Ao chegarmos na fogueira avistamos os campistas animados e o chalé de Apolo puxando a cantoria da música "Good time" enquanto o fogo queimava vivamente no centro, alternando entre laranja, verde, e um amarelo vibrante.

Annabeth se sentou junto a seu chalé, então vi Connor que fez um sinal para que eu me juntasse a ele, enxerguei um lugar ao seu lado e me sentei.

– Conversou com ele?

– Sim, foi rápido mas consegui falar tudo o que queria - sorri.

Então ele passou seu braço envolta do meu pescoço e eu apoiei minha cabeça em seus ombros enquanto ele segurava minha mão.

Senti alguns poucos olhares pousarem sobre nós, enquanto os filhos de Apolo mudavam para uma música mais lenta.

Muitos campistas estavam abraçados, e muitos namorados estavam juntos. Me senti estranha por estar daquele modo com Connor, mas me sentia bem.

Em um relance olhei para o caminho por onde eu havia chegado e enxerguei uma sombra estranha. Senti um frio na espinha como se ela me observasse.

Então como se me chamasse, a sombra desapareceu misteriosamente.

– Hã, Connor - falei me afastando devagar.

– Sim? - ele sorriu

– Eu já volto..

– Onde você vai? - ele disse tirando o sorriso dos lábios, percebendo minha expressão estranha.

– Eu já volto - repeti.

Quando terminei de falar, Connor se aproximou lentamente e pude sentir suas mãos macias acariciando meu pescoço. Ele sorriu olhando em meus olhos, então me deu um beijo suave, mas cheio de ternura, então se afastou.

– Não demora - ele completou.

Sai dali em direção a estranha sombra.

...

Quando me aproximei me encontrei sozinha.

Estava escuro e algumas poucas árvores rodeavam o caminho até o lago. Andei um pouco e ouvi um pequeno barulho de galhos se quebrando. Olhei para trás, mas ninguém estava lá.

Andei mais um pouco e senti uma mão cobrindo minha boca e me puxando para trás de uma pedra. Abafei um grito quando vi quem era.

Ele soltou minha boca e eu o abracei fortemente.

– Nico! Pelos deuses!! Estava preocupada, por que você não foi jantar?

Enquanto falava isso senti uma energia estranha e percebi que ele não retribuía meu abraço.

O soltei e encarei seu rosto. Ele estava pálido, como sempre, mas seu olhar era de tristeza e ódio.

Fiquei assutada, pois sua expressão era de dar medo em qualquer um. Olhei no fundo de seus olhos e ele abaixou a cabeça.

– Sam. Eu ouvi sua conversa com Quíron - ele murmurou.

Senti como se toda minha força, toda a minha vida saísse do meu corpo e fugisse para a floresta. Me senti fraca e impotente quando percebi que lágrimas escorriam pelo meu rosto.

– Eu.. Nico.. Eu não podia te contar isso. Seu pai..

– Você deveria ter contado Samantha - Nico falou, mas incrivelmente não gritava.

– Desculpe - abaixei a cabeça e a apoiei em minhas mãos. - Não conseguiria ficar longe de você. Eu não posso.

– Parece que um certo campista tem te ajudado a lidar com isso não é mesmo?

– Não.. Connor e eu..

– Eu vi Samantha. Eu vi vocês na fogueira. O modo como ele te abraçou, o modo como você retribuiu a tudo.

– Não era para acontecer. Nico.. me desculpa.

– Então quer dizer que seu amor é assim? Passageiro?

– Não!! Pelos deuses, não!

– Sam - ele falou enquanto segurava meu rosto com seus dedos. - Eu não ligo para o que meu pai quer, eu não ligo de ir contra as vontades dele. Porque você é o mais doce pecado. Porque, Samantha, por você eu iria até as profundezas do Tártaro. Por você, eu faria tudo.

Suas palavras me atingiram como se uma faca entrasse em meu ponto fraco, fez com que meus ossos virassem pó e meu coração se transformasse em gelo estígio.

– Mas de algum modo, Sam, você fez com que eu te visse com outro ponto de vista, eu não queria me sentir assim, não queria que você se sentisse assim. Eu te amo. Muito. Mas acho que seu coração não é só meu.

As palavras abandonaram minha boca, escorreram de meu cérebro e não consegui pensar em nada. Eu o amava. Sim! Eu o amava muito. Mas eu sentia como se eu estivesse mentindo para mim mesma.

Me aproximei de seu rosto e ele se desfez em névoa.