- Venha comigo. – O homem o levou até um pequeno sótão, onde havia três estantes, uma ao lado da outra com prateleiras cheias de livros empoeirados. Em cima de uma mesa havia algumas caixas, estas sem poeira, o que dizia que eram novas naquele lugar. Ele puxou uma corda, a pequena lâmpada iluminava como podia o local. – Eduardo, você como ninguém sabe que tem uma missão. E deve cumpri-la a todo custo, se não quiser colocar a humanidade em risco. Eu tentarei te ajudar como posso, com o dom que possuo. Mas antes, você tem que saber: Lúcifer manda pessoas assim de tempos em tempos, e você foi escolhido para reverter a situação desta vez. Eu estou aqui para auxilia-lo, pois como você sabe, tenho uma mediunidade avançada que me permite a conversa com os mortos. Enquanto a bondade estiver em você, os poderes apareceram com o tempo. – Ele sorriu pela primeira vez desde o inicio da conversa. – Você será meu sobrinho, como não tenho muitos amigos essa mentira será o necessário.

Eles conversaram por mais um tempo, sobre como seria sua mãe e acabaram decidindo que ela morrera de câncer há algumas semanas. Depois Emílio explicou um pouco sobre o mundo e como ele estava. O conteúdo das caixas eram roupas e matérias escolares, que bastariam para o começo da sua vida escolar. Ele recebeu também a chave de um carro, e foi para as aulas de direção. O carro era preto, vidros esfumados... Algo discreto, porém bonito. Eles foram a um salão, ajustar o corte que já estava um pouco fora de moda afinal era importante manter as aparências.

Ao fim das aulas sobre gírias e de uma conversa informal, eles voltaram pra casa. A lua estava em seu formato de vírgula, como Eduardo gostava de pensar, para significar que o infinito não tem um ponto final. Isso o lembrava a sua falecida mãe, a qual não o acompanhou no céu. E pensando sobre ela, ele adormeceu. Dormiu calmo, porém um sonho estranho o acordou.

(...)

Lily estava na varanda de seu quarto, admirando o pôr do sol pensando em seu primeiro dia de aula após as férias. Não havia nada de errado em sua casa, nem com a sua família, nem com seus amigos. Ela suspirou. “É tudo perfeito demais” talvez esse fosse o problema. Lembrou-se de semanas antes quando tinha terminado seu namoro com Harry com a desculpa das férias, na verdade, ela terminou porque não o amava e não achava isso justo. Ele era tão perfeito pra ela e mesmo assim o máximo de sentimento que ela tinha por ele era carinho. Ficou ali, pensando o que havia de errado com ela mesma. No final se sentiu cansada e mesmo sem chegar a nenhuma conclusão foi se deitar.

Estava em uma rua deserta com apenas alguns postes de iluminação ligados, não se via nem ouvia quase nada a sua frente, apenas um garoto de costas. O garoto era um pouco alto e possuía uma musculatura definida, ela sabia que ele era lindo, mesmo não conseguindo observar o seu rosto. O garoto possuía uma marca em suas costas, como um V de cabeça para baixo. Ela tentou ignorar, mas seu instinto de gritar por ele era maior. Só que não sabia o que falar, de repente ouviu palavras e só depois se deu conta de que saiam de sua própria boca.

– Volte! Por favor, não me deixe! Eu preciso de você aqui! – Gritava a garota desesperada. - Não me deixe!- Sussurrou a mesma ajoelhada no chão, chorando quando o garoto sumiu de seu campo de vista.
Então simplesmente, tudo em volta da mesma começou a pegar fogo, ela gritava desesperada pedindo ajuda, então ouviu uma voz rouca e sensual sussurrou em seu ouvido, "Não adianta gritar querida, só estamos eu e você aqui.”