Ouvi um grito estridente, e antes mesmo que eu pudesse entender o que estava acontecendo, Nico me jogou no chão com força enquanto gritava.
– Se abaixe!
Não reclamei por causa do empurrão, pois quando me virei notei que uma criatura havia fincado suas garras exatamente no lugar em que eu estava sentada.
Ela tinha a altura de uma mulher. Sua pele parecia couro envelhecido, assim como suas asas. Seu rosto era demoníaco e suas presas amareladas.
Nico se levantou e começou a gritar com aquela coisa.
– Por que você fez isso Alectó? - ele berrava, mas a criatura se contentava em apenas sorrir.
– Seu pai não gosta de intrusos vivos em seu reino - ela disse no momento em que pousava seus eletrizantes olhos sobre mim, me fitando como uma fera estuda a sua presa momentos antes de dar o bote. Aquela comparação não me acalmou nem um pouco. - Você sabe que ele apenas suporta você por aqui - a criatura dizia em tom de deboche.
– Isso não é verdade. Você sabe disso. - Nico gritava cada vez mais alto.
Eu me levantei e olhei para ela como se ela acabasse de fazer algo extremamente errado. Então senti que minha mão direita começou a pesar, e vi que estava segurando algo que segundos antes com certeza não estava ali.

Nico pareceu notar o mesmo que eu. Em minha mão se encontrava uma espada de aproximadamente 70cm, metade bronze celestial, metade ferro estigio.
Não entendi como eu sabia o material que aquilo era feito, eu simplesmente sabia.
A criatura nem ao menos esperou uma ameaça maior e me atacou.
Dessa vez eu fui mais rápida.
Rolei para o lado esquerdo quando ela me atacou com suas garras. Fiquei de pé e investi com meu novo brinquedinho. Girei descrevendo um arco no ar, mas a criatura também estava atenta aos meus movimentos pois desviou da lâmina.
Ficamos nisso de gato e rato por um tempo, até que ela por fim conseguiu me acertar.
Cai de costas no duro chão de pedra e percebi que minha espada havia escapado alguns centímetros para o lado de minha mão. A menos que eu fosse mais rápida que ela, e conseguisse me mexer, eu conseguiria alcançar a lâmina.
Quase que lendo meus pensamentos, a sinistra mulher-morcego-de-couro-velho pousou sobre meus ombros e senti suas garras, afiadas como facas, perfurarem minha pele lentamente, quase como se quisesse chegar de encontro ao meu osso. Suas presas a centímetros do meu rosto.
Eu precisava ganhar tempo. Então imitei algo que eu havia visto em um filme antigo de ação.
Antes que pudesse me arrepender. Bati com força a minha cabeça na dela, a deixando atordoada por um breve instante.  Que foi o suficiente para que eu alcançasse a espada e a golpeasse no tronco. Então ela explodiu em pó.

Ainda deitada no chão frio olhei para Nico que me encarava incrédulo, como se eu acabasse de fazer algo incrível, mas que ia me conceder um lugar de honra nas masmorras do Submundo.