Querido diário, hoje eu passei mais um dia entediante e repetitivo da minha vida. Sabe aquele garoto por quem sou apaixonada, hoje eu o vi a caminho do conservatório, levava consigo o violino, o pensamento que me veio a cabeça foi de que será que há ladrões que roubam violinos, penso nos roubos mais inusitados, quando lembro do causo contado por um colega de faculdade. Um surfista que teve sua prancha roubada no mar. Ele contando é mais engraçado que eu te contando diário, mas enfim o surfista estava lá surfando de boa, quando de repente não mais que de repente, ele avista um cara nadando com um canivete na boca, quando o assaltante saca o canivete e diz em alto e bom som: Perdeu playboy. E o surfista entregou a prancha, não lembro se o ladrão de pranchas ou era uma correntinha de ouro? Enfim, não lembro se ele tinha um comparsa.

Mas eu estava falando mesmo do violinista a caminho do conservatório, ele sorriu pra mim, ele fica ainda mais lindo sorrindo, os olhinhos apertados dele me lembram os olhos do Richard Gere. Mas não diário não vou falar sobre a minha paixão platônica pelo violinista com olhos do Richard Gere. Se eu for falar da minha vida vai ser a santíssima trindade casa-trabalho-faculdade, em suma um tédio. A história que eu vou contar é de um casal muito simpático que eu conheci nesse tempo que não pertence nem ao passado nem ao presente nem ao futuro. Mas é uma história de amor como qualquer outra, e como qualquer outra especial e única. A minha dificuldade em ser objetiva deve ser massante né, diário?

O casal que eu conheci no tempo como aquele cantado por Chico Buarque é, peraí, que eu vou lembrar, a música é João e Maria. Agora eu era herói e meu cavalo só falava inglês... Cá estou divagando. Vamos ao nome do casal Sakura e Sasuke, mencionei a Sakura primeiro porque foi ela que me contou a história dos dois, e eu fico pensando e fantasiando que minhas paixões platônicas tenham o resultado como a dela, mas não sou como a Sakura. Eu amo vários e aprecio a beleza masculina, embora...Deixe pra lá, a Sakura é daquelas que amam um só, e talvez para vida toda, o que não a impede de se envolver com outros se não tiver esse amor do lado, talvez porque ela não soubesse que era assim, uma mocinha romântica, que namorou alguns, mas só amou um a vida toda. Lembro da primeira vez que a vi, ela tinha um olhar sério, um pouco triste como se trouxesse um arrependimento, e seus cabelos rosas, sempre curtos, a pele alva e olhos verde musgo, esmeralda ou cor de riacho dependendo do dia. Onde foi que eu a vi mesmo? ... Ah! Na biblioteca, acho que estudava medicina ou farmácia, parecia preocupada com exames finais, apesar de ser das exatas me aproximei dela. Por que mesmo? O livro de cálculo. De novo, eu falando de mim, mas vamos passar para o Sasuke, com o tempo falo mais da Sakura. Ele era todo preto, não ele não era negro, era alvo de cabelos e olhos pretos, um rosto delicado, muito bonito, as poucas mulheres da engenharia todas queriam ver o seu corpo nu. Vocês pegaram a ideia de que Sasuke era popular com as mulheres, infelizmente as mulheres não eram muito populares com ele. Que desperdício ser gay, diziam as alunas. Eu pensava comigo nem que ele fosse hetéro, ele pegaria vocês. Meus assuntos com Sasuke resumiam-se a faculdade e artes marciais. Na verdade, eu e o resto dos meninos falávamos feito umas matracas enquanto Sasuke ficava quieto no canto dele, dando um sorrisinho discreto dos comentários de filmes chineses. A Sakura era mais sociável que Sasuke, mas eu sempre achei que a personalidade felina do Sasuke me inspirasse mais confiança que a personalidade dependente da Sakura, mas se havia algo que Sasuke ensinou a Sakura foi a ser uma pessoa menos egocêntrica e explosiva e ter mais cuidado com o sentimento dos outros. E no final, apesar de todos os defeitos, idas e vindas, eles eram meu ideal romântico, esse tipo de coisa que é rara, sabe quando a convivência com uma pessoa te torna melhor?

Demorou dois namorados, uma namorada e dois anos e meio de faculdade para que aqueles dois descobrissem o quanto se gostavam e numa situação de vida e morte. Acho que há pessoas que só percebem o quanto amam alguém quando a veem quase morrendo. E foi assim com Sasuke foi assim, mas isso eu conto depois.