boa noite. – Carmen e eu falamos juntas.

Comecei a lavar a louça enquanto Carmen guardava as panelas no fogão. Ela começou a secar a louça. Terminei de lavar e limpar a pia, me sentei no sofá e esperei Carmen terminar de ajeitar algumas coisas por ali. Subimos as escadas juntas e ela se deitou no canto da parede, deitei do seu lado e puxei a coberta pra cima da gente.

– Shane... – Ela rompeu o silêncio.

– Que foi? – Perguntei olhando para a morena que estava do meu lado.

– Você sabe como contar para nossas amigas sobre a gente?

– Não tenho a mínima ideia.

– Prometo pensar em alguma coisa. – Ela me beijou.

Passei meu braço por cima do seu corpo, deixando nossos corpos bem próximos. Dei meu beijo de boa noite nela e adormecemos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Colônia De Férias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.