The Dark Side Of The Sun escrita por gabe ferreira


Capítulo 5
Capítulo #4


Notas iniciais do capítulo

Muitíssimo obrigada pela indicação, Miss Little Dream hahah



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Minha cabeça ainda dava voltas quando voltei para o dormitório.

A última vez que vi Garrett foi no intervalo, onde eu tentava convencer Frank e William que eu não era gay. A escola toda já sabia que “o novato pertencia ao Garrett”.

Eles não sabiam o motivo de todos estarem falando isso, o que foi um alívio. Apenas disse que todos estavam tão acostumados com os casos entre alunos que não se podiam ter amigos naquele colégio. Espero que eles tenham acreditado.

Sentia-me frustrada, pois passei anos sem me interessar verdadeiramente por nenhum garoto e no único lugar do mundo que eu não poderia me envolver com nenhum garoto eu sentia essas coisas.

E eu queria mais.

Eu queria muito mais.

- Travis. – Escutei um sussurro e me virei minha cabeça. O quarto estava vazio, Frank e William foram dar uma volta pelo campus até a hora do almoço.

Joguei minha bolsa aos pés da cama e arremessei meu corpo na cadeira da minha escrivaninha. Retirei o blazer e o suéter e os joguei em qualquer canto do quarto. Liguei meu notebook e senti uma onda de calor subir pela minha nuca. Olhei para trás novamente e nada, mas eu sentia que estava sendo observada.

Suspirei e resolvi ir até o banheiro e lavar o rosto. Eu estava ficando louca, só pode.

Liguei a torneira, afrouxei a gravata e subi as mangas da camisa até o cotovelo. Fiz uma concha com as mãos e enchi-a de água, jogando no meu rosto. Fiquei um tempo com a cabeça baixa, sentindo as gotas de água escorrerem por meu rosto. Peguei a toalha de rosto e sequei meu rosto. 

Assim que abri os olhos e olhei para o espelho senti meu coração querendo sair pela minha boca.

Garrett estava atrás de mim – bem atrás de mim – com um sorriso malicioso nos lábios. Havia se libertado de algumas peças de roupa, assim como eu. A diferença é que sua gravata havia sumido e sua camisa estava alguns botões abertas, me dando uma maravilhosa visão do seu peitoral pálido e bem definido.

Seus braços estavam cruzados em baixo de seu peito e seu corpo estava apoiado na parede ao nosso lado.

- O que diabos você ‘tá fazendo aqui? – Dei alguns passos para trás e senti a madeira da porta do banheiro contra minhas costas. Tateei a porta sem desviar o olhar de Garrett, que agora tinha um sorriso divertido nos lábios. Senti o metal gelado da maçaneta contra meus dedos e girei a mesma apressadamente. A porta estava trancada. Desci mais a mão e a chave tinha sumido da fechadura.

Garrett descruzou os braços e girou a chave entre seus dedos longos.

Se ele não parasse de sorrir daquele jeito eu iria arrancar os dentes daquele filho da puta com um pinça.

- Apenas fique quieto e me escute. – O moreno se aproximava em passos lentos de mim e eu encolhia ainda mais meu corpo contra a porta na esperança de descobrir que eu era um mutante e conseguisse atravessar a mesma.

- Me deixa sair, caralho. – Girava a maçaneta desesperadamente e o sorriso sumiu dos lábios de Garrett. Seu olhar era nebuloso, impossível de decifrar.

Parabéns Eleanor. Conseguiste atiçar a fera.

Garrett fechou o punho e eu fechei os olhos. Um soco dele e eu precisaria de mil cirurgias plásticas para meu rosto ficar metade do que é agora.

Escutei um baque e apertei mais os olhos. Não sentia nada. Abri os olhos lentamente e Garrett estava com o rosto colado ao meu. Seu braço estendido ao lado da minha cabeça mostrava que ele tinha socado a porta.

- Cala a porra da boca e me escuta, viadinho. – Rosnava, não falava. – Eu me dei o trabalho de vir aqui e pedir desculpa pra você pelo o que aconteceu mais cedo. O único modo de ninguém encostar em você nessa escola é achando que você ‘tá comigo. Eu ‘tô tentando te ajudar, um muito obrigado é o mínimo que eu quero receber.  – Muitas perguntas rondavam minha cabeça, mas só consegui verbalizar duas.

- Por que teriam medo de você? Por que quer me proteger? – Meu tom de voz era um tanto agudo, mas eu não me importava.

- Você não sabe? – Os olhos verdes se transformaram mais uma vez. Estavam surpresos. E muito arregalados.

- Não sei o quê? – Arqueei uma das sobrancelhas e um enorme sorriso cresceu naqueles lábios encantadores.

- Eu não sei. – Disse ele ainda sorrindo. Esse garoto sofre de bipolaridade. Certeza.

- Não sabe o quê, porra? – Garrett não me respondeu e eu já estava pronta para socar a cara dele quando ele fez de novo.

Senti seus lábios quentes nos meus. Fechei os olhos instantaneamente e inconscientemente torci para que seus lábios ficassem juntos aos meus por muito tempo. Sua boca se movia com extrema lentidão, logo comecei a mover meus lábios também. Sua boca era macia, quente. Eu queria mais.

Eu sempre queria mais de Garrett.

Agarrei-me no colarinho da sua camisa e o trouxe para mais perto. Garrett deixou um gemido rouco escapar quando prensou meu corpo contra o seu. Uma de suas mãos apertava meu ombro, a outra puxava os fios de cabelo da minha nuca.  

Senti a ponta de sua língua pressionar a minha boca. Minhas pernas fraquejaram. Cedi passagem e um gemido abafado de ambas as partes ecoou pelo banheiro quando nossas línguas se encontraram.

Não era nenhuma virgem. Pelo contrário, já havia estado com muitos garotos em toda minha vida. Mas nenhum deles tinha um gosto tão viciante quanto o de Garrett. Nenhum deles tinha tanto poder sobre mim quanto ele tinha.

Apertávamos nossos corpos; Desejávamos nos tornar um só. Nossas línguas travavam uma doce batalha.

 Era calmo como o Céu e quente como o Inferno.

Nossa necessidade por ar ficou mais forte. Encerramos o beijo com selinhos e mordidas.

- Eu não sei por que quero tanto te proteger. Apenas preciso fazê-lo. – O hálito fresco dele se chocou contra meu rosto e eu estremeci.

- Então o faça. – Depositei um breve beijo no pescoço do moreno e vi sua pele se arrepiar. – Mas agora preciso que vá embora. Frank e William estão para chegar e já foi difícil convencer eles na hora do intervalo, não quero nem imaginar o que eles vão pensar se virem você aqui. – Garrett colocou a chave na fechadura e abri a porta. Em momento algum desgrudamos nossos corpos e nossos olhos.

Dei um passo para frente e empurrei Garrett junto comigo. Abri a porta e desci as escadas com o maior grudado na minha cintura. Assim que chegamos ao último degrau escutei uma risadinha atrás de mim.

- O que foi agora? – Virei o rosto para o lado e Garrett encostou o queixo no meu ombro, ficando mais próximo de mim.

- Seu quadril é largo. Como o de uma garota. – O sangue que até então borbulhava em minhas veias congelou. Tudo estava muito bom para ser verdade.

Afastei-me de Garrett e abri a porta rapidamente. O garoto me deu um rápido selinho antes de atravessar a porta com um olhar que carregava uma promessa: “Eu vou voltar”.

Um estalo em minha cabeça.

- Garrett! – Suas orbes verdes cravaram-se em mim. – Como entrou aqui? – Um sorriso sapeca cresceu nos lábios avermelhados.

- Conheço bem meu antigo quarto. – Ri baixinho e entrei no quarto.

Tranquei a porta sem dificuldades dessa vez e quando me virei senti meu coração querer saltar pela boca pela segunda vez no dia.

Frank e William estavam encostados na janela com os braços cruzados e feições nada amigáveis.

- Acho que a gente precisa conversar. – William foi o primeiro a se pronunciar.

- S-sobre o quê? – Se fazer se sonsa nessa ocasião não vai te ajudar, Eleanor.

- Sobre quem é você Travis. Ou seja lá qual for seu nome. – Minha visão ficou embaçada e minha respiração descompassada. Meu coração batia como se eu tivesse acabado de correr uma maratona e eu tinha quase certeza que os dois garotos a minha frente podiam escutar meus batimentos cardíacos.

-C-como? – Recuei até sentir a porta contra minhas costas.

Ótimo, encurralada pela segunda vez no dia. Mas dessa vez eu não iria tentar fugir. Seria pior.

- Eu e o Will prestamos muita atenção em você essa semana: O quão delicado você é, o quão pequeno seu corpo é para um garoto da sua idade. Ontem você dormiu e a sua camiseta acabou levantando e cara, tu tem um corpo perfeito. O corpo de uma garota. – Frank me puxou pela mão e fez com que eu sentasse na cama de William.

Meu corpo não respondia a nenhum dos comandos do meu cérebro, e quando William e Frank sentaram-se de frente para mim senti as lágrimas se acumularem em meus olhos.

- A sua voz mesmo sendo rouca é delicada. – Will continuou por Frank. – Hoje nós decidimos procurar coisas que confirmassem nossas suspeitas. Falamos para você que iríamos esperar no campus até o almoço, esperávamos que quisesse ficar também. Mas você veio para cá.

- Então nós esperamos que você subisse para o banheiro e começamos a vasculhar o quarto. E achamos isso. – O loiro apontou para uma caixa de absorventes ao meu lado. Senti minhas bochechas corarem. – Por que diabos um cara carrega uma caixa de absorventes por ai? – Tentei rir, mas meu nervosismo não deixou.

- Ficamos aqui e esperamos você descer para esclarecer tudo, e para nossa surpresa Garrett estava com você. Mas vocês estavam tão sintonizados que não perceberam que a gente assistia tudo. – Will desenhou um coração no ar e se eu não estivesse tão travada tinha o mandado se foder. – E seu nervosismo quando ele falou do seu corpo um tanto feminino confirmou tudo. Senhorita... – Os dois sorriam abertamente para mim e senti uma onda de paz invadir meu corpo. Meu segredo estava seguro com esses dois, sabia disso.

- Eleanor. Eleanor Goodwin. – Ambos apertaram minha mão e eu consegui sorrir aliviada. Era tão bom poder compartilhar meu segredo com aqueles garotos.

Fazia tão pouco tempo que eu os conhecia e já sentia que podia confiá-los minha vida.

- Então nos diga senhorita Eleanor: Como é que veio parar aqui? – Atirei meu corpo para trás e caí deitada na cama.

- Isso é uma longa, longa história, rapazes. 


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Notas finais do capítulo

Reviews? xx Ella