Enquanto o Grande Mestre não descobrir escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel, Secret Gemini


Capítulo 7
VII. Disco Inferno




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#POV Fedra#

O QUE VOCÊ PENSA QUE TÁ FAZENDO?! gritava, enquanto me debatia no ombro de Saga. Apesar dele estar claramente bêbado, ainda era mais forte do que eu. AH SEU QUADRADÃO FEDAPÊ, ME BOTA NO CHÃO!

SHIIIIIU!! NUM ADIANTA RECLAMAR... QUE EU NUM VOU TE SSHOOLTAR!

E continuava tentando cantar Donna Summer enquanto subia as escadas. Confesso que minha dança foi extremamente provocante, mas foi sem intenção de seduzi-lo. Eu juro por todos os Deuses do Olimpo que não havia visto que ele estava sentado naquela mesa entortando o caneco!

Agora é aguardar o que tem por vir... pensei.

Não nego que estou desejando-o desde o momento que o vi de smokXing na Il Palazzo, mas agora acho que tudo que ele fará é cair na minha cama, mergulhar em um profundo sono e acordar às 4hrs da tarde com a sensação de ter uma bigorna sob a cabeça. Finalmente, chegamos ao meu quarto. A porta foi aberta com um chute, seguido por uma palavra dita em um dialeto incompreensível. Saga me atirou na cama e ficou me encarando com um sorriso faceiro no rosto:

E AÍ? desafiei O tremendão me trouxe aqui pra ficar me medindo?

Imagina, dendeca... Como a Agui falou maixx cedo: vamo brincar de fazer neném.

QUE CAFOOONA!!!! ri, sentando na cama Que seja! Você não conseguirá fazer nada nesse estado!

Ah não é? Aguenta... SHHÓó um pouco aí... Disse, virando de costas para mim.

Aonde você vai?

Você já vai ver...

E saiu do quarto. A música estava bem distante, por isso, resolvi colocar um LP do AC/DC na vitrola. Acendi um cigarro, me sentei na cama e fiquei apenas aguardando o garotão voltar, o que não demorou a acontecer. Eu realmente havia bebido bastante, talvez até mais do que ele, porém tinha certo nível de resistência, mas mesmo assim, minha visão estava um pouco distorcida. Por isso, demorei a perceber que ele trazia meia dúzia de latinhas de Coca-cola nos braços:

O QUE É ISSO? perguntei rindo, ao vê-lo colocar cinco latinhas no chão e abrir uma.

Curador de pileque! respondeu após o primeiro e profundo gole, roubando meu cigarro em seguida Eu aprendi com a melhor!

Soltei uma risada, que se tornou uma gargalhada enfadonha quando o vi tentando fumar. Por duas vezes, se engasgou com a fumaça do cigarro:

Desiste... Você é quadrado demais para fumar!

Não me chama de quadrado, lindeza! riu, após finalmente dar uma tragada perfeita e soltar à fumaça na minha cara. Eu ri Não há nada que Saga de Gêmeos não possa fazer.

Não havia a necessidade de saber seu signo, querido... ri, enquanto acendia outro cigarro, já que o meu havia sido surrupiado pelo bonitão para desencargo de consciência, saiba que os astros conspiram a nosso favor. Eu sou de Libra.

O vi gargalhar, apagar o cigarro no cinzeiro que havia em meu criado mudo, dar um último gole na latinha de Coca-Cola, deixar a lata vazia perto do cinzeiro e, transformando a gargalhada em um sorrisinho cheio de malícia, mergulhou em meus lábios, empurrando meu corpo na cama. Só tive tempo de estender o braço direito e aumentar o volume do som, a fim de abafar os sussurros e gemidos que tomaram conta do quarto quando fui presenteada com seus beijos e carícias ardentes. Quando achava que não podia ficar melhor, Saga se livrou do smoking:

Deuses! O que é esse homem?! pensei, mordendo meu lábio inferior enquanto media cada milímetro daquele belo corpo. Não resisti Garotão... Com esse corpo todo definido você não pode reclamar quando eu te chamo de quadrado! gracejei, ficando de pé e o abraçando.

Heh...

Virou-me de costas e desceu o zíper do meu vestido, desferindo alguns beijos por meus ombros e costas. Finalmente apagou o abajur e me fez ter uma sensação indescritível, a sensação de ser dele pela primeira vez.

#POVs Saga#

Garotão... Com esse corpo todo definido você não pode reclamar quando eu te chamo de quadrado! gracejou, após me ver sem smoking.

Ela riu após a frase, ficou de pé e me abraçou. Por minha vez, soltei uma leve risada e a virei de costas, livrando-a do vestido. Enquanto o fazia, dava-lhe alguns beijos pelos ombros e costas perfeitas. A virei de frente e fitei seus olhos castanhos, que imploravam por mim. Decidi que era à hora. Desliguei o abajur, mas deixei as luzes de leitura acesas, criando um clima perfeito, e, enquanto a beijava, empurrei-a lentamente para a cama, deitando meu corpo sobre o dela. Suas mãos acariciavam minhas costas, quando finalmente nos tornamos um.

Amei-a com carinho e receio. Sabia que não era seu primeiro amante. Fedra era uma mulher madura, experiente e eu não queria decepcioná-la. Mas, pelo andar da carruagem, eu estava mandando bem:

Sa... Ga...

Murmurou, enquanto apertava minhas costas com força. Apesar da meia luz, podia ver em seu semblante a imagem do prazer. E como ela ficava bela com essa expressão no rosto. Eu me segurei o máximo que pude, queria dar a ela uma noite memorável, afinal era a nossa primeira vez juntos. Queria que fosse tão especial para ela quanto estava sendo para mim. Mas não sou de aço... Com uma mulher estonteante como aquela, eu não demoraria a atingir o clímax ainda mais quando ela decidiu montar em cima de mim.

Caímos os dois esgotados, praticamente sem forças para nada. Após alguns segundos de respirações mais que afoitas ecoando pelo quarto, consegui forças suficientes para pegar uma das latinhas de Coca-Cola que estavam aos pés do criado mudo. Do outro lado, Fedra havia acendido dois cigarros, tragava um e me estendeu o outro:

Obrigado. Agradeci, mas agora estava receoso. Àquela hora havia fumado apenas para espantar o pileque. Não queria pegar o hábito. Estava com o cigarro na mão, mas apenas o deixava queimar.

Me dá um pouco dessa Coca e trague esse cigarro! falou depois de uma intensa tragada Ou eu vou te fazer fumar por um lugar não muito legal. riu, soltando a fumaça para o alto em seguida.

Eu não entendi, dendeca... disse, estendendo a latinha de refrigerante para ela Vai me fazer fumar por onde?

Deixe-me te dar algumas pistas... É redondo, rugoso e fica entre duas polpas brancas e macias... Entendeu agora?

Ainda não...

Por Zeus! Calibrado você é mais ligeiro: TRAGUE LOGO ESSE CIGARRO OU EU VOU ENFIÁ-LO NO SEU RABO!

AH, TÁ! CALMA AÊ, MULHER! respondi apavorado, colocando o cigarro na boca mais do que depressa.

Ela gargalhou mais uma vez, recostou em meu peito e ficou ali, fumando e tomando Coca-Cola. O disco que estava na vitrola parou de tocar. Levantei para trocar o lado do LP e fui violentamente atacado por Fedra. Não, não é força de expressão. Ela voou como uma tigresa para cima de mim. Foi tão selvagem que derrubou uma escultura de um querubim, que estava próxima a vitrola, espatifando-a em mil pedaços no chão. Eu consegui desviar por pouco dos cacos de cerâmica, mas bati as costas com força, além de lascar o LP:

OUCH! resmunguei Quebrei seu disco, seu querubim e quase as minhas costas, Lindeza...

Os dois primeiros não são problema... Agora suas costas... Eu preciso de você inteiro, Quadradão.

E aí foram mais horas de rolamento no chão, se é que me entendem. A noite foi tão produtiva que eu apenas notei que era de manhã por causa do sol entrando pelas frestas da janela. Acho que foi mais ou menos nessa hora que eu já não tinha mais força pra nada:

Pelo amor de Athena, me dá uma trégua, Fedra! exclamei completamente exausto, recostando minha cabeça no travesseiro.

Achei que nunca fosse pedir, Saga... ela respondeu sorrindo, se sentando na cama e mexendo a cabeça de um lado para outro. Parecia procurar algo Vai enchendo a banheira que, assim que achar minhas roupas, eu vou descer e pedir para prepararem o desjejum para nós.

Desjejum? ri, ficando de pé A gente mal dormiu...

Só que eu estou com uma fome que não cabe em mim, garotão... continuava olhando por todos os cantos do quarto E acho que não sobrou nada das comidas que você trouxe da cantina. AH, ACHEI! gritou, após localizar a roupa íntima perdida.

Após vesti-la, levantou da cama e pegou a camisa branca que eu usava por baixo do smoking, colocando-a no corpo. Eu observava cada movimento em silêncio, mas assumo que fiquei boquiaberto vendo-a com minha vestimenta. Acho que nunca cansaria de me surpreender com sua beleza:

Não é uma maquiagem, penteado ou roupa que a faz bela... É a natureza! pensava, ainda embevecido por seus mínimos gestos. Até seu calçar de chinelos me enlouquecia.

HEY SAGA! Svegliati, amore mio (acorde, meu amor)! indagou, estalando os dedos e me tirando do transe Responde! O que você quer comer?

Ah, me desculpe... Ah, qualquer coisa para mim tá bom! Não costumo comer muito de manhã.

Falou e disse... Vou lá pegar algo e você... me mediu de cima a baixo e depois riu bota a calça e encha a banheira. Lembre-se que a Agnes é meio escrachada, pode abrir a porta e ter uma baita visão do paraíso mordeu o lábio inferior, olhando para uma parte específica Bene... Eu já volto.

E saiu serelepe, ela mesma deixou a porta aberta. Ri, enquanto vestia rapidamente a calça e caminhava para fechar a porta. Ouvi vozes vindas do andar de baixo, mas como minha tetéia havia pedido que eu enchesse a banheira, preferi não arriscar que uma de suas tão sutis ameaças se tornasse verdade. Vai que ela decide encher a banheira com meu sangue. Liguei a torneira quente e retornei ao quarto. Sentei na cama e fiquei observando a bagunça que fizemos no cômodo. Foram alguns minutos de devaneios, até ouvir a voz de Fedra esbravejando em italiano na porta. Graças à convivência com Carlo, sabia a tradução de cada um daqueles palavrões:

Qual é o grilo, amore mio? perguntei, abrindo a porta e me deparando com Fedra carregando uma bandeja enorme e cheia de coisas.

Por que você fechou a porta? perguntou, me estendendo a bandeja Achei que imaginaria que eu voltaria com as mãos ocupadas.

Eu estava nu! E você mesma falou para eu me cobrir...

Ah! Que seja... Vamos comer que estou com a fome de todos os guerreiros de Athena juntos!

Bom, não sei ao certo quanto são... disse, colocando a bandeja em cima da cama e observando melhor seu conteúdo. Tinha mel, iogurte, cappuccino, geléia de damasco, suco de frutas, pão sírio, duas tigelas com frutas picadas e uma série de pães doces. Mas sua fome tá grande, pelo jeito.

Hahaha riu, sentando-se na cama e pegando um dos pães doces, um brioche recheado de creme Meu avó dizia que tem tantos cavaleiros quanto constelações no céu... Como não manjo nada de Astronomia, não me peça números. Agora só quero saber de comer!!!

Peguei uma das tigelas de frutas, jogando iogurte e mel por cima, e uma fatia de pão sírio. Após a primeira mordida, questionei:

Eu ouvi você conversando com alguém lá embaixo. Quem era?

Ah... A Agui e o Shura. respondeu sem preocupação aparente Acredita que eles só chegaram agora do hospital?

Hospital?

É... Lembra que a Agnes escorregou no deck e torceu o tornozelo? mordeu mais um pedaço do brioche e continuou após uma mastigação intensa Então... O espanhol tentou colocar no lugar, mas ainda assim não foi o suficiente. Ele a levou no hospital e, venhamos e convenhamos, é mais fácil achar pelo em ovo do que médico em uma madrugada de sexta... Por isso eles só chegaram agora.

Mas a Agui tá bem?

Sim... Só tem que ficar três dias de repouso.

Pelo pouco que conheço da Agnes, suspeito que isso não irá ocorrer.

O quê? Ela ficar de repouso? olhou para mim e deu uma risadinha debochada Mas nunca! O médico ainda disse que foi sorte o Shura ter dado um jeito... Senão a lesão seria muito pior.

O Shura é realmente muito esperto... pensei, enquanto tomava um copo de suco. Era de amora Com certeza deve ter doado um pouco de cosmo a hora de puxou o pé da Agui. Isso deve ter curado parte do ferimento... Bom, terminei falei em voz alta, repousando o copo longo, decorado com flores, aparentemente pintadas a mão, sob a bandeja. estou satisfeito.

Pois eu não! falou, pegando mais um brioche. Este, de chocolate Ainda estou com fome! Vai desligar a banheira antes que transborde.

O fiz sem pressa, ainda faltava muito para que a banheira ficasse totalmente cheia. Coincidentemente, foi o tempo exato para que Fedra terminasse sua refeição. A morena pediu para esperarmos cinco minutos antes de irmos nos lavar, afinal seu avô a ensinou que tomar banho após o desjejum faz mal.

O banho foi relaxante e sem saliências, afinal, estávamos mais do que cansados. Após ele, esvaziamos a banheira e caímos em um profundo sono, com direito a abraço de conchinha. Atualmente, eu era o homem mais feliz do Universo.

#POV Shura#

Agnes, pelo amor dos deuses: deita e para quieta!

Eu reclamava, afinal a queda parecia ter sido boba, porém tinha sido muito feia. Tão feia que fui obrigado a doar um pouco da minha cosmo-energia para que a loira não fosse submetida a uma cirurgia de emergência feita por um plantonista aparentemente baratinado. Deixar-lhe engessar o pé já foi uma tarefa árdua, agora convencê-la a repousar seria pior ainda:

Ah, Shu... Você sabe muito bem que não aguento isso de ficar em repouso!

E se eu fosse o seu enfermeiro, hm? murmurei, tomando-a em meus braços.

Um enfermeiro sexy e com sotaque espanhol?

Exactamente respondi, deitando-a delicadamente sob a cama de lençóis azuis. O que me diz?

Proposta tentadora... respondeu, mordiscando o lábio inferior Mas acho que os cuidados ficarão para mais tarde, pois tudo que quero é tirar essa roupa, tomar uma ducha, apesar de não saber o que fazer com esse gesso... E tirar uma bela pestana.

ÓTIMO!! comemorei, afinal estava exausto da noite no Pronto Socorro Eu te ajudo com o banho, assim você não molha o gesso.

Corri até a área de serviços e arrumei um saco de lixo. Usei-o para encapar o gesso e, assim, evitar qualquer acidente desagradável durante o banho, afinal Agnes não parava. Por fim, nada aconteceu. Ela vestiu uma camisola branca e, mais uma vez, tomei-a nos braços e a deitei na cama. Por minha vez, fiquei apenas de cueca e deitei ao seu lado. Dei-lhe um beijo, mas ela já havia embarcado em um sono calmo, tão sereno que nem parecia minha Agnes espoleta de sempre. Dei um sorriso de lado, a abracei e acompanhei-a em seu sono.

Nosso descanso não durou muito. Infelizmente, esquecemos de fechar as cortinas e o sol do meio-dia invadiu o quarto. Agnes se remexeu, eu levantei para fechá-las, mas era tarde: a loira já estava sentada na cama e caçando algo em seu criado mudo:

DROOOOGA! exclamou, batendo as mãos nas pernas como uma criança birrenta quando não tem o que quer. Uma delas acertou o gesso Iau! murmurou, agitando a mão e olhando para mim Os meus cigarros acabaram! Eu pediria um a Fedra, mas... - desviou o olhar para a parede rosa que havia em frente sua cama, que era colada ao quarto da morena, e fez silêncio. Nesse momento, ouvimos gemidos, o ranger da cama e uma música do The Trammps. - Ela está tirando loucamente o atraso.

Então... Você quer que eu vá buscar? - Respondi, após vestir a minha calça.

E me deixar aqui sozinha, no "templo Bataglia da perdição"? Nem pensar...

E como faremos com seu pé? Não espera que eu te carregue até a loja de conveniência, né?

Não mesmo, garotão. Eu não me sentiria bem com isso... Sabe o quartinho de tralhas? - mal deixou que eu respondesse que não sabia aonde era e prosseguiu - Lá tem um par de muletas que a Fedrinha usou quando quebrei o pé dela acidentalmente no ano passado. Acho que posso pegá-las, já que paguei por elas.

Err...já vou...

Saí do quarto sem me atrever a falar que não sabia a localização do tal quartinho. Agnes poda ter quebrado o pé da Fedra acidentalmente, mas ela ainda era perigosa. E era justamente isso que me atraia nela. Percorri todo o andar inferior da casa, mas nada de achar o cômodo. Cansado, entrei na cozinha e me servi de um copo de água. Nessa hora, vi Anubis enfiado debaixo da mesa, com a guia entre as patas dianteiras. Estava cabisbaixo, nem parecia o mesmo cão de sempre. Resolvi animá-lo:

Hey, amigão! - me abaixei, sentindo-me um imbecil, mas estranhamente bem -Ninguém te levou pra sair?

Ele uivou baixo e acho que apontou com a cabeça na direção da escada:

Calma, camaradinha. - acariciei sua cabeça - Vamos fazer um trato? Eu te ajudo e você me ajuda.

Ele gemeu, ergueu o corpo, saiu de seu "esconderijo" e se sentou a minha frentre. Eu me senti um completo goiaba por conversar com um cachorro - mesmo Anubis sendo mais inteligente que o paquiderme do Kanon:

Agnes e eu vamos a conveniência, mas como ela está com o pé quebrado, eu preciso pegar as muletas que estão no quartinho de tralhas, só que não sei aonde fica esse bendito lugar. O trato é o seguinte: me ajuda a achar o quartinho que eu te levo na loja com a gente. Falou?

Estendi minha mão e ele colocou a pata em cima dela, Anubis podia ser um cão esperto mas eu era um cara estúpido. Um cavaleiro estúpido:

Falou e disse, irmãozinho comemorei ao vê-lo se levantar e correr em direção a lavanderia. Atrás de uma tábua de passar havia uma pequena porta - Ah, eu não ia achar esse lugar nunca - abri a porta e logo avistei as muletas de madeira, cheia de estrelinhas vermelhas pintadas com guache. Coisa de Agnes, presumi - Eu vou buscara Agui agora. Me espera na escada, tudo bem?

Ele deu dois latidos e sacolejou a cauda frenéticamente, entendi isso como um sim. Subi as escadas rapidamente e Agnes estava sentada na cama, já enfiada em um vestido púrpura de gola alta, penteando os cabelos:

Achei que você ia precisar da minha ajuda para se vestir - falei, mostrando as muletas - essas estrelinhas...

Cortesia de Agnes Katsopolis para melhorar o humor da Fedra e sobre eu conseguir me trocar sem você... - riu - Eu não sou tão detalhista quanto a Sofi. Digamos que meu closet decide o que eu devo vestir...

Como assim?

Abre a porta do meu closet e descubra por si só.

Dei os ombros e fui conferir, enquanto ela se levantava da cama com o auxilio das muletas. Quando abri a, estranhamente pesada, porta de madeira enfeitada com um pôster do Marlon Brando, fui alvejado com uma pilha de roupas que me derrubou no chão, quase me sufocando. Quando consegui sair da pilha, havia uma saia branca plissada na minha mão direita e uma regata azul turquesa na esquerda. Agnes ria sem parar:

Viu só? Ele achou que essa roupa combina com você.

Aaaah, besta - ri, me levantando e socando tudo de volta no armário - Vamos logo, que o Anubis está me esperando.

Te esperando? - me olhou espantada - Por que o Anubis estaria te esperando?

Porque nós fizemos um acordo, ele me ajudava a encontrar as muletas e eu o levava para passear... Já que a Fedra está tããão ocupada...

Saímos do quarto. Ao passar em frente a porta do aposento de Fedra, o som Disco do Trammps invadiu nossos ouvidos. Eu não conseguia entender:

Na boa... Como alguém consegue clima com essa música?

Qual o problema em transar ouvindo Disco music, Shurita?

O problema não é o ritmo. Donna Summer, Diana Ross e até Bee Gees dão um clima chocrível. O problema são os Trammps!

Mas existe clima nessa música que eles estão ouvindo... "Burn, baby, Burn..." - cantarolou - Aposto que tá tudo pegando fogo nesse quarto.

Tsc... levando em consideração o tempo de seca... Não duvido que esteja rolando uma "Disco Inferno" naquele quarto.

Anubis estava nos esperando aos pés da escada com a guia na boca:

Achou que não cumpriria minha promesa, amigão? - fiz um carinho em seu pelo e coloquei a guia - Vamos?

Agnes assentiu com a cabeça e seguiu nós dois. O dia estava lindo, com um sol radiante, forte, no ápice do verão grego. Não demorou para que Anubis começasse a arfar com a lingua e eu, a contra gosto de Agnes, tirei minha camiseta. Várias tetéias me olhavam e algumas até se atreviam a soltar uma cantada, que era correspondida com um olhar fuzilante ou até um "inocente" esbarrão por parte da minha loira.

Finalmente chegamos a loja de conveniência. Como não eram permitida a entrada de animais no estabelecimento, fiquei do lado de fora com o Anubis. O problema é que Agnes é mais conhecida que o Mickey Mouse na Disneylândia. Então, o simples ato de entrar na loja, pedir o cigarro e pagar, que normalmente não levaria mais de dois minutos, tornavam-se duas horas e isso se ela não encontrasse um dos antigos colegas de faculdade. Decidi então ler as manchetes nas capas dos jornais, em uma banca que havia proxima da loja. Demorou cerca de três minutos para algo me chamar atenção. Não foi nenhuma noticia grave ou fofoca, mas sim a Domingo, 19 de junho de 1976. Isso significava que Agnes e eu tinhamos dormido um dia todo e que os outros tinham virado a noite na Disco Inferno. Desesperado, amarrei Anubis em um estacionamento de bicicletas e entrei na conveniencia. Agnes conversava entretida com o rapaz do caixa - que reconheci vagamente da festa de sexta, embora não lembrasse seu nome:

Agnes, ferrou!

Qualé o grilo, Shu? - me olhou espantada, quando a segurei pelo braço - Por acaso o Anubis fugiu?

Não, não foi isso! Pague logo esses cigarros e vamos logo pra casa da Fedra!

Mas por quê?

No caminho eu te explico. - a puxei - Anda, vamos logo!

Nananinanão, Shura! - respondeu, puxando o braço de volta - Eu não arredo o pé daqui até você me explicar o motivo de tanta pressa.

Está bem... Você sabe que dia é hoje?

Claro, tolinho.... - respondeu com deboche, acendendo um cigarro - É sábado.

É? Então olha ali...

Apontei para a parede atrás dela. Nela havia fixada um televisor, aonde era exibida uma corrida de Fórmula 1. Os olhos da loira se arregalaram e então ela se dirigiu ao balconista:

Demetrio... - esse era o nome do rapaz - Me diz que isso é um treino ou reprise?

Que isso, Agui? Hoje é domingo! É uma transmissão Ao Vivo, direto de Indianápolis.

Entendeu porque ferrou? O Kanon.. E o Carlo vão nos matar se não voltarmos agora pra Cantina. Tenho que resgatar aqueles dois panacas.

Okay... Demi, depois nós conversamos. Tenho que correr agora.

Saímos em disparada da loja de conveniência. Mais um pouco e tínhamos esquecido o pobre Anúbis. Graças aos Deuses, a loja era apenas algumas quadras de distância do casarão de Fedra. Se não fosse por isso, teríamos demorado muito, graças as muletas de Agnes.

Quando finalmente chegamos, encontramos Aiolos e Sofia sentados nas espreguiçadeiras perto da piscina, tomando algo semelhante a suco de laranja:

Bom dia, Chapas. - Aiolos nos saudou, erguendo seu copo.

Bom dia uma ova - respondi, pegando o copo de sua mão e dando um gole. De fato, era suco de laranja, mas estava misturado com Vokda - Dormimos demais e... Veja bem, já é domingo e temos que voltar... para a cantina.

Ih, verdade, irmãozinho... O Kanon já deve tá mais do que Pê da vida. - lamentou o sagitariano, levantando da espreguiçadeira e resgatando o copo de minha mão - Eu vou lá chamar o Quadradão, mas duvido que ele vá querer ir embora agora.

#POV Saga#

O sol inundava as paredes azuis cobertas de pôsters do quarto de Fedra. Pela intensidade de sua luz, sabia que já passava do meio dia. Fedra estava esparramada na cama, embalada em um sono terno e profundo. Eu queria fazer o mesmo, mas não conseguia. Minha cabeça ainda não processava tudo que havia passado naquele quarto e, na realidade, eu tinha medo de dormir e acordar todo suado na Casa de Gêmeos, com o Kanon me chamando de quadrado e me atirando uma sandália. Tinha medo que tudo aquilo fosse um sonho, embora cada marca de mordida, arranhões e até uma indiscreta mancha roxa no meu peito mostrasse que era realidade:

Deixa de ser tão melodramático, Saga. - pensei.

Levantei da cama, caminhei até a penteadeira, pegando um cigarro do maço e acendendo. Sentei na cadeira que havia de frente para o móvel e "admirei" a bagunça do quarto, que havia ficado maior. Além das latas de Coca-cola e das peças de roupa, haviam latas de cerveja, duas garrafas de champanhe, um tubo de calda de chocolate e inúmeras guimbas de cigarro atirados no carpete do quarto, além de duas peças de roupa presas no lustre. Traguei mais uma vez o cigarro e ri após soltar a fumaça. Graças a ela, eu era um fumante agora:

É, Fedra Bataglia... Graças a você, o Quadradão já era. - murmurei, observando suas belas feições enquanto dormia. - Eu queria saber desenhar, para gravar esse momento - Olhei para a penteadeira novamente e visualizei a Polaroid, quase que sorrindo para mim - Ô Quadradão já era, e a tecnologia existe. Ela vai me matar depois, mas...

Mirei a câmera em seu rosto e na cascata de cabelos castanhos esparramados pela cama. Achei que o som da câmera a acordaria, mas ela nem se mexeu. Me preparava para tirar uma nova foto, quando alguém bateu frenéticamente na porta. Dessa vez tinha certeza que a morena ia acordar, mas apenas se encolheu entre os lençóis. Repousei a câmera em cima da penteadeira, me enfiei no roupão preto - que Fedra havia surrupiado do quarto de seu pai, a fim de evitar que os outros me vissem sem roupa quando decidimos nadar nus na piscina durante a madrugada - e abri a porta, me deparando com Aiolos:

Aê, Saguinha... Tá com o roupão do sogrão, hein? Então, o Shura e eu estamos xispando pra casa. - ele olhou para baixo e reparou no cigarro em minha mão direita - tá bem, bicho?

Tô numa nice, Aiolos. - respondi após mais uma tragada - E sobre ir embora... Podem ir na frente, eu devo voltar lá pelo fim da tarde... Se voltar hoje.

Bicho, baratinado ou o quê? Tu tem uma responsa com o Kanon.. Ele aceito, de boa fé, te ajudar pra você ficar de onda com sua tetéia e olha que estamos falando do Kanon! Você vai mesmo dar um vacilo desses com ele?

Olhei para dentro do quarto. Fedra ainda dormia serena, mas resolvi não me arriscar a falar demais. Por isso, sussurrei:

O senhor Ares só retorna na terça-feira. Eu ainda tenho tempo...O Kanon é MEU irmão, depois me acerto com ele, falou?

Fechei a porta e deixei o sagitariano falando sozinho. Fedra se virou novamente e, sem abrir os olhos, murmurou:

Você já tem que ir embora?

Não, Lindeza... - respondi em sussurro, deitando-me ao seu lado - Eu vou ficar mais um tempo com você.

Ótimo. - se mexeu mais uma vez, agora se aproximando e aninhando a cabeça em meu ombro - E sobre a foto que você tirou de mim enquanto eu dormia... Se estiver feia, você irá comê-la junto com um hamburguer feito com a ração do Anúbis. Entendeu, Quadradão?

Voltou a dormir. Eu, por minha vez, afaguei-lhe os cabelos por um bom tempo, até que Morfeu resolveu trabalhar ao meu favor. Em meus sonhos, eu era apenas um jovem grego normal, com uma deslumbrante namorada, com quem eu curtia a praia, o surf e as discotecas.

#POV Aiolos#

Mas Sag-... - eu não oude concluir a frase, pois ele fechou a porta na minha cara. Dei de ombros, não estava a fim de discutir, mas não ia sair sem deixar meu recado - Tudo bem então! Quero só ver se o senhor certinho, o queridinho de todos continuará tendo o mesmo prestígio e confiança você sabe aonde.

Desci as escadas com pisadas brutas. Agnes, Shura e Sofia estavam na sala de estar, assistindo a corrida de Formula 1 e comendo alguns canapés da festa de sexta que acharam perdidos na geladeira:

Shurita, bora zarpar que o Quadradão não vai agora.

Como não?! - questionou com a boca cheia. Apos uma mastigar intensamente e engolir, prosseguiu - Diz pra ele continuar com a Disco Inferno outra hora. O Kanon e o Carlo estão esperando. Se não voltarmos, eles são capazes de matá-lo, usar suas entranhas para fazer um talharim, servido ao molho bolonhesa de sangue e Saga moído!

E você acha que eu não adverti ele? - respondi, pegando um canapé de um prato que estava sob a mesa de centro - Diz ele que se acerta depois com eles.

Se é o que ele diz... - o espanhol jogou os braços para o alto - Vamo na fé, né?

Ah, vai por mim... Esse blá vai virar grilo. E um grilo dos grandes. - inspirei profundamente e depois fui para o lado de Sofia - Bom, minha lora... A dor do parto é grande, mas seu tremendão aqui tem que partir. Talvez a gente se veja na terça, falou?

Hm, falou e disse... - me deu um beijo terno e doce.

Digo o mesmo, Agnes... - completou Shura, abraçando a namorada que, por conta do pé quebrado, permaneceu sentada no sofá - exceto pela parte do "nos vemos na terça". - Eu vou tentar dar um olé no Carlo antes para ver se a mocinha está repousando.

Se é o que você diz, eu vou aguardar... - sorriu e, ao mesmo tempo que o beijou, usou o pé sem gesso para mudar o canal da TV.

COMO VOCÊ FEZ ISSO? - perguntei abismado.

Anos e anos de ginástica olímpica e ballet quando era criança. Já que vocês vão embora, eu vou asistir a série da Mulher Maravilha.

Agora você falou minha lingua! - exclamou Sofia - Eu só vou levá-los até o portão e volto voando para assistir com você. - após terminar a frase, me abraçou novamente e completou - Seria massa se existissem pesoas com esses poderes

Hahahahaha... - ri sem jeito, mal sabia ela que seu namorado não era um humano comum - Você vai mandar meu smoking pra lavanderia mesmo? Aquela é uma peça rara e exclusiva.

Sim gatinho, pode contar comigo.

Ainda bem que ela vai fazer isso, chapa a voz de Shura ecoou na minha mente - Ia ser meio bizarro ir embora com você brilhando igual globo de discoteca agora.

Cala a boca, ow da Sunga de crochê.

Sofia nos levou até o portão. Quando tive plena certeza que ela havia trancado-o e voltado para dentro da casa, apressei Shura. Precisávamos dar um parecer ao Kanon e dar um jeito de resgatar o Saga. Parecia até estranho pensar que, no atual momento, nós dois éramos mais responsáveis que o provável substituto do Grande Mestre.


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Notas finais do capítulo

PELO AMOR DE ATHENA, NÃO NOS MATEM PELA DEMORA

Eu (Myu Kamimura) estou sem PC, sofrendo para digitar a fic no tablet, além de ter outras obrigações, como casa, marido, filho e emprego, enquanto a Madame Chanel está a 1000 por hora na faculdade.
Espero que nos entendam e comentem.

Beijinhos



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