Era madrugada de chuva e Rin estava na rua, completamente molhada, pensando naquele que deixara morrer enquanto tivera chance de impedir. Estava chorando, não tinha forças para continuar andando, caiu de joelhos no chão, o choro aumentando.

Já não tinha esperanças de vê-lo novamente e tudo por culpa sua, se ela o tivesse ajudado... Poderia ter chance de passar um pouco mais de tempo com ele.

Mais ela fraquejou, deixou-o ir sem um último adeus, sem um último toque, sem um primeiro e último "eu te amo", que estava entalando em sua garganta, rasgando, doendo, corroendo-lhe como ácido.

A culpa agora vem à tona, junto com as saudades e os sentimentos, antes ocultos, matando-a pouco a pouco. Era apenas uma garota confusa que amava um servo e que acabou por deixá-lo escapar por entre seus dedos como areia, não porque quis, mas porque não teve escolha, não era forte o suficiente para derrotar Berseker.

Quem sabe se ela tivesse o ajudado, teriam pelo menos tentado, mas ela foi fraca, não foi capaz de tentar salvar quem amava. Apenas permitiu-se cair, levando-o junto consigo. Não podia suportar seu erro, não podia suportar a ausência dele.

A chuva ficava mais violenta conforme o tempo passava, e ela estava ali caída sobre os joelhos pela força da culpa e pela fragilidade, chorando e lembrando de seu amado Archer. E de como queria ter mais uma chance de vê-lo.

Sentou-se no chão úmido e abraçou as pernas. Os trovões ribombavam, os relâmpagos clareavam o céu escuro, era perigoso continuar ali. Mas ela queria justamente morrer e aí quem sabe ela encontraria aquele que tanto ama.

Tentava lembrar-se dele mas não conseguia. Por que? Por que não conseguia lembrar aquele rosto o que tanto lhe era importante, o que estava acontecendo? Por que não conseguia mais uma chance? Por que? POR QUE?

Não queria mais saber da guerra, havia desistido pois não tinha mais motivos para ao menos viver, sua família estava morta, o primeiro e único homem que amarava havia morrido, não tinha mais motivos para continuar a lutar em uma guerra. Por que lutar se sabe que não vai conseguir nada, se sabe que vai apenas se machucar mais, não apenas seu corpo, mas também sua alma, seus sentimentos?

Quem sabe se ganhasse uma chance de vê-lo novamente? Quem sabe se tivesse uma chance de poder ser feliz novamente? Não, ela não acreditava que conseguiria, pois achava que não merecia. Não merecia nem mesmo respirar naquele momento, era tão podre, tão ruim.

Seus pensamentos foram interrompidos por um barulho, o que poderia ser? Virou-se de súbito para ver o que era, sua visão levemente embaçada pelas gotas de chuva e pelas lágrimas. Percebeu ser um servo, mais precisamente o Lancer, com quem Archer havia lutado tantas vezes.

– Acabe com isso de uma vez. - Murmurou, sua voz frágil, gélida.

Fechou os olhos, aguardando a tão esperada morte, a tão esperada libertação. O que veio foi a dor, em seguida a escuridão. Será que finalmente poderia acabar este sofrimento?